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CAPÍTULO 5. COMUNICAÇÃO E REGISTRO DE ACIDENTES

5.9 Equipamentos de Proteção Individual

Os equipamentos de proteção individual (EPI) são dispositivos destinados a proteger a integridade física das equipes de resposta envolvidas numa ação de emergência que envolva produtos perigosos (Oliveira, 2000, p.49).

Os EPIs não reduzem o perigo, apenas servem para adequar o indivíduo ao meio e ao grau de exposição, minimizando sua vulnerabilidade.

Os EPIs devem ser usados durante a realização de atividades rotineiras ou emergenciais, de acordo com o grau de exposição. A escolha dos EPIs deverá ser realizada de acordo com as necessidades, riscos intrínsecos das atividades e parte do corpo a ser protegida. Em caso de dúvida ou desconhecimento do grau de exposição e/ ou contaminação a que o profissional estiver exposto, deverão sempre ser utilizados os EPIs de proteção máxima.

A Norma Regulamentadora 6 (NR-6), com redação dada pela Portaria n.º 25, de 15 de outubro de 2001, publicada no DOU em 17 de outubro de 2001, estabelece as disposições relativas aos equipamentos de proteção individual. Segundo o item 6.1 desta norma, considera-se equipamento de proteção individual, todo dispositivo

ou produto, de uso individual utilizado pelo trabalhador, destinado à proteção de riscos suscetíveis de ameaçar a segurança e a saúde no trabalho.

Estes equipamentos têm como objetivo prevenir, ou ao menos reduzir, o contato da pele e dos olhos com substâncias químicas, assim como a inalação ou ingestão destas. Os EPIs constituem-se em uma barreira entre o corpo e a substância química perigosa e, basicamente, dividem-se em roupas de proteção química e equipamentos de proteção respiratória.

5.9.1 ROUPAS DE PROTEÇÃO QUÍMICA (RPQ)

No que se refere ao atendimento de acidentes envolvendo produtos perigosos, as roupas de proteção tem como finalidade proteger o corpo de produtos, o qual pode provocar danos à pele ou mesmo ser absorvido pela mesma ser absorvido pela mesma e afetar outros órgãos. Uma vez adequadamente selecionada e utilizada em conjunto com a proteção respiratória, a roupa protege os técnicos em ambientes hostis.

Segundo Coelho (2005), as roupas são classificadas por estilo, uso, requisitos de desempenho e material de confecção.

Quanto ao estilo as RPQ classificam-se em:

• Roupa de encapsulamento completo: totalmente encapsulada, essa roupa é confeccionada em peça única que envolve (encapsula) totalmente o usuário. Botas, luvas e o visor estão integrados à roupa, mas podem ser removíveis. A proteção respiratória e o ar respirável são fornecidos por um conjunto autônomo de respiração com pressão positiva interno à roupa, ou por uma linha de ar mandado que mantenha pressão positiva dentro da mesma. A roupa de encapsulamento é utilizada para, principalmente, proteger o usuário contra gases, vapores e partículas tóxicas no ar. Além disso, protege contra respingos de líquidos. A proteção que a roupa fornece contra uma substância química depende do material utilizado para a sua confecção. Há uma grande variedade de acessórios que podem ser utilizados em conjunto com esta roupa, visando dar conforto e praticidade operacional, como por exemplo, colete para refrigeração, sistema de rádio e botas com tamanho dois números acima do usual.

• Roupa não encapsulada: a roupa de proteção a substâncias química não encapsulada, normalmente chamada de roupa contra respingos químicos, não apresenta a proteção facial como parte integrante. Um conjunto autônomo de respiração ou linha de ar pode ser utilizado externamente à roupa, assim como máscara com filtro químico. A roupa contra respingos pode ser de dois tipos: uma peça única, do tipo macacão, ou conjunto de calça e jaqueta. Qualquer um dos tipos acima pode incluir um capuz e outros acessórios. A roupa não encapsulada não foi projetada para fornecer a máxima proteção contra gases, vapores e partículas, mas apenas para proteção contra respingos.

Quanto ao uso as RPQ classificam-se em roupas de uso único ou descartável. Esta classificação é relativa e baseia-se no custo, facilidade de descontaminação e qualidade da confecção. É normalmente considerada roupa de proteção química descartável aquela que custa menos de US$ 25,00 por peça. Em situações onde a descontaminação é um problema, roupas mais caras podem ser consideradas descartáveis.

Quanto aos requisitos de desempenho as RPQ devem, obrigatoriamente, ser considerados na seleção do material de proteção adequado. Sua importância relativa é determinada pela atividade a ser executada e condições específicas do local. Os principais requisitos de desempenho são:

• Resistência química: é a capacidade de um material em resistir às trocas químicas e físicas. A resistência química de um material é o requisito de desempenho mais importante. O material deve manter sua integridade estrutural e qualidade de proteção quando em contato com substâncias químicas;

• Durabilidade: é a capacidade de resistir ao uso, ou seja, a capacidade de resistir a perfurações, abrasão e rasgos. É a resistência inerente ao material; • Flexibilidade: é a capacidade para curvar ou dobrar. A flexibilidade é

extremamente importante para luvas e roupas pois influencia diretamente na mobilidade, agilidade e restrição de movimentos do usuário;

• Resistência térmica: é a capacidade de um material em manter sua resistência química durante temperaturas extremas (principalmente altas), e permanecer flexível em baixas temperaturas. Uma tendência geral para a maioria dos materiais é que altas temperaturas reduzem sua resistência química enquanto que as baixas reduzem sua flexibilidade.

• Vida útil: é a capacidade de um material em resistir ao envelhecimento e deterioração. Os fatores como tipo de produto, temperaturas extremas, umidade, luz ultravioleta, agentes oxidantes e outros, causam a redução da vida útil do material. Estocagem e cuidados adequados contra tais fatores podem ajudar na prevenção do envelhecimento.

Quanto ao material de confecção as RPQ podem ser classificadas de acordo com o material utilizado na sua confecção. Esses materiais podem ser agrupados em duas grandes categorias, ou seja, os elastômeros e não elastômeros.

• Elastômeros: são materiais poliméricos (como plásticos), que após serem esticados, retornam praticamente à forma original. A maioria dos materiais de proteção pertence a esta categoria, que inclui: cloreto de polivinila (PVC), neoprene, polietileno, borracha nitrílica, álcool polivinílico (PVA), viton, teflon, borracha butílica e outros. Todos esses elastômeros podem ser colocados ou não em camadas sobre um material semelhante a pano.

• Não elastômeros: são materiais que não apresentam a característica da easticidade. Esta classe inclui o tyvek e outros materiais não elásticos.

Quadro 07 - Referência de eficácia dos materiais de proteção a degradação química (por classe de produto)

Materiais de proteção química Classe de produto Borracha butílica Cloreto de polivinila (PVC) Neoprene Borracha natural Álcoois E E E E Aldeídos E B B - R E - B E - R Aminas E R B - R E - B B - R Ésteres B - R F B R - F Éteres B - R B E - B B - R Hidrocarbonetos halogenados B - F B - F B - R R - F Hidrocarbonetos R - F R B - R R - F Ácidos inorgânicos B - R E E - B R - F Bases inorgânicas e sais E E E E

Cetonas E F B - R E - R

Gordura natural e óleos B - R B E - B B - R

Ácidos orgânicos E E E E Referências: E - Excelente B - Bom R - Regular F - Fraco

Fonte: Adaptado pelo autor a partir do original do CIQUIME, 1998, p. 326.

5.9.2 EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO RESPIRATÓRIA

Tais equipamentos oferecem um fluxo de ar constante na região do rosto por pressão positiva e representam um EPI fundamental na resposta de acidentes químicos. Máscaras com filtros químicos não substituem os equipamentos autônomos de pressão positiva.

Deve-se selecionar a roupa de proteção química segundo o contaminante existente na cena de emergência. O nível de proteção deve ser selecionado segundo o conhecimento que possuímos da ameaça e da vulnerabilidade. A ameaça está representada pelo tipo, toxicidade e concentração do produto perigoso na cena da emergência. A vulnerabilidade está representada pelo potencial de exposição a substância química perigosa presente no ar, a respingos ou derrames ou ainda, pelo contato direto com o produto perigoso.

A NBR nº 9.734 – Conjunto de EPIs - especifica a composição do conjunto de equipamentos de proteção individual necessários ao motorista e seu ajudante (se houver), na ocorrência de um acidente envolvendo produtos perigosos numa rodovia.

Estes equipamentos deverão ser utilizados, somente, para a avaliação inicial do evento e fuga dos envolvidos e, a norma não se aplica aos produtos perigosos explosivos e radioativos. Os acidentes que exigem a utilização dos EPIs caracterizam-se por: vazamentos, fissuras ou rupturas no vaso de transporte, ou ruptura de embalagens e proteções; incêndios; explosões; colisões, abalroamentos, capotagens ou quedas que causem ou tornem iminente as ocorrências descritas anteriormente.

Os equipamentos de proteção individual são classificados em dez diferentes grupos, combinando os seguintes peças: luvas de proteção, capacete de boa resistência, óculos de segurança, filtros químicos para gases e vapores, semi- máscaras, máscaras de fugas, respiradores para pó e máscaras de visão panorâmica.

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