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Como contribuir para perguntar mais

Uma outra questão que também gostaríamos de obter respostas através deste trabalho de investigação é: Como você acha que poderia contribuir para perguntar mais nas aulas? Na Figura 4.2 vemos que a resposta mais comum foi a de prestar mais atenção às aulas, seguido de estudar mais e de não ser tímido.

As crianças normalmente são curiosas e portanto cercam os adultos de perguntas, seja na fase dos "por quês" ou nos vários momentos de muito interesse diante dos temas eleitos por elas como importantes. Entretanto, em algum momento durante a vida escolar essas perguntas reduzem drasticamente, alguns atribuem ao fator de disciplina em sala de aula, outros a timidez e ainda a falta de atenção. Diante disto os próprios alunos acreditam que, prestar mais atenção na aulas, deixar a timidez de lado e estudar mais sejam as alternativas mais viáveis para perguntar mais durante as aulas.

Figura 4.2 – Como você acha que poderia contribuir para perguntar mais

0 5 10 15 20 25 30 Perguntar mais Não ser tímido Estudar mais

Prestar mais atenção Outras respostas

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Aos professores também lhes foi perguntado se já haviam desenvolvido alguma estratégia em sala de aula para estimular as perguntas dos alunos. Pelas respostas obtidas, percebemos que alguns professores desconhecem esta importante ferramenta de trabalho que é o questionamento e de como já existem trabalhos importantes a respeito. Os professores muitas vezes não tem acesso a bases de dados de artigos científicos acerca do questionamento e tampouco interesse em aprimorar seu trabalho.

"Isto não significa que esses professores negligenciem a qualidade do ensino mas mantêm as suas posturas pedagógicas porque, ou não têm incentivos para desenvolver a sua capacidade pedagógica, ou porque não dispõem de informação sobre a evolução da pedagogia universitária". (Oliveira, 2009, p. 9) apud (Pinheiro, 2008).

Uma das respostas dadas a esta pergunta anterior, ou seja, se já haviam desenvolvido alguma estratégia para promoção do questionamento dos alunos, foram: "Água: Por meio de cartazes e painéis; Meio ambiente: Experiências; Passeio ao zoológico: Curiosidades entre outras". Estas estratégias podem até estimular a participação dos alunos nestes contextos específicos, mas gostaríamos de saber na realidade o que o professor fez ou poderia fazer para estimular os alunos a perguntarem mais no contexto normal de sala de aula.

Outra professora relatou através do inquérito por questionário: "Gosto muito de trabalhar com o concreto utilizando sucatas, mostrando as crianças que tudo pode ser aproveitável. E com isso estaremos ajudando nosso futuro para vivermos melhor. Aulas práticas, confecção de brinquedos. Vídeos. Questionamentos." Concordamos novamente que a utilização de vídeos/documentários seguidas de um painel de discussão promove e estimula a participação do aluno, porém identificamos que nem todas aulas podem ser deste tipo: há que se variar a estratégia como podemos confirmar em Chin (2007).

A resposta de uma professora do 4º Ano já se aproxima um pouco mais das técnicas de questionamento que podem ser utilizadas em um contexto normal de sala de aula: " Sim, deixando eles fazer perguntas dos textos estudados, fazendo assim, um resumo do que é importante e necessário saber."

Por fim, acreditamos ter encontrado uma professora que diz promover uma aprendizagem diferenciada através do questionamento: "Sim, em todas as matérias

79 interagindo sempre com os alunos usando adequadamente diversas estratégias para formular perguntas e despertar o interesse das crianças pelo assunto. A curiosidade e o gosto em aprender algum assunto é que faz com que a criança formule perguntas sempre que o novo assunto for de interesse da criança."

Chin (2007), lista diversas alternativas que podem ser utilizadas para fomentar o questionamento em sala de aula, como por exemplo o Questionamento Socrático, no qual o professor usa uma série de perguntas para incitar e guiar o pensamento dos alunos, ao invés de dar aos alunos uma quantidade massiva de informação através da exposição tradicional de conteúdos. As perguntas são utilizadas para sondagem, extensão e elaboração sobre as idéias dos alunos, e assim, extrair a informação de "dentro'' dos alunos.

Outra forma de estimular o pensamento produtivo mencionada por Chin (2007) é o Puzzle Verbal. O foco desta abordagem é o de introduzir nova terminologia científica bem como a associação de palavras e frases chave. Pode ser utilizada pelos professores para reforçar o vocabulário científico especialmente quando o tema é associado a um número ou um termo muito técnico, para promover a compreensão de uma sequência de etapas e elicitar respostas convergentes.

A "Tapeçaria Semântica" é também uma das técnicas mencionadas por Chin (2007) cujo ponto central é a integração holística de conceitos, onde não somente o entendimento pontual de conceitos específicos é abordado, mas principalmente na integração e no relacionamento destes conceitos tendo em vista uma visão mais abrangente da dinâmica do tema em questão.

Enfim, a literatura nos traz muita informação acerca de como tornar o aprendizado mais ativo, fomentando a participação, dando espaço às opiniões e experiências individuais, e promovendo a discussão colaborativa em sala de aula. Porém, percebemos que a aula tradicionalmente transmissiva é mais fácil de gerenciar e controlar, mesmo sabendo de todas as vantagens em se utilizar metodologias alternativas de ensino, mais centradas no aluno, e não no professor. E concordamos com Pinheiro (2008), quando ele refere que muitas vezes o professor não faz isso por negligência, mas por não haver incentivo para que ele use destas técnicas, e a aula expositiva é, em suma, a que menos dá trabalho ao professor.

CONCLUSÕES E

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5 Conclusões e Considerações Finais

Neste capítulo apresentamos as conclusões a que chegamos ao final deste trabalho de investigação. Iremos sumarizar brevemente os resultados obtidos iniciando pela análise qualitativa das observações em sala de aula, passando pelo exame dos dados obtidos individualmente através do questionário aplicado. Também analisaremos as implicações destas conclusões para educação em Ciências nos primeiros anos de escolaridade. A seguir, revelaremos as principais dificuldades encontradas durante a elaboração do trabalho e apontamos algumas possíveis sugestões para continuação deste trabalho.