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63 Como é usado o mito de Eros por Freud, e, consequentemente, pelos seus

discípulos? Parece-me ser da seguinte forma: Eros (em grego:"ἔρως" transliteração para

o latim "érōs") é o amor apaixonado, com desejo e atracção sensual. A palavra moderna

grega “erotas” significa “o amor (romântico) ”. Platão, mais tarde refina e desenvolve a

sua própria definição. Essa refinação é mel para um estudioso dos mitos gregos, ao

preencher a sua informação. Embora o Eros seja sentido inicialmente por uma pessoa,

com contemplação transforma-se em apreciação da beleza dentro dessa pessoa, ou

transforma-se mesmo em apreciação da própria beleza. Platão não pleiteia a atracção

física como uma parte necessária para o amor, daqui o termo "amor platónico" significar

“sem atracção física”. Platão diz que Eros também nos recorda a beleza da alma,

contribuindo para uma melhor compreensão da verdade espiritual. Os amantes e todos

os filósofos são inspirados a dizer a verdade por Eros, deus do amor. O trabalho mais

antigo e famoso sobre o tema Eros é o Simpósio

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de Platão

127

, que aborda uma

voz autorizada que define o conceito: mito [do grego antigo µυθος ("mithós")] é uma narrativa tradicional com carácter explicativo e/ou simbólico, profundamente relacionado com uma dada cultura e/ou religião. O mito procura explicar os principais acontecimentos da vida, os fenómenos naturais, as origens do Mundo e do Homem por meio de deuses, semi-deuses e heróis (todas elas são criaturas sobrenaturais). Pode-se dizer que o mito é uma primeira tentativa de explicar a realidade. Ao mito está associado o rito. O rito é o modo de pôr em acção o mito na vida do Homem (ex: cerimónias, danças, orações, sacrifícios...), ver: http://pt.wikipedia.org/wiki/Mito

.

Mito de origem e mito do herói na constituição subjectiva; Prometeu e Sísifo: a repetição como destino; Narciso e o mundo contemporâneo; Édipo e Hamlet: o universo trágico e a relação entre o atemporal e o temporal na clínica psicanalítica; Apolo e Dionísio: vida e morte em psicanálise. A ideia é minha, mas fui orientado para esta parte da minha análise pelo curso proferido por Pedro Luiz Ribeiro de Santi, psicanalista e professor da COGEAE PUC-SP ou Universidade Católica de São Paulo e da Escola

Superior Psicologia Médica, no Brasil. Para detalhes, veja-se:

http://www.sinprorp.org.br/Cursos/2007/233.htm. O interessante desta citação é saber quais os mitos usados e o seu objectivo.

Os mitos gregos são parte da cultura do ocidente, pelo que os seus símbolos são parte do nosso pensamento, saibamos ou não. Freud estava cientificamente obrigado a conhece-los, para entender a mente humana. Se o leitor quer saber mais, pode ler o texto em:

http://pt.wikipedia.org/wiki/Hes%C3%ADodo#Obra

126 C.390, o Simpósio é um texto de diálogo de Platão, que forneceu a Freud diversas classificações do

amor. O comentário diz: Ironicamente, tanto o epónimo desta forma de amor – Platão – quanto os já referidos Sócrates e Ficino – falavam do amor como uma espécie de amizade pedagógica, mas também tinham especial predilecção sexual por jovens do sexo masculino. Os três possuíam este afecto puro pelos discípulos, mas nutriam interesse erótico por rapazes. O conceito de amor platónico surge, assim, num contexto em que se debatia a pederastia (homossexualidade) mundana contra o amor filosófico puro (castidade), decorrentes da visão contida nos escritos de Platão (Simpósio, Fedro, etc.). Os filósofos da Idade Média retiraram lições do Simpósio de Platão e acrescentaram esta ideia: Levando-se em conta a definição actual do amor platónico, existe um paradoxo quando se leva em consideração a vida e os ensinamentos desses filósofos. Platão e os demais não ensinaram que a relação de um homem com um rapaz deveria possuir o interesse erótico, mas sim que o desejo pela beleza (em si mesma) do jovem deve

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ser o fundamento da amizade e amor entre ambos. Mas, reconhecendo que o desejo erótico do homem pelo jovem desvia as energias, é sábio resistir e opor-se o Eros (amor) de sua expressão sexual, canalizando-se as forças para as esferas intelectuais e emocionais. Texto completo em:

http://pt.wikipedia.org/wiki/Amor_plat%C3%B4nico

.

127 Contrariamente de Sócrates, que era filho do povo, Platão nasceu em Atenas, em 427-347 antes da

nossa era, filho de pais aristocráticos e abastados, de antiga e nobre prosápia. Temperamento artístico e dialéctico – manifestação característica e suma do génio grego – deu, na mocidade, livre curso ao seu talento poético, que o acompanhou durante a vida toda, manifestando-se na expressão estética dos seus escritos; isto prejudicou, sem dúvida, a precisão e a ordem do seu pensamento, tanto assim que várias partes de algumas das suas obras não têm verdadeira importância e valor filosófico. Platão foi quem mais se baseou em Eros, para a sua obra. Na República (c.386), faz Eros interferir no funcionamento da parte apetitiva da alma. A sua actuação é destacada como negativa, pois vem associada à tirania dos sentidos. Platão cria a sua Paideia, palavra grega (p a i d e i a), (de paidos - p a i d o s - criança) que significava simplesmente "criação dos meninos". Mas, como veremos, este significado inicial, está muito longe do elevado sentido que mais tarde adquiriu. Platão define Paideia da seguinte forma "(...) a essência de toda a verdadeira educação ou Paideia é a que dá ao homem o desejo e a ânsia de se tornar um cidadão perfeito e o ensina a mandar e a obedecer, tendo a justiça como fundamento". Sobre Paideia, ver:

http://www.google.com.br/search?hl=pt-PT&q=A+Paideia+de+PLat%C3%A3o&btnG=Pesquisar

No Banquete, de que é o tema central, Eros é objecto de vários elogios, mas o elogio propriamente filosófico vem de Sócrates pela boca da mulher de Mantinéia, a sábia Diotima. É neste texto que Freud se baseia para falar da sexualidade como elo central dos comportamentos. No diálogo, O Banquete, Platão escreve: “aqueles que foram um corte do andrógino, tanto o homem quanto a mulher, procuram o seu contrário. Isto explica o amor heterossexual. E aquelas que foram o corte da mulher, o mesmo ocorrendo com aqueles que são o corte do masculino, procurarão unir-se ao seu igual”. Aqui Platão apresenta uma explicação para o amor homossexual feminino e masculino, tratando-o como natural ou normal. Quando estas metades se encontram, sentem a mais extraordinária emoção de amizade, intimidade e amor, a ponto de não quererem mais separar-se, e sentem a vontade de se fundirem novamente num só. Esse é o nosso desejo ao encontramos a nossa cara-metade.

O amor para Platão, como para Aristófanes, é portanto, o desejo e a procura do tudo perdido por causa da nossa injustiça contra os deuses. Em: http://pt.wikipedia.org/wiki/O_Banquete

No texto Fedro há dois discursos sobre o amor, tratado aí como uma forma de delírio. No primeiro discurso, o amor é um mal, um jogo ímpio, no segundo, um jogo sagrado, uma possessão divina pela qual nos elevamos acima de nós mesmos (265 e seguintes). Nesse diálogo Platão faz a crítica à retórica do seu tempo, que considera mera rotina, e que deseja substituir pela retórica filosófica, isto é, pela dialéctica (265 b-c). Se a retórica é uma forma de conduzir a alma de quem ouve o discurso, uma psicologia ou palavras usadas sempre com dez letras, a retórica verdadeira deve ter como objecto a alma, a qual deverá persuadir. Então, deve saber o que ela é e como se compõe. Ora, a alma humana busca a soberana beleza, que contemplara antes da encarnação. Seu bem é atingir esse ideal, é pelo Amor que ela encontra o seu caminho. A educação do homem livre é retórica na medida que o ensina a proferir um discurso belo, não para agrado dos sentidos, mas belo porque verdadeiro e justo.

O paralelismo com o Banquete, como se verá, está nessa ideia de que o amor é um agente educativo, e que a aspiração à verdade e ao ser é impulsionada pelo amor e por ele activada (cf. Banquete 209 a-e; cf. Fedro 277 a-e). Os textos de Platão têm datas diferentes, pela arrumação efectuada aos textos que se encontravam espalhados entre Atenas, Siracusa e outros sítios.

Se o Bem, o Belo e o Justo são o nosso destino (277e, 278a), o Amor inspira-nos um éden, um objectivo, eternamente voltado para eles. O filósofo vive amoroso delírio nessa caça ao Bem, ao Belo e ao Justo. Não é outro o sentido das palavras de Diotima, no Banquete (210 a-e; 211 c). A República parece ter sido escrita em 386, Fedro em 361 e O Banquete, em 399. Fonte: a minha pesquisa.

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