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CAPÍTULO 2 – LEGISLAÇÃO AMBIENTAL NO BRASIL

2.6 COMPANHIA DE TECNOLOGIA DE SANEAMENTO AMBIENTAL (CE-

Além de obedecer à legislação ambiental federal, cada Estado elabora a sua própria le- gislação ambiental, assim como também possui seus próprios órgãos fiscalizadores. Pela li- berdade de legislar concedida a cada Estado, pode ocorrer de algumas leis, em determinadas situações, prejudicarem as atividades das empresas. Foi o que aconteceu no Estado do Espírito Santo, no ano de 2001, com a empresa Aracruz Celulose S.A. (2005, p.13), conforme mostra o trecho de seu Relatório Anual de 2004, descrito abaixo:

em setembro de 2001, o poder legislativo do Estado do Espírito Santo, onde somos proprietários de aproximadamente 167.800 hectares de florestas e outras propriedades, promulgou uma lei temporariamente restringindo o plantio de florestas de eucaliptos naquele estado, cuja finalidade seja a produção de celulose. Em junho de 2002, a mencionada lei foi declarada inconstitucional através da concessão de uma medida liminar pelo Supremo Tribunal Federal, sendo outra liminar concedida nas ações propostas pela Confederação Nacional da Indústria e pela Confederação Nacional de Agricultura e Pecuária do Brasil.

No Estado de São Paulo, a Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental (CE- TESB) representa a agência do Governo do Estado de São Paulo responsável pelo controle, fiscalização, monitoramento e licenciamento de atividades ligadas ao meio ambiente. Foi cri- ada no ano de 1968 pelo Decreto n.° 50.079 e, inicialmente, era chamada de Centro Tecnoló- gico de Saneamento Básico.

Sua principal função é garantir a preservação e recuperação da qualidade das águas, do ar e do solo (ver http://www.cetesb.sp.gov.br). Para tanto, possui trinta e cinco agências ambi- entais, agrupadas em onze escritórios regionais, responsáveis pelo monitoramento e licencia- mento das atividades consideradas potencialmente poluidoras.

Apesar da abundância de água no planeta Terra, sua distribuição não se dá de maneira sustentável. A irrigação consome 75% de toda a água doce, a indústria consome 25% e o con- sumo humano fica com menos de 10%, isto é, muito provavelmente a água doce se tornará uma mercadoria cobiçada com preços cada vez maiores. No Brasil, não existem grandes pro- blemas de escassez de água, mas o seu gerenciamento se dá de uma maneira pouco eficiente (Cappelin e outros, 2001).

Por isso, na tentativa de buscar a garantia da qualidade das águas, são realizados pela CETESB vários trabalhos nos cento e quarenta e cinco pontos de amostragem espalhados por todo o Estado. Através desses estudos, é elaborado um Índice de Qualidade das Águas (IQA) onde as águas são classificadas em ótima, boa, aceitável, ruim e péssima (ver http://www.cetesb.sp.gov.br ).

A poluição do ar ocasionada pelas atividades industriais e pela fumaça dos automóveis pode ser considerada nos dias de hoje como um dos grandes problemas ambientais. Informa- ções disponibilizadas no site CETESB mostram que ela conta com vinte e nove estações au- tomáticas de monitoramento da qualidade do ar, sendo seis delas no interior, divulgando pela internet boletins diários de qualidade do ar. A poluição provocada pelos veículos recebe tra- tamento diferenciado pela CETESB através do Laboratório de Emissão Veicular, onde é ava- liado o desempenho dos motores.

Em relação ao solo, a CETESB monitora as atividades industriais quanto à movimen- tação, estocagem, transporte e disposição final de resíduos considerados perigosos. Somente quando atendidas todas as exigências, é concedido às empresas um certificado que garante a destinação final dos resíduos industriais poluentes – o Certificado de Autorização de Destina- ção de Resíduos Industriais (ver http://www.cetesb.sp.gov.br). Sem possuir essa certificação, a empresa poderá ser penalizada caso venha a depositar ou liberar quaisquer resíduos tóxicos no meio ambiente.

Nos últimos tempos, o desconhecimento de práticas corretas na utilização dos recursos naturais e os acidentes ocorridos no exercício das atividades industriais, provocaram a conta-

minação de inúmeras áreas comprometendo a qualidade do ar, solo e águas. Essas áreas con- taminadas são alvos de análises da CETESB que, por sua vez, emite um relatório, disponibili- zado no próprio site da agência, constando onde estão localizadas essas áreas, qual o tipo de atividade desenvolvida, o tipo de poluente etc.

Através desses relatórios, é possível verificar um número cada vez maior de áreas con- taminadas no Estado de São Paulo. Em maio de 2002, verificou-se a existência de 255 áreas contaminadas e, no mesmo período de 2005, há um aumento de quase 490%, conforme mos- tra o Quadro 2.2:

Quadro 2.2

Áreas Contaminadas no Estado de São Paulo - Maio de 2005

Região/Atividade Comercial Industrial Resíduos Postos de

combustível Acidentes desconhecidos Total São Paulo 28 42 20 398 2 490 RMSP - outros 11 70 11 222 4 318 Interior 44 84 21 332 9 490 Litoral 10 31 10 63 1 115 Vale do Paraíba 1 19 0 71 0 91 Total 94 246 62 1.086 16 1.504

Fonte: < http://www.cetesb.sp.gov.br > Acesso em: 23 Ago. 2005

Percebe-se que a capital e o interior são responsáveis por 32,5% cada um das áreas contaminadas do Estado, seguidos pela Região Metropolitana de São Paulo (RMSP) com 21%, Litoral com 8% e Vale do Paraíba com 6%.

Esse tipo de serviço também é fornecido em outros países. Por exemplo, nos Estados Unidos, a US EPA (United States Environmental Protection Agency) divulga informações sobre as áreas contaminadas diretamente em seu site (http://www.epa.gov). Fazendo uma comparação dos números do Estado de São Paulo com os de outros países, pode-se verificar que os números apresentados pela CETESB são muito inferiores, o que aponta para uma certa tendência de aumento, justificada pelo maior rigor na fiscalização e licenciamento das ativi- dades industriais.

Caso a empresa possua uma área contaminada, descrita no Relatório de Áreas Conta- minadas da CETESB, todos os usuários de suas informações terão como saber da existência

desse passivo ambiental e de verificar se a empresa o omitiu ou não nas demonstrações contá- beis.

Mesmo sendo autuadas pela CETESB, algumas empresas não divulgam essas infra- ções de maneira segregada em suas demonstrações contábeis. Já que a empresa foi notificada, ou mesmo autuada, pela existência de uma área contaminada, tendo plenas condições de evi- denciar essa informação para os seus usuários, basta apenas fazer uso de sua responsabilidade social.

Antigamente, as empresas podiam operar como bem quisessem, sem que houvesse uma rigorosa fiscalização por parte do Governo ou da sociedade. No entanto, a conscientiza- ção da sociedade e o avanço da tecnologia (facilidade e rapidez das informações), juntamente com as penalidades aplicadas pelo Governo, fizeram com que as empresas colocassem a res- ponsabilidade social como quesito fundamental de existência.

Desde a instalação, até o período de encerramento das atividades, a relação entre em- presa e meio ambiente é monitorada pelos órgãos fiscalizadores (federais e estaduais), onde o descumprimento das normas e da legislação pode acarretar em severas punições para empresa e para os seus responsáveis.