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5 A REVISÁO TARIFÁRIA PERIÓDICA (RTP)

5.3 COMPARAÇÃO DOS RESULTADOS

O objetivo desta seção é comparar, de forma resumida, as metodologias aplicadas em cada ciclo de revisões tarifárias e seus efeitos sobre os resultados homologados.

-17% -15% -13% -11% -9% -7% -5% -3% -1%

1º ciclo 2º ciclo - degrau 2º ciclo - flat Novas receitas

-14,17% Parâmetro com impacto positivo sobre a receita Parâmetro com impacto negativo sobre a receita

ELETROSUL -21% -19% -17% -15% -13% -11% -9% -7% -5% -3% -1%

1º ciclo 2º ciclo - degrau 2º ciclo - flat Novas receitas

-18,71% Parâmetro com impacto positivo sobre a receita Parâmetro com impacto negativo sobre a receita

Inicialmente, as Figuras 5.9 a 5.15 apresentaram os resultados homologados por concessionária para o primeiro ciclo de revisões tarifárias periódicas das concessionárias

de transmissão. Na 1ª RTP os principais responsáveis pelo reposicionamento foram a Base

de Remuneração e Custos Operacionais. O efeito combinado da atualização do WACC e da alteração do perfil de receita (de regime em degrau para plano) foi praticamente anulado no resultado final da revisão tarifária.

Em geral, as alterações propostas apresentaram resultados equivalentes para todas as concessionárias, porém com intensidades diferentes a cada uma delas:

 O efeito na Base de Remuneração é devido, essencialmente, à criação de um novo Custo de Referência ANEEL, a partir dos preços médios dos equipamentos principais praticados pelas próprias concessionárias de transmissão. Em geral, os investimentos aprovados nas autorizações eram calculados com base no custo- padrão Eletrobrás, que sofreu forte redução ao ser comparado à nova referência de preços. Por esse motivo, a alteração do referencial de custos resultou em queda das Bases de Remuneração Regulatórias.

No entanto, vale lembrar que uma parte significativa das autorizações foi aprovada com base no próprio orçamento enviado pelas concessionárias, em especial as primeiras Resoluções Autorizativas, o qual era ainda superior ao custo- padrão. Assim, o impacto na BRR foi ainda mais significativo para as empresas que tiveram muitos reforços autorizados no início do processo.

 Os custos operacionais representaram acréscimo no IRT de todas as empresas avaliadas. Seus valores foram calculados com base nos custos realizados das próprias concessionárias, após uma dedicada análise de eficiência comparativa, que incluiu a avaliação dos custos de O&M e, eventualmente, de custos administrativos, bem como do nível de produtos de cada concessão. Assim, pode- se afirmar que o percentual de 1% adotado nas autorizações era insuficiente para operação e manutenção dos ativos, o que explica os resultados aqui encontrados. No segundo ciclo de revisões tarifárias periódicas das concessionárias de

transmissão, cujos resultados são apresentados nas Figuras 5.23 a 5.29, a composição da

receita sob análise era bem diversificada, assim como o número de empresas envolvidas: existentes e licitadas.

Enquanto na 1ª RTP a receita vigente era formada, basicamente, dos mesmos parâmetros originais, na 2ª RTP a receita vigente era igual à soma de três parcelas distintas14. Portanto, esta divisão impossibilitou a decomposição dos resultados por parâmetros específicos. Desta forma, é possível verificar os responsáveis pelo reposicionamento:

 Base de Remuneração: este parâmetro apresentou bastante alteração para as parcelas de receitas autorizadas em perfil degrau, anteriores a 2007. Os motivos são os mesmos verificados no 1º ciclo: uma nova referência de preços (Banco de Preços Referenciais) que se mostrou inferior ao custo-padrão adotado na autorização original (Eletrobrás). No entanto, para as receitas autorizadas em perfil plano, posteriores a 2007, observa-se aumento no investimento avaliado, ocasionado, em muitas vezes, pelo tipo de ativo sob análise.

Importante ressaltar que a construção do Banco de Preços Referenciais apresentou muita inovação no 2º ciclo, essencialmente, pelo reconhecimento de uma nova estrutura modular, novos preços de equipamentos principais, componentes menores e custos adicionais, diferenciação de custos de transporte, novos critérios de atualização monetária, entre outros.

 Custos Operacionais: apesar de o método ser análogo ao adotado na primeira revisão, foram realizados aperfeiçoamentos importantes no modelo. A principal inovação diz respeito à eliminação da normalização realizada no 1º ciclo, assim, foi incluído um 2º estágio no DEA, com fins de se avaliar o impacto de variáveis ambientais sobre o custo total realizado das concessionárias de transmissão.  Finalmente, a atualização do WACC e a nova equação (5.5) causaram efeitos equivalentes para todos os tipos de instalação sob análise: forte redução da receita. No entanto, considerando que esta foi a principal alteração para as receitas já submetidas ao 1º ciclo, visto que não houve reavaliação da base de remuneração ou grandes alterações nos custos operacionais, e que estas compõem parte majoritária da receita total vigente, pode-se afirmar que estes parâmetros explicam fundamentalmente os resultados encontrados no reposicionamento final do segundo ciclo.

14 Soma de: (i) parcela de receitas já submetidas ao 1º ciclo; (ii) parcela de receitas autorizadas em perfil degrau

Do exposto, é notável a preocupação do regulador em estabelecer e aprimorar mecanismos que incentivem continuamente à eficiência produtiva na execução das atividades relacionadas ao serviço de transmissão de energia elétrica.

Assim, observa-se a evolução da metodologia empregada no cálculo da receita

máxima já no primeiro ciclo, por meio da construção de referenciais de custos médios para os

diversos parâmetros que formam a Receita Anual Permitida, o que possibilitou o compartilhamento com os usuários finais dos ganhos de eficiência empresarial ocorridos no período. Além disso, o segundo ciclo procurou estabelecer aprimoramentos que se mostraram necessários ao longo do período tarifário. Neste caso, observa-se evolução em cada método aplicado, desde a construção de um Banco de Preços mais robusto, para fins de avaliação das Bases de Remuneração, até a atualização das análises comparativas para definição dos custos operacionais eficientes, nos quais foi possível quantificar o impacto do ambiente de atuação de cada empresa em seus custos totais.

Dos resultados encontrados é possível concluir que ambos os ciclos apresentaram reposicionamentos fortemente negativos. Todavia, o primeiro preocupou-se, essencialmente, em efetuar ajustes mais estruturais no modelo de cálculo da receita, em especial nos

investimentos e custos operacionais regulatórios, que, claramente, não estavam alinhados

aos preços efetivamente praticados pelas concessionárias de transmissão. Além disso, houve o cuidado de se estabelecer uma receita que estivesse associada à vida útil regulatória de cada unidade modular (perfil plano).

Além disso, superadas às dificuldades na construção dos referenciais regulatórios acima mencionados, o segundo ciclo preocupou-se em aprimorar, de forma pontual, os modelos adotados no primeiro ciclo. Todavia, sua principal contribuição, e que causou os maiores efeitos sobre os resultados encontrados, foi adequar o nível de remuneração

regulatório a taxas adaptadas às condições macroeconômicas atualmente existentes no Brasil,

6 DESEMPENHO DA REDE BÁSICA

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