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CAPÍTULO 4 – ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

4.4 COMPARAÇÃO DOS RESULTADOS DOS CENTROS DA UFRB

A primeira informação que será analisada é sobre o gênero dos estudantes entrevistados. De uma forma geral, a maior proporção foi de mulheres nos centros CCAAB e CETEC; já no CAHL, o número de estudantes do sexo masculino foi bem mais expressivo na amostra.

Sobre esse fato, Lourenço et al. (2016) notaram e comprovaram – em diversos estudos e pesquisas – uma questão que já é bastante observada na prática, que é a grande participação das mulheres nas atividades de pesquisa docente e de licenciatura. Historicamente a presença de homens na pesquisa docente era maior,

porém, nos últimos anos tem havido uma inversão neste processo, sendo que a quantidade de mulheres nessa atividade tem suplantado a dos estudantes do gênero masculino.

De acordo com os próprios autores, ainda há uma tendência ao que eles denominaram de “binarismo de gênero”, que é perpertuado na escola e na academia:

Estudantes carregam uma visão biologizante sobre gênero e sexualidade e reproduzem homofobia machismo e desigualdade, e a escola (re)produz e compactua com o modelo social. Possuem uma perspectiva binária de gênero, atribuindo papéis ao feminino e ao masculino, o que é fruto da perpetuação do binarismo pela sociedade (LOURENÇO et al., 2016, p. 1614).

Nos três centros analisados, a grande maioria dos estudantes já tinha concluído seus projetos de pesquisa de iniciação científica, com destaque para o CAHL e para CETEC. Importante também notar que nestes dois centros a maior parte dos alunos entrevistados consideraram positivamente a participação dos orientadores na condução do projeto de pesquisa, assim como também o incentivo à participação em congressos e outros eventos de divulgação de conhecimento científico.

Sobre o tempo de permanência no programa de iniciação científica, a maior parte dos estudantes entrevistados teve um tempo inferior a 1 ano, isso pelo fato de que a maioria deles ainda estava concluindo a graduação. Já no CCAAB a quantidade de alunos com tempo superior a 1 ano suplantava a do CETEC e CAHL, uma vez que no primeiro havia mais discentes cursando mestrado (portanto, com tempo superior). O desejo de continuar os estudos como pesquisador na pós-graduação, nas modalidades mestrado de doutorado, também pode ser comparada, sendo que a maioria sentia essa motivação e pretensão, logo que finalizasse a graduação. Em todos os centros analisados, a maioria dos entrevistados manifestou desejo de prosseguir na atividade de pesquisa, porém, a diferença (alunos que pretendiam continuar em relação aos que não tinham essa intenção) foi mais fortemente observada no CAHL.

Bianchetti et al. (2012) consideram a iniciação científica como um dos principais fatores que contribuem para a formação do pesquisador no Brasil, além de outros benefícios:

Assim, ser bolsista de IC propicia aos discentes condições e possibilidades de envolverem-se com orientadores, grupos de pesquisa, domínio de outras línguas, alargamento do leque de autores a serem lidos e apropriados e, também, defrontam-se com os desafios de iniciarem-se como pesquisadores e familiarizarem-se com os meandros da produção científica e da socialização do conhecimento (BIANCHETTI et al., 2012, p. 572).

A produção científica está em expansão no Brasil, mas ainda é muito incipiente em alguns estados. Quando na iniciação científica os alunos são exortados a demonstrarem parte do que estão aprendendo mediante a publicação de (artigo, por exemplo), assim como acontece ao final de cada projeto com os bolsistas e ex- bolsistas que participam ou participaram do programa de bolsas de iniciação científica, nos centros de ensino da UFRB. Deste modo, os estudantes que ingressam no PIBIC podem figurar apenas como bolsistas, ou como coautores nas publicações dos resultados alcançados, após a realização da pesquisa.

No caso dos centros analisados, a grande maioria dos estudantes atuaram como bolsistas, sendo apenas uma pequena fração da amostra que atuou como coautores. Novamente o CAHL foi o que registrou maior percentual de bolsistas, com 90%, seguida do CETEC, com 88%. O CCAAB foi o centro onde os alunos mais atuaram como coautores do projeto, com cerca de 18%.

Para a produção de conhecimento, sabe-se que apenas as atividades em sala de aula não são suficientes, de maneira que é fundamental que os estudantes participem de outras atividades, principalmente extraclasse (FERREIRA & SILVA JÚNIOR, 2012). Nesse sentido, a participação em congressos, simpósios, seminários e outros eventos acadêmicos foi avaliada na pesquisa de campo. Analisando os três centros observados, a média dos estudantes que foram incentivados a participar em tais eventos ficou em torno de 88,7%, sendo que o CCAAB foi o centro que registrou o maior percentual de alunos incentivados por seus orientadores, com cerca de 94%.

Em seguida, a produção textual dos estudantes entrevistados também revelou que em média 67,3% dos alunos dos três centros analisados já publicaram artigos, durante o período que atuaram como pesquisadores bolsistas. O aluno precisa colocar em prática o que aprendeu, ou seja, relacionar o conteúdo aprendido na academia com problemas práticos da sociedade. E uma das formas de se compartilhar o que aprendeu é justamente publicando (socializando) o fruto de sua pesquisa, de suas descobertas (FERREIRA & SILVA JÚNIOR, 2012; BIANCHETTI et al., 2012).

Outra informação de bastante relevância é sobre a realização de monitoria pelos estudantes bolsistas nos três centros analisados. Em alguns casos os alunos que optam por exercer o papel de monitores estão interessados em ampliar sua experiência e compartilhar os conhecimentos adquiridos. No entanto, na maior parte dos casos, a relação mais direta é com o valor da bolsa-auxílio. Os estudantes recebem um valor (ajuda de custo) em dinheiro para custear suas despesas, mas que

nem sempre é suficiente para cobrir os gastos básicos dos alunos. Nesse caso, recorrer à monitoria é uma forma de complementar o valor da bolsa.

No caso da UFRB, a maior parte dos alunos – no CAHL nenhum dos entrevistados realizou monitoria – dos três centros pesquisados realizaram monitoria, ou seja, uma média de 86% afirmaram nunca ter exercido tal atividade. Isso porque boa parte dos estudantes concordaram que o valor da bolsa era suficiente para custear suas despesas e gastos correntes durante o período que atuaram como bolsistas.

Em relação à percepção dos estudantes entrevistados sobre a didática dos professores-orientadores, uma média aproximada de 51% da amostra considerou a didática excelente, sendo o maior percentual referente ao CAHL. A menor avaliação foi observada no CETEC. O restante considerou bom o desempenho dos orientadores.

4.5 ANÁLISE SOBRE A OFERTA DE BOLSAS DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA DA UFRB