• Nenhum resultado encontrado

Comparações adicionais realizadas

No documento Fornecimento de medicamentos pós-pesquisa (páginas 101-106)

4 RESULTADOS

4.7 Comparações adicionais realizadas

Como foram utilizados dois grupos de pacientes e de pesquisadores (nas áreas de DM e HIV/AIDS), algumas comparações foram realizadas, buscando-se eventuais diferenças entre essas populações. As comparações são descritas a seguir.

4.7.1 Pesquisadores nas áreas de HIV/AIDS versus DM

Dos 58 pesquisadores que responderam ao inquérito, 38 trabalhavam na área de DM (a maioria deles, endocrinologista) e 20 na área de HIV/AIDS (predomínio de infectologistas). Não foi encontrada diferença significativa entre os dois subgrupos, no que tange a sexo (foi observada apenas uma tendência a maior de pesquisadores do sexo masculino em HIV/AIDS do que em DM), idade e função no centro de pesquisa (a maior parte dos respondedores era, de fato, o pesquisador principal do centro). A experiência anterior em pesquisa clínica também foi semelhante (média de 12 anos de

atividade em pesquisa clínica), embora os pesquisadores de diabetes tivessem participado de mais estudos do que os de HIV (16 pesquisas

versus 7, respectivamente), sendo esses estudos patrocinados em maior

número, também na área de DM (13 estudos versus 4).

O nível de escolaridade dos pesquisadores foi semelhante: cerca de 50% deles possuíam doutorado e outros 20-25% possuíam mestrado. Cinco por cento de cada grupo eram professores titulares. Trinta por cento dos pesquisadores, na área de HIV, exerciam atividade acadêmica, comparados aos 10,5% na área de diabetes. Vinte e quatro por cento dos pesquisadores em DM já trabalharam anteriormente como membros de CEPs, comparados a 45% dos pesquisadores em HIV.

Indagados sobre quem, da equipe de pesquisa, em seus respectivos centros, gastava mais tempo explicando o TCLE aos pacientes de pesquisa, os pesquisadores responderam de forma semelhante: o pesquisador principal, em 26% a 28% das vezes, e o subinvestigador, em 50 a 66% delas, respectivamente nas áreas HIV e DM.

Com relação aos Domínios 2 a 4 do questionário, algumas diferenças foram observadas dentre os pesquisadores, a saber:

a) Domínio 2. Na questão que abordou a maneira como as informações relativas à pesquisa foram dadas aos pacientes, observou-se que o item “como obter o medicamento após o estudo” foi tido como mais bem informado na área de HIV do que na área de DM (p = 0,049) (ver Figura 10);

b) Domínio 3. Não foi observada diferença entre os dois grupos quanto ao que acreditavam que levaria o paciente a participar de pesquisas clínicas. Já em termos de motivação do pesquisador para participar de pesquisas patrocinadas, os pesquisadores da área de DM entenderam como razão mais importante a oportunidade de se manter atualizado em relação a novos procedimentos e medicamentos (p = 0,049, quando comparado ao grupo da área de HIV).

c) Domínio 4. No domínio relativo ao fornecimento do medicamento

continuidade do medicamento após a pesquisa, os especialistas em HIV opinaram que ele deveria ser mantido enquanto houvesse benefício ao paciente, mais do que os pesquisadores da área de DM (70 versus 18%, p < 0,001). A pergunta que abordou o entendimento da palavra “acesso” também apontou diferença significante: os pesquisadores de HIV entenderam acesso como fornecido diretamente pelo patrocinador, mais do que os especialistas em DM (75% versus 63%, p = 0,046).

Figura 10. Distribuição da clareza das informações oferecidas aos pacientes, segundo os pesquisadores, quanto ao item “como obter o medicamento após o estudo”

4.7.2 Pacientes que participaram de pesquisas na área de HIV/AIDS versus DM

Cinquenta e quatro pacientes responderam o questionário em papel, entregue por seus médicos, também pesquisadores entrevistados neste inquérito. Deles, 40 eram pacientes do grupo HIV/AIDS e 14 do grupo DM. A primeira diferença observada foi na média de idade dos pacientes: 44,5 anos (variando de 30 a 64 anos) para HIV versus 64 (variando de 38 a 81) para DM. Também houve mais pacientes do sexo masculino no grupo HIV do que entre os pacientes com DM (62,5% vs 21,4%, p = 0,008).

A maioria dos pacientes nunca havia participado de outra pesquisa (79,5% versus 93%, HIV e DM, respectivamente). Também a maioria deles

referiu utilizar o SUS como assistência médica usual (69% versus 71%, respectivamente HIV e DM).

Com relação à escolaridade, 11 pacientes com DM (78,6%) referiram ter o ensino fundamental, embora apenas dois deles (14,3%) o tivessem completado. Os outros três pacientes (21,4%) referiram ter pelo menos iniciado o ensino superior. No grupo de pacientes vivendo com HIV, 14 pacientes (35,9%) referiram ensino fundamental, sendo que apenas um deles (2,6%), de fato, completou esse nível de escolaridade. Doze pacientes vivendo com HIV (30,8%) pelo menos iniciaram o ensino superior, sendo que 8 deles o completaram (20,5%).

Com relação aos demais domínios do questionário, as únicas diferenças significativas observadas entre os pacientes HIV e DM foram:

a) Domínio 4. Na questão que abordou como deve ser o medicamento fornecido após o estudo, 100% dos pacientes vivendo com HIV responderam que deveria ser gratuito, enquanto que, no grupo de pacientes DM, a resposta variou: 78,6% disseram que deveria ser gratuito; 14,3% com preço estabelecido pelo governo, e 7,1% com preço estabelecido pela indústria farmacêutica (p = 0,025);

b) Domínio 4. Para a pergunta sobre a duração do fornecimento da

medicação, os pacientes de ambos os grupos referiram que deveria ser pela vida toda (57,1% versus 48,4% para os pacientes DM e HIV, respectivamente). Encontrou-se diferença significativa entre os dois grupos na alternativa que mencionava “enquanto o médico/pesquisador julgar adequado”: 57,1%

versus 19,4%, respectivamente nos pacientes DM e HIV (p =

0,017).

c) Domínio 4. Ao se perguntar se os pacientes achavam benéfica a

realização de pesquisas clínicas no Brasil, observou-se que os pacientes HIV as acharam mais benéficas do que os pacientes DM (100% versus 78,6 % respectivamente, p = 0,004) (Figura 11).

Figura 11. Distribuição da opinião dos pacientes (HIV e DM) quanto à realização de pesquisas clínicas no país

4.7.3 Pacientes: quão importantes são os tópicos do TCLE para os pacientes versus como eles são informados a respeito desses tópicos

Uma das questões feitas aos pacientes foi, de certa maneira, repetida (questões 10 e 11, do questionário para pacientes, Anexo D), de modo a verificar se, no TCLE, o paciente se considerava bem informado sobre itens que considerasse importante conhecer. A questão 10 perguntava que importância ele(a) dava para cada uma das informações, ao tomar a decisão de participar da pesquisa, e a questão 11 checava se ele(a) era bem informado sobre esses mesmos itens. A comparação das respostas das duas questões foi realizada por meio do teste de Wilcoxon pareado, e concluiu que os pacientes são mais bem informados do que, de fato, dão importância aos itens listados (p < 0,05), exceção feita aos itens relacionados aos potenciais benefícios do medicamento e como obter o novo medicamento após o estudo (p = 0,763 e 0,099, respectivamente), para os quais consideram-se adequadamente bem informados.

4.8 Resultados dos questionários oriundos das Agências de

No documento Fornecimento de medicamentos pós-pesquisa (páginas 101-106)