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Compartilhamento de conhecimento entre especialista e novatos dentro da

VI. CAPÍTULO VI: DISCUSSÃO E CONCLUSÕES

6.1 Análise dos Resultados

6.1.2 Compartilhamento de conhecimento entre especialista e novatos dentro da

A CoP resulta favorável para aproximar ao novato do especialista, e apesar da hierarquia que pode existir a comunicação entre eles é direta.

A Figura 13 distingue diferentes trajetórias dos novatos e dos especialistas encontrados na pesquisa e as características de sua participação.

133 Figura 13 - Trajetórias dos novatos e especialistas

Fonte: Elaboração própria

Na integração de membros a CoP as pessoas recém chegadas a CoP poderiam seguir:

Trajetória 1: novos membros que são novatos também no conhecimento compartilhado da CoP têm interesse em adquirir conhecimento para desenvolver melhor seu trabalho, seja ele explícito nas bases de dados da CoP, seja tácito por meio da interação com outros membros. Esses membros novatos estão especialmente interessados na participação dos especialistas, para se aproximar e aprender com eles. Esses membros são os mais motivados e colaboram com a dinâmica de aprendizagem da CoP, pois seu interesse por aprender facilita os processos de explicitação de conhecimento tácito. Por exemplo, na empresa Beta, no CP2, os membros novatos registram o conhecimento do especialista que, às vezes, não gosta de registrar; ou motiva os especialistas para compartilhar seu conhecimento ao ver seu interesse por aprender, como ocorre, por exemplo, na

Novato recém- chegado à CoP Novato no conhecimento discutido naCoP Especialista no conhecimento discutido na CoP Tenta se envolver rapidamente na CoP. Participação voluntária

Não aprecia o valor da CoP. Participação “compulsória” Especialista Criador da CoP na empresa Se envolve voluntariamente na

CoP após convite

Membro Ativo ou core Membro menos ativo Muita carga de trabalho e pouco reconhecimento Ideal da CoP

Trajetórias novato - especialista Trajetória 1

Trajetória 2 Trajetória 3

134 empresa Alfa, na CoP5, um especialista que atende diversos requerimentos de conhecimento de pessoas menos experientes, chegando inclusive a ser mentor de alguns deles, acompanhando sua aprendizagem na empresa.

A trajetória 2 representa o recém chegado que é um especialista em algum assunto do domínio da CoP. Geralmente, essas pessoas são de início convidadas para participar ou criar uma CoP, como na trajetória 3, pois é de interesse das duas empresas que esse conhecimento não esteja na cabeça de poucos especialistas, senão que seja difundido entre os membros da CoP. Porém, só alguns especialistas se interessam e passam a ter uma participação voluntária, com vontade para compartilhar seus conhecimentos (trajetória 2 e 3). Mas, a partir desse momento, para o especialista também se tornar um membro ativo, depende muito da dinâmica que a comunidade possui e das facilidades de funcionamento que a empresa lhe oferece, por exemplo, na empresa Alfa, apesar do especialista criador da CoP5 estar motivado para compartilhar seu conhecimento, a empresa não reconhecia seu trabalho dentro da CoP e não disponibilizou tempo para ele poder organizar reuniões, assim, ele foi se tornando um membro líder menos ativo, que trouxe como consequência o quase desaparecimento da CoP que ele lidera (trajetória não desejada). No caso da empresa Beta, os líderes têm especial interesse em identificar pessoas especialistas dispostas a colaborar que convidam, depois, para participar de forma mais ativa.

Embora as CoPs considerem importante a transferência de conhecimento, neste processo de integração de membros existem as trajetórias não desejadas: a) membros são obrigados a se cadastrar nas CoPs, mas sua participação é quase nula; b) alguns especialistas que não valoram a CoP porque seu trabalho não precisa dela, porquanto eles já sabem o que fazer; c) quando membros especialistas inicialmente motivados desistem de participar da CoP pela falta de tempo e reconhecimento.

Nesse processo de integração se viu que as CoPs têm interesse que seu pessoal participe da CoP, principalmente os especialistas, de forma que atualmente não existe nenhuma CoP sem pelo menos um especialista. Outro aspecto que se destaca é que na maioria das CoPs o novo membro precisa ter um conhecimento base para participar da comunidade, podendo ser esse conhecimento gerencial como na CoP-TIC da Beta ou, então, muito complexo como a CoP4 ou CoP5 da Alfa.

135 Após essa integração dos membros, observou-se que, no relacionamento entre novato-especialista, a participação dos novos membros com os membros mais experientes é recíproca, porém assimétrica (GHERARDI; NICOLINI, 2000). Por exemplo, na empresa Beta, são percebidas certas hierarquias, pois o membro validador, que é um especialista, possui certa ascensão sobre o resto dos membros pelo fato de ele ser mais experiente na empresa e já desempenha cargos mais altos na hierarquia. Isso é propositalmente determinado para garantir a qualidade do item do conhecimento que eles validam. Dessa forma, a CoP traz a hierarquia que a empresa Beta possui, mas a diferencia do ambiente da empresa. Na CoP, tem-se criada a mini cultura de contato direto, isto é, novatos e especialistas conversam mais livremente, sem burocracias. Nas CoPs da empresa Alfa, essa relação é mais homogênea, e relações entre novatos e especialistas são geradas pelo interesse que tem o novato de aprender e vai atrás desse conhecimento.

Existem diversas práticas, geralmente estabelecidas pela liderança, que colabora com o compartilhamento de conhecimento entre os membros novatos e especialistas:

 Reuniões presenciais: os membros se conhecem e compartilham experiências no desenvolvimento de seus projetos; é onde o novato tem contato com os aprendizados das pessoas mais experientes da CoP e, assim, ele aprende mais rápido e se prepara para ter um ação proativa frente a um projeto similar, evitando a repetição dos erros e aprimorando o tempo de execução do trabalho.  Diretório de membros para um contato mais próximo: foi aplicado na empresa

Beta, com ótimos resultados e tem aproximado as pessoas que querem aprender com os especialistas, pois, se for publicado um item de conhecimento e ficar alguma dúvida, o novato pode entrar em contato direto com o especialista que validou e/ou autor do item e trocar conhecimento.

 Práticas em parceria: isso aconteceu de forma espontânea nas duas empresas. Na Alfa, com o mentoring entre especialistas e pessoas interessadas em aprofundar o conhecimento; e, no caso da Beta, os novatos têm a tarefa de registrar o conhecimento do especialista, que permite sua aprendizagem no processo.

 Fóruns também é uma forma de aproximar o novato do especialista e o resultado é um conhecimento enriquecido pela discussão coletiva. Mas se tem

136 visto, nas duas empresas, que o novato é mais um observador. Ele não propõe temas para discussão porque, no caso da Alfa, prefere não ser exposto frente a um erro, pois não existe controle e ele não sabe se está certo; e, no caso da Beta, porque a hierarquia interna da CoP limita a função de criar fóruns só a alguns membros.

A seguir, na Figura 14, apresentam-se as características da relação especialista- novato, que mostra a perspectiva dos criadores de termo CoP, Lave e Wenger (1991), em relação à aprendizagem dentro da CoP por meio da participação periférica legitima, assim como o dito pelo Fang e Neufeld (2009) que a participação é legitimada pelo aporte de conhecimento que o novo membro pode oferecer. Isso foi verificado só no caso em que o novato, para a comunidade, seja um especialista no conhecimento compartilhado. Mas, para os novatos que não possuem maior especialidade, a pesquisa observou que o que legitima sua participação e sua aceitação dentro da CoP é seu desejo de aprender.

Figura 14– Características da participação especialista – novato

Fonte: Elaboração própria

6.1.3 Aportes da CoP à GP

Se verificou que o dinamismo o ambiente de projetos influencia o funcionamento da CoP, por exemplo, em ambas empresas tiveram rotatividade de pessoal o que gerou troca de papéis dentro da CoP, desintegrando a comunidade, por exemplo, na Alfa a CoP2, o líder foi substituído por uma pessoa que não tinha o mínimo interesse em

137 trabalhar com a CoP, motivo pelo qual essa comunidade estava inativa no momento da entrevista.

O nível de atividade da CoP se vê afetada pela carga de trabalho de projetos, por exemplo na Beta, quando se está finalizando a realização de um projeto prioritário a nível de atividade da CoP aumenta porque, dentro das práticas compulsórias que existem estão as reuniões de coleta e o registro de lições aprendidas desses projetos.

Uma sinergia interessante entre a CoP e outras ferramentas de GC dentro do ambiente de projetos. Pois práticas já conhecidas como: sistemas de lições aprendidas e mentoring, se aplicaram dentro da CoP (ver Figura 15) , com melhores resultados, por exemplo, o pessoal utilizou melhor as lições aprendidas, pelo fato de estar melhor organizadas no mapa de conhecimento, no lugar de grandes bases de dados.

Figura 16– Aportes da CoP à GP

Fonte: Elaboração própria