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PARTE II: ESTUDO EMPÍRICO

CAPÍTULO 4: APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DOS DADOS 91

4.4. APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS QUALITATIVOS 107

4.4.8. Competências Relacionais e de Interacção 121

As competências relacionais e de interacção são, geralmente muito valorizadas pelos doentes: “São esses pequenos nadas que fazem um enfermeiro bom ou ruim…” [C8]

Nas narrativas dos participantes estão descritas, tanto a presença como a ausência destas competências relacionais e de interacção.

As categorias e subcategorias identificadas, que a seguir iremos descriminar, podem ser observadas no Quadro 19.

Quadro 19: Competências comunicacionais e de interacção

TEMAS CATEGORIAS SUBCATEGORIAS

Forma afável como os enfermeiros comunicam com os doentes Simpatia

Calma, paciência e tranquilidade Apoio Presença Carinho e Cuidado Agressividade COMPETÊNCIAS COMUNICACIONAIS E DE INTERACÇÃO Ausência Falta de disponibilidade

Como características positivas temos o apoio, a simpatia, a disponibilidade e paciência, a postura calma e tranquila, a proximidade, o cuidado, e o carinho.

A forma afável com que os enfermeiros comunicam com os doentes, e a sua importância são relatadas em várias narrativas. Apresentam-se alguns excertos.

“O tratamento aqui dos enfermeiros, de quaisquer … são espectaculares… brincam com a gente, falam (…) Os enfermeiros, foi uma das primeiras coisas que notei quando fui aqui internado… No outro dia de manhã começaram a chegar as enfermeiras. “Bom dia! Bom dia!” (…) Foram ver… e se havia uma cara nova… e cumprimentam… ‘como está (com um aperto de mão)‘ ” [C15]

É claro, é importante… de brincar com o paciente, com o cliente… de o consolar e descontrair o ambiente para diminuir a tristeza… Então é importante o enfermeiro ser brincalhão também.” [C17]

“Pessoalmente até gosto de estar a ver a forma que tratam dos doentes. Conversam, brincam, falam a sério…” [C21]

“As relações com a enfermagem acabam por se tornar por vezes mais próximas quando se está muito tempo internada…” [C10]

A simpatia é mesmo equiparada a um ‘antídoto’ ao sofrimento causado pela hospitalização.

“A simpatia deles… é muito importante… deixa-nos mais aliviados, mais alegres…Não sentimos tanto o estarmos presos no hospital… parece que estamos mais em família.” [C16]

Fica realçada a importância da calma, da paciência e da tranquilidade no contacto com a pessoa doente.

“E têm que ter calma; têm que falar com a gente com muita calma (…) Com paciência fazem tudo bem feito… se não nos tratam bem… e nós não gostarmos da cara… e pode ser muito profissional… e de dez ou vinte anos e ter muitos cursos… sem paciência não resolve os problemas… tem que ter paciência, sem agitar o paciente.”

[C17]

A consideração pelo apoio prestado pelos enfermeiros fica saliente neste discurso:

“Em momentos em que estava muito em baixo psicologicamente sentindo-me triste, sendo que neste capitulo os enfermeiros muito importantes pois nestes momentos sempre me apoiaram e fizeram de tudo para me animar e acalmar. Sem esta ajuda teria sido muito complicado superar estes momentos.” [C23]

“Às vezes estava chorando o meu problema… e os enfermeiros chegavam e… me consolavam, me davam apoio e me agradavam e… me davam as palavras de apoio. E isso são coisas de bom que tive.” [C17]

Por fim, são referidos o carinho e o cuidado. “ São muito carinhosos, muito…” [C12]

“A forma como falaram comigo, a forma carinhosa como me receberam, como falaram comigo. A forma carinhosa como me acolheram, como falaram comigo, como continuam a falar comigo, cativaram-me perfeitamente…” [C2]

“Têm muito cuidado e preocupação comigo.” [C14]

“Eu ficava muito nervosa quando tinha que ser picada, e os enfermeiros também porque já sabiam desta minha dificuldade e não me querem magoar... Um dia, uma das enfermeiras foi buscar um saco de água quente para me por nos braços... Achei aquilo o máximo... A preocupação delas...” [C6]

“Acho que são muito cuidadosos.” [C4]

Como características negativas temos a agressividade e a falta de disponibilidade. Relativamente à agressividade, os relatos dos participantes descrevem:

“No hospital X não tratam assim… tratam com outro carácter o doente… dobra- do…, de mau, a ralhar… toma lá… se queres, queres, se não queres e assim… não é como aqui...” [C12]

“Outra vez, agora mais perto, antes de vir para aqui… apanhei uma ferida no dedo do pé… e sou diabética… Tive que ir ao Centro de Saúde fazer o penso… A enfer- meira… disse-me… se calhar têm que lhe cortar o dedo… logo no primeiro dia, na minha cara…” [C5]

A falta de disponibilidade está também documentada:

“Estava internado, fui operado e fiquei numa sala sozinho, chamava, às vezes custava a vir… tocava novamente… vinha… lá vinha… e assim…” [C15]

“A minha mulher faz chichi na fralda… é preciso mudar…e há dias a minha filha foi dizer a uma enfermeira e ela: ‘tome lá!’ e a minha filha é que mudou a fralda à minha mulher…” [C8]

No sentido de ilustrar e tornar os dados obtidos mais explícitos, apresentamos a Figura 1. Pretendemos com esta figura ilustrar as dimensões que constituíram alvo de atenção no nosso estudo. Na área de intersecção das duas circunferências apresentam- se os dados resultantes de ambas as abordagens, sendo as dimensões que ficaram reforçadas por ambas as abordagens; na circunferência do lado esquerdo encontram-se os temas que emergiram das narrativas dos participantes; finalmente, na circunferência do lado direito encontram-se as dimensões apenas abordadas no questionário. Procura- se demonstrar aquelas dimensões que ficaram reforçadas por ambas as abordagens e as que só foram salientadas em cada uma das abordagens. Não se verificou contradição clara em nenhuma das abordagens.A englobar estas circunferências temos os domínios: cuidados de enfermagem, enfermeiros, profissão de enfermagem, os quais se encontram estritamente relacionados e que constituem a orgânica escolhida para a apresentação dos dados e discussão dos resultados, tendo o utente como alvo, como centro, como construtor da imagem que detemos.

Figura 1: Esquema representativo dos dados obtidos.

 

No final deste capítulo ocorre referir que esperamos ter sido explícitos na apresen- tação dos dados que obtivemos. No capítulo que se segue proceder-se-á à discussão destes resultados, podendo destacar-se os principais contributos que obtivemos com o desenvolvimento deste estudo de investigação.