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A entrega de produtos livres de defeitos aos consumidores, com velocidade e com maior confiabilidade, não mais é vista como vantagem competitiva e sim como um requisito para as empresas permanecerem no mercado. Para atender a estes requisitos, é necessária melhor coordenação e maior integração entre a empresa focal e seus fornecedores e distribuidores na busca por maior flexibilidade por parte das companhias individualmente e das cadeias de suprimentos da qual fazem parte (MENTZER et al., 2001).

De maneira geral, os poderes públicos e os agentes privados de países de todo o mundo estão se preocupando com a capacidade que os sistemas produtivos têm de conseguirem sustentar ou ampliar, duradouramente, suas posições competitivas no mercado mundial (COUTINHO; FERRAZ, 1995).

Assim sendo, torna-se imprescindível um direcionamento na linha da coordenação da cadeia da pecuária bovina no estado do Rio Grande do Sul, com o objetivo de não tão somente acompanhar este movimento já em curso há muitos anos, para tornar-se competitivo neste novo mercado, mas também como forma de assegurar a permanência do estado e região na atividade, pois segundo Ferraz et al. (1996, p.3), “competitividade é a capacidade da empresa formular e implementar estratégias concorrenciais que lhe permitam ampliar ou conservar , de forma duradoura, uma posição sustentável no mercado”.

Consumidores cada vez mais exigentes, expressos em segmentos de mercado mais e mais numerosos, homogêneos e focalizados, têm acirrado a preocupação sobre a sustentabilidade dos negócios, também no plano das economias nacionais. Neste sentido, trata-se de avaliar e comparar a competitividade de sistemas industriais que cumprem a mesma função de base junto ao consumidor final (sistema frango X sistema carne bovina). Assim, assume-se que, cada vez mais, a competição desloca-se do nível das empresas para o dos sistemas (BATALHA; SILVA, 1999). Desta forma, a competitividade do conjunto depende de cada elo da cadeia, e por isto pode ser comprometida pela ineficiência de algum dos agentes participantes. Especificamente no Rio grande do Sul (RS), a atividade

40 pecuária mostra um quadro de preocupante estagnação, com problemas de competitividade ao longo de toda a cadeia produtiva, seja na produção primária, no setor industrial (frigoríficos) ou no varejo.

A abordagem da cadeia produtiva agroindustrial trata das relações entre agropecuária, indústria de transformação e distribuição, focalizando um produto definido. Segundo Zylberstajn (1995), as cadeias do agribusiness podem ser analisadas como operações verticalmente organizadas onde o produto é visto desde sua produção, elaboração industrial e distribuição. Os objetivos dos estudos de cadeias estão centrados nos aspectos de coordenação das mesmas, que, para este autor, pode ser feita através do mercado ou por diversos agentes ao longo da cadeia.

Ainda de acordo com Zylberstajn (1995), a capacidade de articulação interna da cadeia representa um fator de competitividade, sendo que empresas que possuem uma melhor articulação são mais capazes de manter uma posição competitiva em um mercado de incertezas e instabilidade.

Os produtos agroindustriais fazem parte de uma cadeia de valor que inicia com a indústria fornecedora de insumos para a agropecuária e termina com o consumidor final, passando pela produção primária, industrialização e distribuição de produtos. O elo impulsionador desta cadeia de valor é o consumidor final, que é quem dá o passo inicial para que a cadeia se movimente (TOBAR, 1996).

Dentro deste setor, especificamente em relação à competitividade da cadeia da pecuária bovina, é evidente a falta de integração entre a indústria e os fornecedores de matéria-prima, quando comparado com as cadeias produtivas de aves e suínos. Esta falta de coordenação faz com que não exista uma estratégia de produção em nível da cadeia como um todo, sendo que cada segmento trabalha isoladamente, resultando na perda de competitividade da cadeia produtiva.

De acordo com Coutinho e Ferraz (1995), existem três grupos de fatores determinantes para a competitividade: os empresariais, os estruturais e os sistêmicos.

Os fatores empresariais são aqueles internos à empresa, sobre os quais ela detém poder de decisão e podem ser controlados ou modificados, correspondendo a variáveis em seu processo decisório. Estes se referem à eficácia da gestão da empresa, sua capacitação tecnológica em processos e produtos, capacitação produtiva e produtividade dos recursos humanos. Os fatores estruturais

determinantes da competitividade são aqueles sobre os quais a empresa tem capacidade de intervenção limitada pelo processo de concorrência. Estes estão relacionados a certas especificidades setoriais determinadas pelas características do mercado, da configuração da indústria e pelo regime de incentivos e regulamentação da concorrência vigente. Finalmente, os fatores sistêmicos são aqueles sobre os quais a empresa tem poucas possibilidades de intervenção, mas podem determinar vantagens competitivas para as empresas em relação a concorrentes de outros países. Estes fatores são de ordem macroeconômica (taxa de câmbio, carga tributária, etc.), político-institucionais (políticas tributária e tarifária, entre outros), legais-regulatórios (como política de preservação ambiental), infraestruturais (referentes à disponibilidade de transporte, energia, insumos, etc.), sociais (qualificação de mão de obra) e internacionais (referentes a fluxos internacionais de capital, investimentos, acordos internacionais, entre outros).

Na Tabela 1 apresenta-se uma síntese dos principais fatores de competitividade.

Tabela 1 - Conceitos de competitividade e seus fatores determinantes

42 De modo geral, os fatores empresariais e sistêmicos têm incidência mais horizontal, ou seja, influenciam a competitividade dos setores de maneira mais genérica em forma e intensidade. Ao contrário, os fatores estruturais apresentam características específicas em cada setor, refletindo peculiaridades nos padrões de concorrência existentes nos diversos ramos produtivos (FERRAZ et al., 1995).

Conforme o que foi exposto, pode-se afirmar que a cadeia produtiva da carne bovina no Rio Grande do Sul, da forma como se encontra atualmente estruturada, apresenta sérios problemas de competitividade, pois, analisando-se os pontos de estrangulamento ao longo da cadeia, contata-se que a solução passa necessariamente por uma maior articulação entre seus agentes. Desta forma, para aumentar a competitividade, é possível que exista uma coordenação em nível de cadeia produtiva, para que todos os agentes envolvidos na produção trabalhem com objetivos complementares, no sentido de atender às exigências do consumidor final do produto. Para tal, é necessário que sejam conhecidas as características desejadas pelo consumidor final de carne bovina e estabelecer formas de garantir que estas informações sejam transferidas para os elos situados a montante na cadeia. Assim, produtores, processadores e distribuidores da cadeia da carne bovina devem organizar-se de forma a aumentar a estabilidade de suas relações, buscando garantias de obtenção de matéria-prima nas condições necessárias para produzir de acordo com as exigências de seus clientes na cadeia, garantindo assim mercado para colocação de seu produto.

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