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LISTA DE TABELAS

3. SISTEMAS LACUSTRES ESTUDADOS

3.3 Estruturas Vulcânicas Associadas aos Lagos Estudados

3.3.1. A ilha de São Miguel

3.3.1.2. Complexo Vulcânico da Serra de Água de Pau

O vulcão Central de Água de Pau, também designado por Fogo, localiza-se na parte central da ilha de São Miguel e faz fronteira a W com a região dos Picos, a E com o Planalto da Achada das Furnas e também está limitado a NE com a Plataforma Litoral do Norte (Fig. 2.7).

No entanto, não é possível determinar de forma rigorosa os limites deste aparelho a W e E devido à sua contiguidade com as regiões anteriormente descritas e por se encontrarem cobertas com os depósitos das erupções mais recentes (Wallenstein, 1999).

Esta estrutura corresponde a um edifício poligenético formado por uma acumulação de depósitos vulcaniclásticos e escoadas lávicas intercaladas. A parte emersa do edifício vulcânico apresenta um diâmetro basal N-S com cerca de 14 km, um diâmetro W-E à volta dos 12 km e uma altitude máxima de 949 metros,

localizada no marco geodésico do Pico da Barrosa. No topo do aparelho vulcânico existe uma caldeira com um diâmetro máximo de 3,2 km, delimitada por flancos abruptos, que variam entre os 100 e os 300 metros de altitude (Zbyszewski et al., 1956; Moore, 1990).

Da base para o topo, a mudança de declive coincide com o afloramento de imponentes e espessas escoadas lávicas de natureza traquítica (s.l.) com limites por vezes subverticais, que constituem o núcleo central do topo cónico do aparelho vulcânico. O declive desta zona é amenizado pela cobertura considerável de depósitos piroclásticos provenientes, essencialmente, de erupções intracaldeira. A morfologia deste maciço está marcada por profundas linhas de água cuja distribuição e orientação reflectem um nítido controlo estrutural. O graben da Ribeira Grande, estrutura de direcção geral NW-SE localizado a N do aparelho vulcânico, reflecte a tectónica do local e condiciona a geometria da depressão sumital, como a distribuição dos diversos cones de escórias, cones de pedra-pomes, formas hidrovulcânicas deste maciço (Fig. 3.9).

O interior da cratera encerra uma área aproximada de 4,8 km2 onde existem

alguns charcos de reduzida dimensão. A Lagoa do Fogo que ocupa grande parte da caldeira. A forma do lago está condicionada pela existência de, pelo menos, quatro centros eruptivos, cujo último evento ocorreu em 1563-1564, integrado no grupo de sete erupções de natureza traquítica que ocorreram nos últimos 5000 anos (Booth et

al., 1978; Wallenstein, 1999).

Nos flancos junto à parte mais basal do edifício vulcânico, nas paredes a Este e Oeste da parte exterior do vulcão, existe um sistema de fracturas responsável por várias erupções basálticas, tendo nos últimos 3000 anos ocorrido uma erupção a cada 1000 anos (Wallenstein et al., 2005).

Actualmente, a actividade vulcânica neste maciço consiste em processos associados à acção hidrotermal, particularmente, a algumas caldeiras de água termal e fumarolas, e de um importante campo geotérmico actualmente em fase de exploração com fluidos de temperatura superior a 300 ºC.

3. SISTEMAS LACUSTRES ESTUDADOS

Esta região, que se situa entre os Vulcões da Água de Pau e das Furnas e está limitada a Norte pela Plataforma Litoral do Norte, é uma zona relativamente aplanada, cuja altitude média varia entre os 400 e os 500 metros e demarca-se por existirem numerosos cones de escórias, por vezes com mais de uma cratera, onde poderá residir pequenas lagoas.

Fig. 3.9. Localização dos diferentes centros eruptivos segundo Wallenstein (1999). As circunferências apresentam uma dimensão proporcional

Alguns dos aparelhos encontram-se alinhados ao longo de antigas fracturas com uma direcção sensivelmente de WNW-ESE e toda a região encontra-se coberta por um manto de material piroclástico heterogéneo (Zbyszewski, et al., 1959).

A Lagoa do Congro localiza-se a 487 metros de altitude, dista cerca de 4,9 km para Este da Lagoa do Fogo e está confinada no interior de um Maar.

3.3.1.4. O Vulcão das Furnas

Sob a perspectiva geomorfológica definida por Zbyszewski (1961), o vulcão das Furnas está limitado entre o Planalto da Achada das Furnas, o Vulcão da Povoação e a Plataforma Litoral do Norte que se localizam respectivamente a Oeste, Este e a Norte do referido vulcão (Fig. 3.8).

Este sistema vulcânico, à semelhança dos vulcões das Sete Cidades e do Fogo, também é um imponente edifício poligenético com caldeira, que se distingue dos outros dois estratovulcões por ser o menos definido morfologicamente. De facto, existe um nítido contraste entre os flancos da costa Norte e os da costa Sul do vulcão. As vertentes a Norte apresentam-se mais suaves e, de uma forma geral, são constituídas por uma alternância de lavas e de níveis piroclásticos pomíticos, enquanto o flanco Sul apresenta uma escarpa abrupta para o mar (Zbyszewski, 1958).

O vulcão das Furnas foi e possivelmente continua a ser o sistema vulcânico activo que maior perigo representa não só para a ilha de São Miguel, mas para todo o arquipélago. A sua actividade vulcânica afigura-se complexa, uma vez que ao longo da sua história exibiu praticamente todos os estilos eruptivos conhecidos desde uma actividade moderadamente efusiva até ao carácter paroximal, responsável pela formação de caldeiras. As rochas mais antigas analisadas neste sistema apresentam uma idade com cerca de 100 000 anos (Moore, 1991; Guest et al., 1999).

No topo do edifício é possível identificar duas caldeiras com várias fases de formação, que reflectem o somatório de inúmeros episódios vulcânicos magmáticos e hidromagmáticos de carácter predominantemente explosivo e de natureza traquítica (s.l.), aliados a uma considerável actividade tectónica e erosiva (Gaspar et

3. SISTEMAS LACUSTRES ESTUDADOS

al., 1995). A formação da caldeira, à semelhança das restantes crateras de colapso

existentes na ilha de São Miguel, é relativamente recente (Feraud et al., 1980). A caldeira mais antiga tem um diâmetro aproximado de 8x5 km e a Sul encontra- se parcialmente aberta para o mar, devido, possivelmente, ao colapso deste bordo da cratera associado a factores de ordem tectónica. Esta caldeira ter-se-á formado

há cerca de 12 000 anos após a extrusão de pelo menos 7 km3 de material de

natureza pomítica. A caldeira mais jovem, com um diâmetro à volta dos 6x3,5 km, encontra-se relativamente centrada na cratera mais antiga que na parte Este corta a parede da primeira cratera, expondo uma escarpa formada por lavas. Após a formação da segunda caldeira, mais duas erupções ocorreram no seu interior e estão relacionadas com o colapso do edifício formado. Uma destas erupções formou uma cratera com um diâmetro aproximado de 1,5 km e que actualmente se encontra ocupada pela Lagoa das Furnas, e a segunda ocorreu onde se encontra actualmente o centro da Vila das Furnas (Moore, 1991; Guest et al., 1999).

Nos últimos 5000 anos ocorreram 10 erupções, subplinianas, plinianas e freatoplinianas, todas no interior da caldeira, e responsáveis pelos inúmeros cones de pedra pomes e maars (Booth et al., 1978). A última erupção ocorreu em 1630 e,

grosso modo, manifestou-se com uma magnitude subpliniana (Cole et al., 1995).

Este sistema vulcânico apresenta um importante sistema de falhas que um dos grupos atravessa todo o maciço vulcânico segundo a direcção aproximada WNW- ESSE e caracteriza-se por apresentar uma nítida componente normal provavelmente associada a uma componente de desligamento direito responsável pela ocorrência de consideráveis abatimentos. A direcção de alguns canais de água sugere a existência de falhas E-W, direcção que coincide com o eixo principal da ilha e também associadas a antigas fracturas da crosta oceânica (Gaspar et al., 1995; Queiroz, 1997; Guest et al., 1999).

Um terceiro grupo de falhas distensivas encontra-se desde a Praia da Amora até à localidade da Ribeira Quente e demonstram uma direcção N-S (Gaspar et al., 1995).

Actualmente, a actividade de origem mantélica manifesta-se sob a forma de um importante sistema hidrotermal que ocorre principalmente no interior da caldeira do vulcão das Furnas e manifesta-se através de inúmeras fumarolas e de uma

quantidade considerável de nascentes termais e minerais, de uma forma geral, ricas em dióxido de carbono.

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