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2.3. Ecoeficiência

2.3.1. Componente Ambiental Avaliação de Ciclo de Vida (ACV)

Relativamente à Avaliação de Ciclo de Vida, a norma internacional ISO 14040:2006 define os princípios e enquadramento e a norma ISO 14044:2006 define os requisitos e linhas de orientação.

A Avaliação de Ciclo de Vida tem como objetivo promover um entendimento mais alargado dos impactes associados à produção e consumo de produtos. Esse entendimento permite identificar oportunidades de melhoria de desempenho ambiental durante o ciclo de vida de um produto e a sua comunicação a líderes industriais e organizações permitindo a utilização da informação no planeamento estratégico e na reformulação de produtos ou processos. Pode ser igualmente útil, a utilização de uma Avaliação de Ciclo de Vida na seleção de indicadores de desempenho ambiental ou em ações de marketing (ISO, 2008; ILCD, 2012).

Uma Avaliação de Ciclo de Vida pode ser aplicada a vários sistemas e várias escalas, sendo uma ferramenta que necessita de muita informação de qualidade para estudar convenientemente todos os fluxos presentes no ciclo de vida de um produto ou serviço (EcoWater, 2012).

Uma Avaliação de Ciclo de Vida é composta por quatro fases: definição do objetivo e do âmbito, inventário, avaliação de impacte e interpretação, tal como pode ser observado na Figura 2:

As fases de Avaliação de Ciclo de Vida podem ser descritas da seguinte forma:

1. Definição de Objetivo e Âmbito: o âmbito depende do objeto e da utilização pretendida para o estudo. Inclui a fronteira do sistema, o nível de detalhe pretendido na Avaliação de Ciclo de Vida, a unidade funcional, os requisitos, os pressupostos e as limitações, entre outras informações. O objetivo da avaliação estabelece a aplicação pretendida, as razões para a realização do estudo, o público-alvo e se os resultados se destinam a comparação. Consoante o seu objetivo, a profundidade e a amplitude da Avaliação de Ciclo de Vida podem ser igualmente adaptadas (ISO, 2008).

A unidade funcional deve ser escolhida tendo em conta o objetivo e o âmbito do estudo, fornecendo uma referência em relação à qual os dados de entrada e saída são normalizados (ISO, 2008).

As fronteiras do sistema a avaliar devem estar de acordo com o objetivo pretendido no estudo, definindo quais os processos incluídos. Esta definição de fronteiras irá estabelecer a amplitude do estudo, podendo incluir todos os processos, em contexto de “cradle-to-grave” ou excluir parcelas do sistema.

As fronteiras temporais também devem ser analisadas, uma vez que influenciam de forma relevante a avaliação e os resultados da mesma. Grande parte dos produtos pode provocar impactes ambientais durante vários anos, devido não só à sua produção mas sobretudo à sua utilização e gestão como resíduo no seu fim de vida. Sendo que uma Avaliação de Ciclo de Vida tem como propósito aferir várias alternativas de ação, torna-se importante aliar a definição de âmbito e objetivo tanto às fronteiras do sistema como à fronteira temporal, que terão relevância no estudo pretendido (Baumann, et al., 2004).

2. Inventário do Ciclo de Vida (ICV): nesta fase procede-se à inventariação dos dados de entradas e saídas relativos ao sistema em estudo, envolvendo a recolha dos dados necessários para cumprir os objetivos pretendidos. Esta fase de realização de um inventário é um processo iterativo, ou seja com a recolha de dados, vão sendo identificados novos requisitos de dados ou limitações (ISO, 2008).

Na fase de inventariação, é necessário obter informação através da organização em estudo, procurando aceder a informação normalmente recolhida pela empresa, ou proveniente de estudos anteriormente efetuados. Dependendo da amplitude da avaliação consoante as fronteiras definidas, é possível que seja necessária a consulta de fontes externas, na forma de bibliografia ou bases de dados, que irá ajudar a colmatar falhas na informação disponibilizada.

A informação necessária engloba todos os fluxos relevantes de materiais e energia associados à unidade funcional no sistema definido, incluindo todos os tipos de substâncias como água, resíduos sólidos, plásticos, madeira, combustíveis, SOx, NOx, CO2, entre outros (EcoWater, 2012). Uma vez que apenas se tem em conta os fluxos com relevância ambiental, esta fase resulta num balanço incompleto de massa e energia do sistema (Baumann, et al., 2004).

3. Avaliação de Impacte do Ciclo de Vida (AICV): pretende-se fornecer informação adicional que auxilie a avaliação de resultados do ICV de um sistema de produto para compreender a sua significância ambiental. Assim, esta fase destina-se a avaliar a significância dos impactes ambientais potenciais através da associação dos resultados da fase anterior a categorias de impacte ambiental (ISO, 2008). As categorias são selecionadas de forma a representarem uma série de impactes considerados relevantes no âmbito do estudo a efetuar, estando normalmente relacionadas com metodologias desenvolvidas que permitem associar os elementos de inventário às categorias.

A avaliação de impacte de ciclo de vida engloba uma série de etapas obrigatórias e outros elementos opcionais. Os elementos obrigatórios são a seleção de categorias de impacte, indicadores de categoria e modelos de caracterização, a classificação que envolve a imputação dos resultados do ICV às categorias

de impacte selecionadas e a caracterização que se define como o cálculo dos resultados dos indicadores de categoria. Os elementos opcionais são as fases de normalização, agregação, ponderação e análise da qualidade dos dados (ISO, 2010).

4. Interpretação do Ciclo de Vida: sendo a fase final da Avaliação de Ciclo de Vida, será nesta fase que se discutem os resultados de um ICV ou de uma AICV, produzindo conclusões, recomendações e permitindo a tomada de decisões em concordância com a definição do objetivo e do âmbito (ISO, 2008).

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