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Comportamento de Hidrocarbonetos Policíclicos Aromáticos de alta massa molecular e baixa massa molecular nas matrizes

4.3 RESULTADOS E DISCUSSÕES

4.3.3 Comportamento de Hidrocarbonetos Policíclicos Aromáticos de alta massa molecular e baixa massa molecular nas matrizes

Em água, houve uma variação na concentração de compostos de baixa massa molecular (BMM) entre 2,6 a 7,3 µ L-1 para SE0.1, 3,1 a 320 µ L-1 para SE0.2 e 2,8 a 419 µ L-1 para SE0.3. Maiores concentrações de compostos de alta massa molecular (AMM) foram identificado variando entre 3,2 a 8,2 µ L-1 para SE0.1, 4,7 a 1.681 µ L-1 para SE0.2 e 6,1 a 7.689 µ L-1 para SE0.3. As proporções de HPAs de AMM e BMM em água são apresentadas na Figura 5.5.

Figura 4.5 – Relação percentual entre da concentração de Hidrocarbonetos Policíclicos Aromáticos de alta massa molecular (AMM) e baixa massa molecular (BMM) em água para os sistemas experimentais com 0,1 mg L -1 (SE0.1), 0,2 mg L-1 (SE0.2), 0,3 mg L-1 (SE0.3), e sem adição de óleo (SEC) ao longo dos 35 dias de experimento (7, 14, 21 e 35 dias). SE0.2/dia 35 não analisada, pois houve processo de eutrofização no sistema, sendo este descartado.

Fonte: Autora, 2019. 0% 20% 40% 60% 80% 100% 7 14 21 35 Tempo de exposição (dias) SE0.1

ΣHPAs BMM ΣHPAs AMM

0% 20% 40% 60% 80% 100% 7 14 21 Tempo de exposição (dias) SE0.2

ΣHPAs BMM ΣHPAs AMM

0% 20% 40% 60% 80% 100% 7 14 21 35 Tempo de de exposição (dias) SE0.3

33 Observa-se para todos os sistemas experimentais uma maior proporção de HPAs de AMM. Han e colaboradores (2018) avaliaram em água superficial a permanência de HPAs entre 6 e 62 dias após um vazamento real de óleo em Chennai, Baía de Bengala, e observaram a persistência de HPAs de AMM ao fim de 62 dias. Os autores acreditam que os HPAs de AMM resistiram à ação do intemperismo. Situação análoga pode ser encontrada nos resultados deste experimento de simulação de derramamento de óleo, onde em uma avaliação de 35 dias os HPAs de AMM apresentaram-se todos os dias relatados em maiores concentrações.

Na relação de distribuição entre compostos de AMM e BMM na água, a concentração de material particulado em suspensão (MPS) deve ser considerada, visto que compostos hidrofóbicos tendem a adsorver este material (BIHARI et al., 2007). As concentrações de MPS no ensaio experimental variaram de 0,02 a 0,78 mg L-1 (Tabela 4.2).

Tabela 4.2. Concentração de material particulado em suspensão (mg L-1) para os sistemas experimentais com 0,1 mg L -1 (SE0.1), 0,2 mg L-1 (SE0.2), 0,3 mg L-1 (SE0.3), e sem adição de óleo (SEC) ao longo dos 35 dias de experimento (7, 14, 21 e 35 dias). n.a. = não analisada, pois houve processo de eutrofização no sistema, sendo este descartado. Média = Concentração média (%).

Tempo de exposição (dias)

Experimento 7 14 21 35 Média

SE0.1 0,02 0,27 0,69 0,16 0,29 ± 0,25

SE0.2 0,23 0,39 0,78 n.a. 0,47 ± 0,23

SE0.3 0,05 0,60 0,44 0,53 0,41 ± 0,20

Fonte: Autora, 2019.

Para SE0.2 é observada a tendência entre o aumento da concentração de MPS e o aumento da concentração de HPAs de AMM. Contudo, para os demais ensaios essa tendência não ocorreu, inferindo que o MPS não foi fator determinante para a presença de HPAs de AMM na coluna d’água, isto devido as suas baixas concentrações nos sistemas.

34 Para a matriz sedimentar, a variação na concentração de compostos de BMM apresentou-se entre 13,1 a 249 ng g-1 para SE0.1, 13,9 a 511 ng g-1 para SE0.2 e 10,5 a 1135 ng g-1 para SE0.3. Maiores concentrações de compostos de AMM foram identificados variando entre 198 a 656 ng g-1 para SE0.1, 288 a 3.004 ng g-1 para SE0.2 e 181 a 4.532 ng g-1 para SE0.3. As proporções de HPAs de AMM e BMM em sedimento são apresentadas na Figura 4.6.

Figura 4.6 – Relação percentual entre as concentrações de Hidrocarbonetos Policíclicos Aromáticos de alta massa molecular (AMM) e baixa massa molecular (BMM) encontrados nos sedimentos para os sistemas experimentais com 0,1 mg L -1 (SE0.1), 0,2 mg L-1 (SE0.2), 0,3 mg L-1 (SE0.3), e sem adição de óleo (SEC) ao longo dos 35 dias de experimento (7, 14, 21 e 35 dias). SE0.2/dia 35 não analisada, pois houve processo de eutrofização no aquário, sendo este descartado.

Fonte: Autora, 2019.

Mesmo com a similaridade do comportamento entre água e sedimento em relação às proporções de HPAs de AMM e BMM, deve-se ressaltar que as concentrações encontradas para HPA total em água (µ L-1) foram superiores em relação às encontradas em sedimento (ng g-1). Observando de forma isolada o comportamento dos HPAs no sedimento, uma maior proporção de compostos de AMM é habitualmente encontrada em estudos ambientais (SOCLO et al., 2008; ALMEIDA et al., 2018; CACCIATORE et al. 2018). Isto porque HPAs de AMM são mais hidrofóbicos, tendem a aderir no MPS e depositar nos sedimentos (DAHLE et

0% 20% 40% 60% 80% 100% 7 14 21 35 Tempo de exposição (dias) SE0.1

ΣHPAs BMM ΣHPAs AMM

0% 20% 40% 60% 80% 100% 7 14 21 Tempo de exposição (dias) SE0.2

ΣHPAs BMM ΣHPAs AMM

0% 20% 40% 60% 80% 100% 7 14 21 35 Tempo de de exposição (dias) SE0.3

35 al. 2003; GEFFARD et al. 2004, BIHARI et al. 2007). Contudo, percebeu-se que essa deposição não ocorreu de forma efetiva, possibilitando que uma maior quantidade de HPAs permanecesse presente na coluna d’água.

Em ostras, a variação na concentração de compostos de baixa massa molecular (BMM) apresentou-se entre 132 a 538 ng g-1 para SE0.1, 78,7 a 823 ng g-1 para SE0.2 e 241 a 1.797 ng g-1 para SE0.3. Maiores concentrações de compostos de alta massa molecular (AMM) foram identificadas variando entre 366 a 949 ng g-1 para SE0.1, 522 a 1.528 ng g-1 para SE0.2 e 574 a 2.034 ng g-1 para SE0.3. As proporções de HPAs de AMM e BMM em ostras são apresentadas na Figura 4.7. Figura 4.7 – Relação percentual entre Hidrocarbonetos Policíclicos Aromáticos de alta massa molecular (AMM) e baixa massa molecular (BMM) em tecido de ostra em ng g-1 (ps) para os sistemas experimentais com 0,1 mg L -1 (SE0.1), 0,2 mg L-1 (SE0.2), 0,3 mg L-1 (SE0.3), e sem adição de óleo (SEC) ao longo dos 35 dias de experimento (7, 14, 21 e 35 dias). SE0.2/dia 35 não analisada, pois houve processo de eutrofização no sistema, sendo este descartado.

Fonte: Autora, 2019.

No 7º dia de experimento as ostras dos SE0.1 e SE0.3 bioacumularam uma maior quantidade de HPAs de BMM, 60 e 65 % respectivamente, ocorrendo de forma diferente para o o SE0.2 (35 %). Os HPAs de BMM são normalmente mais solúveis em água que os de AMM, portanto, mais facilmente assimilados pelos organismos (BAUMARD et al. 1999).

0% 20% 40% 60% 80% 100% 7 14 21 35 Tempo de exposição (dias) SE0.1

ΣHPAs BMM ΣHPAs AMM

0% 20% 40% 60% 80% 100% 7 14 21 Tempo de exposição (dias) SE0.2

ΣHPAs BMM ΣHPAs AMM

0% 20% 40% 60% 80% 100% 7 14 21 35 Tempo de de exposição (dias) SE0.3

36 Ao longo do tempo, incluindo o 7º dia do SE0.2, há uma diminuição na proporção de HPAs de BMM e uma maior concentração de HPAs de AMM foi observada no tecido dos organismos. A relação existente entre alta afinidade dos compostos de AMM e o tecido gorduroso das ostras (BARROSO, 2010), além da menor biodisponibilidade de compostos de BMM explicam as altas concentrações encontradas de HPAs de AMM no tecido das ostras a partir do 14º dia de experimento. A permanência dos HPAs de AMM nas ostras é explicada pela lenta atividade de metabolização para os compostos com massas moleculares maiores, altos coeficientes de partição octanol/água (KOW) e baixa solubilidade em água.

A fonte de HPAs de AMM para as ostras pode estar associada ao material orgânico particulado em suspensão, visto que ambos têm forte tendência a ligarem- se aos HPAs (BAUSSANT et al., 2010). Outra possibilidade é que pela natureza filtradora das ostras, elas possam ter ingerido partículas do contaminante proporcionando a acumulação de compostos orgânicos com valores do coeficiente de partição octanol/água (log KOW) maiores do que 5 (BAUMARD et al., 1998;

BAUMARD et al., 2009).

A distribuição entre HPAs de AMM e BMM demonstra comportamentos inversos na água e na biota no 7º dia de experimento, à medida que as ostras dão preferência a acumulação de HPAs de BMM, a água apresenta uma maior concentração de HPAs de AMM, mostrando acumulação preferencial do peso molecular mais baixo (BAUMARD et al. 1999). Entre o 14º e o 35º dia uma alta biodisponibilização de HPAs de AMM é observada, isto pode ter influenciado na captação desses compostos pelas ostras, principalmente pela alta lipofilicidade dos penta e hexa aromáticos (BAUSSANT, et al. 2010).

A presença de HPAs de AMM no sedimento foi bastante expressiva, não possuindo em nenhuma das avaliações concentrações maiores de HPAs de BMM. Isso se deve justamente a afinidade química existente entre essa matriz orgânica e os compostos, visto que HPAs de alta massa molecular têm tipicamente uma tendência maior de adsorção ao carbono orgânico sedimentar do que os HPAs de baixa massa molecular (ALMEIDA et al., 2018).

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4.3.4 Fator de Bioacumulação, Fator de Acumulação Biota-Sedimento e Razão

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