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Não é comum obser var a pr eocupação com o que r epr esent a o

r elacionament o cir ur gião dent ist a/ pacient e ou a maneir a como t r anscor r e o

t r at ament o odont ológico como f at or es que inf luenciar ão a evolução

compor t ament al do pacient e dent r o do cont ext o odont ológico. (CALDANA;

BI ASOLI ALVES, 1990)

Cor r êa e Ulson (2002) r elat ar am que o cir ur gião dent ist a deve t er muit a

or alidade pr esent e nest a f ase da vida. É pr eciso que o pr of issional t enha

habilidade suf icient e par a pr opor cionar bem est ar e t r anqüilidade dur ant e o

at endiment o odont ológico. I st o pode ser adquir ido por meio da ut ilização de

mét odos adequados de comunicação e conheciment os t écnicos e cient íf icos, pois

t odas as r eações da cr iança est ão limit adas e o chor o r epr esent a uma f or ma de

expr essar angúst ia e t ensão per ant e est a sit uação.

Per cinot o e Cunha (2002) suger em que a aceit ação da exper iência

odont ológica pelas cr ianças na f aixa et ár ia de 0 a 3 anos é dif ícil, devido ao f at o

da cr iança apr esent ar dif iculdade de comunicação e ser inst ável emocionalment e.

Sua independência, segur ança, socialização e linguagem est ão em

desenvolviment o, sendo comum demonst r ar medo ant e o inesper ado e o

desconhecido. Ent r et ant o, um dos t ipos de r espost a global do r ecém nascido

diant e do complexo de est ímulos que lhe são of er ecidos pela sit uação ambient e é

a r eação af et uosa, que expr essa uma adapt ação “posit iva” em r elação ao

ambient e, est abelecendo uma sint onia ent r e o indivíduo e o ambient e.

Consider ando uma cr iança emocionalment e t r anqüila com uma mãe na mesma

sit uação, é possível f azer com que ela per ceba o consult ór io odont ológico como

um ambient e conf iável, possibilit ando que sua pr imeir a consult a sej a conduzida

t r anqüilament e, de maneir a f avor ável. Não r ar ament e, o bebê r eage de uma

maneir a apar ent ement e desf avor ável, chor ando e solicit ando a pr ot eção da mãe,

sit uação, a cr iança adquir e a exper iência de t er sido bem cuidada e int er naliza

est a exper iência de maneir a posit iva. Est a int er nalização é decisiva e

f undament al par a a cont inuidade dos seguint es at endiment os em uma at mosf er a

cada vez mais f avor ável. O r ecém nascido é de f ácil manej o, por ém, após o

ir r ompiment o dos pr imeir os dent es, most r a-se par cialment e r ebelde em r elação à

manipulação de sua boca. Aos 2 anos de idade a dependência mat er na se acent ua

e por volt a dos 3 anos t or na-se possível a r ealização de um at endiment o

odont ológico convencional, devido à possibilidade de um r elacionament o

int er pessoal mais longo, que é r esult ado de uma mat ur ação social mais ampla.

Por t ant o, a assist ência odont ológica par a bebês pode ser consider ada um pr epar o

impor t ant e par a o desenvolviment o equilibr ado no que se r ef er e ao

compor t ament o diant e de possíveis t r at ament os f ut ur os.

Segundo Toledo (1996), do nasciment o at é os 2 anos de idade exist em

f or t es laços emocionais ent r e o bebê e a mãe, por isso, ele só se sent e segur o

quando est á em seus br aços. Diant e do t r at ament o odont ológico, sua r eação

nat ur al é muit o chor o e r esist ência. Compr eendendo ist o, o at endiment o deve ser

o mais r ápido possível, não se pr eocupando com que o bebê par e de chor ar .

Klat choian (2002) af ir ma que quando o pacient e é ainda incapaz de

ver balizar e mant ém dependência est r eit a da mãe, o r elacionament o dent ist a-

cr iança depende de um t er ceir o indivíduo (ger alment e a mãe), f or mando uma

est abelecer um bom r elacionament o com as cr ianças, bem como apr of undar o

r elacionament o com os pais, cr iando e f or t alecendo vínculos impr escindíveis par a

um bom r elacionament o ent r e as par t es.

Bee, em 1984, descr eveu o desenvolviment o da ligação af et iva ent r e pais e

seus bebês, dividindo-o em quat r o f ases. A pr imeir a é chamada pr é-ligação,

ocor r e por volt a dos 3 a 4 meses de vida e é car act er izada pelo f at o de que o

bebê dir ige seus compor t ament os de ligação af et iva a qualquer pessoa que ent r e

em seu campo visual. A segunda f ase é a de ligação af et iva em pr ocesso, que

ocor r e ent r e os 4 e 6 meses de vida, quando o bebê per cebe a dif er ença ent r e

r ost os dist int os, r espondendo mais f avor avelment e a pessoas f amiliar es. A

t er ceir a f ase é denominada de ligação af et iva específ ica, ocor r e por volt a do

sext o mês e se car act er iza pelo f at o da cr iança expr essar uma f or t e ligação

af et iva com apenas uma pessoa a quem est á pr imar iament e ligada (ger alment e a

mãe), demonst r ando gr ande insat isf ação quando separ ada dest a pessoa. A últ ima

f ase é a da ligação af et iva múlt ipla, se inicia após o pr imeir o ano de vida e se

est ende at é o t er ceir o. É car act er izada pela ampliação das ligações af et ivas da

cr iança em r elação a out r as pessoas que vê r egular ment e.

Est udos na ár ea de Psicologia r elat am que o compor t ament o do bebê é

alt er ado ou inf luenciado por diver sos f at or es, dependendo da f aixa et ár ia na qual

são: a separ ação da mãe e cont at o com ambient es e pessoas

desconhecidas.(GARI SON et al., 1974)

Cast r o et al. (2001) af ir mam que a Psicologia f or nece gr ande auxílio na

compr eensão da r espost a compor t ament al do pacient e inf ant il. Vár ios f at or es

devem ser avaliados no sent ido de maximizar os aspect os posit ivos e evit ar a

ocor r ência de sit uações indesej áveis dur ant e a consult a odont ológica. Fat or es

ligados à f amília, cr iança e pr of issional devem ser obser vados, possibilit ando a

or ient ação da condut a do pr of issional e pr epar ação da f amília, par a que a cr iança

se sint a segur a e t r anqüila dur ant e sua exper iência odont ológica, levando consigo

est es aspect os par a o f ut ur o.

A lit er at ur a t em descr it o diver sas f or mas de classif icação dos aspect os

compor t ament ais dest es pacient es, pr incipalment e na avaliação do medo e

ansiedade. Exist em dois mét odos dist int os de medidas ut ilizados par a est a

avaliação, a obser vação das r eações inf ant is por pessoas qualif icadas e t écnicas

de r elat o ver bal-cognit ivo, como os quest ionár ios. O sist ema de classif icação de

Fr anklet al. (1962) é um dos mais f r eqüent ement e empr egados e é dividido em 4

cat egor ias: def init ivament e negat ivo, negat ivo, posit ivo e def init ivament e

posit ivo. A escala de W r ight (1975) t ambém consider a 4 t ipos de

compor t ament o: negat ivo, indef inido, sat isf at ór io e compor t ament o posit ivo.

Todavia, a classif icação descr it a por McDonald e Aver y (1986), consider a 3

apr esent am pot encial colabor ador . W alt er (1996) t ambém cit a apenas 3 t ipos de

compor t ament o: negat ivo, indef inido e posit ivo.Todas est as classif icações são

obt idas por meio da avaliação de um pr of issional e são amplament e ut ilizadas

par a analisar o compor t ament o das cr ianças per ant e o t r at ament o odont ológico,

apesar de muit os pesquisador es consider ar em cr ianças menor es de 3 anos

incapazes de colabor ar .

Algumas t écnicas de r elat o ver bal-cognit ivo empr egadas por meio de

quest ionár ios são a escala de Cor ahs (DAS) e a “Childr en` s Fear Sur vey

Schedule- Dent al Subscale” (CFSS-DS). A DAS f oi desenvolvida par a medir a

ansiedade e o medo f r ent e est ímulos odont ológicos, por ém sua ut ilização não é

indicada par a cr ianças, pois apr esent a quest ões um t ant o complicadas par a o

ent endiment o inf ant il, sendo mais ut ilizada em est udos onde são avaliados o gr au

de ansiedade e medo dos r esponsáveis pela cr iança. Consist e de quat r o it ens com

cinco r espost as cada. O númer o de pont os var ia de 4 (ausência de medo e

ansiedade) at é 20 (medo e ansiedade ext r emos). A CFSS-DS f oi desenvolvida

com o int uit o de avaliar o medo inf ant il per ant e o ambient e odont ológico. É

compost a por 15 it ens, cada qual r elacionado a dif er ent es aspect os da

assist ência odont ológica. As cr ianças classif icam seus níveis de medo e ansiedade

na gr aduação de 1 a 5 pont os em cada um dos 15 it ens, var iando ent r e “nenhum

medo”(númer o 1) at é “muit o medo”(númer o 5), ent r et ant o sua ut ilização é mais

Bönecker , Guedes-Pint o e Duar t e (1995) r ealizar am um est udo com bebês

menor es de 30 meses, da clínica de especialização em odont opediat r ia da

Faculdade de Odont ologia de Sant o Amar o, que pr ocur avam at endiment o par a

r ealização de t r at ament o cur at ivo. Dent r e out r os aspect os, avaliar am a r espost a

compor t ament al dos bebês dur ant e a assist ência odont ológica. Os r elat os dest e

est udo f or am baseados em dois anos de exper iência dos aut or es na r ef er ida

clínica. Obser var am que as at it udes compor t ament ais dos bebês podem ser

descr it as didat icament e de acor do com a f aixa et ár ia a que per t encem. Ent r e 6 e

12 meses de idade, apr esent ar am um compor t ament o r elat ivament e posit ivo; aos

24 meses, o compor t ament o mais obser vado é o negat ivo, t odavia, com o

desenvolviment o da cr iança, obser va-se uma r egr essão dest e t ipo de

compor t ament o r esult ando em um compor t ament o posit ivo por volt a dos 36

meses.

Em um est udo r ealizado no ano de 1997 na Bebê-Clínica da Univer sidade

Est adual de Londr ina, Melo e W alt erb analisar am o compor t ament o apr esent ado

por bebês par t icipant es do pr ogr ama de pr evenção pr ecoce, nas consult as

iniciais, int er mediár ias e f inais do at endiment o. Os aut or es obser var am que

80,6% dos bebês apr esent ar am condut a posit iva ou sat isf at ór ia nas consult as

f inais, sendo que apenas 29% apr esent ar am est e t ipo de condut a nas consult as

iniciais, concluindo que o at endiment o pr ecoce pode desper t ar a cooper ação da

ou desconf or t o dur ant e sua pr imeir a inf ância. Também const at ar am que

alt er ações compor t ament ais br uscas sur gem, pr incipalment e, devido à mudança

do pr of issional que r ealiza o at endiment o e em casos de at endiment o de

emer gência, devido a episódios de t r aumat ismo dent ár io, onde ger alment e

ocor r em episódios dolor osos.

Melo e W alt er (1997a) pr opuser am obser var a mudança do compor t ament o

inf ant il em dois moment os, pr imeir ament e quando ocor r e o ir r ompiment o dos

pr imeir os dent es decíduos e post er ior ment e quando ocor r e o ir r ompiment o dos

pr imeir os molar es decíduos. Par a a r ealização do est udo, f or am colet adas

inf or mações de 200 pr ont uár ios do ar quivo da Bebê-Clínica da Univer sidade

Est adual de Londr ina/ Br asil, além da aplicação de um quest ionár io a 132 mães

que se encont r avam na sala de esper a. As condut as compor t ament ais das cr ianças

f or am analisadas de acor do com o moment o da higienização bucal levando-se em

cont a as t écnicas ut ilizadas par a sua r ealização pr econizadas na r ef er ida clínica.

A t écnica r ecomendada par a a r ealização da higiene bucal de cr ianças que

possuem apenas dent es ant er ior es, o que ocor r e em média at é 18 meses de idade,

é a ut ilização da gaze umedecida com solução de água oxigenada diluída. J á par a

cr ianças que possuem os molar es, a t écnica r ecomendada é a escovação associada

ao uso de dent if r ício. Os aut or es concluír am que bebês que ainda não possuem

dent es apr esent am pr edominant ement e uma condut a posit iva e não são

solução de água oxigenada diluída, a condut a negat iva ou indef inida pr evalece,

enquant o as cr ianças maior es de 18 meses e menor es de 30, r esponder am

posit ivament e ao uso da escova associada com o dent if r ício.

Tor r iani (1999) ver if icou a r elação ent r e o compor t ament o de bebês

dur ant e as consult as odont ológicas e sua idade, o gêner o e a pr esença de dent es

ir r ompidos na cavidade bucal. Fizer am par t e do est udo 254 cr ianças,

mat r iculadas na Bebê Clínica na Faculdade de Odont ologia de Ar açat uba-Br asil,

que compar ecer am no mínimo em 4 consult as e ent r ar am no pr ogr ama de

pr evenção pr ecoce com idade máxima de 18 meses. O compor t ament o dos bebês

f oi anot ado em seu pr ont uár io após a r ealização de cada sessão, ent r et ant o

f or am consider ados apenas os at endiment os r ealizados ant es do bebê complet ar

25 meses de idade.Os r esult ados dest e est udo most r ar am que o gêner o do bebê

não det er mina uma r elação com o compor t ament o, ent r et ant o a idade cr onológica

implicou em dif er enças compor t ament ais devido ao aument o da condut a não

colabor ador a acompanhando o avanço da mesma. O númer o de dent es ir r ompidos

t ambém implicou em dif er enças compor t ament ais, aument ando as r eações de não

colabor ação na medida em que os dent es ir r ompiam.

Fr aiz e W alt er , em 2001, r ealizar am um est udo com o int uit o de ver if icar

se o r elat o mat er no com r elação à condut a da cr iança dur ant e a higiene bucal

domiciliar est á associado a out r os f at or es r elacionados à cár ie dent al. Fizer am

mães, int egr ant es do pr ogr ama pr event ivo da Bebê-Clínica da Univer sidade

Est adual de Londr ina. Os aut or es r ealizar am um exame clínico em t odas as

cr ianças onde f or am avaliadas a pr esença de placa bact er iana e a exper iência de

cár ie. Nos casos onde havia a pr esença de placa ou lesões car iosas, as cr ianças

er am classif icadas posit ivament e nest es aspect os. Também f oi aplicado um

quest ionár io às mães, cont endo quest ões sobr e: hábit os diet ét icos pr egr essos e

at uais das cr ianças, hábit os de higiene bucal, dados sociocult ur ais e

compor t ament ais. Por meio dos pr ont uár ios das cr ianças f or am obt idos dados

r ef er ent es à sua pr imeir a consult a (dat a e idade do bebê no moment o de sua

r ealização), f r eqüência de consult a de r et or no e avaliação compor t ament al

at r ibuída dur ant e as consult as. Os aut or es concluír am que as cr ianças, segundo

r elat o mat er no, que se mant ém t r anqüilas dur ant e a higiene bucal domiciliar

par t icipam at ivament e de sua r ealização, suger indo que est e t ipo de par t icipação

pode ser consider ada uma est r at égia par a aument ar sua aceit ação. Além dist o,

est as cr ianças apr esent am menor es índices de placa bact er iana, maior f r eqüência

de higiene bucal domiciliar , f r eqüência menor de mamadas not ur nas, e

compor t ament os mais sat isf at ór ios dur ant e as consult as odont ológicas.

Cunha et al., em 2003, avaliar am a evolução compor t ament al dos bebês

at endidos na Bebê Clínica da Disciplina de Odont opediat r ia da Faculdade de

Odont ologia de Ar açat uba-Unesp. For am analisados 696 pr ont uár ios de pacient es

classif icado como “Colabor ador ” ou “Não Colabor ador ”. For am avaliadas as

r espost as compor t ament ais f r ent e aos est ímulos: ent r ada no consult ór io, exame

clínico e a denominada f isiot er apia bucal, que consist e na limpeza com gaze

umedecida em solução de água oxigenada diluída e a post er ior aplicação t ópica de

solução f luor et ada. Os aut or es concluír am que bebês com idades ent r e 0 e 6

meses apr esent am compor t ament o colabor ador , de 7 a 30 meses de idade o

compor t ament o f oi não colabor ador e dos 31 aos 36 meses não f oi obser vado um

padr ão compor t ament al def inido, pois não houve dif er ença est at ist icament e

signif icant e ent r e os dois t ipos de compor t ament o est udados.

Kleincknecht et al. (1973) ut ilizar am uma escala, cont endo 27 it ens par a

ident if icar e quant if icar o medo e as r eações dos pacient es f r ent e a est ímulos

odont ológicos específ icos. Est a escala f oi aplicada por meio de um quest ionár io

onde o pacient e classif icou seu medo de acor do com um código, sendo que o

númer o 1 f oi ut ilizado par a r epr esent ar a ausência de medo e o númer o 5

r epr esent a a sensação de gr ande medo onde a pessoa t er ia algum t ipo de r eação.

A escala cont ém 2 it ens que r epr esent am a pr eocupação em se esquivar ou f ugir

do t r at ament o odont ológico, 6 it ens abor dando sobr e alt er ações f isiológicas

sent idas dur ant e o at endiment o odont ológico, 14 it ens avaliando o nível de medo

sent ido f r ent e a diver sos pr ocediment os odont ológicos e avaliando o medo

abr angent e, sem especif icações de est ímulos ou sit uações e 4 it ens solicit ando

f amiliar es e amigos. Tr ês quest ões aber t as f or am f eit as par a que os pacient es

descr evessem sit uações ocor r idas no passado que pr ovocar am medo e/ ou dor

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