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3. Arranjos Produtivos Locais (APL)

3.3 Compras em Grupo

A forma de cooperação horizontal mais relacionada aos assuntos de relacionamento com fornecedores e comércio eletrônico business-to-business é a compra em grupo. Também chamada como compras cooperativas (cooperative purchasing), compras colaborativas (collaborative purchasing) e compras conjuntas (collective purchasing), a compra em grupo tem sido um assunto de cooperação horizontal esquecido na literatura (ESSIG, 2000; TELLA & VIROLAINEN, 2005; SCHOTANUS & TELGEN, 2007) cujas terminologias ainda são amplas e não totalmente estabelecidas (KIVISTO et al., 2003). Os autores Schotanus & Telgen (2007) definem-na como a cooperação entre duas ou mais organizações em uma ou mais etapas de um processo de compras por meio do compartilhamento e/ou da união de seus volumes de compra, informação e/ou recursos. Os mesmos autores conceituam que grupo de compras é uma organização das empresas envolvidas que realiza os processos de compra em grupo. Para Tella & Virolainen (2005), compras em grupo é uma cooperação horizontal entre organizações independentes que reuniram suas compra a fim de obter vários benefícios. Conforme Figura 7, embora Compras em grupo seja originada a partir de uma cooperação horizontal, envolve também a perspectiva de relacionamento interorganizacional vertical.

Figura 7 - Representação gráfica de compras em grupo (TELLA & VIROLAINEN, 2005)

Por meio de estudo de casos múltiplos em um setor industrial da Finlândia, Tella & Virolainen (2005) diagnosticaram que a motivação para compras em grupos para empresas privadas segue duas expectativas de benefícios: - a redução de custos e a obtenção de um grande volume de informações do mercado fornecedor. Segundo os dirigentes das empresas, estas informações compartilhadas e reunidas são de especial importância para fornecedores de outros países nos quais as empresas não possuem tanto conhecimento.

Do ponto de vista dos beneficiados, compras em grupo são bastante atraentes para organizações públicas como escolas e hospitais, porque não há ou quase não há competição entre as instituições, e sendo estas de um mesmo setor, apresentam também similaridades no ambiente externo, nos interesses, nos fornecedores e nas necessidades de compras (SCHOTANUS & TELGEN, 2007). Segundo Nollet & Beaulieu (2003), o setor líder em compras em grupo é o hospitalar, com aproximadamente 70% das compras pelas entidades norte-americanas regidas em grupo. Schotanus & Telgen (2007), em sua revisão de literatura, também constataram a forte presença de pesquisa acadêmica do assunto no setor de saúde dos Estados Unidos e também observaram que um crescimento da atenção sobre o assunto devido ao desenvolvimento das compras eletrônicas e da importância percebido da função de compras. Nesta revisão, uma quantidade reduzida de publicações encontradas foi categorizada em: vantagens e desvantagens; R elac ioname nto Ve rtica l Cooperação Horizontal Compradores Compras em Grupo A B C D E A B C D E Fornecedores

fatores críticos de sucesso, direcionadores e condicionantes prévias para a compra em grupos;

estrutura de coordenação dos grupos de compras; desenvolvimento de grupos de compras;

Algumas lacunas percebidas pelo autor na literatura foram:

Como alocar os custos e ganhos entre os membros do grupo?

Qual é o impacto dos processos de compras em grupo nas relações comprador- fornecedor e comprador-comprador?

Na revisão de literatura de Schotanus & Telgen (2007), não foram encontradas pesquisas relativas a um detalhamento operacional de compras em grupo. A maioria das pesquisas abrange diretrizes seguidas pelas organizações, benefícios, limitações e a taxonomia de compras em grupo. Sendo assim, ainda existem muitos pontos a serem explorados e desenvolvidos na teoria.

De acordo com Schotanus & Telgen (2007), a pesquisa do tema de compras em grupo por acadêmicos ou praticantes enfrenta dificuldade para identificar vantagens, desvantagens, fatores críticos e direcionadores, porque as formas de compra em grupo não estão claramente definidas e posicionadas. Segundo os autores, uma tipologia para o assunto contribuiria em relacionar os fatores de sucesso a determinadas formas organizacionais de grupos de compras. Em suma, a tipologia das formas organizacionais de compras em grupo funcionaria como um guia gerencial para implementação e aprimoramento de compras em grupo.

Os pesquisadores, a partir de pesquisas na literatura e de campo no setor público, dividiram em cinco formas de compras em grupo: grupos piggy-backing, grupos third-party, grupos lead buying, grupos de projeto e grupos de programa (Figura 8). Piggy-backing (carona) são grupos informais focados em uma cooperação o mais simples possível. Algumas vezes compartilha somente informações e conhecimentos, mas, na maioria, envolve uma grande organização, chamada organização anfitriã, que especifica suas condições em um contrato e as outras organizações parceiras da anfitriã, geralmente, não influencia nas especificações de compras e na escolha do fornecedor. Os custos de coordenação são baixos, entretanto uma dificuldade é a disponibilidade de informação e o fato de que, com freqüência, as organizações não possuem consciência de que podem aproveitar o contrato de outros para benefício próprio.

Os grupos Third-party envolvem uma organização pertencente aos membros do grupo que centraliza as discussões, os novos contratos de produtos comuns e serviços suportados por um comércio eletrônico. A organização terceira foca na obtenção de grandes volumes de compras em virtude da economia de escala, e também na detenção da maioria dos processos de compras. A desvantagem desta forma organizacional é que os membros detêm pouco controle sobre as atividades de compra. Contudo, este tipo de grupo não é recomendado para produtos customizados porque as divergências de especificações podem inviabilizar da organização terceira que não conseguirá estabelecer compras comuns a todos os envolvidos.

Já os grupos lead buying designam as atividades de compras para um dos membros, sendo cada item de responsabilidade do membro escolhido como o mais adequado para gerir os processos de aquisições. As desvantagens deste grupo são que os membros tornam-se mais dependentes do conhecimento dos outros. As vantagens são as reduções de preços concedidas pelos fornecedores assim como nos grupos anteriores e também a ênfase na competência central de suprimentos de cada empresa, o que pode conduzir a um processo aprimorado de compras.

Num nível intenso de cooperação horizontal (definido na seção 3.1), os grupos de projetos são formas organizacionais em que os membros do grupo reúnem forças num determinado e limitado período para um projeto de compras compartilhadas. Comumente, o projeto foca num problema comum e tenta apreender mutuamente. Ao fim do projeto, o grupo se dissolve, mas é possível que um projeto bem-sucedido implique numa continuação de grupo ou do tipo lead buying ou do tipo grupo de programa, explicado adiante.

Num contexto não mais de projeto e sim de programa, sem um período limitado de tempo, a forma organizacional grupo de programa se diferencia do lead buying pela maior influência de todos os membros no grupo e cujo foco passa a ser no aprendizado, nos custos transacionais e na padronização.

Este assunto de compra em grupo é tratado também na seção 4.2 onde são apresentadas algumas das principais funcionalidades do CE B2B, das quais três estão relacionadas a compras em grupo nos formatos piggy-backing (carona) e third-party.

Figura 8 – Matriz das tipologias de compras em grupo (SCHOTANUS & TELGEN, 2007)