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Compreendendo a Política Nacional do Idoso e do Portador de Deficiência.

Para compreender a Política Nacional do Idoso e do Portador de deficiência é muito importante que se inicie a abordagem, analisando o significado de envelhecimento em vários contextos e o ritmo com que isso vem ocorrendo nos vários contextos da sociedade.

O Dicionário on line de Português (2019) apresenta o envelhecimento como “ato ou efeito de envelhecer”, que significa dizer que o envelhecimento está relacionado com a idade cronológica, a passagem do tempo, ou seja, é um processo da vida, é uma das fases da vida, assim como a infância, adolescência e a maturidade.

A literatura científica apresenta distintos conceitos para o envelhecimento. Tais conceitos têm considerado diferentes aspectos do desenvolvimento humano, passando pelos campos biológico, social, psicológico e cultural. Contudo, ainda não é possível encontrar uma definição de envelhecimento que envolva os complicados caminhos que levam o indivíduo a envelhecer e como este processo é vivenciado e representado pelos próprios idosos e pela sociedade em geral (Carvalho Filho; Papaléo Netto, 2006; Uchôa, 2003).

Indubitavelmente deve-se considerar que a LOAS é uma legislação quer possibilita aos portadores de deficiência a possibilidade de receber um BPC e dessa maneira ter uma vida mais decente e digna.

A partir dessa perspectiva, objetiva-se desenvolver no segundo capítulo aspectos relacionados com o benefício assistencial como instrumento de defesa da dignidade da pessoa humana, no contexto da LOAS e das necessidades dos beneficiários.

Quando se trata de abordar a velhice a partir do contexto social e psicológico as lições de E.F.A. Costa e S.R.M Pereira citados por Rodolfo Herberto Schneider; Tatiana Quarti Irigaray (2008, p.4) são explicativas:

A idade social é definida pela obtenção de hábitos e status social pelo indivíduo para o preenchimento de muitos papéis sociais ou expectativas em relação às pessoas de sua idade, em sua cultura e em seu grupo social. Um indivíduo pode ser mais velho ou mais jovem dependendo de como ele se comporta dentro de uma classificação esperada para sua idade em uma sociedade ou cultura particular.

Frente a postura do autores (2003), a idade social corresponde às mudanças que ocorrem nas relações do idoso(a) e à sociedade, pois constantemente estão sendo avaliados para verificar “[...] o grau de adequação de um indivíduo ao desempenho dos papéis e dos comportamentos esperados para as pessoas de sua idade, [...]” expressam Rodolfo Herberto Schneider; Tatiana Quarti Irigaray ( 2008, p.4).

Com efeito, se for efetuado uma leitura da sociedade brasileira com relação à inserção do idoso nas mais diversas atividades laborais ou sociais, constata-se que nem mesmo a criação do Estatuto do Idoso, ou com a implementação de políticas públicas e sociais, esse é valorizado e tem sua dignidade resguardada, pois “a partir do momento em que deixa o mercado de trabalho, isto é, quando se aposenta e deixa de ser economicamente ativo”, recebe o rótulo de improdutivo e inativo. (SCHNEIDER et.al. 2008, p.15)

Quanto ao critério cronológico, Fernanda Paula Diniz (2011, p. 5) aduz que:

Seguindo o critério temporal ou cronológico, seria considerado idoso aquele que atingisse determinada idade, comprovada através de certidão de nascimento ou casamento ou documento assemelhado. Para critério psicobiológico, seria considerado idoso aquele que dispusesse de determinadas condições física e intelectual.

Verifica-se, pelo exposto que, no caso do Brasil, o estabelecimento da velhice se dá através do critério cronológico, adotado pela lei. (DINIZ, 2011, p.6).

Assim sendo, a velhice como fenômeno não muda a estrutura de personalidade, mas pode acentuar ou amenizar certos traços ou tendências como as depressivas, paranoias ou histéricas. (NOVAES, 2000, p.25).

É interessante explicar que o envelhecimento pelo critério psicológico possibilita que se realize uma análise a partir das habilidades adaptativas dos indivíduos para se adequarem às exigências do meio, incluindo-se a memória, a aprendizagem das novas tecnologias, o controle emocional, entre outros fatores e, isso impede por vezes que o idoso, homem ou mulher, seja afastado do meio social, provocando a doenças crônicas, distúrbios emocionais e até depressão. (SCHNEIDER et. al, 2008).

Nesse ponto, verifica-se a importância que assumem os serviços oferecidos pela Assistência Social, por meio dos Centros de Referência Especializada e, a concessão de Benefício de Prestação Continuada aos idosos necessitados.

Observa-se, que na maior parte do mundo, as mulheres vivem, em média, quatro anos mais que homens. No Brasil, de acordo com a OMS, a expetativa de vida é de 68 anos para os homens e 75 anos para as mulheres. (BUCCI, 2019).

A institucionalização da velhice aparece relacionada ao desenvolvimento de práticas institucionais de assistência à pobreza, ao longo do século XIX. No início do século XX, como resultado da eleição da velhice como objeto de práticas assistenciais, florescem as instituições filantrópicas, os chamados

asilos. A imprensa da época destaca o drama da velhice desamparada situação em que a pobreza seria dramaticamente agravada pela decadência e degeneração física e mental - e enaltece o papel dessas instituições. (BUCCI, 2006).

Os idosos tendem a apresentar capacidades regenerativas decrescentes, o que pode levar, por exemplo, à fragilidade, um processo de crescente vulnerabilidade, predisposição ao declínio funcional e, no estágio mais avançado, a morte. Ademais, mudanças físicas ou emocionais também podem comprometer a qualidade de vida dessas pessoas. (BUCCI, 2006).

Além dos sinais mais visíveis do envelhecimento rugas e manchas na pele, mudança da cor do cabelo para cinza ou branco ou, em alguns casos, alopecia — idosos tendem à diminuição da capacidade visual e auditiva, diminuição dos reflexos, perda de habilidades e funções neurológicas, como raciocínio e memória diminuídas. Inclusive, podem desenvolver incontinência urinária e incontinência fecal, além de doenças como Alzheimer, demência com corpos de Lewy e Parkinson (BUCCI, 2006).

O fato é que a sociedade brasileira possui um alto índice populacional com idade superior a 65 anos, pois segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em pesquisa realizada no item Características Gerias do Domicílios e Moradores 2018, divulgado em maio de 2019 mostra que “a população brasileira com 65 anos de idade ou mais cresceu 26% entre 2012 e 2018, ao passo que a população de até 13 anos mostrou recuo de 6%” (IBGE, 2018, grifos do autor).

Destaca-se que a população residente no Brasil em 2018 foi estimada em 207, 8 milhões de pessoas e as pessoas com 65 anos de idade ou mais representam 10,5% desse total, o que corresponde a 21, 872 milhões de pessoas, demostrando que o governo federal terá que tomar providencias com relação ao número de contribuintes, pois cada vez mais são concedidos os

benefícios, bem como aposentadorias aos aposentados e dessa forma a pesquisadora Adriana Beringuy, pesquisadora do IGBE, enfatiza que

A mudança do perfil demográfico reforça a importância da reforma da Previdência. Com o declínio da população em idade ativa a tendência é de menor numero e contribuintes para sustentar os benefícios dos aposentados. Vai ser preciso aumentar a produtividade dos jovens para compensar isso (IBGE, 2018).

Essa mudança de perfil populacional fica evidente no gráfico que abaixo se colaciona:

Fonte: IBGE, 2018.

Percebe-se a partir da análise do gráfico acima que a parcela de idosos da população brasileira tem aumentado de maneira acentuada e o número de jovem decresce. Esse aumento populacional de idosos, credita-se pelo aumento da expectativa de vida que, na atualidade, cresceu para 72 anos e 5 meses para os homens e 79 e 4 meses para as mulheres. Esse aumento da expectativa de vida acarreta o aumento de gastos com benefícios e aposentadorias pago pelo governo federal (IBGE, 2018).

Desse modo, as políticas públicas, bem como a legislação voltada para esses indivíduos que se encontram no ápice da sua maturidade, “[...] deve atentar para existência de elementos elementares, os quais devem servir de baliza para aplicação do Direito do Idoso”.

Ademais, não se pode deixar de mencionar que além dos idosos, se tem um número elevado de cidadãos portadores de deficiência, que segundo o IBGE, conforme o último Censo Demográfico 2010, o Brasil possui, por grupos de idade os seguintes números: De 0 a 14 anos 7,5; 15 a 29 anos 12, 9; 30 a 39 anos 17,0; 40 a 59 40, 3; e 60 anos ou mais 63, 4%. Destaca-se que esses números constantes na Nota Técnica 01/2018, que abaixo são explicados:

Fonte IBGE, 2010.

Sem dúvida, é uma realidade que demonstra que as pessoas portadoras de deficiência vêm crescendo gradativamente e por isso a exigência por demandas nas áreas dos direitos fundamentais sociais.

No que se refere a Política Nacional da Pessoa com Deficiência, a Lei Federal n° 13.146/2015, que regulamenta internamente as disposições da Convenção da ONU, prevê em seu artigo 2º:

Art. 2º Considera-se pessoa com deficiência aquela que tem impedimento de longo prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, o qual, em interação com uma ou mais barreiras, pode obstruir sua participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de condições com as demais pessoas.

Fica evidente cada vez mais que as pessoas com deficiência necessitam de maior atenção da sociedade, pois ao longo dos últimos anos, o movimento de inclusão dessas tem alcançado alguns avanços que efetivamente demostram um maior amadurecimento a esse tema tão sensível e importante.

Pode-se observar que essa maturidade social em torno do tema que envolve os portadores de deficiência, envolve muitas pessoas, assim, como o governo federal que tem pautado suas ações, planos e programas em função do resultado da PNPD. Ressalta-se que, inclusive, a realização das Conferências Nacionais sobre os Direitos da Pessoa com Deficiência que ocorrem anualmente desde 2006, em Brasília, representa um avanço significativo para possibilitar um modelo de gestão destinados as pessoas com deficiência e sua acessibilidade como compromisso.

Por outro lado,

O novo parâmetro de deficiência baseado nos direitos humanos traz um novo modelo de visão social, onde o próprio ambiente influencia diretamente na liberdade na pessoa com deficiência, necessitando de estratégias políticas, jurídicas e sociais, que excluam os obstáculos e as discriminações. (CUNHA, 2017).

Como consequência desse novo parâmetro, o que, conforme se destacou, surge o artigo 53 do PNPD, que estabelece acessibilidade como direito humano fundamental.

Nesse sentido, as lições de Reginaldo Bezerra Cunha (2017, p.21) são de suma importância para esclarecer sobre a acessibilidade. Veja-se:

O art. 53 do Estatuto consolida a acessibilidade como princípio e direito humano fundamental: “A acessibilidade é direito que garante à pessoa com deficiência ou com mobilidade reduzida viver de forma independente e exercer seus direitos de cidadania e de participação social.

Falar em acessibilidade não é uma tarefa fácil, pois seguidamente, os meios de comunicação apresentam notícias que mostram que há ainda muitos osbstáculos que impedem que às pessoas com deficiência tenha mais mobilidade em seu dia-a-dia.

Registra-se, que mesmo com a Lei nº 10.098, de 19 de dezembro de 200022 que estabelece normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida, mediante a supressão de barreiras e de obstáculos nas vias e espaços públicos, no mobiliário urbano, na construção e reforma de edifícios e nos meios de transportes e de comunicação. (TAGLIARI et.al., 2014)

No que tange a acessibilidade, há de se destacar que a acessibilidade é sem dúvida direito

[...] que garante à pessoa com deficiência viver de forma mais digna, independente, exercendo com total plenitude seus direitos de cidadania, de participação social. Precisamos respeitar os deficientes, ter todo um cuidado especial no sentido que eles não sejam excluídos do convívio social. Acessibilidade torna-se um instrumento que permite esse respeito aos deficientes, possibilitando a essas pessoas, dar o acesso aos mesmos bens e serviços disponíveis a todos os cidadãos. (CUNHA, 2017, p. 21).

Certamente, que a implantação de políticas públicas voltadas as pessoas com deficiência é uma obrigatoriedade dos governos federal, estadual e

2 Lei n. 10.098/2000.Estabelece normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida, e dá outras providências. (BRASIL, 2000).

municipal, pois de nada adianta a existência de um aparato jurídico de proteção a essa categoria, se na realidade encontram uma serie de dificuldade para viver com qualidade, autonomia e dignidade.

Nesse aspecto, merece destaque a concessão de benefícios as pessoas portadoras de deficiências, pois a bem da verdade a Organização Mundial da Saúde (OMS) define quais as doenças crônicas, bem como, as neoplasias, as doenças respiratórias crônicas, e diabetes mellitus, mais as desordens metais e neurológicas, as doenças ósseas e articulares, entre outras que possibilitam a busca por um benefício da Previdência Social. Observa-se abaixo o que descreve o Planos de Benefícios da Previdência Social:

O art. 151 da Lei 8.213/91 (Planos de Benefícios da Previdência Social) dispõe uma lista de doenças consideradas graves, a saber: Tuberculose ativa; Hanseníase; Alienação mental; Esclerose múltipla; Hepatopatia grave; Neoplasia maligna; Cegueira; Paralisia irreversível e incapacitante; Cardiopatia grave; Doença de Parkinson; Espondiloartrose anquilosante; Nefropatia grave; Estado avançado da doença de Paget (osteíte deformante); Síndrome da deficiência imunológica adquirida (aids) ou contaminação por radiação; ou Doença com base em conclusão da medicina especializada (BRASIL, 1991).

Assim, clara fica a existência de legislação que possibilita que indivíduos portadores de qualquer deficiência possam requerem seus direitos fundamentais sociais e exigir a sua efetivação e, desse modo consolidar a Política Nacional da Pessoa com Deficiência.

Considerando a importância que assume o tema que envolve o benefício da prestação continuada tanto para idoso quanto para portador de deficiência a seguir desenvolve-se aspectos voltados ao benefício assistencial como instrumento da dignidade da pessoa humana, comprovando, assim, que os Centro de Referência Especializada em Assistência Social são os responsáveis pelo atendimento das pessoas que se encontram em situação de vulnerabilidade, seja idoso, portador de deficiência, ou criança e/ou adolescente Também, pretende-se discorrer sobre o posicionamento dos Tribunais

Superiores quanto aos critérios financeiros para concessão do Benefício de Prestação Continuada.

2 BENEFÍCIO ASSISTENCIAL COMO INSTRUMENTO DE DEFESA DA

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