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1. I NTRODUÇÃO :

1.8. O COMPUTADOR NA ESCOLA

A motivação para introduzir os computadores nas escolas tem objetivos educacionais, socioeconómicos e políticos, bem como preparar os futuros cidadãos para o trabalho ou para o lazer, na sociedade da informação.

O computador é, frequentemente, apresentado como um instrumento que favorece o desenvolvimento de certas capacidades motoras e cognitivas nas crianças muito novas, ou como instrumento que permite a alunos com dificuldades recuperar o seu atraso através de novos meios, mais atrativos e com a reputação de serem mais eficazes.

Segundo Blanco, & Silva, (1989), o computador apresenta um conjunto de características11, que o tornam muito adequado às tarefas do processo de

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Os autores destacam no computador sete características adequadas às tarefas do processo de ensino e aprendizagem:a) disponibilidade - como qualquer aparelho eletromecânico e inerte, necessita de energia para se tornar operacional. Desde que ligado e após uma primeira sequência interna de instruções/operações coloca-se à disposição do utilizador; b) interatividade - pelas características físicas da própria máquina é facilmente percetível que qualquer trabalho a desenvolver com o computador obriga a uma atividade sobre diferentes canais sensoriais do operador; c) capacidade de memória - entende-se, de forma global, a memória como a capacidade de armazenamento e processamento de dados com função informativa, quando os mesmos são encarados como elementos inerentes ao processo de comunicação. E, sob este ponto de vista, o computador leva grande vantagem ao ser humano; d) capacidade de repetição - o computador detém uma grande capacidade repetitiva, quase mecânica, que superando a maior paciência, objetividade e perseverança do melhor dos mortais, pode ser utilizada no processo de ensino e aprendizagem, completando e facilitando a atividade de alunos e docentes; e) adaptabilidade - embora só por si o computador não se adapte a diferentes situações, os programas que corre pode adaptar-se ao utilizador, favorecendo uma diferenciação pedagógica mais adequada a cada indivíduo. Desta interatividade máquina-programa, resulta uma adaptabilidade que pode oferecer atividades de recuperação, remediação e/ou enriquecimento conforme as características do aluno/utilizador; f) capacidade de análise - pela interatividade proporcionada, espera de

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ensino se atendermos à sua: disponibilidade, interatividade, capacidade de

memória, capacidade de repetição, adaptabilidade, capacidade de análise e capacidade audiovisual.

O computador, de facto, abriu caminho a uma "multirepresentação ligada

à utilização de linguagens distintas para explicar e representar o mesmo fenómeno" (Valente, 1986, p. 8).

Isto leva-nos a falar das aplicações do computador na educação e no papel do computador no ensino.

A utilização do computador no ensino é feita de duas formas distintas, uma ativa, em que o computador tem um papel preponderante, e a outra em que o computador é um instrumento, um meio de ensinar.

Outra aplicação que o computador está a ter no ensino é como recurso material, isto é, elemento de consulta de determinados tópicos, ajudando os alunos nas suas investigações e projetos de trabalho.

Sintetizando e seguindo (Lutterodt, S. & Austin, G, 1982, pp.434-456), passamos a enunciar as diferentes classificações do papel do computador no ensino:

a) o computador como tutor – quando o aluno usa programas, de carácter instrutivo, guiando o aluno na sua aprendizagem ou processos de pensamento;

b) o computador como instrumento – quando o aluno manuseia as diferentes aplicações do computador e altera ou manipula a informação desejada;

c) o computador como aprendiz – quando o aluno instrói e programa, o computador, de forma a tirar benefícios individuais;

d) o computador como elemento de consulta – quando o aluno realiza uma série de pesquisas, sobre determinados temas/assuntos, bastando estar ligado à internet.

Autores como, Pouts-Lajus & Riché- Magnier- M. (1998), defendem que, se torna vital desenvolver desde muito cedo nas crianças, a capacidade de

resposta, e pelos conceitos cibernéticos em que assenta a sua utilização, pode proporcionar a realimentação imediata

do sistema. A cada resposta entrada pelo aluno/utilizador corresponde uma análise e validação da mesma, em tempo real, o que pode facilitar, por isso, a efetivação de uma autoavaliação; g) capacidade audiovisual - se atender à capacidade que o computador possui em termos de tratamento da imagem analógica e à digitalização, ou codificação numérica. Tudo isto veio criar um leque de possibilidades até há pouco tempo inexistentes. Os avanços da microeletrónica refletiram-se nas novas capacidades visuais e áudio alcançadas pelos novos computadores.

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saber onde procurar a informação pretendida, selecioná-la, interpretá-la, orientar o seu processamento e avaliar os respetivos resultados. Torna-se, igualmente, importante saber usar o computador como um instrumento de comunicação. O computador só por si não é um fator de progresso.

A distribuição de computadores pelos alunos do 1º CEB e o acesso à internet a baixo custo não é por si só um fator de sucesso de aprendizagem.

Para que os professores utilizem estas ferramentas de trabalho no processo de ensino/aprendizagem é necessário que, além de terem acesso à tecnologia, estejam também eles preparados e motivados para o fazerem.

Para que haja uma mudança e um impacto significativo da inclusão das TIC, em geral, e do computador, em específico, nas aprendizagens, é necessário que os objetivos da sua introdução sejam bem claros, bem como os métodos para estes serem alcançados. Para isso, deverá existir um apoio técnico e de aquisição de competência aos professores, através de formação especializada na área da informática e que seja direcionada, não apenas na utilização das TIC, mas também na forma de potenciar a pedagogia centrada no aluno.

Mais, o computador não é um mero substituto do professor, mas uma ferramenta de trabalho para ser utilizada tanto quanto possível pelo próprio aluno.

Ser capaz de lidar com a informação, tem cada vez maior importância em todas as esferas da sociedade.

A introdução do computador no ensino não pode, nem deve ser feita de forma precipitada. Deve ter-se em consideração a reflexão sobre os objetivos educacionais visados, a forma de os concretizar, avaliar os resultados e os processos de formação a utilizar para que os professores venham a assumir um papel radicalmente novo e os alunos venham a construir aprendizagens ativas.

Uma aprendizagem ativa ocorre quando existe um envolvimento dinâmico dos alunos no processamento da informação. Isto é, quando o aluno tem a possibilidade de fazer, manipular, sentir e desenvolver, ele próprio interioriza, mais facilmente, os conceitos novos nos já existentes. Assim, poderemos entender que o computador será mais uma ferramenta que pode contribuir, para a conceção destes tipos de ambientes de aprendizagem, ao

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permitir que conceitos, dantes unicamente verbalizados, sejam manipulados informaticamente através da imagem e do som, tornando-os muito mais evidentes e interessantes.

O "bom" programa informático é, então, aquele que leva os seus utilizadores a alargar seus os horizontes, a aumentar a sua autoestima, a aumentar a atividade de reflexão e leva à resolução de problemas. Mas, utilizar pura e simplesmente o computador, na sala de aula, não significa que ele esteja a ser bem usado como meio de aquisição de conhecimentos, capacidades e atitudes. Para que isto aconteça, é necessário que esteja inserido num ambiente de ensino ativo. E não só, ou talvez mesmo em primeiro lugar, é necessário que, os professores tenham conhecimento da eficácia dos programas, das características técnicas, da área curricular e nível de ensino e dos objetivos. Será também necessário pensar em outros métodos de ensino alternativos para tirar o máximo partido das potencialidades do computador, permitindo aos alunos serem eles os principais atores, num cenário que eles próprios, dentro do possível, construam. E dentro deste contexto, devem servir para ajudar os professores a sentirem-se mais profissionais.

O uso do computador está a criar desconfiança e receio a grande parte dos professores, mas é um fenómeno que não se pode ignorar. É necessário e urgente que os professores se preparem para enfrentar novas mudanças.

A partilha de conhecimentos e informações poderão ser formas de rentabilização do trabalho diário, contrapondo-se à cultura de trabalho individualista, dominante nas nossas instituições educativas.

Esta mudança poderá ser liderada pela direção do Agrupamento, projetando em conjunto com os professores e toda a comunidade educativa, desde encarregados de educação a órgãos autárquicos. Há pois que redefinir estratégias de implementação que permitam concretizar projetos, estabelecer contactos e remover os principais obstáculos que impedem a inclusão plena do computador, em particular, e das TIC, em geral, no processo de ensino/ aprendizagem.

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