• Nenhum resultado encontrado

1. I NTRODUÇÃO :

1.7. O COMPUTADOR : UM DESAFIO À ESCOLA E AOS DOCENTES

Ainda nos dias de hoje, quando entramos nas salas de aula, vemos predominantemente, lápis, esferográficas, cadernos e livros de texto. No entanto, também já é possível, em algumas salas, encontrar juntamente com todos estes objetos alguns computadores. Talvez não seja de estranharmos que a presença dos computadores na escola seja alvo de maior atenção do que os restantes materiais de uso corrente. E o mais provável é que quem os detenha pergunte como estão a ser utilizados e de que forma.

Para tentarmos explicar o papel que o computador pode desempenhar em todo o processo ensino/aprendizagem, orientamos a nossa pesquisa por três vetores: o porquê da introdução do computador no ensino, quais as formas de aproveitamento deste novo recurso e, finalmente, interrogar-nos-emos sobre as implicações deste novo parceiro no ato educativo.

No início, no nosso entender, a introdução do computador na escola deveu-se, mais às pressões exteriores, do que propriamente à constatação de que as novas tecnologias favoreciam o processo de ensino/aprendizagem.

Ora, como sabemos a escola encontra-se inserida no microambiente que é a sociedade. Estabelece-se, assim, uma relação forte entre sociedade/escola, influenciando-se mutuamente e, muitas vezes, interagindo em todas as vertentes que comportam. No entanto, esta interação não é, de forma alguma, equilibrada: a sociedade assume um papel preponderante, influenciando a escola sempre que necessita, e apenas se deixando influenciar quando disso precisa. Umas vezes, de uma forma mais rápida e intensa, mas a maior parte das vezes muito lentamente, a escola sofre sucessivas influências da sociedade. É aqui que podemos encontrar o primeiro grupo de razões que originam a introdução do computador na escola. Estas pressões, vindas da sociedade são geralmente designadas por “pressões exteriores” ou por “pressões económicas/comerciais”, ou ainda por “pressões sociais e políticas”.

As pressões económicas e comerciais são, principalmente, exercidas pelas empresas e pelos fabricantes de material informático. As empresas fazem pressão para que os programas e máquinas sejam utilizados nas escolas, de modo a que os técnicos do futuro, já estejam familiarizados com estes equipamentos.

84

As pressões de origem social, política e tecnológica são, também, responsáveis pela introdução do computador no ensino. O mundo exterior “obriga” a escola a introduzir o computador de modo a dar aos “futuros empregados” a formação que, de outro modo, teria de ser dada pelas empresas.

Os pais incitam a escola a adquirir computadores pois acham que os seus filhos, se já estiverem familiarizados com as novas tecnologias da informação e da comunicação, ficam com uma formação mais qualificada, para encontrar um emprego no futuro.

Os políticos vêm, nos programas de iniciação às novas tecnologias ligadas com a informática na escola, um bom meio para exprimir de modo visível e concreto o seu desejo de melhorar o sistema educativo.

O constante desenvolvimento de novas e mais versáteis tecnologias, é também, justificação para que o computador seja introduzido no ensino.

Por último, surgem as pressões de ordem pedagógica que são exercidas por defensores da introdução do computador no ensino, acreditando que é possível ir ao encontro das necessidades individuais e estilos de aprendizagem de cada aluno. Conforme, por exemplo, o Projeto Minerva (1986):

(…) o velho saber baseado na memorização e na simples apreensão de técnicas repetitivas, sendo privilegiada a capacidade de trabalhar em grupo, de fazer julgamentos críticos, de seleccionar a informação necessária à resolução de problemas devendo a sala de aula deixar de ser vista como o local privilegiado por onde tem de passar todo o processo de aprendizagem, tornando-se necessária a criação de novos espaços de trabalho dentro da escola, convidativos e apetrechados com recursos apropriados (…) o computador é encarado como um instrumento de renovação da escola, contribuindo para a institucionalização de novas práticas e novas relações pedagógicas.

O computador é, portanto, um objeto que se destaca na sala de aula. Um objeto com o qual se podem fazer muitas coisas diferentes, mas que não se domina com a mesma facilidade que os restantes materiais ou ferramentas de trabalho escolar. Mesmo que o docente conheça, perfeitamente, o funcionamento das últimas novidades que o mercado oferece e tenha

85

desenvolvido boas práticas educativas com o uso de computadores, é legítimo questionar se extrai destas máquinas o seu rendimento máximo. A informática vai-se introduzindo, pouco a pouco, nas diversas áreas de ensino, mas suscita muitas polémicas.

No entanto, é de referir que, os especialistas informáticos estão bastante empenhados em que os docentes utilizem os computadores nas suas práticas educativas: eles desenvolveram inúmeras possibilidades de utilização e esforçam-se, continuamente, por simplificar o seu manuseamento para que a adaptação dos docentes às novas tecnologias seja cada vez mais simples e fácil.

O professor passou a ser um dos principais responsáveis pela ligação entre a escola e a sociedade. Não basta preparar os alunos para o mundo do trabalho, torna-se necessário prepará-los para viverem e enfrentarem as dificuldades e as mudanças que a sociedade em geral lhes irá apresentar.

A sociedade do conhecimento exigiu à escola novas competências e o professor tem que se atualizar e adaptar para lhes dar resposta.

Não obstante, uma grande quantidade de profissionais de educação não sabe o que fazer com os computadores. Tem-lhes respeito, para não dizer mesmo receio, e por tal facto, optam pela não integração na sua prática profissional.

Citando Pouts-Lajus & Riché Magnier M. (1998, p. 53) ” (…) muitos

professores conhecem mal as ferramentas informáticas, alguns manifestam reticências em introduzi-las na sala de aula”.

Na maioria dos estudos sobre as atitudes negativas da classe docente face ao uso do computador, são citadas, entre outras as seguintes causas: a resistência à mudança; o facto de não haver uma eficácia real do uso das novas tecnologias na aprendizagem; o desconhecimento das máquinas e dos programas; a falta de tempo, de dedicação e de meios. Argumenta-se que a classe docente não está suficientemente preparada, que se sente insegura perante o desconhecido e que adota uma atitude bastante negativa, ou pelo menos, receosa.

Neste sentido foi criado, em 2009, um programa de formação e certificação em competências TIC, estabelecido pela portaria nº 731/2009 de 7 de julho, que teve como objetivo generalizar a formação e a certificação de

86

competências TIC na comunidade educativa e promover a utilização das TIC no processo de ensino aprendizagem.

De acordo com este plano de educação o desenvolvimento do perfil do professor utilizador das TIC assenta num percurso progressivo de competências (Plano tecnológico da Educação, 2009):

Nível 1- Competências digitais;

Nível 2- Competências pedagógicas e profissionais; Nível 3- Competências avançadas em TIC na Educação.

Estas formações têm por base dar a conhecer aos professores as novas ferramentas tecnológicas educativas tirando proveito das suas múltiplas potencialidades para serem usadas no contexto educativo.

Enquanto os professores têm de se adaptar de forma quase artificial ao uso das novas tecnologias, para a maioria dos alunos, as TIC fazem parte da sua vida quotidiana. Por exemplo, o tempo de que necessitam para dominar estas ferramentas é, bastante menor do que aquele que devem precisar os seus professores.

Mesmo que, ainda existam poucos estudos sobre a forma como os computadores influenciam as gerações mais novas, é possível afirmar que os tipos de programas que preferem dependem da personalidade de cada um. De qualquer forma, o que é óbvio é que, as TIC e as redes de comunicação farão parte da formação em contextos educativos.

Várias são as barreiras apresentadas para o uso das novas tecnologias dentro da sala de aula. Se analisarmos o uso do computador, fora da sala de aula, concluímos que ele traz vantagens e grandes ajudas ao professor nas suas planificações, em consultas e pesquisas na internet sobre variados temas, na organização de materiais didáticos (como, por exemplo, fichas de trabalho), na utilização do correio eletrónico, nas comunidades virtuais que permitem a partilha de materiais e troca de experiências e saberes, na utilização de

softwares específicos para realização de determinadas atividades e na

formação à distância. Com a difusão em grande escala das TIC, torna-se também evidente o crescimento da tecnologia informática na vida diária dos professores. Face a esta situação, torna-se necessário que os processos de aprendizagem existentes nas escolas respondam a modelos do tipo

87

construtivista de conhecimento e que o trabalho colaborativo entre aluno e professores e aluno/ aluno seja uma realidade.

Em suma, a utilização das novas tecnologias de informação e de comunicação pressupõem mudanças importantes na formação, no papel dos docentes e nas formas de aprendizagem dos alunos.

O conjunto de tecnologias que se concentram em torno dos computadores pessoais e das TIC são sem dúvida, a inovação que mais influenciou o desenvolvimento da vida social, assistimos ao crescimento pleno de outras tecnologias decisivas. O desenvolvimento destas tecnologias está a ter grande influência na educação, uma vez que constituem uma nova ferramenta de trabalho que dá acesso a uma grande quantidade de informação e que aproxima e viabiliza o trabalho de pessoas e instituições distantes umas das outras.

Documentos relacionados