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Comunicação como competência gerencial

No documento Fernanda botelho Pereira (páginas 35-38)

3. Comunicação, liderança e engajamento: uma visão estratégica

3.1. Comunicação como competência gerencial

Hoje, percebe-se uma preocupação muito maior por parte das empresas em selecionar “competências pessoais importantes” que um profissional deve ter para determinada vaga, um cenário muito diferente de cerca de 20 anos atrás, quando a maior preocupação era relacionada às competências técnicas.

Entre as competências buscadas atualmente estão a liderança e a boa comunicação interpessoal, e estas são de fato competências fundamentais na formação de um bom líder.

A falta de um fluxo de comunicação eficiente entre líderes e liderados pode acarretar em erros, retrabalho, prejuízos e, principalmente, falta de engajamento, já que os funcionários acabam sentindo-se os “últimos a saberem de tudo”.

França e Leite (2007, p. 167) afirmam que “a abertura para a comunicação deve ser ampla e contínua para atender às necessidades de um mundo em transformação, impulsionado pela tecnologia e pela globalização”, ou seja, informar os funcionários deve ser prioridade, afinal, se eles não forem comunicados internamente, seja sobre fusões, reestruturações, ou qualquer outro assunto corporativo de impacto, certamente eles saberão pelos veículos de comunicação, cada dia mais ágeis em suas divulgações, e isso acarretará em desconfiança e perda de credibilidade.

Lesly (1991 apud CORRADO, 1994, p. 8) argumenta que a comunicação cria o tipo de valor que não pode ser medido facilmente – evitar erros, ajudar a administração a entender o “clima humano”, aconselhar a colaboração e o trabalho conjunto em vez do conflito e criar posições e percepções.

Autor da obra O gerente comunicador, Souza aborda nessa publicação várias competências necessárias para que um líder obtenha a habilidade de se comunicar bem e engajar seus funcionários a cumprirem a missão e o planejamento da organização.

[...] No mundo da Informação, do Conhecimento e da Inovação, os gestores devem ter, sobretudo além das capacidades técnicas, de supervisão e de administração, a competência de se comunicar bem e de permitir que as pessoas se comuniquem e interajam de forma eficaz na organização. Quem não está atento para essa questão corre sério risco de não acompanhar as mudanças impostas pela nova realidade do mundo dos negócios. (SOUZA, 2010, p.34)

Para Souza, é imprescindível que, além das capacidades técnicas, todos os gestores estejam alinhados à área de comunicação interna, aumentando a efetividade dos planos de comunicação dentro de suas equipes e tornando-os realmente estratégicos.

[...] Se as pessoas não entenderem bem o jogo, suas técnicas, táticas e estratégicas e suas regras, não saberão jogá-lo, tampouco jogá-lo bem. Por isso, a comunicação corporativa é estratégica para as empresas e tem que ser tratada como um processo que deve ser implantado e medido da mesma maneira que outros, como a qualidade total, balanced scorecard, tecnologia da informação, etc. (SOUZA, 2010, p.35)

Assim, nota-se que a comunicação pode não ser a solução de todos os problemas de uma organização, mas não há dúvidas de que ela é fundamental para evitá-los e/ou contorná-los, prevenindo a instauração de crises e o descomprometimento das equipes.

O papel da comunicação não deve ser tentar corrigir alguma falha existente entre o empregador e o empregado, mas sim criar valores mensuráveis para a organização, por meio de seu uso eficiente na organização. Isso significa que a administração considerará cada vez mais importante aperfeiçoar a comunicação com os empregados, por meio de palavras e ações, a fim de alcançar suas metas de melhor produtividade, serviço ao cliente e qualidade. (CORRADO, 1994, p. 6)

É por ter consciência da necessidade de comunicar com clareza que muitas organizações investem em convenções com os funcionários, workshops, planos de

feedbacks e outros eventos que possam reunir estes funcionários, alinhar a comunicação com todos eles e esclarecer suas dúvidas.

Porém, não é só nesses eventos que é preciso alinhar a comunicação; isso deve ser feito diariamente com as equipes da organização, em diálogos abertos entre líderes e liderados.

Para contribuir com a efetividade deste diálogo, Souza elenca cinco qualidades da comunicação como facilitadora do trabalho da liderança no dia a dia com seus funcionários (SOUZA, 2010, p.86 e 87):

• Ajuda a convencer os liderados por meio do detalhamento do que se deve fazer para obter bons resultados para a companhia;

• Contribui para desenvolver a habilidade de saber organizar e administrar pessoas para atingir as metas pactuadas;

• Contribui para criar formas de motivar as pessoas para entender e trabalhar dentro das novas estruturas criadas pela companhia e melhora o desempenho da equipe respeitando cada um de seus integrantes.

• Ajuda a adquirir conhecimentos para, nos momentos apropriados, obter das pessoas os comportamentos a serem estimulados tanto no que tange à redução de custos como para a pactuação de prazos menores para execução de projetos, por exemplo;

• Possibilita a clareza de saber que o pressuposto básico para boa comunicação é a intencionalidade e o desejo de comunicar, principalmente através da palavra e do exemplo.

O fato é que tudo é comunicação e, dentro de uma organização, qualquer projeto ou ação, por mais simples que seja, deve ter sua comunicação planejada e estruturada por seus líderes antes de efetivamente ser colocado em prática. Essa precaução ajuda a prevenir desentendimentos no percurso, como por exemplo, questionamentos cujas respostas não foram previamente pensadas e estruturadas, comprometendo assim a credibilidade e o resultado do projeto.

A área de comunicação pode contribuir para “treinar” os líderes para que eles se tornem melhores comunicadores e entendam a importância da comunicação no seu dia a dia. Para isso, é preciso mostrar a eles, por meio de exemplos da própria organização, pesquisas e treinamentos, a importância de comunicar, os impactos negativos que ocorrem quando a comunicação não é eficiente e qual a importância de cada líder na comunicação com sua equipe.

No documento Fernanda botelho Pereira (páginas 35-38)

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