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7.1 Categorias analisadas

7.1.4 Comunicação Integrada em outras IES

Nesta categoria, busca-se relacionar experiências de gestão integrada no âmbito da comunicação de universidades públicas brasileiras com o processo de construção de uma política de comunicação integrada na UnB. Será analisada apenas uma variável: o conhecimento dos entrevistados a respeito dessas experiências em outras IES públicas.

Para a elaboração da proposta de uma política de comunicação integrada, a comissão instituída pela VRT/UnB, por meio da Resolução n.º 04/2013 (ANEXO A), buscou experiências bem sucedidas de integração da comunicação em outras IES. Nessas entidades, o modelo adotado foi a criação de uma superintendência, a qual agregaria os setores de comunicação. A proposta final da comissão baseou-se na estrutura da Comunica – Superintendência de Comunicação da UFRN (UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE, 2015).

Na revisão de literatura deste estudo, foram analisadas, além da Comunica/UFRN, os seguintes modelos: a Superintendência de Comunicação Social da Universidade de São Paulo (SCS/USP), a Superintendência de Comunicação Social da Universidade Federal Fluminense (SCS/UFF), a Superintendência de Cultura e Comunicação da Universidade Federal do Espírito Santo (Supecc/UFES) e a Superintendência de Comunicação Social da Universidade Federal do Piauí (SCS/UFPI).

O Quadro 15 relaciona, por ordem de citação, o conhecimento dos participantes acerca dessas superintendências de comunicação ou outras experiências de comunicação organizacional integrada em IES brasileiras. Vale frisar que alguns dos entrevistados integraram ou colaboraram nos trabalhos da comissão instituída pela Resolução n.º 04/2013 da VRT/UnB (ANEXO A).

Quadro 15 – Experiências de comunicação integrada em outras IES públicas

Entrevistado Modelo de comunicação integrada em IES G1 Desconhece.

G2 Comunica/UFRN, SCS/UFF, SCS/USP, SCS/UFPI, Supecc/UFES e CCS/UFScar.

G3 Supecc/UFES, SCS/UFPI, Comunica/UFRN e SCS/USP.

G4 Comunica/UFRN, Supecc/UFES e SCS/UFPI.

D1 SCS/USP e CECOM/UFG.

D2 Desconhece.

D3 Comunica/UFRN e SCS/USP.

D4 Desconhece.

S1 SCS/UFF e SCS/USP.

S2 Comunica/UFRN, SCS/UFF e SCS/USP.

E1 Desconhece.

Fonte: Elaboração do autor.

Para G2, a criação de um órgão que centralize a comunicação é uma tendência dentro das IES. Segundo G2, algumas dessas superintendências agregaram outras áreas e cita como exemplo a Supecc/UFES, que integrou a Secretaria de Cultura. Conforme informações do portal da UFES, a Supecc está dividida em duas secretarias: a de Cultura e a de Comunicação, que contam com núcleos. Compõem a Secretaria de Cultura a Editora UFES (EdUFES), o Coral da UFES e a Coordenação de Produção e Programação. A secretaria gerencia, ainda, os espaços culturais: Galeria Espaço Universitário, Cine Metrópolis, Teatro Universitário e Livraria da UFES (UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO, 2015a).

G3 avalia que uma superintendência de comunicação da UnB poderia seguir o exemplo da Supecc e agregar a área de cultura, pois contribuiria para a difusão cultural e o gerenciamento dos espaços culturais da UnB: galeria, teatro, cinema e editora.

Além do modelo de superintendência, G2 cita o formato da Coordenadoria de Comunicação Social (CCS) da UFScar. Segundo informações do portal da UFScar, a CCS conta com divisões por área de atuação, como Jornalismo, Artes e Tecnologia da Informação. Ao lado dessa estrutura, porém, não coordenada pela mesma direção, existe a Rádio UFSCar e

a Assessoria de Comunicação da Reitoria (UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS, 2015).

Segundo D1, na maior parte das IES as unidades de comunicação encontram-se isoladas, sem integração do discurso e dos trabalhos. D1 ressalta o esforço da USP de envolver estudantes e professores nos vários instrumentos de comunicação daquela universidade. E (D1) cita o modelo da Universidade Federal de Goiás (UFG): o CECOM, Centro de Comunicação da UFG, que faz parte das ações a serem implementadas na área de comunicação daquela universidade. De acordo com o Plano de Gestão 2014-2017 da UFG, o CECOM será responsável pela “formulação integrada da política de comunicação da Universidade, com participação das suas diversas unidades e órgãos” (UNIVERSIDADE

FEDERAL DE GOIÁS, 2015, p. 42).

D3 avalia que quanto mais áreas de comunicação uma IES tem, mais necessidade surge de articulação. Para D3, as superintendências de comunicação precisam contar com uma fundação de apoio, para transformar as ações de comunicação em projetos. Como exemplo, D3 cita a Comunica – Superintendência de Comunicação da UFRN, a qual conta com um núcleo para captação de recursos, a Coordenadoria de Promoção Institucional (UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE, 2015).

A Comunica/UFRN agrega em sua estrutura três setores de comunicação: Agência de Comunicação, Rádio Universitária FM e TV Universitária (UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE, 2014).

G2 e S2 também destacam a Comunica como um modelo a ser seguido. S2 ressalta que a criação dessa superintendência contou com etapas de pré-implantação e pós- implantação, para discutir as possibilidades de uma comunicação integrada.

Entretanto, apesar de ser considerada uma referência pelos entrevistados, a Comunica vem enfrentando graves dificuldades, conforme carta aberta dos servidores da

superintendência encaminhada à Reitoria da UFRN (SINTEST-RN, 2015). A seguir será apresentado o teor desse documento, tendo em vista que a Comunica serviu de modelo à Proposta de Política de Comunicação para a UnB (ANEXO G). A carta relata vários problemas da gestão desenvolvida na Comunica nos últimos quatro anos (2011-2015), entre os quais: problemas estruturais da TVU e da Rádio; censura da gestão da Comunica sobre o próprio jornalismo; perseguição a servidores; suspensão de projetos em andamento da gestão anterior; suspensão do Jornal da UFRN, entre outras denúncias.

Os servidores da Comunica reivindicam, entre outros itens: a valorização do caráter público das emissoras de Rádio e TV da UFRN; a realização de audiências públicas para debater as programações das emissoras; a instalação de um conselho consultivo; a alteração do Regimento Interno (UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE, 2015) para garantir espaços democráticos de diálogos na gestão; o desmembramento da diretoria de rádio e da TV, devido à incompatibilidade das rotinas de produção; a criação de um conselho de gestão participativa com a representação de servidores da Comunica; a criação de comissões para definir a política editorial e os eixos da programação, além de avaliar a qualidade dos produtos; a criação da ouvidoria da Comunica e o estabelecimento de um processo democrático de consulta para a escolha dos gestores da superintendência.

Vale ressaltar que a Lei n.º 11.652 (BRASIL, 2008) prevê a participação da sociedade civil no controle da aplicação dos princípios do sistema público de radiodifusão.

Os problemas de gestão relatados pelos servidores da Comunica/UFRN evidenciam as peculiaridades da universidade, cuja estrutura é complexa e diferente de outras organizações (ARAÚJO, 1996). Maiochi (1997, p. 280) afirma que as IES públicas utilizam- se de “decisões políticas, negociações, barganhas, beneficiando o tomador de decisões, em termos individuais ou grupais”.

Ainda segundo o autor, o maior número e as mais significativas decisões são tomadas pela cúpula, sendo que a participação dos docentes e servidores é feita por representantes, sem grande significação. Para Maiochi (1997), a gerência participativa na tomada de decisões da universidade pública – envolvendo a comunidade acadêmica para consolidar a democracia – quase não ocorre, uma vez que as estruturas são rígidas, caracterizadas por mecanismos de centralização do poder.

A seguir será apresentada a última categoria deste estudo: o modelo proposto de superintendência de comunicação da UnB.