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CAPÍTULO 3 O POTENCIAL DA COMUNIDADE DE PLÂNTULAS DE ESPÉCIES

3.1. Comunidade de plântulas (≤ 30cm de altura)

Na comunidade de plântulas sob os talhões de Eucalyptus avaliados, as famílias mais ricas foram Fabaceae (seis espécies), Myrtaceae (5) e Euphorbiaceae (4). Estas três famílias juntas representaram 35,71% do total de espécies. Para o número de indivíduos, destacaram-se Rubiaceae com 74 indivíduos, seguida de Apocynaceae e Siparunaceae, respectivamente com 47 e 34 indivíduos. Juntas, estas três famílias contêm 55,36% dos indivíduos amostrados.

Quanto às espécies, as que apresentaram maior densidade absoluta, foram Palicourea marcgravii, Tabernaemontana catharinensis, Siparuna guianensis, Psychotria vellosiana e Cupania tenuivalvis. As cinco espécies de maior densidade absoluta corresponderam a 59,65% do total de plântulas amostradas. Essas mesmas espécies foram também as cinco que apresentaram os maiores valores de freqüência. Entretanto, para a freqüência relativa, há troca nas duas primeiras posições, ou seja, Tabernaemontana catharinensis foi a mais freqüente, seguida de Palicourea marcgravii.

Do número total de espécies, 18 (42,86%) foram amostradas com apenas um indivíduo. Apenas oito espécies (19,04%) tiveram 10 ou mais indivíduos amostrados. Dessa forma, as cinco espécies de maior freqüência contavam com 167 indivíduos, o que representa 56,64% do total de plântulas amostradas. A curva de acúmulo médio de espécies com seus respectivos valores de intervalo de confiança consta na Figura 1.

Curva de acúmulo médio de espécies 0 10 20 30 40 50 0 50 100 150 200 250 300 Nº de indivíduos amostrados N º d e es p é ci es

Figura 1. Curva de acúmulo médio de espécies (1.000 interações) com os intervalos de confiança (barras verticais, α = 0,05) para a comunidade de plântulas dos talhões de Eucalyptus spp.. Fazenda Santa Terezinha, Bofete, São Paulo.

O valor estimado de número de indivíduos.ha-1 (densidade absoluta) correspondeu a 8.046 (± 2.295) indivíduos, sendo o valor contido entre parênteses referente ao intervalo de confiança dos valores estimados (α = 0,05).

Com relação a distribuição espacial, os valores do Índice de Dispersão e do Índice Padronizado de Morisita foram respectivamente 18,86 e 0,51 e portanto, correspondem a padrões agregados de distribuição, para a escala de amostragem utilizada.

A síndrome de dispersão zoocórica foi a mais freqüente entre os indivíduos e entre as espécies amostradas no sub-bosque dos talhões de Eucalyptus spp.. Do total de indivíduos, 252 (90%) apresentam zoocoria, 19 (6,79%) autocoria/barocoria e apenas seis (2,14%) são anemocóricas. Três indivíduos não identificados, não foram classificados quanto à síndrome de dispersão. O número de espécies zoocóricas também foi superior às demais. Enquanto a anemocoria e a autocoria/barocoria contaram com cinco espécies cada (11,90% cada), a zoocoria é a síndrome de dispersão de 29 das espécies amostradas (69,05%). Novamente três espécies não identificadas, não foram classificadas quanto à síndrome de dispersão (Figura 2).

69,05 11,90 90,00 2,14 6,79 11,90 7,15 1,07 0% 20% 40% 60% 80% 100% indivíduos espécies NÃO CARACTERIZADAS AUTO/BARORIA ANEMOCORIA ZOOCORIA

Figura 2. Porcentagem dos indivíduos e espécies em cada síndrome de dispersão dos propágulos, em levantamento da comunidade de plântulas sob talhões de Eucalyptus spp., Fazenda Santa Terezinha, Bofete, São Paulo.

Com relação à distribuição dos indivíduos em classes de altura, observou-se que a classe II (11-20cm) foi a mais freqüente com 128 indivíduos, seguida das classes I (até 10cm) e III (21-30cm) com 82 e 70 indivíduos respectivamente. Não ficou, portanto, caracterizada uma tendência de um número maior de plântulas nas menores classes de altura, com diminuição da freqüência à medida que se aumenta a altura dos indivíduos (Figura 3). Ainda sobre este aspecto, a proporção de indivíduos em cada classe de altura diferiu significativamente (α = 0,05) de uma proporção com números iguais de plântulas em cada classe.

29,29% 25,00% 45,71% 0 10 20 30 40 50 I (até 10cm) II (11-20cm) III (21-30cm) Classes de altura % d o s i ndi v ídu os

Figura 3. Distribuição dos indivíduos amostrados na comunidade de plântulas do sub- bosque de talhões de Eucalyptus spp., nas diferentes classes de altura, sendo I: até 10cm; II: 11-20cm e III: 21-30cm. Proporção difere significativamente (χ2=20,08; p<0,001) de uma proporção com números iguais de plântulas em cada classe. Fazenda Santa Terezinha, Bofete, São Paulo.

A comunidade de plântulas em cada talhão apresentou grande variação, tanto na densidade de indivíduos quanto na riqueza de espécies. Os valores de riqueza, em número de espécies arbustivo-arbóreas, variaram de cinco para o talhão 78 até 27 para o talhão 67A. Já os valores de densidade, expressos pelo número estimado de indivíduos por hectare, situou-se entre 1.750 (±1.469) indivíduos.ha-1 para o talhão 78 até 15.500 (±6.275) plântulas.ha-1 para o talhão 83. (Tabela 4).

Em decorrência da grande variação no número de indivíduos por parcela, mesmo dentro de cada área avaliada, foi observada ainda, uma grande amplitude nos valores do intervalo de confiança dos parâmetros de densidade estimados. Observa-se também distinção nas espécies de maior valor de densidade para cada situação avaliada. Com exceção de Tabernaemontana catharinensis, que alcançou os maiores valores de densidade para os talhões 67B e 79, cada área apresentou uma espécie diferente com o maior valor de densidade. Apenas Cupania tenuivalvis foi amostrada em todos os talhões.

Ressalta-se que em algumas áreas, o número de indivíduos amostrados foi consideravelmente baixo, principalmente nos talhões 78 e 189, onde menos de 20 indivíduos foram encontrados.

Tabela 4. Valores de riqueza e densidade de indivíduos da comunidade de plântulas sob talhões de Eucalyptus spp., Fazenda Santa Terezinha, Bofete, São Paulo. Sendo H’: índice de diversidade de Shannon (nats.indiv-1).

Talhão Área Amostral (m2) Nº de Indivíduos amostrados H’ Nº de indivíduos.ha-1 Nº de espécies Espécie de maior densidade (densidade relativa) T67A1 68 98 2,43 14.412 (±6.924) 27 Palicourea marcgravii (40,82) T67B2 68 35 0,90 5.147 (±4.315) 6 Tabernaemontana catharinensis (77,14) T78 40 7 1,48 1.750 (±1.469) 5 Cupania tenuivalvis (42,86) T79 44 30 2,10 6.818 (±3.743) 11 Tabernaemontana catharinensis (30,00) T83 60 93 2,31 15.500 (±6.275) 20 Siparuna guianensis (32,26) T189 68 17 1,64 2.500 (± 2.183) 7 Ocotea velutina (41,18) 1

lado com contato com remanescente florestal

2

lado oposto ao remanescente florestal

Com relação a similaridade florística entre as áreas de amostragem, verificou-se que tanto para a similaridade florística (Jaccard), quanto estrutural (Distância Euclidiana) o talhão 67A é mais similar ao 83 do que ao 67B, que apresenta as mesmas condições de manejo. Assim como o 78 é mais similar ao 189, um talhão com histórico completamente diferente e o mais distante fisicamente dos demais, do que é ao 79 (Figuras 4 e 5, Tabelas 5 e 6), seu talhão vizinho e com histórico e intervenções semelhantes (Tabela 1). Entretanto novamente ressalta-se que ambas as análises de similaridade, devem ser vistas com ressalva, pois muitos talhões tiveram um número muito baixo de indivíduos amostrados, influenciando sobremaneira os resultados encontrados.

Figura 4. Similaridade florística pelo índice de Jaccard (UPGMA), entre as diversas áreas de Eucalyptus spp. submetidas ao levantamento da comunidade de plântulas do sub- bosque, Fazenda Santa Terezinha, Bofete, São Paulo.

Tabela 5. Matriz de Similaridade pelo índice de Jaccard (UPGMA), entre as áreas de amostragem da comunidade de plântulas de espécies nativas, sob plantações de Eucayptus spp., Fazenda Santa Terezinha, Bofete, São Paulo.

Áreas T78 T79 T83 T189 T67 A T67B T78 1,00 - - - T79 0,23 1,00 - - - - T83 0,14 0,24 1,00 - - - T189 0,33 0,20 0,13 1,00 - - T67A 0,14 0,23 0,31 0,10 1,00 - T67B 0,22 0,21 0,18 0,08 0,22 1,00

Figura 5. Distância Euclidiana por UPGMA, entre as diversas áreas de Eucalyptus spp. submetidas ao levantamento da comunidade de plântulas nativas do sub-bosque, Fazenda Santa Terezinha, Bofete, São Paulo.

Tabela 6. Matriz de Distância Euclidiana (UPGMA) entre as áreas de amostragem da comunidade de plântulas de espécies nativas, sob plantações de Eucayptus spp., Fazenda Santa Terezinha, Bofete, São Paulo.

Áreas T78 T79 T83 T189 T67A T67 B T78 0 - - - - - T79 11 0 - - - - T83 36,44 35,09 0 - - T189 7,87 13,82 37,23 0 - - T67A 42,72 39,32 43,97 43,16 0 - T67 B 26,38 19,37 39,72 28,43 48,61 0

3.2.Comparações da comunidade de plântulas com o estrato de regeneração (≥