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A Comunidade Vila Brandina (Figura 16), área de assentamento irregular, sem traçado definido, é uma das primeiras ocupações da cidade. A maioria das construções compreende residências inacabadas auto-construídas de um ou dois pavimentos, sem recuos lateral e frontal. Poucas ruas estão pavimentadas; a falta de calçadas dificulta a caminhada de pedestres e o plantio de árvores. Localiza-se na região leste da cidade à altitude de 691m. A condição da arborização apresenta-se bastante insatisfatória, praticamente inexistente. A ocupação desse local se deu no final da década de 1960 por famílias procedentes principalmente do sul da Bahia que vieram em busca de novas oportunidades de emprego. O período entre 1973 e 1980 foi quando ocorreu maior adensamento populacional neste assentamento.

Figura 16 - Ponto de coleta de dados na Comunidade Vila Brandina

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Predominantemente residencial, esse aglomerado urbano é composto por população de baixa renda, e estendeu-se de forma espontânea, sem qualquer planejamento (Figura 17).

Figura 17 - Comunidade Vila Brandina, Campinas/SP

Fonte Google Earth (outubro, 2013)a área delimitada pela linha vermelha corresponde ao local onde foram aplicados os questionários referentes à percepção e a seta branca indica o ponto de coleta de dados climáticos e local onde foram aplicados os questionários referentes à sensação térmica

Nas áreas em análise, foram determinados pontos para coleta de dados climáticos e realização de entrevistas com os transeuntes. Nesses pontos foi obtido o fator de visão do céu (Sky View Factor) por meio de fotografias feitas com uma máquina fotográfica digital marca Cannon, modelo EOS XSi, provida de uma lente olho de peixe, marca SIGMA, modelo 4,5 mm DC HSM. As imagens foram importadas posteriormente para o modelo RayMan para incluir o efeito de sombreamento ao calcular os fluxos de radiação de ondas curtas e longas (Figura 18).

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Figura 18 – A - Comunidade Vila Brandina, B - Cambuí, C - Largo do Rosário-Centro, D - Jardim das Paineiras

A análise das quatro áreas selecionadas, contendo cobertura arbórea de forma diversificada, possibilitou observar o grau de interferência da vegetação não só no microclima urbano, mas também no grau de percepção pela população local em relação à arborização das ruas.

Imagens termográficas das áreas em estudo foram tomadas nos dois períodos de coleta de dados, a saber: agosto de 2012 (Figuras 19, 20, 21 e 22) e fevereiro de 2013 (Figuras 23,24,25,26) a fim de se verificar as alterações da temperatura de superfície em diferentes pontos, obtidas por meio da câmera termográfica de infravermelho marca FLIR SC 660, contendo zoom digital 8x e funções avançadas de medição. Estas imagens permitiram visualizar as diferentes temperaturas de superfície das áreas de estudo.

Em estudos de climatologia urbana, a temperatura de superfície desempenha importante papel na medida em que interferem na temperatura do ar nas camadas

A B

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mais baixas da atmosfera sendo influenciada pelo tipo de superfície, pela rugosidade do terreno, pela textura do solo e seu grau de umidade, bem como pelo tipo e estado fenológico da vegetação (LOPES, 2003).

Imagens termográficas fotografadas em Agosto de 2012

Figura 19 – A - Bairro Cambuí, B - Imagem temográfica do Bairro Cambuí (Ago/2012) Fonte: Jefferson Lordello Polizel

Figura 20 – A - Centro-Largo do Rosário, B - Imagem termográfica do Centro - Largo do Rosário (Ago/2012) Fonte: Jefferson Lordello Polizel

A B

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Figura 21 - A - Comunidade Vila Brandina, B -Imagem termográfica da Comunidade Vila Brandina (Ago/2012)

Fonte: Jefferson Lordello Polizel

Figura 22 – A - Bairro Jd. das Paineiras, B - Imagem termográfica do Bairro Jd. das Paineiras (Ago/2012)

Fonte: Jefferson Lordello Polizel

Imagens termográficas fotografadas em Fevereiro de 2013

Figura 23 – A - Bairro Cambuí, B - Imagem termográfica do Bairro Cambuí (Fev./2013) Fonte: Jefferson Lordello Polizel

A A B B B A paralelepípedo po

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Figura 24 – A - Centro-Largo do Rosário, B - Imagem termográfica do Centro-Largo do Rosário (Fev /2013) Fonte: Jefferson Lordello Polizel

Figura 25 – A - Com. Vila Brandina, B - Imagem termográfica da Com. Vila Brandina (Fev /2013) Fonte: Jefferson Lordello Polizel

Figura 26 – A - Bairro Jd. das Paineiras, B - Imagem termográfica do Bairro Jd.das Paineiras (Fev /2013) Fonte: Jefferson Lordello Polizel

A temperatura máxima de superfície do piso no período do verão no Cambuí foi igual a 46,2 ºC (Figura 23) no Centro igual a 62,6 ºC (Figura 24), na Comunidade

A A A B B B mosaico português asfalto asfalto

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Vila Brandina igual a 68,0 ºC (Figura 25) e no Jardim das Paineiras igual a 39,1 ºC (Figura 26). Temperaturas mais altas ocorreram nos bairros menos arborizados. A falta de sombreamento proporcionado pelas árvores pôde demonstrar a contribuição das árvores na redução da temperatura de superfície do solo. Considerando que uma árvore de copa densa consegue absorver até 80% da radiação solar (GEIGER et al., 1983), sua presença no meio urbano se torna indispensável na medida em que proporciona inúmeros benefícios referentes à performance térmica das cidades destaca Olgyay (1998).

Outro fator a ser considerado segundo Oke (1978) é a condutividade térmica dos materiais. A cor escura do asfalto e seus componentes contribuíram para a elevação da temperatura de superfície em grau superior à do paralelepípedo e do mosaico português de cor mais clara. Portanto, a interferência dos diferentes tipos de pavimentos na temperatura de superfície das áreas de estudo demonstra a necessidade de se considerar as propriedades desses materiais ao projetar espaços livres urbanos a fim de assegurar maior conforto térmico.

Referências

CENTRO DE PESQUISAS METEOROLÓGICAS E CLIMÁTICAS APLICADAS A AGRICULTURA. Disponível em: <http://www.cpa.unicamp.br/outras-

informacoes/clima_muni_109.html>. Acesso em: 10 dez. 2014.

GEIGER, R.; ARON R. H.; TODHUNTER, P. The climate near the ground. 7th ed. Lanham, MD, USA : Rowman & Littlefield Publ., 2009. 642 p.

LOPES, A.M.S. Modificações no clima de Lisboa como consequência do

crescimento urbano. 2003. 354 p. Tese (Doutorado em Geografia Física) -

Faculdade de Letras, Universidade de Lisboa, Lisboa, 2003.

MONTEIRO, E.Z. Verdes-dentro e Verdes-fora: visões prospectivas para espaços abertos urbanos - privados e públicos - em área habitacional de interesse social. 2007. 272 p., Tese (Doutorado em Arquitetura e Construção) – Faculdade de Engenharia Civil, Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2007. OKE, T.R. Boundary layer climates. London: Methuen, 1978. 372 p.

OLGYAY, V. Arquitectura y clima: manual de diseño bioclimático para arquitectos y urbanistas. Barcelona: Gustavo Gilli, 1998. 203 p.

SECRETARIA DO MEIO AMBIENTE DE CAMPINAS. Disponível em:

<http://www.campinasaqui.com.br/1/2807/municipais/secretaria-do-meio-ambiente- de-campinas.html>. Acesso em: 10 dez. 2014.

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4 A INTERFERÊNCIA DA ARBORIZAÇÃO URBANA NO MICROCLIMA DE