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4. Enquadramento Operacional

4.1. Área 1 – Organização e gestão do ensino e da aprendizagem

4.1.1. Conceção

Como afirma Matos (2014) a conceção pretende projetar a nossa prática dentro de um quadro pedagógico que relaciona uma série de aspetos desde os mais gerais como o programa de EF, até aos mais específicos como o planeamento anual da disciplina elaborado pelo GEF e a caracterização da turma. Esta ideia vai ao encontro da afirmação de Bento(2003, p. 7) quando refere que “todo o projecto de planeamento deve encontrar o seu ponto de partida na concepção e conteúdos dos programas ou normas programáticas de ensino (…) Deve ter em conta o papel da actividade dos alunos no seu próprio desenvolvimento…”.

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O ponto de partida foi a análise dos documentos enviados pela PC logo na primeira reunião de NE. Revisitamos o programa nacional de EF e mergulhamos nos documentos da escola como os critérios de avaliação (geral da disciplina e específicos de cada ciclo), regulamento da EBSRF e de EF, Plano Anual de Atividades do Agrupamento (PAAA) e o Planeamento Anual do GEF. A toda esta informação juntaram-se, posteriormente, as fichas de caracterização do aluno.

O programa nacional de educação física (PNEF) pretende fornecer aos professores uma linha orientadora para a sua prática para que esta esteja coordenada com os colegas da disciplina e os professores das restantes disciplinas (Jacinto et al., 2001). Parece-me muito importante esta orientação e, mesmo sendo ela flexível em relação às características humanas e de recursos de cada escola, permite que exista coerência e continuidade nos conteúdos lecionados na disciplina. Contudo, o mesmo documento prevê uma “…carga horária mínima exigível de três horas por semana, distribuída em pelo menos três sessões” (Jacinto et al., 2001, p. 8) que não é cumprida uma vez que o horário da EBSRF só concebe 3 blocos de 50 minutos e, apresenta níveis de exigência motora que não correspondem à realidade que encontramos na escola. Apesar da pertinência de um documento deste calibre é claro que a imagem que este transparece não está ajustada à realidade que encontrei durante este ano de estágio e, tendo em conta a velocidade a que a educação se tem modificado ao nível dos seus objetivos, obrigações e prioridades e a “crise” que a nossa disciplina atravessa, parece-me que este documento, com 15 anos, deve ser urgentemente reformulado na extensão da matéria que apresenta e na pertinência dos conteúdos que abrange, ao nível da sua complexidade e ao nível das condições que as escolas oferecem para os lecionar.

Comecei por tentar perceber qual era o espaço da EF na escola ao identificar, tanto do PNEF como nas competências específicas de EF da EBSRF, os pontos-chave que norteavam a nossa intervenção. O PNEF, para o ensino secundário diz que “… as metas dos programas devem constituir, também, objecto da motivação dos alunos, inspirando as suas representações e

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empenho de aperfeiçoamento pessoal no âmbito da Educação Física, na Escola e ao longo da vida” (Jacinto et al., 2001, p. 8) e, dentro desta perspetiva as competências específicas da disciplina na EBSRF afirmam que “ torna-se essencial a aquisição de competências em diferentes domínios e matérias próprias da disciplina, contribuindo desta forma para que o jovem persiga de forma constante a qualidade de vida, a saúde e o bem-estar” (CEEF EBSRF, 2014, p.2)4. Concluí que, no parâmetro dos objetivos da disciplina, ambos os documentos revelam preocupação acerca do desenvolvimento da motivação dos alunos para a prática desportiva, da aquisição de conhecimentos dos conteúdos da disciplina, da promoção de atitudes e relacionamentos saudáveis e da transferência destes ensinamentos para a vida do aluno.

Apesar dos documentos apresentados enaltecerem o valor da EF e demonstrarem que os objetivos estão bem traçados, atravessamos um caminho de descredibilização e ainda não fomos capazes de mostrar que a EF não é um “recreio supervisionado”. Tal como afirmam Batista e Queirós (2015, p. 31) temos presente uma “…perspetiva educacional que, não obstante não negar a importância do exercício físico, não lhe atribui importância educativa”. Confrontada com este panorama senti que poderia fazer a diferença, acredito que todos os EE ambicionam fazer magia na escola com o encanto que vivem durante a formação inicial onde existe uma vontade enorme de fazer diferente e de mudar o mundo sem a negatividade característica de alguns grupos de professores onde reinam máximas como “não te dês a esse trabalho que não faz diferença” ou “ninguém vai ligar nada a isso”.

O PNEF prevê que no 11º ano se admita “… um regime de opções no seio da escola, entre as turmas do mesmo horário, de modo que cada aluno possa aperfeiçoar-se nas seguintes matérias (conforme os objetivos gerais): duas de Jogos Desportivos Colectivos, uma da Ginástica ou uma do Atletismo, Dança e duas das restantes”(Jacinto et al., 2001, p. 17). Contudo, segundo o Planeamento Anual da disciplina, as modalidades que se devem lecionar no 11º ano são Voleibol, Atletismo (resistência, lançamento do dardo, velocidade e estafetas), Ginástica (solo e acrobática), Andebol, Futebol/Futsal, Basquetebol

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Competências Especificas de Educação Física, 2014/2015. Escola Básica e Secundária Rodrigues de Freitas.

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e duas modalidades alternativas ou seja, não há concordância entre o número de modalidades que se devem lecionar a este nível de ensino.

Para dificultar a nossa ação, no início deste ano letivo a carga horária na EBSRF sofreu uma alteração para blocos de 50 minutos o que significa que o horário de EF, para o ensino secundário, passou de dois tempos de 90 minutos para um tempo de 50 minutos e outro de 100 minutos, o que representa uma perda de 30 minutos de aula por semana. Para limitar ainda mais o número de horas dedicados à disciplina, segundo o PAAA existiam atividades que, pontualmente, iriam interferir com as aulas de EF. Em discussão de NE, decidimos anular uma das modalidades alternativas pois consideramos que não havia tempo suficiente para lecionar tantas modalidades com um número e tempo de aulas tão reduzido.

Durante este processo também foi tido em conta o espaço que a escola disponibiliza para a disciplina e quais as modalidades favoritas dos alunos da turma.

Depois de analisados e discutidos todos os documentos e características da escola ficou decidido que lecionaria as modalidades previstas pelo Planeamento Anual do GEF à exceção da segunda modalidade alternativa (que, tal como a primeira, é escolhida pelos professores). A “simbiose” entre as diretrizes do PNEF e das competências específicas da EBSRF por modalidade com o espaço e as características da turma foi, por vezes um desafio. Contudo, no que toca às tomadas de decisão, principalmente na fase de operacionalização,“ grande parte das acções parecem ser governadas „em piloto automático‟, na observância de regras e rotina” (Graça, 2001, p. 108) e, acredito que, podia ter sido mais criativa na abordagem a algumas das modalidades lecionadas.

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