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5. Perceção dos alunos acerca da aprendizagem e da motivação: comparação

5.4. Metodologia

Participaram neste estudo 23 alunos, com idades compreendidas entre os 16 e os 17 anos, que frequentaram o 11º ano, na EBSRF, durante o ano letivo 2015/2016.

A turma foi informada acerca do objetivo do estudo e dos seus procedimentos de forma a terem conhecimento do processo onde estavam inseridos. Foi de igual forma, solicitado a todos os Encarregados de Educação o consentimento informado para a participação dos seus educandos nas entrevistas a realizar no decorrer do estudo.

Todos os alunos foram intervenientes nas aulas da modalidade analisada e participaram ativamente em todas as aulas da mesma.

5.4.2. Fase de aplicação dos modelos

Na EBSRF, a carga horário semanal em educação física é de 150 minutos distribuídos por duas aulas (uma de 50 minutos e outra de 100 minutos). Todas as aulas são planeadas no início do ano tendo em conta as modalidades que devem ser lecionados e os espaços disponíveis para cada professor, segundo o roulement.

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Seguindo as diretrizes do GEF, durante o ano letivo foram lecionadas no 11º ano quatro disciplinas do atletismo, a resistência, o lançamento do dardo, a velocidade e as estafetas.

No 1º período foram lecionadas as disciplinas de resistência e lançamento do dardo. Para estas aulas foram destinados 6 blocos de 50 minutos onde foram lecionados os conteúdos de noção de tempo, ritmo e esforço na disciplina de resistência e de pega do engenho, lançamento estático, corrida frontal, corrida lateral e técnica completa na disciplina de lançamento do dardo.

Para esta primeira abordagem foi seguido o MID. A escolha deste modelo esteve relacionada com o momento inicial do ano que marcava a entrada da professora (professora-estagiária) e que por isso, era uma altura chave para a aquisição de regra e rotinas, com o reduzido número de aulas destinadas à modalidade e, também com as disciplinas em causa que permitiam uma decomposição dos seus conteúdos de forma a existir uma progressão sequencial muito marcada e acompanhada pela demonstração e pelo feedback corretivo em todas as fases. Em todas as aulas foi feita a revisão da anterior através do questionamento e houve sempre espaço para relembrar os conteúdos já lecionados através da sua exercitação.

No 2º período foram lecionadas as disciplinas de velocidade e estafetas. Para estas aulas foram destinados 10 blocos de 50 minutos onde foram lecionados os conteúdos de técnica de corrida, partidas de bloco, fase de reação, fase de aceleração e fase maximal na disciplina velocidade e de técnicas de transmissão e zonas de transmissão e aceleração na disciplina estafetas. Desta vez as aulas foram orientadas segundos os princípios do MED. A escolha deste modelo esteve relacionada com a familiarização dos alunos com o modelo, com as circunstâncias temporais que previam um maior número de aulas para a modalidade e, também com as disciplinas em causa que potenciavam a competição e o trabalho em grupos, mais especificamente no caso das estafetas. Em todas as aulas houve competição entre equipas e no fim realizou-se um evento culminante que contou com uma série de competições e com a entrega dos prémios relativos à prestação social e competitiva das equipas. As competições, quer de estafetas, quer de 50

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metros, respeitaram sempre o nível motor dos alunos e foram organizadas tendo em conta essas características individuais.

Os treinadores foram sugeridos pela professora da turma mas a formação das equipas foi da inteira responsabilidade dos alunos. Como afirma Pereira (2015) fazer parte de uma equipa é benéfico para o desenvolvimento social dos alunos principalmente quando esta se mantém permanente. Seguindo este ponto de vista, as equipas não sofreram alterações durante o período dedicado à modalidade. As equipas apresentaram-se sempre com a respetiva cor, atribuíam valor e reconheciam o seu capitão e realizavam os exercícios no local destinado à sua equipa assegurando a presença da afiliação durante todo o processo.

5.4.3. Recolha de dados

A recolha dos dados foi realizada através de entrevista semiestruturada em focus grupo, a primeira após a aplicação do MID e a segunda após a aplicação do MED. Esta técnica foi escolhida por ser usado para “…para compreender a relação entre causa e efeito perguntando às pessoas coisas acerca desse relacionamento” (Galego & Gomes, 2005, p. 178).

“Nas entrevistas focus grupo junta-se um grupo de indivíduos num ambiente considerado de suporte e apoio mútuo” (Queirós & Lacerda, 2013, p. 191) por isso, este ambiente faz com os participantes estejam mais descontraídos e completem as ideias uns dos outros fomentando a troca de ideias e a discussão acerca dos temas propostos. Neste sentido, a construção foi feita tendo em conta as características de cada um dos alunos. A turma foi dividida em 4 grupos (três grupos de seis alunos e um grupo de cinco alunos), onde cada grupo era composto por alunos com posturas muito idênticas. Em posteriores referências os alunos foram referenciados tendo em conta a primeira intervenção na primeira entrevista, o grupo onde estavam inseridos e o número da entrevista onde se encontrava. Por exemplo, o primeiro aluno do grupo 3 a falar na primeira entrevista corresponde ao aluno A1G3E1.

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Os guiões de ambas as entrevistas foram realizados pela professora-estagiária e validados por professores especialistas, sendo constituídos por várias partes, tendo em vista os objetivos do estudo (anexo V).

Como afirmam Queirós e Lacerda (2013) as características do entrevistador podem afetar a relação entre este e os entrevistados por isso, o entrevistador participante nesta recolha não foi a professora-estagiária mas sim um colega do núcleo, por esta considerar que a sua presença iria influenciar as respostas dos alunos. O entrevistador esteve presente em todas as aulas de ambos os modelos e estava familiarizado com o guião e com os objetivos do estudo. O local onde se realiza a entrevista é um dos pontos que pode afetar os resultados obtidos, sendo assim todas as entrevistas foram realizadas em locais calmos e sem interferência de terceiros (Queirós e Lacerda, 2013).

Todas as oito entrevistas foram autorizadas pelos participantes e respetivos encarregados de educação e gravadas em duplo suporte (dois gravadores áudio) para garantir a segurança dos dados. Posteriormente foi feita a transcrição das entrevistas para que pudessem ser validadas pelos alunos e analisadas para a obtenção dos resultados.

5.4.4. Análise dos dados

A análise do conteúdo deste estudo realizou-se através de 3 procedimentos apontados por Miles e Huberman (1994):

 Data Reduction – processo que reduz a informação obtida, pela exclusão de alguns excertos, tendo em conta os objetivos e tópicos de interesse. Contudo, a informação considerada irrelevante deve continuar acessível no caso de nos depararmos com factos inesperados.

 Data Display – apresenta-se como um processo contínuo que visa a organização da informação obtida em tabelas ou outros formatos gráficos.

 Conclusion drawing/verification - esta análise deve potenciar o desenvolvimento de conclusões relacionadas com o estudo.

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O processo de redução dos conteúdos obtidos foi feito ao longo da atenta leitura do documento correspondente à transcrição das entrevistas. Devido ao reduzido volume de informação o processo de organização dos dados foi feito numa tabela composta pelos dados da primeira e da segunda entrevista, colocados lado a lado de forma a ser possível visualizar as opiniões relativas aos dois modelos de ensino. Os excertos foram sublinhados consoante a cor da categoria a que pertenciam. Foi utilizado um sistema de categorização mista uma vez que, as categorias aprendizagem e motivação foram criadas a priori tendo em conta a revisão da literatura, o objetivo do estudo e o guião da entrevista e, o tempo de exercitação, o feedback e o trabalho em equipa, foram sub-categorias criadas a posteriori, tendo em conta a informação que emergiu dos dados recolhidos.

Ao longo do procedimento de data display os excertos foram coloridos a cor correspondente à sua categoria. Este processo facilitou a leitura e comparação dos dados que fundamentaram as conclusões do estudo.

A apresentação dos dados está organizada segundo os modelos de ensino aplicados, apresentando a perspetiva dos alunos em relação às suas vivências em cada um deles. A discussão foi dividida em duas partes, uma relativa à categoria da aprendizagem e outra à categoria da motivação. A categoria da aprendizagem desenvolve as subcategorias do tempo de exercitação, do feedback e do trabalho em equipa

5.5. Apresentação dos Resultados

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