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4. Infantis

4.2.1 Conceção

Bento (2003) refere que todo o projeto de planeamento deve iniciar-se na conceção e conteúdos dos programas. Tenho a considerar que as condições de trabalho diferem de escola para escola, tendo sempre que adaptar os seus projetos às circunstâncias e exigências do meio. A preparação direta do ensino “é complementado e interpretado por uma série de

documentos e materiais auxiliares que ajudam o professor a concretizar e adaptar as exigências centrais às condições locais e situacionais da escola” e da turma (Bento, 2003, p. 19). Segundo Matos (2012a), esta tarefa requer a

análise dos planos curriculares, nomeadamente as competências gerais e transversais expressas.

Esta é a primeira tarefa do professor, onde é projetado o suporte de toda a nossa atuação. Reavivo a primeira Reunião do Núcleo de Estágio, com a presença de todos os intervenientes, colegas de estágio e a PC, que serviu para uma compreensão do contexto de ensino em que estávamos inseridos através da análise dos planos curriculares e das características dos alunos que seriam alvo da nossa lecionação.

Como documentos referenciadores, analisei, atentamente, os Programas Nacionais emanados pelo Ministério da Educação, o Regulamento Interno da Escola, O Projeto Educativo e o Plano Anual de Atividades. Segundo Fátima (2000, p. 5) o “PEE é a filosofia subjacente a uma dinâmica de escola, define

princípios e linhas orientadoras gerais, assentes nas características da comunidade educativa, de acordo com as orientações nacionais, estabelece metas prevendo parcerias e tendo em conta os recursos disponíveis, enuncia uma resposta educativa global da instituição, é a expressão dos princípios, orientações e metas a atingir pela escola, define e reflete a visão, a ideologia e as ações da escola, é o tronco comum de onde partem os vários projetos, existentes na escola, tais como: formação do pessoal docente e não docente orientações administrativas, organização curricular, ofertas da escola”. Assim, a

análise do Projeto Educativo serviu para aprofundar o meu conhecimento sobre a escola e elucidar-me sobre o contexto escolar e o meio social em que está inserida. Por sua vez, o Regulamento Interno da Escola bem como ao

Regulamento Específico de EF, auxiliaram-me na compreensão das normas e regras, identificando os valores e princípios deste estabelecimento de ensino.

O Regulamento Interno é o documento definidor do regime de funcionamento da Escola, de cada um dos seus órgãos de administração e gestão, das estruturas de orientação e dos serviços de apoio educativo, da especificidade de instalações e equipamentos, bem como os direitos e deveres da comunidade escolar.

Além do Regulamento Interno da escola, existem Regulamentos elaborados pelos diferentes departamentos curriculares, sendo o da disciplina de Educação Física (ANEXO 2) fornecido aos alunos no primeiro dia de aulas de forma a ser respeitado e cumprido, visando-se, assim, o bom funcionamento da disciplina, do espaço da aula e, consequentemente, do Pavilhão Desportivo. De acordo com Matos (2012a), cabe ao professor nesta fase analisar os programas de EF articulando as diferentes componentes: finalidades, objetivos, conteúdos e indicações metodológicas. O reforço na análise dos programas de EF assumiu-se fundamental para a tomada de decisões, na definição de objetivos para cada nível de desempenho que se deparava na turma e nas estratégias de intervenção, de modo a orientar a prática.

Tal como na modalidade de Andebol “Uma das primeiras tarefas do

professor (treinador) na organização do processo de ensino-aprendizagem do jogo consiste na definição e programação dos conteúdos a ensinar, em função das características etárias dos jovens, das suas capacidades motoras e cognitivas, interesses e necessidades”. (M. Ribeiro & A. Volossovitch, 2004, p.

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Paralelamente a esta documentação, a PC exigiu a leitura e respetiva análise dos Programas Nacionais de EF dos anos de lecionação. Neste caso, do 4º, 6º e 8º ano de escolaridade. Estes programas assemelham-se a um catálogo onde estão apresentados os conteúdos a lecionar conforme por ano escolar. Somente o programa destinado ao 4º ano de escolaridade era distinto dos restantes, pois está organizado por Blocos, que espelham as várias áreas da EF. Desta análise reconheço, apesar de ainda não possuir um conhecimento aprofundado da realidade, que existe um distanciamento entre aquilo que é perspetivado ensinar e o que realmente se leciona. A meu ver, este facto deve-se ao desajustamento do desempenho dos alunos na disciplina

de EF, pelo que nem tudo o que está contemplado nos Programas Nacionais de EF nunca poderá ser aplicado totalmente, visto que cada aluno tem o seu ritmo de aprendizagem e diferentes formas de responder face às exigências colocadas. Como futura professora vejo estes Programas como orientadores, nunca descurando o progresso dos nossos alunos; são eles que comandam o processo de ensino-aprendizagem, cabendo ao professor gizar estratégias que permitam cumprir as decisões emanadas pelo Ministério.

Após a leitura dos vários Programas, particularmente no 8º ano de escolaridade, verifiquei que muitos dos conteúdos previstos não chegam a ser lecionados pelos professores face a algumas limitações apresentadas pelos discentes. Por exemplo, ao nível da modalidade de Badminton, o programa indica o ensino do batimento “drive”, um batimento muito exigente ao nível das suas componentes críticas e consequentemente de difícil execução. Para além de exigente, necessita de boa consolidação dos restantes batimentos, o que não se verifica em contexto escolar.

Aquando da apresentação do Planeamento Específico de EF do 8º ano, questionei a PC sobre a não existência de conteúdos no Programa de algumas modalidades estabelecidas para o ensino naquele ano escolar. Defendo desta forma, que o professor deve adaptar-se ao contexto de ensino, às capacidades e habilidades dos alunos, promovendo um crescimento sustentado na sua aprendizagem, sem nunca esquecer todos os documentos que visam auxiliar e coordenar toda a sua ação. Esta opinião é baseada nos Programas Nacionais (2001, p.233) 3 que defendem “(…) que cabe ao professor a responsabilidade

de escolher e aplicar as soluções pedagógicas e metodologicamente mais adequadas, investindo as competências profissionais desenvolvidas na sua formação nesta especialidade, para que os efeitos da atividade do aluno correspondam aos objetivos dos programas, utilizando os meios que lhe são atribuídos para esse fim.” “Os programas constituem, portanto, um guia para a ação do professor, que, sendo motivada pelo desenvolvimento dos seus alunos, encontra aqui os indicadores para orientar a sua prática, em coordenação com os professores de educação física das escolas.”.

No que diz respeito ao Programa Nacional de Educação Física do 6º ano de escolaridade, particularmente na modalidade de Futebol, que foi lecionada por mim no 3º período do ano letivo, constatei que este indica que os alunos

em situação de jogo 7x7 devem receber a bola, controlando-a e enquadrando- se ofensivamente. Além disso, devem simular e / ou fintar, se necessário, para se libertar da marcação, tomando opções conforme a leitura da situação. Pela observação dos alunos, penso que no sexto ano será difícil conseguir concretizar esta situação de jogo 7x7, pois exige a colocação dos alunos num espaço mais amplo, a inclusão de um número maior de alunos e, consequentemente, uma coordenação e organização do jogo a um nível de especialização. Este nível só se averigua em situação de treino e em contexto escolar, no máximo a partir do 9ºano de escolaridade, pois é um nível cuja qualidade técnica dos jogadores é evidenciada de uma forma contextualizada às ações que o jogo vai constantemente requisitando, existe compreensão dos diferentes contextos que o jogo pode assumir. Neste nível de jogo, os praticantes já evidenciam simultaneamente duas características importantes, tais como a grande mobilidade e o equilíbrio posicional permanente.

Após a análise exaustiva de todos os documentos referidos, compreendi o alcance da afirmação de Bento (2003) de que o ensino é formulado duas vezes: primeiro na conceção, quando é “projetado” e depois na realidade.

Estas informações foram, sem dúvida, essenciais para suportar a base de todo o planeamento e adequar o processo de ensino-aprendizagem à realidade com que me confrontei, além de tomar consciência de que faço parte integrante de um projeto e que posso oferecer um contributo fundamental para a sua exequibilidade.

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