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O vocábulo probidade origina do latim probus, que segundo ensinam Garcia e Alves (2011, p. 124-125), “[...] significa aquilo que brota bem (prob + bho – da raiz bhu, nascer, brotar), denotando o que é bom, o que tem boa qualidade [...]”. A utilização da palavra em tela, fora ao longo do tempo sendo utilizada de forma figurada, a indicar “[...] indivíduo honrado, íntegro, reto, leal, que tem bons costumes e é honesto, casto e virtuoso [...]”.

Figueiredo citado por Bertoncini (2002, p. 53) salienta que a improbidade é o oposto de probidade e significa “o homem mau, perverso, enganador, corrupto, desonesto, falto”.

Plácido e Silva (apud GARCIA; ALVES, 2011, p. 125), ensinam que improbidade:

[...] derivado do latim improbitas (má qualidade, imoralidade, malícia), juridicamente, liga-se ao sentido de desonestidade, má fama, incorreção, má conduta, má índole, mau caráter. Desse modo, improbidade revela a qualidade do homem que não procede o bem, por não ser honesto, que age indignamente, por não ter caráter, que não atua com decência, por ser amoral. Improbidade é a qualidade do ímprobo. E ímprobo é o mau moralmente, é o incorreto, o transgressor das regras da lei e da moral [...].

A doutrina apresenta divergências na definição de improbidade administrativa. No entanto, é indiscutível a associação de sentidos entre a moralidade e probidade. (CARVALHO FILHO, 2008, p. 987).

Para alguns autores como Wallace Paiva Martins Júnior e Eurico Bittencourt Neto, a improbidade consiste em subprincípio da moralidade. (CARVALHO FILHO, 2008, p. 987).

Conforme preleciona Martins Júnior (2009, p. 114), o princípio da probidade administrativa “[...] é, efetivamente, decorrência do próprio princípio da moralidade administrativa e informado pelos mesmos valores que incidem neste. Mas adquire contorno próprio, por sua função instrumentalizadora da moralidade administrativa [...]”.

O autor supracitado ensina que:

Improbidade administrativa, em linhas gerias, significa servir-se da função pública para angariar ou distribuir, em proveito pessoal ou para outrem, vantagem ilegal ou imoral, de qualquer natureza, e por qualquer modo, com violação aos princípios e regras presidentes das atividades na Administração Pública, menosprezando os deveres do cargo e a relevância dos bens, direitos, interesses e valores confiados à sua guarda, inclusive por omissão, com ou sem prejuízo patrimonial. A partir desse comportamento desejado ou fruto de incúria, desprezo, falta de precaução ou cuidado, revelam-se a nulidade do ato por infringência aos princípios e regras, explícitos ou implícitos. De boa administração e o desvio ético do agente público e do beneficiário ou partícipe, demonstrando a inabilitação moral do primeiro para o exercício da função pública. (MARTINS JÚNIOR, 2009, p. 116).

De outro lado, temos o pensamento de Emerson Garcia e Rogério Pacheco Alves, que entendem que “[...] a probidade é conceito mais amplo do que o da moralidade, porque aquela não abarcaria apenas elementos morais [...]”. (CARVALHO FILHO, 2008, p. 987).

Segundo os autores acima mencionados, o princípio da moralidade, apesar de extremamente importante para a aferição de probidade, não é o único que deve ser observado, tendo em vista que os agentes públicos devem observar todos os princípios da normatização existente. Com isso, ressaltam que “[...] a probidade absorve a moralidade, mas jamais terá sua amplitude delimitada por esta.”. (GARCIA; ALVES, 2011, p. 55).

Os autores ainda asseveram que “[...] os atos dos agentes públicos devem estar em conformidade com o ‘princípio da juridicidade’, nomenclatura

utilizada para englobar todas as regras e os princípios (inclusive a moralidade) a que devem estar circunscritos os atos do Poder Público”. (GARCIA; ALVES, 2011, p. 57). Outros doutrinadores ainda fundamentam que as expressões moralidade e improbidade “[...] se equivalem, tendo a Constituição, em seu texto, mencionado a moralidade como princípio (art. 37, § 4º) e a imoralidade como lesão ao mesmo princípio.”. Desse entendimento coadunam Maria Sylvia Zanella Di Pietro, Marcelo Figueiredo, bem como, José dos Santos Carvalho Filho. (CARVALHO FILHO, 2008, p. 987).

Na lição de Di Pietro depreende-se que “comparando a moralidade e probidade, pode-se afirmar que, como princípios, significam praticamente a mesma coisa, embora algumas leis façam referência às duas separadamente [...]”. Contudo, quando diz respeito à improbidade como ato ilícito, há diferença entre as expressões:

[...] porque aquela tem um sentido muito mais amplo e muito mais preciso, que abrange não só os atos desonestos ou imorais, mas também e principalmente atos ilegais. Na lei de improbidade administrativa (Lei nº 8.429, de 2-6-1992), a lesão à moralidade administrativa é apenas uma das inúmeras hipóteses de atos de improbidade previstos em lei. (DI PIETRO, 2009, p. 805).

Importante ressaltar que a autora supracitada, menciona que no:

[...] sentido amplo, a legalidade (ou o Direito) absorveu todos os demais princípios, inclusive o da moralidade. No sentido restrito, a legalidade exige obediência à lei, enquanto a moralidade exige basicamente honestidade, observância das regras de boa administração, atendimento ao interesse público, boa-fé, lealdade. (DI PIETRO, 2009, p. 805).

Em suma, a moralidade e probidade, levados em conta como princípios se confundem. No entanto, “[...] como infração, a improbidade é mais ampla do que a imoralidade, porque a lesão ao princípio da moralidade constitui uma das hipóteses de atos de improbidade definidos em lei.”. (DI PIETRO, 2009, p. 805-806).

Diante das diversas concepções apresentadas pela doutrina, Bertoncini (2002, p. 50-52) analisa e compara as opiniões doutrinárias acerca dos atos de improbidade, e descreve cinco correntes doutrinárias sobre o tema. Tais correntes são denominadas pelo autor de substantiva; legalista ou formal; mista; principiológica, em sentido restrito; e principiológica em sentido amplo ou da juridicidade.

A definição substantiva “reconhece o ato de improbidade como violação do princípio da moralidade administrativa”. Pela definição legalista ou formal a improbidade consiste na violação da lei, em sentido estrito. Para a corrente mista, o ato de improbidade estaria caracterizado “[...] em função do atentado simultâneo ao binômio legalidade-moralidade.”. A definição principiológica, em sentido restrito, “[...] entende caracterizado o ilícito em razão do atentado aos princípios do art. 37, caput, da CF”. E por último, a corrente principiológica, em sentido amplo ou da juridicidade, “[...] que compreende estar caracterizado o ato de improbidade, a partir da violação de quaisquer dos princípios da Administração Pública”. (BERTONCINI, 2002, p. 50- 70).

Pazzaglini Filho et al (1997, p. 37-38) ensinam que:

numa primeira aproximação, improbidade administrativa é o designativo técnico para a chamada corrupção administrativa, que, sob diversas formas, promove o desvirtuamento da Administração Pública e afronta os princípios nucleares da ordem jurídica (Estado de Direito, Democrático e Republicano), revelando-se pela obtenção de vantagens patrimoniais indevidas às expensas do erário, pelo exercício nocivo das funções e empregos públicos, pelo “tráfico de influência” nas esferas da Administração Pública e pelo favorecimento de poucos em detrimento dos interesses da sociedade, mediante a concessão de obséquios e privilégios ilícitos.

Pela preleção de Osório (2007, p. 247), conclui-se que “a improbidade não é uma expressão que contenha unívocos significados, é verdade. Não há uma forma unitária de abordar a improbidade [...]”. A ideia sustentada pelo autor supramencionado é a de que “[...] a improbidade administrativa é uma patologia especificamente tratada no marco da Lei Geral [...]”.

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