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3.3 NATUREZA JURÍDICA DOS ATOS DE IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA

3.4.1 Sujeitos

3.4.1.1 Sujeito Passivo

A Lei nº 8.429/92 denomina de sujeito passivo a pessoa jurídica vítima do ato de improbidade administrativa. (CARVALHO FILHO, 2008, p. 989).

Moraes (2002, p. 324) distingue o sujeito passivo em mediato e imediato e ensina que aquele é o Estado, tendo em vista que a finalidade da Lei de Improbidade é a proteção do “[...] patrimônio público, a administração da coisa pública (bens, direitos, recursos, com ou sem valor econômico) [...]”. Por sua vez, será considerado sujeito passivo imediato “[...] a pessoa jurídica efetivamente afetada pelo ato, desde que incluída no rol, previsto no artigo 1º, caput, da Lei nº 8.429/92 [...]”.

Assim, o art. 1º, da referida lei, indica quais são os sujeitos passivos do ato de improbidade administrativa:

Art. 1° Os atos de improbidade praticados por qualquer agente público, servidor ou não, contra a administração direta, indireta ou fundacional de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios, de Território, de empresa incorporada ao patrimônio público ou de entidade para cuja criação ou custeio o erário haja concorrido ou concorra com mais de cinqüenta por cento do patrimônio ou da receita anual, serão punidos na forma desta lei.

Parágrafo único. Estão também sujeitos às penalidades desta lei os atos de improbidade praticados contra o patrimônio de entidade que receba subvenção, benefício ou incentivo, fiscal ou creditício, de órgão público bem como daquelas para cuja criação ou custeio o erário haja concorrido ou concorra com menos de cinqüenta por cento do patrimônio ou da receita anual, limitando-se, nestes casos, a sanção patrimonial à repercussão do ilícito sobre a contribuição dos cofres públicos. (BRASIL, 1992).

Importante ressaltar, que o sujeito passivo nem sempre será pessoa administrativa por excelência, isto acontece, em razão de a referida lei ter ampliado a noção de sujeito passivo, em seu art. 1º, parágrafo único, abrangendo além da Administração Pública, algumas entidades, que apesar de não a integrarem, possuem alguma ligação com ela. (CARVALHO FILHO, 2008, p. 989).

Insta salientar a observação de Garcia e Alves no que diz respeito aos entes ligados à Administração, pois segundo os autores a:

Lei de Improbidade não pode servir de esteio a conclusões desarrazoadas e desvinculadas do sistema. Considerando que a lei se destina a alcançar aqueles entes que disponham de tratamento diferenciado do Poder Público, sempre com o objetivo de atingir determinado fim específico, é possível afirmar que, para fins de incidência da Lei nº 8.429/92, os benefícios, incentivos e subvenções não deverão ter sido concedidos em caráter genérico. O percebimento destes sempre deverá estar associado à consecução de determinado fim de interesse público, cuja individualização deve resultar clara pelas circunstâncias de sua concessão. Fosse outra a conclusão, todas as microempresas do País, por isentas do imposto sobre a renda e proventos de qualquer natureza, seriam sujeitos passivos imediatos dos atos de improbidade, o mesmo ocorrendo com as pessoas físicas que

percebem rendimentos no espectro da faixa de isenção. (GARCIA; ALVES, 2011, p. 225).

Segundo Osório citado por Martins Júnior, o que justifica a inclusão das entidades referidas no parágrafo único, do artigo 1ª, da Lei de Improbidade, “[...] é o patrimônio público injetado na iniciativa privada, impondo-lhe alguns requisitos de direito público no emprego desse capital, visto que por essa razão ela fica vinculada aos princípios do trato da coisa pública.”. (MARTINS JÚNIOR, 2009, p. 305).

3.4.1.2 Sujeito Ativo

O sujeito ativo “[...] é aquele que pratica o ato de improbidade, concorre para sua prática ou dele extrai vantagens indevidas. É o autor ímprobo da conduta [...]”. (CARVALHO FILHO, 2008, p. 991).

Segundo a Lei de Improbidade administrativa são assim considerados “[...] o agente público e o terceiro que, mesmo não sendo agente público, induza ou concorra para a prática do ato de improbidade, ou dele se beneficie sob qualquer forma direta ou indireta”. (DI PIETRO, 2009, p. 815).

O art. 2º da Lei nº 8.429/92, define o agente público:

Art. 2° Reputa-se agente público, para os efeitos desta lei, todo aquele que exerce, ainda que transitoriamente ou sem remuneração, por eleição, nomeação, designação, contratação ou qualquer outra forma de investidura ou vínculo, mandato, cargo, emprego ou função nas entidades mencionadas no artigo anterior. (BRASIL, 1992).

Segundo a preleção de Garcia e Alves (2011, p. 250), o dispositivo supramencionado possui um conceito amplo abrangendo:

os membros de todos os Poderes e instituições autônomas, qualquer que seja a atividade desempenhada, bem como os particulares que atuem em entidades que recebam verbas públicas, podendo ser subdividido nas seguintes categorias: agentes políticos, agentes particulares colaboradores, servidores públicos e agentes meramente particulares.

Da mesma forma, Carvalho Filho (2008, p. 992) assevera que a definição de agente público no artigo em tela tem “[...] ampla carga de densidade [...]”, sendo que para ser considerado agente público, para os efeitos da lei em questão, “[...] o fundamental é que o agente público integre qualquer das pessoas mencionadas no

art. 1º e parágrafo único da lei [...]”. Diferentemente da noção comum de agente público, que reconhece como tal “[...] aquele que mantenha vínculo jurídico formal com o Estado [...]”, sendo, portanto, neste caso, mais restrita.

Além do agente público, o art. 3º, da Lei de Improbidade também considera sujeito ativo, o terceiro e assim dispõe: “As disposições desta lei são aplicáveis, no que couber àquele que, mesmo não sendo agente público, induza ou concorra para a prática do ato de improbidade ou dele se beneficie sob qualquer forma direta ou indireta”. (BRASIL, 1992).

Di Pietro (2009, p. 820) aduz que os terceiros “[...] estão sujeitos às sanções cabíveis, desde que de alguma forma tenham concorrido para a prática do ato de improbidade, ainda que não tenham obtido qualquer vantagem em seu próprio benefício”.

Observe-se, por fim, que os terceiros estarão sujeitos apenas “[...] as sanções cominadas ‘no que couber’, o que deve ser entendido de forma a restringir as sanções àquelas compatíveis com sua condição de estraneus [...]”.

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