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2.4 AMBIENTES VIRTUAIS DE APRENDIZAGEM E AS

2.4.1 Conceito e Características dos Ambientes Virtuais de

Um AVA pode ser descrito como um conjunto de instalações técnicas (software, hardware e tecnologias da informação e comunicação) que facilitam a interação, os processos de aprendizagem, a comunicação e a organização da aprendizagem (PENTELÉNYI, 2003, p. 49). Santos (2010, p. 39) amplia essa conceituação acrescentando que um AVA “seria como uma organização viva, em que seres humanos e objetos técnicos interagem em um processo complexo que se auto- organiza”. Isso requer que alunos e professores se apropriem do ambiente, possibilitando, assim, que a vida do sistema seja dada pela interrelação existente entre as partes. Os aspectos técnicos propiciam intertextualidade, navegabilidade e a integração de diversas mídias nos processos de ensino e aprendizagem. A comunicação em tempo real ou qualquer tempo, em conjunto com atividades de pesquisa e trabalhos em grupo, permite a interatividade e a aprendizagem colaborativa.

A transformação cultural para o uso de AVA em ambientes escolares tem como pressuposto o entendimento do que seja o ambiente proposto e de qual será o papel de professores e alunos nessa transformação. O ambiente é interativo, cooperativo ou colaborativo, dependendo das concepções de ensino, aprendizagem, conhecimento e pesquisa de seus participantes (CORTELAZZO, 2009). A intencionalidade dos participantes irá determinar o grau de dialogicidade existente e o grau de autonomia que estes participantes deverão desenvolver. Cortelazzo (2009) ressalta ainda que cabe ao docente on line dar vez e voz aos educandos, e é importante que ele se situe como mobilizador de grupos em aprendizagem colaborativa. Ao analisar os processos de ensino e aprendizagem formais, ou seja, na escola, Wenger (2009) identifica os professores como uma fonte fundamental de conhecimento sobre o ensino e sobre as práticas e experiências da comunidade. O professor não será apenas um especialista no assunto, mas também mentor, facilitador, motivador, conselheiro, treinador, administrador do avaliador, e até mesmo um responsável pelo suporte técnico. Para Wenger (2009, p. 12), as Comunidades de Prática (CoPs) exigem aspectos de gestão dos relacionamentos na comunidade, o que o autor chama de ‘governança de uma comunidade’, onde algumas perguntas precisam ser respondidas:

Quem vai assumir a liderança na realização de um espaço de aprendizagem social para esta comunidade? Como podemos ter certeza de que a parceria sustenta um inquérito produtivo? Quem são os atores externos e quais são suas funções? Que recursos estão disponíveis para apoiar o processo?

De acordo com Wenger (2009), é melhor deixar que a participação do membros da CoP seja voluntária, para que ela exista em virtude de criar valor para os membros, não por causa de um decreto ou determinação maior. Ainda segundo o autor, isso não significa que não se pode incentivar fortemente a participação ou até mesmo pedir que alguém execute uma atividade relevante dentro da comunidade.

O estudo em ambiente de aprendizagem on line não deve ser confundido com independência de estudo, que o aluno faz por conta própria, sem a supervisão de um mediador e sem contato com outros estudantes. O conceito de ensinar está mais diretamente ligado ao professor, assim como o conceito de aprender ao aprendiz (MORAN, 2010, p. 139). Logo, cabe ao aluno ser protagonista da última parte do processo de transformação cultural proposto por Pentelényi (2003). Na aprendizagem on line o aluno necessita reconhecer a necessidade de tomar para si sua própria formação, incluindo a necessidade de interação com os colegas em atividades de aprendizagem situada. Pretti (2000) sugere que o aluno deva ser capaz de entender a necessidade de sua própria autonomia e independência no processo de aprendizagem. O professor é apenas um mediador do processo, não o ator principal.

Na visão de Waquil e Behar (2009), um AVA consiste em um espaço onde se torna possível professor e aluno desenvolverem uma nova relação, não baseada na hierarquia em que o professor é o centralizador do saber. Trata-se de um contexto de aprendizagem diferenciado do tradicional, sem espaço físico ou temporal para que as interações aconteçam.

Para Cortelazzo (2009), os ambientes virtuais e tecnologias da informação em processos de ensino e aprendizagem requerem uma metodologia e uma ambiência que leve os professores e alunos a interagir, cooperar e colaborar. A comunicação e a interação via internet sugerem a existência de processos de negociação de significados, processos que modificam as relações entre os participantes. A autora afirma que a aprendizagem colaborativa envolve um processo individual e social, com a intercambialidade de papéis, sinergia e

colaboração. Um ambiente de aprendizagem é colaborativo, interativo ou cooperativo, dependendo das concepções de ensino em que cada participante obtém seu conhecimento, sua identidade pessoal e sua identidade social.

Fundamentais aos processos de aprendizagem são as interações entre os próprios estudantes, as interações entre os estudantes e os professores, e a colaboração na aprendizagem resulta de tais interações. Em outras palavras, a formação de comunidades de alunos, por meio da qual o conhecimento seja transmitido e os significados sejam criados conjuntamente prepara o terreno para bons resultados de aprendizagem (PALLOFF; PRATT, 2002, p. 27).

Alonso (2009) acrescenta que muitas ações de caráter pedagógico em AVA ainda são realizadas em tarefas na busca de escores e realizações individuais, fazendo desaparecer do contexto a formação e o diálogo. Mais que um repositório de informações e conteúdos, um AVA deve ser potencializado por sua capacidade de integração e interação.

Para Palloff e Pratt (2002, p. 53), em ambientes de ensino on line deve-se prestar atenção à criação de comunidades entre os participantes do grupo: “A comunidade é o veículo através do qual ocorre a aprendizagem online”. A figura 5 esclarece essa visão e mostra as proximidades e interrelações entre os temas.

Figura 5: Estrutura para a aprendizagem à distância

Em uma sala de aula tradicional os alunos se encontram e trabalham em conjunto, realizando trocas, conhecendo-se e aprendendo com isso. No ensino on line isso não acontece instantaneamente, ele “deve ser facilitado” (PALLOFF; PRATT, 2002, p. 53). O processo de facilitação para a criação de comunidades em ambientes online envolve a negociação de diretrizes entre seus membros, acompanhamento e orientações do professor, a condução de discussões, a busca de objetivos comuns, a aquisição de conhecimento entre seus membros pela interação ativa. Almeida (2006), Andrade e Vican (2006) e Pallof e Pratt (2002) reforçam aspectos relacionados à importância da linguagem, da aprendizagem coletiva e da interação social entre os membros da CoP como forma de incentivo e potencialização das comunidades. De acordo com os autores, estes fatores devem ser resultantes de processos planejados, orientados, facilitados e mediados por professores.

2.4.2 A interatividade em Ambientes Virtuais de Aprendizagem