• Nenhum resultado encontrado

2.2 Indicadores de desempenho

2.2.1 Conceito e propriedades

Avaliar as ações públicas é uma forma de acompanhar o desempenho do aparelho do Estado como um todo, que tem um grande desafio desde a transformação da Nova Gestão Pública – a de fazer o Estado funcionar melhor custando menos (CASTANHAR; COSTA, 2003). Seu propósito, conforme avaliam Castanhar; Costa (2003, p. 4) é trazer aos decisores orientações “quanto à continuidade, necessidade de correções ou mesmo suspensão de uma determinada política ou programa”, tornando-os mais eficientes e eficazes.

Conforme detalham Antico e Jannuzzi (2016, p.19) em seu estudo sobre indicadores e a gestão de políticas públicas, “a avaliação de um programa público requer indicadores que possam dimensionar o grau de cumprimento dos objetivos dos mesmos (eficácia), o nível de utilização de recursos frente aos custos em disponibilizá- los (eficiência) e a efetividade social ou impacto do programa”.

Os indicadores de desempenho são uma ferramenta de gestão para comparar os resultados alcançados com as metas estabelecidas (THOMAZ et al., 2014), sendo que, na gestão pública, essa ferramenta tem contribuído para o alcance da transparência de custos e resultados, melhoria da qualidade dos serviços prestados, dentre outros objetivos (PACHECO, 2009).

São informações que “permitem descrever, classificar, ordenar, comparar ou quantificar de maneira sistemática aspectos de uma realidade e que atendam às necessidades dos tomadores de decisões” (BRASIL, 2012a, p. 17).

Ainda sobre a definição de indicadores Ferreira; Cassiolato; Gonzalez (2019, p. 24) descrevem que:

O indicador é uma medida, de ordem quantitativa ou qualitativa, dotada de significado particular e utilizada para organizar e captar as informações relevantes dos elementos que compõem o objeto da observação. É um recurso metodológico que informa empiricamente sobre a evolução do aspecto observado.

A aplicação de indicadores de gestão, segundo retrata Grateron (1999), pode ter duas perspectivas distintas. Uma delas do ponto de vista do gestor público que é

gerenciar melhor os recursos disponíveis e prestar contas sobre a utilização destes recursos. A outra perspectiva é sobre a ótica do cidadão e dos órgãos de controle que poderão exercer um controle e avaliação mais eficazes sobre o gasto público.

Segundo o Guia Referencial para Medição de Desempenho e Manual para Construção de Indicadores do Ministério do Planejamento (BRASIL, 2009, p. 13), os indicadores têm a seguinte finalidade:

• mensurar os resultados e gerir o desempenho;

• embasar a análise crítica dos resultados obtidos e do processo de tomada decisão;

• contribuir para a melhoria contínua dos processos organizacionais; • facilitar o planejamento e o controle do desempenho;

• viabilizar a análise comparativa do desempenho da organização e do desempenho de diversas organizações atuantes em áreas ou ambientes semelhantes.

E para sua construção, é necessário basear-se em dimensões de desempenho, que, segundo o TCU, em seu boletim Técnica de Indicadores de Desempenho para Auditorias (BRASIL, 2011), abrangem a economicidade, eficácia, eficiência e efetividade, características ligadas à nova administração pública, conforme mostra a Figura 1.

Figura 1 – Principais dimensões de desempenho para medição de indicadores

Fonte: TCU (BRASIL, 2011, p. 12).

A construção de indicadores está também ligada à implementação da qualidade e melhoria de desempenho das organizações, tornando-os essenciais para

o planejamento e controle, além de auxiliar os gestores a tomar decisões (THOMAZ, 2013). Contudo, Gómez; Sánchez (2013), ponderam que a formulação de indicadores é uma tarefa complexa, pois inclui conciliar as unidades de medida de um conceito e, ao mesmo tempo, descrever o que pode ser medido por meio deste.

A validade de um indicador depende de suas características e qualidades, conforme afirma Grateron (1999), que são usadas como critério para selecionar os melhores indicadores (BOYANARD, 2013). Baseado nas abordagens de autores como Jannuzzi (2005), Grateron (1999), Brasil (2011) e Brasil (2012) dentre as características e propriedades essenciais que um indicador deve possuir encontram- se:

 Acessibilidade: Facilidade de acesso às informações primárias bem como às de registro e manutenção para o cálculo dos indicadores.  Comparabilidade: Propriedade de possibilitar comparações ao longo do

tempo e entre diferentes objetos de análise.

 Completude: Devem representar adequadamente a amplitude e a diversidade de características do fenômeno monitorado, resguardado o princípio da seletividade e da simplicidade.

 Compreensão: Deve ser de fácil compreensão e não envolver dificuldades de cálculo ou de uso.

 Confiabilidade: A fonte de dados utilizada para o cálculo deve ser confiável, de tal forma que diferentes avaliadores possam chegar aos mesmos resultados.

 Estabilidade: As variáveis componentes do indicador devem ter estabilidade conceitual, sua forma de cálculo não deve variar no tempo, bem como, devem ser estáveis os procedimentos de coleta de dados para sua apuração.

 Homogeneidade: Na construção de indicadores, devem ser consideradas apenas variáveis homogêneas.

 Objetividade: O indicador deve ser inequívoco sobre o que está sendo medido e quais dados estão sendo usados em sua apuração.

 Portabilidade: O uso do indicador pode ser estendido com sucesso para o estudo de processos de outras (sub) áreas do conhecimento contíguas a alguma em que ele funciona adequadamente.

 Praticidade: Garantia de que o indicador realmente é útil para o monitoramento e a tomada de decisões. Para tanto, deve ser testado, modificado ou excluído quando não atender a essa condição.

 Seletividade: Deve-se estabelecer um número equilibrado de indicadores que enfoquem os aspectos essenciais do que se quer medir.  Tempestividade: A apuração do indicador deve estar disponível quando

necessária, em tempo para a tomada de decisão.

 Validade: Grau segundo o qual o indicador reflete o fenômeno que está sendo medido. O enfoque deve ser nos produtos e nos resultados.  Sensibilidade: Capacidade que um indicador possui de refletir

tempestivamente as mudanças decorrentes das intervenções realizadas.

 Relevância: Os valores fornecidos devem ser imprescindíveis para controlar, avaliar, tomar decisões, prestar contas e estabelecer corretivos.

Documentos relacionados