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Custo é “toda e qualquer aplicação de recursos sob diferentes formas e expressa em seu valor monetário, para a produção e distribuição de mercadorias ou prestação de serviços até o ponto em que se possa receber o preço convencionado” (LIMA, 1979).

SPEIDEL (1966) afirma que “custos são a soma dos valores consumidos para a produção da empresa”. Conforme LEONE (1981), custo é o “consumo de um fator de produção, medido em termos monetários, para a obtenção de um produto, um serviço, ou de uma atividade que poderá ou não gerar renda”.

Segundo LEFTWICH (1991), o custo total depende do tamanho e do nível de produção. As partes componentes do custo total são os custos fixos e os custos variáveis. Os custos fixos, por unidade de tempo, não variam, sendo que permanecem constantes, independente da quantidade produzida. Os custos variáveis dependem do nível de produção e devem necessariamente aumentar à medida que a produção aumenta.

A classificação dos recursos como fixos e variáveis permite análises de curto e longo prazo. O curto prazo é o período de tempo em que a empresa não pode variar a quantidade de alguns recursos, ao passo que o longo prazo é o período de planejamento suficientemente longo para que a firma possa variar as quantidades de todos os recursos utilizados por unidade de tempo (MENDES, 1998). As análises de custos aplicadas às empresas florestais sempre terão componentes fixos, portanto, de curto prazo, seja qual for o padrão de custos que adote (GRAÇA, 1997).

Tão ou mais importante que as curvas de custos totais, são as curvas de custos unitários, que são compostas pelas curvas de custo fixo médio, custo variável médio, custo total médio e o custo marginal. Com exceção desse último, as curvas de custos unitários são obtidas dividindo os custos totais, custos fixos e custos variáveis pela produção (LEFTWICH, 1991).

O custo marginal é a mudança no custo total resultante de mudança de uma unidade no insumo. Pode ser definido como o acréscimo no custo variável total, resultante do acréscimo de uma unidade de produto, desde que o acréscimo na quantidade produzida altere os custos variáveis e totais por quantidades exatamente iguais. O custo marginal não depende do custo fixo (MENDES, 1998).

De acordo com HILDEBRAND e MENDES (1991), os recursos empregados pelas empresas no processo de produção florestal são os mesmos. Entretanto, a forma e a intensidade de uso desses recursos variam consideravelmente nas diferentes empresas. Os custos de produção mostram exatamente o uso diferenciado desses recursos e, portanto, as diferenças nos resultados alcançados.

3.5.1 Importância dos Custos nas Empresas Florestais

O setor florestal brasileiro é constituído de um grande número de empresas de porte, porém poucas detêm um conhecimento detalhado de seus custos de produção. O conhecimento desses é de fundamental importância para se avaliar a eficiência de qualquer empresa (GRAÇA; NAKAO, 1991).

GRAÇA (1997) afirma que as operações e seus custos no setor florestal ocorrem no decorrer de vários anos, onde a análise de custos pode ter dois enfoques: ex-ante, ou seja, antes das operações ocorrerem e ex-post, que é após essas terem ocorrido. A análise ex-ante, aplicada particularmente na análise de projetos, de estudos de viabilização de tecnologia etc, faz uma projeção futura de gastos ou despesas em valores correntes. Na área florestal, essa discrepância entre o planejado e o realizado tende a ser maior em função do longo período de maturação dos projetos.

Segundo GONÇALVES et al (1989), “o conhecimento dos custos em uma empresa florestal é fundamental para o planejamento e a administração. As dificuldades do setor florestal, quando comparadas com a indústria, são inúmeras, devido, principalmente, à incerteza dos padrões técnicos e à sazonalidade das operações, onde muitas delas estão sujeitas às condições climáticas”.

DUERR (1972) enfatiza que a atividade florestal possui três características que a distinguem de qualquer outra e que requer um tipo diferente da análise econômica, tanto na importância atribuída aos vários pontos, como na metodologia utilizada. Essas características são;

a) O longo período envolvido no processo de produção de madeira; b) O fato da árvore ser simultaneamente capital gerador e produto;

c) O fato de muitos valores florestais não serem diretamente medidos pelos mercados existentes (externalidades).

HILDEBRAND (1995), cita que as informações pertinentes ao custo de produção das empresas são fundamentais, tanto para as empresas, na definição, monitoramento e aprimoramento de suas ações gerenciais quanto para governos, na definição e administração de suas políticas de desenvolvimento. Os custos são normalmente objeto de análise a curto, médio e longo prazo. Dessas análises, por exemplo, derivam informações que são importantes para:

a) Planejamento e mensuração da eficiência de operações, atividades e processos de produção da empresa;

b) Avaliação de alternativas de investimento, novos negócios e novos sistemas de produção (processos, máquinas e equipamentos, entre outros);

c) Definição de programas de aprimoramento institucional, em nível dos recursos humanos e procedimental;

d) Maximização dos lucros, a qual pode ser obtida através da minimização do custo de produção, mantendo-se a receita constante;

e) Determinação de políticas de longo prazo (expansão da produção) na empresa; e

f) Definição de políticas governamentais de custeio, fomento e desenvolvimento, tão comuns no setor agrícola.

3.5.2 Custos de Oportunidade

De acordo com MENDES (1998), o custo de oportunidade refere-se a remuneração que os fatores de produção teriam na melhor alternativa de utilização. Conforme HILDEBRAND (1995), entre os custos envolvidos estão aqueles cuja avaliação técnico-econômica é de grande importância, como é o caso do custo de

oportunidade da terra. A terra é o capital básico de qualquer produtor florestal, sendo de relativa permanência e representando um alto investimento.

GRAÇA (1997) afirma que o economista está interessado nos detalhes dos custos fixos e variáveis e na estrutura de custos. Já aos produtores interessam os aspectos imediatos da produção, ligados aos custos variáveis, relegando a um segundo plano os custos fixos, em especial aqueles que estão ligados a custos de oportunidades.

Em geral, pequenos produtores florestais tem pouco interesse em imputar custos de oportunidade à terra, e muitas vezes sequer conhecem o conceito (GRAÇA, 1997). O mesmo autor salienta que esses produtores não vêem a terra como um bem conceitualmente disponível para obter remuneração alternativa, a não ser quando colocam eventualmente em arrendamento.

HILDEBRAND (1995) menciona que há na literatura opiniões contraditórias referentes a determinação dos custos do uso do recurso terra, que na atividade florestal é indispensável. Pode-se dizer que o custo do capital terra nada mais é do que a remuneração periódica e perpétua do capital investido nesse recurso por parte do processo produtivo.

TURRA (1990) afirma que a alíquota de juros mais freqüente para a remuneração do recurso terra, em vários estudos analisados foi de 3%, não havendo justificativa para valores maiores que esse. Entretanto, HILDEBRAND e MENDES (1991) salientam que, historicamente, a Taxa de Remuneração do Recurso Terra (trrt) nas empresas florestais tem sido calculada para um valor entre 3% a 6% ao ano. A principal justificativa para o valor de 6% é o juro pago pela poupança, por constituir-se uma oportunidade de investimento alternativo de alcance generalizado.