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CAPÍTULO I BASES CONCEITUAIS PARA CONSTRUÇÃO DA

1.4. Sustentabilidade

1.4.1. Conceitos de Desenvolvimento Sustentável

O tema do “Desenvolvimento Sustentável” é ancorado no pensamento de autores contemporâneos em enfoques diferenciados que vão de uma maior preocupação com os aspectos de conservação e proteção do meio ambiente no processo de desenvolvimento até a idéia de sustentabilidade ampliada quando as diversas dimensões do desenvolvimento ganham força.

Desenvolvimento Sustentável é conceituado por inúmeros autores onde se optou pelos pensamentos de LEROY (1998), HARDT e PELLIZZARO (2006), GROSTEIN (2001) e outros autores com estudos já realizados para a região do Planalto Central abrangendo a área do estudo do Eixo Rodoviário do Complexo Territorial Brasília- Goiânia, como os realizados por RIBAS (2002), BEZERRA (1996) e BARBOSA (1999).

Deve-se focar que o debate sobre o Desenvolvimento vem sendo discutido há algumas décadas, mas recentemente se intensificou, com as diversas mudanças políticas que o mundo tem sofrido o forte acirramento das tensões sociais, principalmente nos países pobres, e a incessante degradação do meio ambiente.

A implementação do Desenvolvimento Sustentável é a forma mais racional de modelo de desenvolvimento com qualidade de vida na relação homem X natureza e, ao mesmo tempo, socialmente justa. Este conceito adquiriu proporções internacionais a partir do Relatório Brundtland, no livro intitulado Nosso Futuro Comum apresentado em 1987 como resultados dos trabalhos da Comissão criada pelas Nações Unidas logo após a Conferência de Estolcomo.

Nesta Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento em Estocolmo no ano de 1972, a qual deu origem ao Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente – PNUMA, é divulgado o conceito de ecodesenvolvimento, proposto nos anos 1970 por Maurice Strong e Ignacy Sachs.

O Relatório discutido em Estocolmo com o foco em ecodesenvolvimento serviu de base para as discussões de desenvolvimento sustentável na Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento14, realizada em 1992 no Rio de Janeiro onde o conceito ganhou uma visibilidade internacional.

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Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, a Cúpula da Terra de 1992 - Eco-92, ocorrida no Rio de Janeiro, conceituou e popularizoun no Brasil que o Desenvolvimento Sustentável busca o equilíbrio entre proteção ambiental e desenvolvimento econômico e serviu como base para a formulação da Agenda 21, com a qual mais de 170 países se comprometeram, por ocasião da Conferência. Trata-se de um abrangente conjunto de metas para a criação de um mundo, enfim, equilibrado.

A conferência "Rio-92" adotou o seguinte significado para desenvolvimento sustentável: "a possibilidade de satisfazer as necessidades da geração atual sem que isso impeça que as gerações futuras possam satisfazer as suas".

Os países, classes e economias dominantes se apoderaram do termo, afirmando que tal desenvolvimento poderia ser alcançado com o incremento e a livre ação do mercado. Preocupadas, as Organizações Não Governamentais ligadas à agricultura, reunidas em fórum internacional - a Eco 92, definiram, por exemplo, agricultura sustentável como "aquela ecologicamente correta, economicamente viável, socialmente justa, culturalmente adaptada e que se desenvolve como um processo, numa condição democrática e participativa" (LEROY, 1997).

Na Conferência de Estocolmo de 1972 o posicionamento antagônico dos países ricos e pobres ficou mais evidenciado, com os primeiros preocupados com a poluição, a degradação ambiental e outros problemas decorrentes dos seus processos de desenvolvimento; enquanto os países pobres preocupavam com a pobreza e a possibilidade, e o direito, de se desenvolverem a qualquer custo.

O modelo de desenvolvimento dominante no mundo ocidental até recentemente tinha o crescimento econômico como seu pilar estruturante e como contraponto a desconsideração da dimensão ambiental do processo de desenvolvimento.

Erroneamente supunha a existência de uma superabundância de recursos naturais e que não existiam limites bio-físicos à expansão econômica, como se presumíveis ameaças de esgotamento dos recursos naturais pudessem ser sempre neutralizadas pelo desenvolvimento de novas tecnologias, como se o capital natural fosse de custo zero.

O crescimento econômico que conhecemos hoje está baseado no uso intensivo da energia fóssil; no uso da água, do ar e do solo como receptores de dejetos; na super exploração de ecossistemas naturais; e na crescente utilização de tecnologias modernas como os agro-químicos na agricultura.

O desenvolvimento sustentável passa obrigatoriamente pela organização do espaço construído, com a utilização dos instrumentos técnicos, institucionais e da base legal. No caso brasileiro foi significativa a construção da base legal, hoje as legislações

federal, estadual e municipal tanto em gestão e planejamento ambiental como urbano, contemplando a promoção do uso sustentável dos recursos naturais no atendimento das demandas sócio-econômicas da população.

BEZERRA (1996) 15, em sua Tese de Doutorado, adverte que é importante ter o cuidado de distinguir entre "crescimento" e desenvolvimento, pois, “o crescimento

econômico, que é um aumento em quantidade, não pode ser sustentável indefinidamente em um planeta finito. O desenvolvimento econômico, que é uma melhoria da qualidade dos recursos consumidos, pode ser sustentável.”.

RIBAS (2002) 16 em sua Tese de Doutorado analisa o debate sobre conceito de sustentabilidade e conclui que ainda falta conteúdo preciso para conceituar, de forma integrada – desenvolvimento e sustentabilidade – do conceito de desenvolvimento sustentável, principalmente nos diálogos com a economia política e as ciências sociais.

RIBAS (2002) afirma que existe uma tendência de conceituar sustentabilidade como um conceito importado da ecologia e que certamente ainda não conta com clareza a sua operacionalidade ao ser aplicada na sociedade. Afirma ainda que “A nosso ver, o

debate teórico em torno do conceito de desenvolvimento sustentável é próprio do momento de sua construção e validação.”.

Segundo RIBAS (2002), é importante que o conceito a ser construído defina que alguma ação ou prática seja sustentável, pois, há a necessidade de comparação entre dois momentos no tempo, ou seja, a leitura entre o passado e o presente e, entre o presente e o futuro.

RIBAS (2002) enfatiza em sua Tese: “Dir-se-ão então sustentáveis as práticas

que se pretendam compatíveis com a qualidade futura postulada como desejável”. A complexidade eleva-se quando parte para o desafio atual da transdisciplinaridade dos enfoques urbanos que passam por uma confusa participação nas diversas instâncias do Governo e mesmo nas instituições de ensino, pesquisa e extensão.

15 BEZERRA. M. Carmo. Planejamento e Gestão Ambiental: uma abordagem do ponto de vista dos instrumentos

econômicos, Tese de doutorado, FAU/USP, São Paulo, 1996.

16 RIBAS, Otto Toledo. A sustentabilidade das cidades - Os instrumentos da gestão urbana e a construção da

Finalizando, RIBAS (2002) conclui que para esta busca pela conceituação mais próxima do ideal de desenvolvimento sustentável passa pela [....] “análise das

condições estruturais de estabilidade, vulnerabilidade e resistência de um sistema histórico, inconstante, de relação entre componentes que pertencem a diversos domínios da realidade: físico, ecológico, produtivo e sócio-cultural.”