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Conceitos e características das Empresas de Base Tecnológica

Capítulo III – Referencial teórico

3.1. Conceitos e características das Empresas de Base Tecnológica

3.1.1. Conceitos das Empresas de Base Tecnológica

Definir Empresas de Base Tecnológica (EBT) não é simples por se tratar de um conceito que incorpora diversas interpretações. Entretanto, as definições encontradas na literatura mostram-se pouco divergentes.

O Arthur D. Little Group foi o primeiro a definir as EBTs como empresas baseadas na exploração de uma invenção ou inovação tecnológica que implique substanciais riscos tecnológicos (STOREY, TETHER, 1998). Segundo Côrtes et al. (2005: 87) as EBTs “são empresas que realizam esforços tecnológicos significativos materializados no desenvolvimento de novos produtos”. Storey e Tether (1998) identificaram como EBTs aquelas empresas de caráter tecnológico intenso. De acordo com o relatório SEBRAE/IPT (2001), pode-se dizer de forma sintética que as EBTs são empresas que se utilizam de tecnologias inovadoras, investem de maneira significativa em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D), empregam engenheiros e técnico-científicos em números superiores aos das empresas tradicionais, atuam caracteristicamente em segmentos que recebem pouca atenção das grandes empresas e se concentram no desenvolvimento de novos produtos e processos.

Ainda que as empresas de base tecnológica dos países em desenvolvimento apresentem muitas semelhanças com as dos países desenvolvidos, como seu engajamento com o desenvolvimento tecnológico e com a inovação, é necessário observar algumas singularidades. Côrtes et al (2005) defendem que, para se conceituar empresas de base tecnológica em países em desenvolvimento, é preciso considerar como inovação tecnológica não apenas aquelas “significativas” (ou radicais), mas também a inovação incremental e a imitação, e suas articulações diretas com instituições de pesquisa ao invés de apenas com departamentos formalizados de pesquisa e desenvolvimento.

Para essa pesquisa foi adotado o conceito de EBTs do SEBRAE/IPT, levando em consideração as ressalvas defendidas por Côrtes et al (2005).

3.1.2. Características das Empresas de Base Tecnológica

Segundo Santos (2007), um estudo realizado por Bollinger et al levantou dois conjuntos de fatores que influenciam o sucesso das EBTs.

“Em um primeiro conjunto, estariam as características dos fundadores das EBTs, como a forte herança familiar empreendedora e o nível educacional. Em um segundo conjunto, estariam os fatores relacionados com a formação da empresa, organização e gestão, destacando-se a presença de marketing e a capacitação gerencial dos funcionários.” (apud SANTOS, 2007: 24)

Neste estudo, as características dos fundadores abordadas foram o nível educacional e sua idade quando iniciaram suas atividades. Segundo Santos (2007), os fundadores das EBTs nos países desenvolvidos são relativamente jovens, com uma média de idade de 32 anos e com alto nível educacional (a maioria com curso de graduação). Segundo Storey e Tether (1998), os fundadores de EBTs vêm de um nível educacional mais elevado que o dos fundadores de outros tipos de empresas.

Ao levantar o porte das empresas de base tecnológica, verifica-se que embora existam empresas de grande porte, como a Apple e a Genentech nos EUA, as EBTs geralmente têm a característica de ser de menor porte. Um estudo realizado por Santos (2007) revela que 53% das empresas brasileiras de base tecnológica que compuseram sua amostra empregavam menos de 20 pessoas, sendo a média de 11 pessoas. Espera-se que o crescimento das EBTs esteja relacionado, principalmente ao uso intenso de tecnologia. Todavia, Santos (2007) verificou que o crescimento das EBTs pode estar também relacionado a outros fatores, como as características dos fundadores das empresas e fatores ligados à formação da empresa. Quaisquer que sejam as razões que impulsionam seu crescimento, Silva (2005) constata que as novas EBTs apresentam um crescimento claramente mais expressivo que as demais novas empresas da economia. No entanto, Santos (2007) indica que a maioria das EBTs não deixa de ser pequenas empresas pelo fato de o crescimento não ser um objetivo central para estas empresas.

Outra característica apontada por Santos (2007) indica que as EBTs são mais dependentes de agentes de financiamento que as indústrias tradicionais, devido aos altos custos de desenvolvimento de tecnologia, pouco financiado por empréstimos bancários, e ao tempo de transferência da tecnologia para o mercado.

Segundo Pinho, Côrtes e Fernandes (2002), quatro programas se destacam entre os disponíveis para as EBTs no estado de São Paulo: o Contec (Programa de Capitalização de Empresas de Base Tecnológica) da BNDESPAR; o FINEP integral (Apoio Integral a

Clientes-Base) da Finep; o PIPE (Inovação Tecnológica em Pequenas Empresas) da Fapesp; e o PNI (Programa Nacional de Apoio a Incubadoras de Empresas) do Ministério de Ciência e Tecnologia (MCT). Estes programas não atendem exclusivamente as EBTs, mas enfatizam apoio a essas empresas. Pinho, Cortês e Fernandes (2002) trazem uma breve descrição de cada um deles.

“O Contec é um fundo de capital de risco gerido pela empresa de participações do sistema BNDES. Oferece a firmas com faturamento anual inferior a R$ 15 milhões recursos de até R$ 2 milhões (...). Este programa é direcionado a EBTs suficientemente consolidadas para já terem demonstrado a viabilidade comercial do projeto. (...) O Finep.integral constitui uma linha de financiamento para apoiar de forma integral a viabilização de empreendimentos de base tecnológica, (...) permitem um financiamento de 80% do valor orçado, cabendo notar que a linha cobre de maneira abrangente as necessidades de recursos para investimento das EBTs, não só em termos do ativo fixo (máquinas e instalações físicas) mas também no tocante ao acréscimo do capital de giro e aquisição de tecnologia e serviços tecnológicos. (...) O PIPE da Fapesp, montado em 1997, constitui a primeira iniciativa dessa instituição de apoio diretamente a empresas. Confere priorização à interação entre pequenas empresas (até 100 empregados) e instituições de pesquisa para o desenvolvimento de novos produtos e capacitação tecnológica. (..) O PNI do MCT tem um perfil bem distinto desses programas, estando voltado à prestação de assistência técnica e à capacitação gerencial das incubadoras de empresas. Ainda que o programa não se restrinja a incubadoras de EBTs, o próprio peso que essas empresas têm no conjunto das incubadoras brasileiras acaba por torná-las as principais beneficiárias do programa.” (PINHO, CÔRTES, FERNANDES, 2002: 6- 7)

Vários outros programas também atendem as EBTs, como o PDTI (Programa de Desenvolvimento Tecnológico Industrial) e os projetos Alfa e Ômega do MCT e o FGPC (Fundo de Garantia para a Promoção da Competitividade) (PINHO, CÔRTES, FERNANDES, 2002)8.