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A análise das demonstrações financeiras teve origem no setor bancário americano por volta de 1895. Ainda hoje, a classe bancária é a maior usuária de ferramentas para avaliar a realidade econômico-financeira das organizações. Schier (2005) salienta que o Brasil iniciou a produção destas análises a partir da década de 70 com o surgimento do Serasa, empresa atuante com análises de bancos comerciais.

Também conhecida como análise de balanços, esta avaliação objetiva extrair os disponíveis das demonstrações financeiras e convertê-los em informações básicas para os usuários que carecem de conhecimentos técnicos, contribuindo assim para a decisão empresarial.

Os procedimentos para avaliação das demonstrações contábeis contemplam o monitoramento dos resultados e do desempenho da organização. Padoveze (2009, p.439) aborda o procedimento de análise de desempenho.

“A metodologia clássica para avaliação do desempenho global da empresa normalmente é chamada de análise financeira ou análise de balanço. Através de um conjunto de procedimentos e conceitos aplicados de forma inter-relacionada, obtém-se uma série de indicadores que permite fazer uma avaliação sobre a situação econômica e financeira da empresa e o retorno do investimento.”

Uma das principais formas de avaliação de desempenho é a análise de indicadores econômico-financeiros. Matarazzo (2010, p.82) apresenta a definição de índice. “Índice é a relação entre contas ou grupo de contas das Demonstrações Financeiras, que visa evidenciar determinado aspecto da situação econômica ou financeira de uma empresa.”.

A análise é realizada considerando aspectos operacionais, econômicos, financeiros e patrimoniais da organização. Através de cálculos, as informações presentes nas demonstrações contábeis serão convertidas em indicadores. Padoveze (2009, p.439) salienta a importância da análise de balanço. “A avaliação sobre a empresa tem por finalidade analisar o resultado e o desempenho da empresa, detectar os pontos fortes e fracos do processo operacional e financeiro da companhia, objetivando propor alternativas de curso futuro a serem tomadas e seguidas pelos gestores da empresa.”.

Convém avaliar a quantidade de índices necessários para atingir determinado objetivo. Schier (2005, p.59) enfatiza que “A determinação dos índices se realiza através do quociente entre contas (parciais ou totais) do balanço patrimonial entre si, e entre contas do balanço patrimonial e contas de demonstração de resultado.” Para tal, o autor frisa a necessidade de padronização das contas financeiras, contribuindo para a melhor eficiência das comparações.

Os quadros 3 e 4 apresentam a estrutura legal das demonstrações mais utilizadas em análises financeiras, conforme ressaltam Padoveze e Benedicto (2010, p.97). “O balanço patrimonial e a demonstração do resultado do exercício são os principais relatórios objeto de análise financeira.”.

Ativo Passivo + Patrimônio Líquido

Ativo Circulante Passivo Circulante

Ativo Não Circulante Passivo Não Circulante

Realizável a Longo Prazo Patrimônio Líquido

Investimento Capital Social

Imobilizado ( - ) Gastos com Emissão de Ações

Intangível Reservas de Capital

Opções Outorgadas Reconhecidas Reservas de Lucros

( - ) Ações em Tesouraria Ajustes de Avaliação Patrimonial Ajustes Acumulados de Conversão Prejuízos Acumulados

Obs: Ações em Tesouraria é conta retificadora da reserva utilizada para tal fim. Quadro 3: Modelo de Estrutura do Balanço Patrimonial

RECEITA BRUTA DE VENDAS E SERVIÇOS

( - ) Impostos, devoluções e descontos sobre vendas e serviços

RECEITA LÍQUIDA DE VENDAS E SERVIÇOS

( - ) Custo das mercadorias vendidas e serviços prestados

LUCRO BRUTO

RECEITAS DESPESAS OPERACIONAIS

( - ) Com vendas

( - ) Gerais e administrativas

( - ) Honorários dos administradores ( - ) Depreciação e amortização

( + / - ) Participação em controladas e controlada em conjunto ( + / - ) Outras receitas despesas operacionais

LUCRO OPERACIONAL ANTES DO RESULTADO FINANCEIRO RESULTADO FINANCEIRO

( + ) Receitas financeiras ( - ) Despesas financeiras

Lucro do exercício antes do imposto de renda, contribuição social e das participações

Imposto de renda e contribuição social ( - ) Corrente

( - ) Diferido

Lucro do exercício antes das participações

( - ) Participação de acionistas não controladores

Lucro do exercício antes das participações minoritárias

( - ) Participações minoritárias

LUCRO LÍQUIDO DO EXERCÍCIO

Lucro líquido do exercício por ação do capital social em circulação no final do exercício Quantidade de ações do capital social em circulação no final do exercício

Demonstração do Resultado do Exercício

Quadro 4: Estrutura da Demonstração do Resultado do Exercício Fonte: Silva (2012, p.51)

A análise das demonstrações financeiras é dividida em duas etapas: a avaliação da estrutura financeira da empresa e da estrutura econômica, conforme a figura 4.

ESTRUTURA

Situação Financeira

LIQUIDEZ

Situação Econômica RENTABILIDADE

PRINCIPAIS ASPECTOS REVELADOS PELOS ÍNDICES FINANCEIROS

Figura 4: Principais aspectos revelados pelos índices financeiros

Fonte: Matarazzo (2010, p.90)

A figura 5 e a figura 6 apresentam, respectivamente, a abrangência e a caracterização da análise econômico-financeira.

Figura 5: Abrangência e caracterização da análise econômico-financeira Fonte: Padoveze e Benedicto (2010, p.100)

Figura 6: Objetivos da análise econômico-financeira Fonte: Padoveze e Benedicto (2010, p.90)

Padoveze e Benedicto (2010) relatam as diversas razões da análise das demonstrações. Dentre elas, estão a liberação de crédito, investimentos de capital, fusão e incorporação de empresas, rentabilidade e perspectivas da empresa, além de fiscalização e relatórios administrativos da organização.

Padoveze e Benedicto (2010) enfatizam ainda as finalidades desta análise para os diferentes usuários. Os acionistas ainda são os usuários mais interessados das análises das demonstrações. Esses investidores objetivam a criação de maior valor econômico que venha a lhes beneficiar e maior distribuição de lucros. Para os gestores, a análise é um instrumento primordial de avaliação de resultados e desempenho. Já os credores buscam evidências relacionadas à solvência ou liquidez da organização a curto e longo prazo, para fins de fornecimento de créditos.

Conforme relatam Padoveze e Benedicto (2010, p.95), o interesse para os fornecedores “é que seus clientes liquidem as duplicatas no prazo estipulado”. Já os clientes buscam a evidência de parcerias com os fornecedores. Para o governo, além da obrigatoriedade de publicações e entrega de declarações, a necessidade está no cruzamento de informações e, principalmente, na questão tributária (análise da geração de impostos e de renegociação de impostos), bem como avaliação estatística ou econômica.

A Comissão de Valores Mobiliários e a Bolsa de Valores utilizam as informações objetivando a sua transparência e segurança aos seus investidores, além da visibilidade da administração da empresa por meio de informações contábeis (governança corporativa). Já para a bolsa de valores, o intuito está em possibilitar liquidez aos papéis negociados. Funcionários e sindicatos visam análises por diversos motivos: dentre eles, a estabilidade do emprego, possibilidade de aumento de remuneração e benefícios e, no caso dos sindicatos, reajustes salariais.

Devem ser enfatizados aspectos fundamentais para a análise, como objetivo do estudo, ramo de atividade, situação econômico-financeira e tendências. Segundo Matarazzo (2010, p.118), há três métodos para avaliar um índice: através do significado intrínseco, pela comparação ao longo de vários exercícios e pela comparação com índices-padrões de outras empresas do mesmo ramo. “De qualquer maneira, a análise do valor intrínseco de um índice é limitada e só deve ser usada quando não se dispõe de índices-padrão proporcionados pela análise de um conjunto de empresas.”.

Braga (2009, p.141) apresenta o objetivo da análise dos indicadores econômico-financeiros. “Embora possa variar quanto a sua denominação – análise contábil, análise financeira, análise econômico-financeira, análise de balanço etc. –, a análise das demonstrações contábeis tem por objetivo observar e confrontar os elementos patrimoniais e os resultados das operações, visando ao conhecimento minucioso de sua composição qualitativa e de sua expressão quantitativa, de modo a revelar os fatores antecedentes e determinantes da situação atual e, também, a servir de ponto de partida para delinear o comportamento futuro da empresa.”.

Objetivando a comparabilidade, a informação contábil deve haver um acompanhamento tendencial. A finalidade da utilização de quocientes, segundo Iudícibus (2010), é proporcionar a visualização de tendências a partir da comparação dos índices com padrões pré-estabelecidos. Além de reproduzir acontecimentos

passados, a análise das demonstrações contribui na criação de parâmetros que poderão inferir nos acontecimentos futuros.

A partir dos dados gerenciais, é possível fazer uma análise econômico- financeira com a finalidade de avaliar a situação patrimonial ou operacional específica de uma empresa. Padoveze (2005, p.131) afirma que a análise tem por objetivo a busca por elementos que forneçam clareza às demonstrações ou que apontem o desempenho econômico-financeiro da entidade. “Basicamente, consiste em números e percentuais resultantes das diversas inter-relações possíveis entre os elementos patrimoniais constantes do balanço e da demonstração de resultado.”.