• Nenhum resultado encontrado

Neste momento apresento as categorias à luz do referencial, voltadas para o ser humano que neste estudo é o enfermeiro-educador. Estas fornecerão os elementos que nortearão o desenvolvimento do estudo: “Ser Humano”, “Educação”, “Prática Pedagógica”, “Práxis”, “Interdisciplinaridade”, “Disciplina”.

3.3.1. Ser Humano

Ser social, capaz de constituir, pela consciência, a realidade em construção e dar sentido às suas experiências subjetivas enquanto

membro de determinado grupo social e específico. Interage com os seres humanos através do diálogo e tem a capacidade de ensinar e aprender. Para Vasconcelos (2002),

no contexto da educação em Enfermagem, há que se considerar que esses seres são parte da natureza, sendo capazes de construir seu próprio conhecimento e, com base nele, exercer suas funções específicas. São seres da práxis, compreendida como ação e reflexão dos homens sobre o mundo, com o objetivo de transformar o mundo e a si próprio, através do exercício da cidadania.

Os Seres humanos neste estudo são:

a) Enfermeiro-educador: são os trabalhadores que atuam na prática pedagógica, que visam auxiliar o educando no seu processo de ensino e aprendizagem mediando à construção dos saberes. No contexto da educação em Enfermagem, é importante considerar que esses seres têm por objetivo transformar a realidade e auxiliar na construção da cidadania. O Educador deve ter em mente a necessidade de se colocar em uma postura norteadora do processo ensino e aprendizagem, levando em consideração que sua prática pedagógica em sala de aula tem papel fundamental na construção do conhecimento. Sobre essa prática, Gadotti (2000, p. 9) afirma que “nesse contexto, o educador é um mediador do conhecimento, diante do educando que é o sujeito da sua própria formação. Ele precisa construir conhecimento a partir do que faz e, para isso, também precisa ser curioso, buscar sentido para o que faz e apontar novos sentidos para o que fazer dos seus educandos”.

b) Educando: aquele que se pretende formar conforme definido no perfil profissional do curso. Refere-se ao profissional para a área da saúde de nível técnico, integrante da Equipe de Enfermagem e da Saúde, com exercício regulado por Lei, com competência para desenvolver, sob supervisão do enfermeiro, ações de promoção, prevenção, recuperação e de reabilitação, determinadas pelas necessidades individuais ou coletivas no processo saúde e doença.

3.3.2 Educação

Para Niestsche (1998, p.141),

espaço formal. É considerada uma prática social que tem por finalidade contribuir para a libertação das classes dominadas... se preocupa com a valorização do processo de transformação do ser humano enquanto agente transformador de sua realidade, rumo à justiça.

 

A educação abrange os processos formativos que se desenvolvem ao longo da vida, é uma estratégia para que o indivíduo possa construir- se dentro do mundo do trabalho, como sujeito. Para Reibnitz e Prado (2006, p.25), a educação “é o meio através do qual ocorrem preparação e a integração plena dos indivíduos para serem sujeitos na vida pública”. Segundo as autoras cabe a escola a formação do sujeito ético, capaz de exercer sua cidadania com autonomia e responsabilidade coletiva. Fazenda (2001, p.246) refere-se à educação como resultado, ou seja, para a autora o educar como intervenção humana precisa responder aos problemas e fenômenos complexos do homem em situação educativa visando favorecer o sujeito na sua realização e nos eu desenvolvimento.

3.3.3 Prática Pedagógica

A prática pedagógica crítica é um processo de trabalho que vai sendo construído na vida com a intenção de vê-la como uma espécie de laboratório vivo de experimentação do aprender fazendo. É uma prática de ensino orientada através dos princípios multidimensionais, com base em experiências vividas, o que requer uma transformação qualitativa de cada aspecto do ensino, ao invés, de concentrar-se em técnicas e estratégias já estabelecidas. Isto não é conceito de prática pedagógica, mas de prática pedagógica crítica. Quanto à prática pedagógica tradicional, as ações de ensino estão centradas na exposição dos conhecimentos pelo educador. Este é visto como a autoridade máxima, um organizador dos conteúdos e estratégias de ensino e, portanto, o único responsável e condutor do processo educativo. Como afirma Veiga (1992, p. 16) a prática pedagógica é “... uma prática social orientada por objetivos, finalidades e conhecimentos, e inserida no contexto da prática social. A prática pedagógica é uma dimensão da prática social ...”.

3.3.4 Práxis

É a ação transformadora da realidade social, onde sujeito e objeto se apresentam em uma unidade indissolúvel na relação prática, a partir da reflexão consciente e compreensão. Vasquez (1990, p.5) refere-se ao termo práxis como “a atividade humana que produz objetos; sem que por outro lado esta atividade seja concebida com o caráter estritamente utilitário que se infere do significado do ‘prático’ na linguagem comum”.

Para Martins, Prado e Reibnitz ‘o sujeito da práxis, ou agente, é um ser prático (teórico-prático), dotado de consciência, sensibilidade, vontade de criar e produzir para satisfazer suas necessidades humanas, "do estômago à fantasia" (MARX, 1996). Este ser, é, em razão, o ser humano; e sua "atividade propriamente humana só se verifica quando os atos dirigidos a um objeto para transformá-lo se iniciam com um resultado ideal, ou finalidade, e terminam com um resultado ou produto efetivo, real" ‘(MARTINS, PRADO e REIBNITZ, 2006, p. 17).

3.3.5 Interdisciplinaridade

A interdisciplinaridade poderia então ser definida como a possibilidade de um trabalho coletivo em busca de soluções, mas sempre respeitando as bases disciplinares. Caracteriza-se pela intensidade das trocas e desenvolve-se na prática do trabalho, baseado em situações concretas, buscando a resolução de um enfrentamento da realidade. É uma busca compartilhada para a resolução de problemas. Objetiva promover a superação da super especialização e da desarticulação entre a teoria e a prática, como alternativa à disciplinaridade. Na educação ela se manifesta enquanto possibilidade de quebrar a rigidez dos compartimentos em que se encontram isoladas as disciplinas dos currículos escolares. Severino (1995) enfatiza que

Ser interdisciplinar, para o saber, é uma exigência intrínseca, não uma circunstância aleatória... em todas as esferas de sua prática os homens atuam como sujeitos coletivos. Por isso mesmo, o saber, como expressão da prática simbolizadora dos homens, só será autenticamente humano e autenticamente saber, quando se der interdisciplinarmente. Ainda que mediado pela ação singular, dispersa e

especializada dos indivíduos, o conhecimento só tem sentido pleno quando inserido nesse tecido mais amplo do cultural.

 

3.3.6 Disciplina

A disciplina é aquela que nos oferece uma imagem particular da realidade. Para Luck (1994, p.38-39) é

um conjunto específico de conhecimento de características próprias, obtido por meio de método analítico, linear e atomizador da realidade, produz um conhecimento aprofundado e parcelar (as especializações). Ela corresponde, portanto, a um saber especializado, ordenado e profundo que permite ao homem o conhecimento da realidade, a partir de especificidades, ao mesmo tempo em que se deixa de levar em consideração o todo de que faz parte. Disciplina e Ciência, portanto, se correspondem e têm como elemento básico a referência e o estudo de objetos de uma mesma natureza

3.4 PRESSUPOSTOS

Os pressupostos são afirmações que explicam crenças e princípios aceitos como verdadeiros, são suposições sobre algumas idéias. Não são comprovados cientificamente. Os pressupostos dão sustentação ao problema de pesquisa e aos métodos de obtenção e análise das informações (TRENTINI; PAIM, 1999, p.52).

Ressalto que a partir do estudo muitos dos meus pressupostos foram ratificados. São eles:

• Se a formação do educando ocorrer de forma interdisciplinar o profissional estará mais apto a atender novas demandas da sociedade.

• A adoção da metodologia interdisciplinar implica na prévia superação de obstáculos institucionais, dentre eles a disponibilidade de tempo para o planejamento pedagógico coletivo.

• A interdisciplinaridade pressupõe um trabalho integrado em que cada participante seja capaz de observar as relações de sua disciplina com as demais, sem negligenciar o terreno de sua

especialidade.

• A interdisciplinaridade depende de atitude, trocas, cooperação e de interação. Os enfermeiros-educadores precisam exercitar o olhar para si e para o outro, acreditando que dessas relações surgem as oportunidades de interações, de trocas, podem possibilitar a construção de outros saberes, novos conhecimentos, que aplicados e experimentados sobre essa realidade podem modificá-la, gerando novas práticas e novas relações.

• Interdisciplinaridade não é categoria de conhecimento, mas de ação. Por isso, os campos de prática, o envolvimento em projetos de intervenção em situações concretas, configuram-se, nestes cenários, a oportunidade de aplicação do conceito estrito de interdisciplinaridade.

• O aprendizado é mais eficaz quando os conhecimentos são integrados e contextualizados, assim adquirem significado e sentido.

• A atenção integral à saúde é facilitada quando o trabalho se articula superando a fragmentação entre os saberes e práticas. • Na reflexão sobre o processo de ensino e aprendizagem, é

preciso considerar a realidade e fundamentar-se nela, como geradora dos processos de mudança e iluminadora dos caminhos a serem alterados e percorridos. Um processo de análise e reflexão coletiva pode constituir-se em um instrumento pedagógico e político de mudança.

• A ação docente desenvolvida na educação profissional ainda não consegue convergir e se articular objetivando a unicidade.

Caminhar com bom tempo, numa terra bonita, sem pressa, e ter por fim da caminhada um objetivo agradável: eis, de todas as maneiras de viver, aquela que mais me agrada.  

Jean Jacques Rousseau

CAPÍTULO IV

PERCURSO METODOLÓGICO

Nesse capítulo, apresento o percurso metodológico desenvolvido no presente estudo, que possibilitou a concretização dos objetivos propostos, respeitando o rigor necessário para um trabalho científico.

Este estudo que tem como pano de fundo a complexidade, isto é, a visão sistêmico-complexa da realidade. Embora a complexidade propriamente dita não tenha uma metodologia específica, ela pode ter seu método conforme descreve Morin: O método da complexidade pede para pensarmos nos conceitos, sem dá-los por concluídos, para quebrarmos as esferas fechadas, para restabelecermos as articulações entre o que foi separado, para tentarmos compreender a multidimensionalidade, para pensarmos na singularidade com a localidade, e temporalidade, para nunca esquecermos as totalidades integradoras (MORIN, 2003, p. 192).