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Foto 9 Cascata das Andorinhas

2 CAPÍTULO I DESENVOLVIMENTO, REGIÃO E REGIONALIZAÇÃO NA

2.7 Conceituação Histórica e Geográfica da Região da Mogiana

Há uma vasta área no interior do Brasil que, segundo Furtado (2007), foi a base geográfica da economia mineira (no sentido de mineração, em especial ouro e metais preciosos), compreendida entre a Serra da Mantiqueira, em Minas, até a região de Cuiabá, Mato Grosso. Esta vasta área começou a ganhar importância na medida em que passou a ser essencial para as expectativas de Portugal “com relação à sua extensa colônia sul americana, que se empobrecia a cada dia, crescendo, ao mesmo tempo seus gastos de manutenção”. Estabeleceu-se na Corte a compreensão de que, esmaecido o ciclo da cana de açúcar, a única saída estava na descoberta de metais preciosos. Em sua análise, prossegue Furtado (2007, p.117):

Os governantes portugueses cedo se deram conta do enorme capital que, para a busca de minas, representavam os conhecimentos que do interior do país tinham os homens do Planalto de Piratininga. Com efeito, se estes já não haviam descoberto o ouro em suas entradas pelos sertões, era por falta de conhecimentos técnicos. A ajuda técnica que então receberam da Metrópole foi decisiva.

Dentro da vasta área descrita, há um grande território, agora no interior dos Estados de São Paulo e Minas Gerais, que merece atenção especial por seu dinamismo econômico e pela qualidade de vida de seus habitantes. Este grande território, abrange, as sedes principais e parte dos municípios das seguintes regiões administrativas:

 Campinas (SP), que é constituída pelas sub-regiões de Casa Branca, São João da Boa Vista, Mogi-Guaçu, Limeira, Rio Claro, Piracicaba, Jundiaí e Bragança Paulista.

 Ribeirão Preto (SP), que é constituída pelas sub-regiões de Franca, Ituverava, São João da Barra, Barretos, Jaboticabal, Araraquara e São

 Sul de Minas, que é constituída pelas sub-regiões de Poços de Caldas; e Guaxupé, São Sebastião do Paraíso, Alfenas, Andrelândia, Itajubá, Lavras, Passos, Pouso Alegre, Santa Rita do Sapucaí, São Lourenço, e Varginha.

 Triângulo Mineiro, que é constituída pelas sub-regiões de Uberlândia; e Uberaba, Frutal, Ituiutaba e Araxá.

Os municípios nele contidos possuem uma trajetória de territorialização, através de processos econômicos, sociais e culturais, em comum, conforme se detalhará mais adiante. Neste território, temos uma vasta rede hídrica, destacando-se três rios principais, que nascem todos no Sul de Minas Gerais, sendo que depois, dois deles penetram o Estado de São Paulo, e o terceiro forma a divisa de parte dos dois Estados, a saber:

O Rio Pardo, que nasce em Ipuiúna, passa por Caldas, Bandeira do Sul, Botelhos e Poços de Caldas, em Minas, e forma a represa da Graminha; prossegue por São Paulo, passando por Caconde, São José do Rio Pardo, forma as usinas de Limoeiro e Euclides da Cunha, continua por Mococa, Santa Rosa do Viterbo, Santa Cruz da Esperança, Serra Azul, Serrana, Ribeirão Preto, Jardinópolis e Pontal; recebe o rio Mogi Guaçu, em sua margem esquerda, no chamado Bico do Pontal, e segue por Viradouro, Terra Roxa, Jaborandi e Barretos, desaguando na margem esquerda do Rio Grande.

O Rio Mogi Guaçu, que nasce próximo à cidade de Bom Repouso, e passa por Tocos do Mogi, Inconfidentes, Ouro Fino e Jacutinga, em Minas; entra em S.Paulo, passando em Mogi Guaçu, Pirassununga, Porto Ferreira, Jaboticabal, Barrinha e Pitangueiras, desaguando na margem esquerda do rio Pardo;

O Rio Grande, que nasce próximo à divisa de Minas com o Rio de Janeiro, passa por Bom Jardim de Minas, Arantes, Itutinga, Lavras, Perdões, Campo Belo; forma a represa de Furnas, dentre outros, com os rios Machado, Sapucaí, e Cabo Verde, banhando 29 municípios, segue por Passos e Delfinópolis; passa a ser a divisa de Minas e São Paulo, prossegue por Igarapava, Porto Cascata, a

seguir recebe em sua margem esquerda o Rio Pardo, e segue dividindo o Triângulo Mineiro com a Região de São José do Rio Preto (SP), até receber o rio Paranaíba, formando ambos o Rio Paraná.

A Figura 2 mostra o mapa deste território, com seus principais elementos representativos, para as finalidades do presente trabalho. Nele está contida a conhecida Região da Mogiana. Não se estabeleceu, intencionalmente, um recorte na Figura 2, por não se estar tratando de uma região oficial, com limites físicos ou fronteiras político- administrativas definidas, mas na verdade, de uma região de influência, com abrangências bastante variáveis, diretas para parte das sub-regiões, indiretas para outra parte.

A nomeação desta região como Mogiana se relaciona com a importância da presença da ferrovia. Historicamente ela foi o eixo estruturante da Região, com a qual trabalharemos, mas que não é oficial. Num vínculo com o Estado de São Paulo, esta denominação se deve ao prolongamento da ferrovia paulista para Minas Gerais.

A Companhia Mogiana de Estradas de Ferro foi criada em 1872 e sua sede estava localizada na cidade de Campinas, com prolongamento até Mogi Mirim, com um ramal para Amparo, e seguimento até as margens do Rio Grande. Posteriormente a Mogiana partiu para a construção do trecho que levaria seus trilhos ao Triângulo Mineiro e Sul de Minas Gerais, no sentido de atrair para a economia paulista esta vasta região.

O Rio Grande foi atingido em 1888, o ramal de Poços de Caldas foi concluído em 1886 e o de Franca em 1889. Nessa época, a empresa recebeu o nome de Companhia Mogiana de Estradas de Ferro e Navegação. A Mogiana, como era mais conhecida, continuou a crescer sempre em busca das regiões de cultura cafeeira, construindo vários ramais que passariam a ser conhecidos como "ramais cata-café".

Esta ferrovia, após transpor o Rio Grande, avançou por Minas Gerais, tornando as ligações destas regiões, Triângulo Mineiro e Sul de Minas, mais fáceis com São Paulo do que com o próprio Estado de Minas Gerais, e ainda hoje esse vínculo continua

mantido, porém com menos intensidade, dada a decadência das ferrovias e a expansão das rodovias no País.

Na década de 1930, com o declínio da produção de café e os problemas econômicos originados pela 1ª Guerra Mundial, a Mogiana entra em dificuldades financeiras, que se refletiram negativamente na prestação de seus serviços, e passou a ser controlada pelo Governo do Estado de São Paulo em 1952. Em 10 de novembro de 1971, a Companhia Mogiana de Estradas de Ferro passa a integrar a FEPASA (Ferrovia Paulista S.A.).

O governo de São Paulo criou, na data referida, a FEPASA - Ferrovia Paulista S. A., com o objetivo de desenvolver as ferrovias estaduais até então operando de forma isolada, incorporando a Companhia Paulista de Estradas de Ferro, a Estrada de Ferro Sorocabana, a Companhia Mogiana de Estradas de Ferro, a Estrada de Ferro São Paulo e Minas, e a Estrada de Ferro Araraquarense. A crescente dificuldade de novos investimentos por parte do poder público levou a que a FEPASA em 1998 como parte da renegociação de dívidas entre os governo federal e de São Paulo, tivesse acertada a sua transferência para o controle da Rede Ferroviária Federal S.A. (RFFSA), que já estava em processo de desestatização, sob a forma de concessões para a iniciativa privada.

As linhas da FEPASA passaram a constituir a Malha Paulista da RFFSA, sendo realizado o leilão de desestatização da Malha Paulista pela RFFSA no dia 10 de novembro de 1998. A nova empresa FERROBAN - Ferrovias Bandeirantes S.A., vencedora do leilão, iniciou suas atividades no dia 1 de janeiro de 1999. A Ferrovia Bandeirantes S.A opera na região do Triângulo Mineiro até o ano de 2002, passando a concessão para a Ferrovia Centro–Atlântica S.A., que por sua vez, tem a concessão de uso da malha ferroviária da FERROBAN na região do Triângulo Mineiro, sob forma de leasing. Dessa forma, a FERROBAN faz um aluguel de sua malha ferroviária para a FCA por tempo indeterminado. A FCA está integrada ao Departamento de Logística da Companhia Vale do Rio Doce.