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Capítulo 2 Gestão Sustentável da Água e Conscientização Ambiental

2.1 Gestão Sustentável da Água

2.1.2 Conceituações

No contexto de uma abordagem da gestão sustentável da água, considerações acerca de alguns conceitos são explicitadas nesse tópico, tais como gestão sustentável da água, gestão integrada dos recursos hídricos e gestão ambiental da água.

No que se refere à gestão sustentável da água, esta consiste na forma de gerenciamento que aborda de uma maneira sistêmica os aspectos e impactos referentes aos setores econômico, social e ambiental, numa concepção que privilegia o desenvolvimento sustentável levando-se em conta a viabilização da adequação racional para as diversas finalidades de aplicação desse recurso natural.

A definição da gestão sustentável da água é referenciada por KAHLENBORN & KRAEMER (1999), como a gestão integrada da água que engloba todos os ciclos artificiais e naturais deste bem natural e que levam em consideração três objetivos principais:

1. A proteção em longo prazo, da água como o espaço vital, isto é, como o elemento central dos espaços vitais;

2. A preservação da água sob seus diferentes aspectos como um recurso para as atuais e futuras gerações, e;

3. A criação de opções para um desenvolvimento econômico e social sustentável que conviva em harmonia com a natureza.

A gestão integrada dos recursos hídricos trata do gerenciamento de forma ampla dos recursos, sendo assim considerada a parcela deste elemento, levando-se em conta os aspectos, tanto de uso como de não uso e preservação da água no estado natural. Este tipo de gestão contempla a administração de forma eficiente e adequada de conflitos no uso, oferta, controle e conservação com ênfase na preservação dos recursos hídricos.

A gestão ambiental da água tem como fundamento principal, o seu uso racional através de um sistemático combate ao desperdício e ao mau manejo de fontes e mananciais, bem como, procurar formas de evitar danos e impactos ambientais que possam causar perda da capacidade de renovação desse recurso hídrico e também da qualidade desse bem natural quando afetado pela ação do homem.

Segundo LANNA (2000, p.3):

“Gestão ambiental é o processo de articulação das ações dos diferentes agentes sociais que interagem em um dado espaço, com vistas a garantir a adequação dos meios de exploração dos recursos ambientais - naturais econômicos e socioculturais - às especificidades do meio ambiente, com base em princípios e diretrizes previamente acordados/definidos”.

Sendo assim, a gestão ambiental constitui-se em um processo contínuo de análise com tomada de decisão, organização, controle das atividades de desenvolvimento e avaliação dos resultados que visam melhorar a formulação de políticas ambientais compatíveis com o meio ambiente, e passíveis de implementação no futuro, sem causar danos e riscos significativos ao sistema ambiental no qual se encontra inserido.

Para este estudo, o termo a ser considerado e utilizado a partir desse ponto, será o referente à gestão sustentável da água, conforme citação de LANNA (2000), que considera a gestão referente ao elemento natural, e não da parcela deste elemento que pode ser considerada recurso (recursos hídricos). Essa abordagem, ainda segundo o citado autor, visa diferenciar de uma conotação utilitária e econômica, que ignore os aspectos de proteção ambiental que podem levar à decisão de não uso e preservação da água no estado natural.

A gestão integrada e sustentável da água deve ao mesmo tempo considerar e procurar mecanismos que atendam as necessidades de um manejo e uma oferta desse recurso de maneira sustentável e que contemple as exigências de quantidade e qualidade, aliada a uma distribuição espacial ampla, além de considerar todos os fatores naturais, sociais, econômicos ou ambientais envolvidos no seu gerenciamento.

É neste contexto que o gerenciamento público estratégico da água se faz necessário para a conservação e bom uso desse elemento natural, devendo ser encarado como prioridade pelos órgãos gestores que tratam dessa temática. Por se tratar de um bem natural, único, essencial ao ser humano e a vida e que está distribuído de forma desigual no planeta, além de apresentar atualmente em todo o mundo, sinais evidentes de crescente escassez e deterioração, a gestão da água é tratada de forma preponderante na gestão ambiental.

Em um contexto sustentável, o planejamento estratégico da água, conforme o WORLD BANK (1994) e SALVADOR & SERRA (1999), deve tratar da criação de um modelo de gestão baseado na construção de capacidades direcionadas a planificação das gestões referente à água em países, assumindo dimensões que abrangem três componentes estratégicos importantes, tais como:

 A geração de um meio ambiente com amparo legal e a criação de políticas adequadas para preservação do mesmo;

 O desenvolvimento institucional e a participação da comunidade, e;

 O desenvolvimento de recursos humanos e o fortalecimento dos sistemas de gestão.

Vale salientar, que através do ciclo da água ocorre uma renovação permanente que tem a possibilidade de ser disponibilizada de maneira sustentável no consumo humano e em diversas atividades laborais. Porém, essa disponibilidade hídrica sofre de problemas que dificultam o seu pronto uso, tais como:

 A água doce não se distribui uniformemente sobre o nosso planeta, existindo localidades com grande escassez, desertos onde chove apenas eventualmente, ou zonas de alta pluviosidade e umidade elevada que recebem uma grande quantidade de água;

 Fontes e mananciais mal gerenciados que com o decorrer do tempo perdem a sua capacidade de renovação hídrica;

 Contaminação de aquíferos por diversas ações humanas, tais como lançamentos de sedimentos de metais pesados nocivos ao homem e dejetos orgânicos, que levam a perda da qualidade e até a inviabilização dessa água no seu uso e gestão, causando ainda adicionalmente outros problemas ambientais, necessitando de tratamentos para os efluentes gerados.

A discussão dos problemas relativos aos recursos hídricos, pela importância que a água tem para a vida, e no caso específico do setor de distribuição da água, com consequências para o futuro da gestão desses serviços, não deve ser privatizada. Reforça essa ideia o comentário de GRABOW (2002), que na condição de representante da R. H. Alemanha opina existir um consenso neste país, de que a propriedade da água deve ficar na mão do setor público, pela sua importância estratégica para as populações das cidades beneficiadas por esses serviços.

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