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2.2 DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

2.2.2 Conceituando o DS

Antes de abordar os vários conceitos de Desenvolvimento Sustentável, é importante destacar que o reconhecimento da “Insustentabilidade” é uma das premissas fundamentais para a noção de desenvolvimento sustentável.

São muitos os méritos da noção de DS, embora mais discretos que o de seu predecessor “ecodesenvolvimento”, elaborado por Ignacy Sachs nos anos 70. Porém, a sociedade aderiu ao DS rapidamente, visto que a opção pelo “ecodesenvolvimento” é uma proposta mais radical.

O conceito de ecodesenvolvimento foi lançado pelo canadense Maurice Strong em 1973, como uma concepção alternativa de política de desenvolvimento. Entretanto, Ignacy Sachs (1986) foi quem formulou os seis princípios básicos do ecodesenvolvimento que deveriam orientar essa nova visão do desenvolvimento. Para Sachs, os princípios elencados são:

a) A satisfação das necessidades básicas; b) A solidariedade com as gerações futuras; c) A participação da população envolvida;

d) A preservação dos recursos naturais e do meio ambiente em geral;

e) A elaboração de um sistema social garantindo emprego, segurança social e respeito a outras culturas;

f) Programas de educação.

Tendo por base os princípios acima, estudiosos como Rideel apud Schenini (1999) procuraram reforçá-los por meio de uma metodologia mais específica, destacando os principais aspectos que devem ser levados em consideração quando se fala em ecodesenvolvimento. A Ilustração 2, a seguir exposta, preocupa-se em mostrar, de forma mais aprofundada, os princípios desenvolvidos por Sachs na visão de Rideel.

Estabelecer uma ideologia confiável

Políticas apropriadas e integridade administrativa

Aliviar a pobreza e a fome Conseguir igualdade internacional

Eliminar doenças e misérias

Mover-se próximo da auto-suficiência

Equilibrar as reservas com volume populacional

Arrumar a miséria urbana Reduzir armas

Conservar reservas

Proteger o meio ambiente

Ilustração 2: Princípios do Ecodesenvolvimento Fonte: Adaptado de Rideel apud Schenini (1999)

De acordo com a ilustração acima e os princípios nela contidos, verifica-se que o desenvolvido dito ‘sustentável’ deve ser aplicado não apenas do ponto de vista ambiental, mas, também, do ponto de vista econômico, social e político. Estes três últimos tão esquecidos por tantos que, atualmente, definem o Desenvolvimento Sustentável apenas como se estivesse tão somente relacionado ao ambiente.

Desta forma, a ilustração destacada anteriormente nos mostra que o desenvolvimento sustentável deve ser pensado como um projeto alternativo pois ainda não se tem uma cultura que dê ênfase ao aspecto ambiental como forma de se obter melhorias na área econômica, social, política, tecnológica, cultural e ambiental, demonstrando a importância de recuperar aquilo que o próprio ser humano destruiu: o ambiente.

O desenvolvimento global nos anos 70 e 80 ficou conhecido como ecodesenvolvimento e desenvolvimento sustentável que foram utilizados para expressar a preocupação e garantir as necessidades atuais, sem comprometer a vida das gerações futuras.

A Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento ou Comissão Brundtland como ficou conhecida, propunha que o desenvolvimento econômico fosse inserido à questão ambiental, surgindo uma nova forma denominada, então, desenvolvimento sustentável.

O famoso Relatório de Brundtland dedicou apenas 22 páginas das 400 páginas totais, e é considerado o principal documento oficial que aborda a questão meio ambiente e é onde se encontra a seguinte conceituação de Desenvolvimento Sustentável, que afirma: DS “é aquele que atende as necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras atenderem às suas próprias necessidades” (CMMAD, 1991, p. 46). Conforme o CNTL (2002) relacionando esta

definição com a PML, pode-se observar que produzir sustentavelmente significa transformar recursos naturais em produtos e não em resíduos.

A partir da definição de DS pelo Relatório Brundtland, pode-se perceber que o DS refere-se ao impacto da atividade econômica no meio ambiente na qualidade de vida e no bem-estar da sociedade. Em concordância com o relatório, Maimon (1996) afirma que o DS busca simultaneamente a eficiência econômica, a justiça social e a harmonia ambiental. Mais do que um novo conceito, o DS é um processo de mudança, onde a exploração de recursos, a orientação dos investimentos, os rumos do desenvolvimento ecológico e a mudança institucional devem levar em conta as necessidades de gerações futuras.

Quanto ao DS, Maimon (1996) destaca três aspectos: a ênfase na ecologia se encontra na origem do termo sustentado, quando das explorações de recursos renováveis como pesca e florestal; a ênfase no econômico acarreta a busca de estratégias que visem à sustentabilidade do sistema econômico sendo a capacidade do sistema produtivo de manter sua produtividade apesar das possíveis perturbações, stress ou choques a que esteja exposto e, finalmente, a ênfase no social visa a criar as condições socioeconômicas da sustentabilidade como, por exemplo, o atendimento às necessidades básicas, melhoria no nível de instrução e minimização da exclusão social.

O Desenvolvimento Sustentável, para Soboll (1989) tem como preocupação primordial a qualidade de vida da geração atual e das conseqüências para as futuras gerações, dentro de um contexto relativamente pessimista no que se refere ao controle dos impactos resultantes da ação do homem sobre o meio ambiente.

A UNESCO (1995) define o desenvolvimento sustentável como aquele que, permite responder às necessidades presentes, sem comprometer a capacidade das futuras gerações em responder às suas próprias necessidades.

Maimon (1996) ressalta, entretanto, que há limites para a ação voluntária das indústrias, destacando as necessidades de cooperação e de controle. O Relatório insiste no papel das empresas multinacionais tanto pelo desenvolvimento e adoção de tecnologias limpas, tanto pela transferência às filiais dos países em desenvolvimento. Esta difusão do conhecimento e da tecnologia deve contar, também, com o incentivo dos organismos internacionais e regionais que facilitariam o financiamento.

Segundo Braun (2001), o DS constitui um processo contínuo de conscientização e crescimento interior de cada pessoa, para que esse processo possa, então, se refletir em um desenvolvimento mais equilibrado do mundo exterior. Com os desafios impostos pela nova economia, os benefícios têm sido, em geral, direcionados apenas para uma pequena parte da população mundial, ficando os muitos problemas para a grande maioria que não consegue resolvê-los adequadamente. Isto, no fundo, demonstra um nítido processo de desequilíbrio social e econômico, caracterizado por desenvolvimento insustentado.

Outro ponto que comprova essa insustentabilidade, refere-se aos padrões de consumo, sempre em ascensão em relação a épocas passadas e com eles os índices de degradação ambiental. Evidentemente, o conforto e a qualidade de vida estava muito aquém dos padrões atuais, mas, sem dúvida, era mais sustentável que a época atual.

A noção de desenvolvimento sustentável vem sendo utilizada como um novo projeto para a sociedade, objetivando garantir, no presente e no futuro, a sobrevivência dos grupos sociais e da natureza. Tem como uma de suas premissas fundamentais o reconhecimento da insustentabilidade ou inadequação econômica, social e ambiental do padrão do desenvolvimento da sociedade contemporânea.

Assim, o conceito de Desenvolvimento Sustentável se firma em três pilares básicos que são: o crescimento econômico, a eqüidade social e o equilíbrio ecológico, todos sob o mesmo espírito holístico de harmonia e responsabilidade comum.