• Nenhum resultado encontrado

disponibilização de conteúdos por meio da internet 1.0 (conteúdos

UNIVERSITÁRIAS: GC@BU

3.1 PRESSUPOSTOS TEÓRICOS PARA CONCEPÇÃO DO FRAMEWORK

3.1.1 Concepção de Biblioteca Universitária frente à Gestão do Conhecimento

UNIVERSITÁRIAS: GC@BU

Com base no levantamento teórico realizado, nesta seção serão apresentados os principais fundamentos do framework GC@BU, seus pressupostos teóricos (Seção 3.1), assim como a sua constituição ― seus módulos, elementos e critérios de verificação (Seção 3.2).

3.1 PRESSUPOSTOS TEÓRICOS PARA CONCEPÇÃO DO FRAMEWORK

Para construir um framework, é necessário que se tenha uma base teórica que o alicerce, especialmente porque se tem a proposta de definir um campo conceitual, além de indicações para a prática. Nesse sentido, diante das revisões de literatura, consideramos conveniente ressaltar a nossa concepção de Biblioteca Universitária (Seção 3.1.1) adotada para esta pesquisa e em seguida considerá-la como um Sistema Adaptativo Complexo (Seção 3.1.2), escolhido como perspectiva para tratar as Bibliotecas Universitárias como instituições complexas. Além disso, o framework GC@BU também está respaldado por normas específicas para Bibliotecas Universitárias (Seção 3.1.3), no caso as da Association of College and Research Libraries (ACRL, 2011), que também ajudaram a nortear a construção dos critérios de verificação presentes nos elementos de cada um dos módulos do framework. Os referidos pressupostos ajudam a compreender o GC@BU e justificar algumas escolhas no decorrer de seu desenvolvimento.

3.1.1 Concepção de Biblioteca Universitária frente à Gestão do Conhecimento

Como visto, a literatura e a própria prática das Bibliotecas Universitárias trazem variados conceitos e diferentes enfoques a respeito da atuação das Bibliotecas Universitárias para com a

Gestão do Conhecimento. Todavia, deixamos registrado um conceito embasador de Gestão do Conhecimento para Bibliotecas Universitárias, utilizado para o contexto desta tese, ― é o processo de criar, adquirir, compartilhar e aplicar o conhecimento tácito e explícito para o benefício da universidade e de toda a sua comunidade de usuários, fornecendo a informação certa para o cliente certo, em tempo e formato adequados, para atingir as metas da instituição ― no entendimento de Jain (2013).

Após definirmos o conceito-base para a Gestão do Conhecimento no contexto das Bibliotecas Universitárias, desenvolvemos a Figura 21 para representar a concepção empregada nesta pesquisa a respeito do que se considera ser o papel da Biblioteca Universitária frente à Gestão do Conhecimento. A Figura 21 apresenta um mapa mental que sintetiza e relaciona os vários enfoques das Bibliotecas Universitárias dados por variados autores e sistematizados para esta tese.

A proposta é mostrar que a Biblioteca Universitária na Gestão do Conhecimento deve estar atenta a vários aspectos, não se restringindo apenas ao conhecimento produzido pelas suas instituições ou à disponibilização de um ambiente adequado à criação e compartilhamento de conhecimento. Seu papel deve conceber uma atuação mais global, já que a Gestão do Conhecimento é um processo que deve envolver toda a organização e todos os seus colaboradores, não se limitando a algumas pessoas ou processos/atividades.

Figura 21  Concepção de Biblioteca Universitária frente à Gestão do Conhecimento

Fonte: Desenvolvido pela autora (2013).

Observe que os papéis que a Biblioteca Universitária desenvolve, representados no mapa mental, estão agrupados por cores. As referidas cores tentam aglutinar as funções em grandes áreas: recursos de conhecimento (azul), espaços (físicos e virtuais) para criação e compartilhamento de conhecimento (laranja) e aspectos gerenciais (verde).

Alguns autores relatam que as Bibliotecas Universitárias frente à Gestão do Conhecimento têm a função de: gestoras de conhecimento em IFES com a construção e gestão de repositórios (MIRANDA, 2010); espaços facilitadores de aprendizado (CARVALHO, 2004); proporcionar o acesso ao conhecimento e ensinar os usuários como localizar recursos que suportam seus estudos (MCGOWN, 2000); criar e gerenciar o conhecimento dos

clientes (DANESHGAR; PARIROKH, 2012), entre outros. Entretanto, acreditamos que a Biblioteca Universitária possui uma função mais global, inclusive sem determinações fixas, porque afinal estamos trabalhando com um contexto mutável, em que a Biblioteca Universitária é concebida como um Sistema Adaptativo Complexo; por isso a Figura 21 mostra balões com reticências.

Nesse sentido, para efeito desta tese, consideramos que a Biblioteca Universitária deve estar atenta às seguintes questões:

a) atuar como gestora do conhecimento produzido pela organização ― que pode ocorrer por meio da criação de repositórios, por exemplo, sem esquecer dos aspectos relativos à preservação digital;

b) trabalhar no desenvolvimento da Competência em Informação de seus usuários ― seja por intermédio de capacitações, atendimento individual no serviço de referência, disponibilização de tutoriais, entre outros; c) informar os usuários sobre propriedade intelectual,

direitos autorais e plágios, além de envolver-se e fomentar discussões a respeito, como a dicotomia copyright/copyleft, por exemplo;

d) proporcionar ambientes para criação e compartilhamento de conhecimento e informações, envolvendo estratégias de colaboração, interação, entre outros;

e) fomentar e contribuir com a comunicação científica, especialmente no âmbito da universidade;

f) disponibilizar um espaço físico adequado ― incluindo suporte da equipe, infraestrutura tecnológica, ambiente agradável, convidativo etc.;

g) ser agente crítico na produção e desenvolvimento de conhecimentos em parceria com a instituição e elementos externos;

h) disponibilizar-se como mediadora do conhecimento ― unindo o conhecimento a quem dele precisa, no momento, tempo e formato adequados;

i) ser agente cultural em seu contexto ― promovendo círculos de leitura, debates, exposições, fazendo com que a cultura circule pela instituição;

j) ser modelo no uso de tecnologias de informação – sendo referência no uso de TIC`s inovadoras e colaborativas na Gestão da Informação e do Conhecimento;

k) estar atenta à complexidade característica dessas instituições ― tanto quanto à variedade de agentes e fontes de informações e conhecimentos (dos colaboradores, dos usuários, dos parceiros, do acervo) quanto ao contexto mutável no qual estão inseridas ―, o que deve ser monitorado com base em planejamento, desenvolvimento, checagem, avaliação, aprendizado e ação.

De modo a ratificar a pertinência e o status global da nossa percepção de Biblioteca Universitária para a Gestão do Conhecimento, usaremos as palavras de Jain (2013, p. 4-5):

[...] as tendências mais recentes de implementação de Gestão do Conhecimento em Bibliotecas Universitárias são: adoção da web 2.0 e mídias sociais; uso de serviços de referência on line/virtual; digitalização da coleção; e institucionalização de repositórios.

De forma a modelar as primeiras estâncias dos módulos do framework proposto, fez-se a separação em cores no intuito de tentar fazer agrupamentos iniciais. Cada uma delas serviu de base para a modelagem do GC@BU, que se constitui de três módulos com as respectivas cores utilizadas no mapa mental (Figura 21): Módulo Coordenação de Gestão do Conhecimento (MCGC) em verde; Módulo Recursos de Conhecimento (MRC), representado pela cor azul; e em laranja o Módulo Espaços de Aprendizagem/Conhecimento (MEA/C), evidenciando que o modelo proposto deve ser suficientemente completo para dar as

variadas nuances das Bibliotecas Universitárias que as pesquisas de Gestão do Conhecimento sugerem, conforme o tratamento da pesquisa.

Ressalta-se que os elementos não pertencem, necessariamente, a um único módulo; estão agrupados por aproximação. Por isso alguns itens estão com sombras com as cores de outros. Como evidencia o olhar dos Sistemas Adaptativos Complexos, a volatilidade e adaptabilidade são características em que esses módulos irão interagir entre si, modificando-se e transformando-se de acordo com a necessidade da Biblioteca Universitária e do contexto em que atuam; eles não representam partes impermeáveis, e sim, um todo integrado. 3.1.2 Bibliotecas Universitárias como Sistemas Adaptativos

Complexos

No desenvolvimento desta tese, tomou-se o entendimento de que a complexidade no tratamento das bibliotecas e consequentemente com a Gestão do Conhecimento deve ser integral. De modo que deve ser considerada no âmbito da criação, processamento, compartilhamento, disseminação e uso da informação e do conhecimento, ou seja, a Gestão do Conhecimento como um todo, envolvendo as atividades que permeiam a biblioteca. Como destacam Axelrod e Cohen (1999) ― ao associar a informação à complexidade e à adaptação na Revolução da Informação ― há profundos limites em nossa capacidade de prognosticar o que está por vir. Uma atitude cautelosa relacionada à previsão é provavelmente saudável, mas ela apresenta uma séria barreira ao processo normal de projetar-se novos artefatos ou estratégias, ou ao refinamento e implementação de políticas.

Nesse sentido, a presente tese e o framework objeto de sua conclusão têm a pretensão de compreender a Biblioteca Universitária sob a ótica dos Sistemas Adaptativos Complexos. Na seção de elucidação do framework será trabalhado separadamente (Seção 4.1), que mostra como realizar a aplicação dessa perspectiva (SAC). O enfoque dos Sistemas Adaptativos

utilizado nesta tese deu-se especialmente à luz da abordagem proposta por Axelrod e Cohen (1999) e seus processos de atuação (variação, interação e seleção).

A intenção foi utilizar a abordagem dos Sistemas Adaptativos Complexos na construção de um framework para concepção e implementação da Gestão do Conhecimento em Bibliotecas Universitárias, pois entende-se que a Gestão do Conhecimento precisa de uma abordagem bastante ampla para que possa alcançar a Biblioteca Universitária como um todo, envolvendo todos os seus trabalhadores, recursos, propósito, etc. Então, considera-se pertinente a lente dos Sistemas Adaptativos Complexos para trabalhar com todas as nuances que envolvem um elemento em contexto mutável e com fortes fatores de variação e adaptabilidade, como as Bibliotecas Universitárias na Sociedade do Conhecimento.

Para aplicar a abordagem dos Sistemas Adaptativos Complexos na área de bibliotecas, é necessário especificar quem são os agentes das bibliotecas, o que eles podem ver e fazer, como eles geram variedade no seu comportamento, como eles interagem uns com os outros e como os agentes e suas estratégias são selecionados para conservação, expansão ou extinção.

Na Figura 22, temos uma representação gráfica que mostra de forma simplificada a Biblioteca Universitária como um Sistema Adaptativo Complexo, incluindo seus agentes, estratégias, populações, artefatos e ambientes (conceitual, físico e digital/virtual).

Figura 22  Biblioteca Universitária como Sistema Adaptativo Complexo

Fonte: Desenvolvido pela autora (2014).

Na representação gráfica, quatro tipos de agentes foram exemplificados ― que no caso poderiam ser os usuários, funcionários, fornecedores e parceiros. Cada um desses agentes atuam de acordo com o que fazem, onde atuam e o que lembram, constituindo populações. Os agentes e suas populações interagem com o seu meio, seja em espaços físicos, virtuais/digitais ou conceituais, utilizando estratégias e artefatos para atingirem seus objetivos.

A partir dessas interações e relacionamentos, o sistema vai adaptando-se como resultado da mudança (variação) e do processo de seleção, a fim de buscar o aperfeiçoamento de acordo com medidas de desempenho. A Figura 23 mostra, em uma visão ampliada, como esses processos ocorrem.

Figura 23 – Visão ampliada das adaptações, interações e seleções da Biblioteca Universitária como um SAC

Fonte: Adaptado de McCarty et al. (2006, p. 442).

Todas essas características e elementos caracterizam um sistema em processo coevolucionário, no qual múltiplas populações, ao interagirem entre si, adaptam-se umas às outras.

A pesquisa em questão analisa a complexidade no âmbito da Biblioteca Universitária, envolvendo os processos de captura/criação, compartilhamento/disseminação e aquisição/aplicação da informação e do conhecimento, ou seja, a Gestão do Conhecimento de forma integrada, como propõe o ciclo de Dalkir (2011).

Nesse sentido, a proposta de utilizar os Sistemas Adaptativos Complexos como uma forma de olhar a Biblioteca Universitária significa que acreditamos em uma forma de gestão centrada nas pessoas, o que corrobora com os princípios da Gestão do Conhecimento, e que na visão de Axelrod e Cohen (1999), são os chamados agentes. Significa que é necessário

conhecer os relacionamentos desses agentes (interação) suas estratégias e ferramentas (artefatos) utilizadas para desenvolver seus trabalhos, ocasionando modificações (variação) que levam à melhoria e adaptação (seleção). Representa ainda que, por considerarmos as Bibliotecas Universitárias instituições complexas, em virtude da natureza de seu trabalho e do dinamismo de suas funções, aceitar a existência da complexidade nos torna mais conscientes para atuar nos diferentes espaços em que as Bibliotecas Universitárias se fazem presentes (conceitual, físico e digital/virtual).

3.1.3 Normas da Association of College and Research