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UNIVERSITÁRIAS: GC@BU

3.3 VERIFICAÇÃO DO FRAMEWORK GC@BU

3.3.1 Procedimentos de avaliação: entrevista de grupo focal Para alcançar os objetivos da presente tese ― além das

concepções filosóficas e da pesquisa bibliográfica, já citadas na abordagem metodológica (Seção 1.5) ― contamos com uma técnica de pesquisa qualitativa, a observação direta intensiva, nesse caso, representada pela entrevista de grupo focal, ou simplesmente grupo focal, como também é chamada essa técnica. De acordo com Dias (2010, p. 3), “[...] o objetivo central do grupo focal é identificar percepções, sentimentos, atitudes e ideias dos participantes a respeito de um determinado assunto, produto ou atividade”.

Segundo Barbour (2009), o pesquisador deve estar ativamente atento e encorajar as interações do grupo, pois é através destas que emergem as contribuições. Por isso a entrevista é simultânea, em vez de perguntar a mesma questão (ou lista de tópicos) para cada participante individualmente. “O estímulo ativo à interação do grupo está relacionado, obviamente, a conduzir a discussão do grupo focal e garantir que os participantes conversem entre si em vez de somente interagir com o pesquisador ou „moderador‟” (BORBOUR, 2009, p. 21). A proposta é que a sinergia entre os participantes leve a resultados que ultrapassem a soma das partes individuais (DIAS, 2010).

Nesta pesquisa, avaliou-se o framework proposto a partir da experiência de gestores de Bibliotecas Universitárias

brasileiras, de forma que cada pequeno grupo avaliou – seguindo o Roteiro da Entrevista (Apêndice B), adaptado para um formato mais didático (Apêndice C – Folhas de Avaliação) – o framework por completo com seus três módulos (Coordenação de Gestão do Conhecimento, Espaços de Aprendizagem/Conhecimento e Recursos de Conhecimento), utilizando como recurso, além da apresentação oral feita pela doutoranda, um material didático sobre o framework (Apêndice D), resultando em um parecer de cada grupo sobre o produto da tese.

As entrevistas de grupo focal ocorreram na ocasião do “I Workshop Gestão do Conhecimento em Bibliotecas Universitárias”. O referido evento recebeu em torno de oitenta gestores de Bibliotecas Universitárias brasileiras, foi organizado pela autora juntamente com uma equipe nomeada pela Biblioteca Universitária da UFSC que promoveu o evento em parceria com o Departamento de Engenharia e Gestão do Conhecimento (UFSC). O workshop aconteceu nos dias 6 e 7 de agosto de 2014 na UFSC, contou com uma programação especializada (Apêndice E) em aplicações e projetos de Gestão do Conhecimento para Bibliotecas Universitárias, de modo que, além de suas experiências de trabalho, os gestores contaram com um referencial teórico que contribuiu para o ancoramento de seus conhecimentos no momento da avaliação do framework proposto. As discussões aconteceram por aproximadamente duas horas, como parte da programação do citado workshop, sendo conduzidas por moderadores, considerando que

[...] a personalidade do pesquisador causa um impacto na forma e no conteúdo dos dados eliciados de grupos focais, assim como ocorre em todos os outros métodos qualitativos (BARBOUR, 2009, p. 76). De acordo com Dias (2010) e Barbour (2009), a organização de um grupo focal requer uma série de medidas e precauções para que cumpra seu objetivo, assim, as fases da entrevista de grupo focal estão descritas da seguinte forma, com base em Barbour (2009) e Dias (2010):

a) Planejamento:

 Objetivo: avaliar o “framework para concepção e implantação da Gestão do Conhecimento em Bibliotecas Universitárias” proposto nesta tese;  Metas específicas a serem alcançadas: avaliar cada

um dos três módulos do framework (Coordenação de Gestão do Conhecimento, Espaços de Aprendizagem/Conhecimento e Recursos de Conhecimento); buscar sugestões para melhoria e aplicabilidade do modelo proposto; confeccionar um relatório da avaliação;

 Amostragem intencional: para conseguir um resultado de relevância e que representasse a classe, ficou definido que os participantes do “I Workshop Gestão do Conhecimento em Bibliotecas Universitárias” seriam gestores de Bibliotecas Universitárias, selecionados a partir do Ranking Universitário Folha (RUF), que busca medir a qualidade das instituições de ensino superior brasileiras, em suas diferentes missões, partindo de metodologias utilizadas em rankings internacionais, mas com adaptações para o cenário nacional. As instituições são avaliadas em cinco categorias (pesquisa, inovação, internacionalização, ensino e mercado) (FOLHA DE SÃO PAULO, 2013);  Composição do grupo: os três grupos focais

formados na ocasião do evento foram relativamente homogêneos para garantir que as avaliações sofressem influências semelhantes. Nesse caso, tentou-se formar cada grupo ― já no momento do credenciamento do evento ― com características heterogêneas entre seus participantes, garantindo elementos-chave em cada grupo;

 Tamanho do grupo: os textos mais antigos que trabalham grupos focais recomendam entre dez e doze participantes, todavia “o número de pessoas que podem prontamente receber igual voz

dependerá não só da habilidade do moderador, mas também do nível e da complexidade da discussão desejada” (BARBOUR, 2009, p. 88). Considerando que estava em avaliação algo que já havia sido detalhadamente apresentado e que a programação do evento e a distribuição de materiais impressos corroboraram para que os participantes pudessem construir um background para embasar suas argumentações, não se considerou a necessidade de grupos tão reduzidos, além disso, houve a dificuldade da manutenção da mesma quantidade de membros em cada grupo em virtude da dinamicidade do evento. Trabalhamos com grupos de 16, 13 e 19 pessoas;

 Local: É importante considerar o provável impacto de localizações específicas nos participantes e no foco dos dados que tenderão a ser gerados (BARBOUR, 2009). Nesse sentido, utilizaram-se para a realização dos grupos três salas distintas, conforme descrito na programação do evento (Apêndice E), garantindo espaço adequado, conforto, silêncio e movimentação dos participantes, garantindo a ausência de poluição visual e outros aspectos que pudessem prejudicar a dinâmica;

 Seleção dos moderadores: é importante que o moderador esteja próximo dos entrevistados para deixá-los à vontade, ou seja, ele deve combinar com o grupo. Por isso, recrutamos bibliotecárias, uma para cada um dos três grupos focais ― funcionárias da BU/UFSC ― com alguma experiência acadêmica (mestrado, no caso), levando também em consideração sua familiaridade com a temática trabalhada no grupo, além da facilidade de comunicação. Como é recomendável que o moderador registre suas observações imediatas sobre a discussão do grupo, anotando qualquer

característica saliente da dinâmica, Barbour (2009, p. 108) ressalta que “[...] um moderador assistente pode ser um recurso valioso [...]”, dessa forma, contamos com três moderadores auxiliares (colegas do PPGEGC/UFSC);

 Instrução aos moderadores: os moderadores precisam estar aptos a lidar com uma série de questões, como participantes que dominam a discussão, ou participantes muito quietos que não se sentem confortáveis em interagir, desentendimentos entre o grupo ou ainda angústias que podem transformar a discussão em “sessão terapêutica”, por isso algumas instruções foram repassadas (Apêndice F);

 Roteiro ou guia de tópicos para a discussão: A chave para desenvolver um guia de tópicos adequado é antecipar a discussão, imaginando possíveis respostas para as suas manobras conversacionais e, preferencialmente, fazer estudo- piloto das questões antes de serem utilizadas em definitivo (BARBOUR, 2009). Dessa forma, as questões (Apêndice B) foram apresentadas previamente a um grupo pré-teste (dia 24 de julho de 2014), composto pelos moderadores e alguns voluntários da BU/UFSC. Então optou-se por utilizar uma dinâmica mais informal, que se basearia nas questões do roteiro, porém de uma forma mais dinâmica e visual (Apêndice C), com a utilização de post-its em vez de escrita convencional;

b) Execução da entrevista de grupo focal:

 Gravação: gravações de áudio, devidamente autorizadas (Apêndice G), foram utilizadas para o registro da entrevista, considerando que, conforme Barbour (2009), a gravação em vídeo pode trazer desvantagens, como o acréscimo potencial do desconforto dos participantes, a dificuldade em

anonimizar os indivíduos, os desafios logísticos, entre outros. Desse modo, apesar de o evento ter sido transmitido pela internet, no momento das discussões do grupo a transmissão foi interrompida;  Anotações: mesmo fazendo uso de gravadores, as

anotações são importantes para compor os dados. De acordo com Barbour (2009), é recomendável registrar as observações imediatas sobre a discussão do grupo focal, anotando qualquer característica saliente na dinâmica de grupo e as próprias impressões do moderador sobre os tópicos e os participantes mais engajados. Isso inclui referências a paradigmas teóricos ou outros grupos de pesquisa. O registro das palavras-chave de cada fala é também relevante (ver as orientações aos moderadores no Apêndice F);

 Material de estímulo: para estimular as discussões, cada participante recebeu um encarte com o framework proposto (Apêndice D), explicado de forma didática, para que pudessem retomá-lo a qualquer tempo;

 Intervenção: Uma das funções das intervenções é obter esclarecimentos ao pedir aos participantes para expandir ou explicar seus comentários, assim como, esclarecer o uso de um termo particular (BARBOUR, 2009). Para tanto, os moderadores precisam estar atentos a essas habilidades (Apêndice F);

c) Confecção do relatório final e fechamento:

 Fechamento da dinâmica: Após a discussão, cada grupo representante de um módulo elegeu um porta- voz para apresentar aos demais colegas (de outros grupos focais) as sugestões e observações que fizeram. Esse material serviu de base para o relatório final, que foi realizado pelo pesquisador, integrando as três avaliações, acrescentando, além dos aspectos explícitos, algumas informações não

tão claras (percepções, expressões que chamaram atenção, análises silenciosas, etc.), observadas pelos moderadores;

 Transcrição: Considerando que as fichas de avaliação foram preenchidas pelo grupo com os post-its, e os avaliadores fizeram as anotações relevantes, a transcrição foi realizada com o intuito de complementar o resultado da avaliação e tirar dúvidas, além de dar o contexto necessário aos apontamentos do grupo;

 Relatório final: Trata-se da própria análise qualitativa das entrevistas, em que o pesquisador elege tópicos e temas (ALVES; SILVA, 1992). Na presente tese, a composição do relatório final deu-se a partir do agrupamento (semelhança e relação) das falas e do resultado das “entrevistas”, dando origem a quadros com as seguintes categorias de avaliação: sugestão; sugestão implementada; elogio; comentário, opinião (reflexão).

A referida análise das entrevistas de grupos focais está apresentada na sequência (Seção 3.3.2).