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CAPÍTULO 3 – TRABALHOS RELACIONADOS

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Tanto na educação presencial quanto na modalidade à distância, o engajamento serve como base para iniciativas bem-sucedidas de retenção de estudantes, consequentemente, para a dimi- nuição das taxas de evasão, pois, quanto mais engajado for um aluno, maiores são as chances dele permanecer em um determinado curso até a sua conclusão.

No contexto da EAD, para que os dados dos AVAs sejam empregados na obtenção de in- formações sobre o engajamento aluno, a grande quantidade de registros gerados costuma ser operacionalizada na forma de indicadores. Skinner et al. [76] explicam que o termo se refere às características que levam à construção do engajamento do estudante, que indicam interesse, esforço, atenção, raciocínio lógico e motivação.

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autores Fredricks et al. [68] dividem os indicadores em comportamentais, cognitivos e emoci- onais. Essa categorização é justificada, pois são fatores comportamentais, cognitivos e também emocionais que contribuem para o engajamento dos alunos e para o seu sucesso nos cursos. Handelsman et al. [77], depois de dois estudos abrangentes, indicaram quatro dimensões para classificar o engajamento dos estudantes: engajamento por habilidades, engajamento emocio- nal, engajamento de inte-ração/participação e engajamento de desempenho. Uma terceira abor- dagem, foi feita por Mazza e Dimitrova [13], que classificaram esses indicadores em sociais, cognitivos e comportamentais.

Indicadores comportamentais são aqueles que indicam a participação, presença, tarefas con- cluídas, tempo logado e outros comportamentos na tarefa. Os indicadores emocionais corres- pondem às emoções positivas ou negativas em relação à aprendizagem, colegas de classe ou instrutores, bem como interações sociais e um senso de comunidade. Já o engajamento cogni- tivo, diz respeito ao uso de estratégias e de processos cognitivos, como reflexão, interpretação, síntese, ou elaboração de atividades, sendo geralmente medido pelos resultados da aprendiza- gem, por meio das notas obtidas nas atividades, por exemplo.

Henrie, Halverson, Graham [70] afirmam que, nos contextos de aprendizagem mediada por tecnologias, como a EAD, o envolvimento comportamental pode potencialmente ser medido por indicadores gravados pelos sistemas computacionais. Neste sentido, Mazza e Dimitrova [13] associaram a cada uma das categorias de indicadores as medidas de frequência das atividades dos alunos, fornecidas pelos AVAs e que são consideradas importantes para os professores, gestores e tutores acompanharem os alunos nos cursos a distância, conforme descrevemos a seguir:

• Indicadores cognitivos - Relacionados ao desempenho geral dos alunos nos cursos, bali- zados pela sua performance nas atividades (questionários, tarefas, fóruns etc.);

• Indicadores sociais - dizem respeito às interações dos alunos nos AVAs. Podem ser inte- rações entre os estudantes, entre os estudantes e os professores, entre os estudantes e o sistema;

• Indicadores comportamentais - Informações para avaliar fatores como aprendizagem ativa, a motivação e o engajamento dos alunos, como acessos ao curso, materiais lidos, desem- penho em provas de avaliação, progresso com o cronograma do curso etc.

Baseados nos estudos de Mazza e Dimitrova, propomos uma ferramenta de Learning Analy- tics, empregando técnicas de visualização de dados para exibir dados que contemplem indica- dores cognitivos, sociais e comportamentais do engajamento dos estudantes, com o objetivo de

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auxiliar na identificação do risco de evasão deles no AVA Moodle. Considerando a faceta quan- titativa desse campo de pesquisa educacional, para atender aos aspectos cognitivos, o sistema verificará as notas nas atividades, analisando a contribuição percentual que cada nota representa na pontuação total da atividade, por período. Dentro do âmbito dos aspectos sociais, o sistema utilizará o indicador de quantidade de interações dos alunos nos fóruns, entre si e com os profes- sores e tutores, também por período. Por último, para contemplar os aspectos comportamentais, o sistema empregou o indicador quantidade de acessos ao curso, com filtros por quantidade e período.

4.1.1

Indicador Cognitivo: Notas

Estudantes engajados e motivados com o processo de aprendizagem, buscam melhores resultados e costumam obter boas avaliações nas atividades e provas [78]. O contrário também é fato: alunos que obtêm resultados negativos, por fatores variados, dentre eles a falta de fa- miliaridade com as metodologias e as tecnologias utilizadas no ambiente on-line, podem se sentir desestimulados a continuar os cursos e então abandoná-los. Neste sentido, Bowers [79] e Allensworth et al. [80] constataram que as notas atribuídas às atividades dos alunos são um indicador significativo para a evasão ou o abandono dos cursos pelos alunos.

Portanto, podemos considerar que as notas dos estudantes são uma forma de medir o seu desempenho [81] e este, por sua vez, pode ser utilizado como indicador do risco de evasão dos estudantes. Levando em conta, o contexto da EAD, a obtenção das notas dos estudantes ocorre da seguinte forma: os professores postam conteúdos e elaboram atividades nos AVAs com o objetivo de avaliar a aprendizagem dos alunos; essas atividades são avaliadas por eles ou pelos tutores; as notas que foram atribuídas são registradas no banco de dados dos AVAs e disponibilizadas para os alunos, no formato de um boletim digital, muitas vezes chamado de quadro de notas.

O presente estudo utiliza as notas das atividades dos estudantes, registradas no AVA, como indicador para auxiliar na identificação do risco de evasão. Nossa solução visa ao acompanha- mento do engajamento do aluno ao analisar o quanto a nota de desempenho em cada atividade representa percentualmente sobre o total da pontuação da atividade em um determinado período.

4.1.2

Indicador Social: Interações nos Fóruns

A interação desempenha um papel muito relevante tanto na educação a distância quanto pre- sencial. Os autores Picciano [81], Johnson e Johnson [82] e Medeiros [83] mencionam a relação

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entre a presença social dos alunos nos ambientes de aprendizagem on-line com os resultados de aprendizagem, como indicador de engajamento e desempenho cognitivo. Zhu [84] enfatiza que o envolvimento cognitivo dos alunos nos ambientes de aprendizagem pode ser percebido através das discussões on-line. Além disso, ao interagirem entre si e com os professores e tutores no AVA, os estudantes percebem que não estão sozinhos e que estão aprendendo, se motivam e continuam, não se evadindo dos cursos [85].

Diante dessa importância das interações, a maioria dos cursos a distância oferece aos alunos e aos professores mecanismos que possibilitam a interação de uns com os outros. Picciano [81] enfatiza que não é incomum que os instrutores incentivem e, em alguns casos, até exijam uma certa participação na forma de postagens semanais em discussões on-line como parte da nota para o curso.

Diversas ferramentas síncronas e assíncronas estão presentes nos AVAs para professores e alunos com a finalidade de apoiar a interação e a colaboração, tais como fóruns de discussão, chatse e-mails. A despeito do tipo, essas ferramentas possibilitam que professores e alunos interajam uns com os outros, troquem ideias, discutam e colaborem para resolver problemas, expressem as suas opiniões, analisem os comentários dos colegas e reflitam sobre sua aprendi- zagem.

Picciano [81] afirma que alunos e também professores relatam maior satisfação em cursos on-line, dependendo da qualidade e da quantidade de interações nos AVAs. As interações são, portanto, um bom indicador do engajamento dos estudantes, que pode ser utilizado para identi- ficar alunos que estão em risco de evasão.

Em vista disso, priorizando essa abordagem que leva em consideração a quantidade de interações como um fator de permanência dos alunos nos cursos, consideramos que a quantidade de postagens de alunos em fóruns de discussão constitui um indicador do engajamento dos estudantes nos cursos a distância [83], que utilizaremos na solução proposta nessa pesquisa.

4.1.3

Indicador Comportamental: Acessos

O acesso se refere à frequência com que alunos acessam às plataformas ou ambientes de aprendizagem, aos cursos, às atividades e aos conteúdos disponibilizados pelos professores. Conforme atesta um estudo realizado por Benta, Bologa e Dzitac [86], os alunos que obtiveram notas mais altas acessaram com mais frequência a plataforma, enquanto os alunos com notas mais baixas, acessaram com menos frequência à plataforma de e-learning. Um outro estudo, realizado por Kampff et al. [87], mostrou que os acessos tardios ao AVA são um dos principais