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3. AVALIAÇÃO COMO INSTRUMENTO QUE SE CONSTRÓI NO COTIDIANO DA ESCOLA: OS DIVERSOS OLHARES DO PROFESSOR E ALUNO

3.1 AS PERCEPÇÕES DOS DOCENTES, ALUNOS SOBRE AS PRÁTICAS AVALIATIVAS NO ENSINO DE CIÊNCIAS NATURAIS

3.1.1 Concepção do professor

Estudos indicam que as memórias das vivências que são integrados nas histórias de vida de cada professor que vão sendo incorporados nas crenças, valores, concepções, saberes e condicionam a frequência ou a ausência de conteúdos e atividades científicas em sala de aula, as opções metodológicas e epistemológicas. Isso significa que a concepção sobre a prática avaliativa no processo de ensino aprendizagem de Ciências Naturais, esta aliada à visão sobre “o que é avaliar?”, “o que é ciência?”, “o quê ensinar?”, “como ensinar?”, “para quê ensinar?” os conteúdos dessa área para os alunos dos anos iniciais e finais do Fundamental determinam as práticas realizadas em sala de aula (HOFFMANN, 2010).

Nesse sentido, o objetivo deste capítulo é identificar as percepções dos professores e alunos em relação às Práticas de Avaliação no 6º ano do Ensino Fundamental do ensino de Ciências Naturais na escola Municipal Madre Tereza de Calcutá e descrever quais as relações que o Projeto Político Pedagógico apresenta com o processo de Avaliação da referida escola e como se relaciona com as Práticas Avaliativas adotadas pelos professores no 6º ano do Ensino Fundamental, no ensino de Ciências Naturais.

3.1 AS PERCEPÇÕES DOS DOCENTES, ALUNOS SOBRE AS PRÁTICAS AVALIATIVAS NO ENSINO DE CIÊNCIAS NATURAIS

Dessa maneira, iniciamos com o relato das professoras sobre a concepção de Avaliação para compreendermos melhor suas práticas avaliativas. Ao entrevistar a professora Antonia sobre o que é Avaliação? Ela responde como ocorre sua prática avaliativa e o que avalia: “perceber o aluno como um todo: a participação, ele e a disciplina, ele e a ciência, o

comportamento. Minha avaliação é contínua, constantemente estou avaliando”. E a mesma

acrescentou que possui: “um caderno de anotações onde registra aquilo que o aluno

aprendeu, sua participação ou não nas aulas. E quando o aluno não entende determinado assunto, retorna a explicar o conteúdo na aula seguinte” (Entrevista, professora Antonia,

2011). Com a professora Maria em relação à mesma pergunta, a resposta apresentou convergências em relação o que Avalia: “Ele é um todo. É saber o que o aluno aprendeu. Não

só a prova, mas o dia a dia. As perguntas que ele faz e o comportamento” (Entrevista com a

professora Maria, 2011).

Assim, percebemos pelos conceitos das professoras que consideram a avaliação como sendo “contínuo”, quando avaliam o aluno o tempo todo nas aulas em vários aspectos que se resume, o cognitivo e o afetivo. O professor observa o que o aluno “aprendeu” (grifo da pesquisadora) e anota em um caderno por meio da nota, principalmente em relação ao cumprimento das atividades de Ciências e referente ao comportamento disciplinar do aluno em sala de aula. Prova disto, é que ao indagarmos os alunos da professora Maria em relação o que a docente registra no caderno de acompanhamento, um aluno respondeu: “num caderno,

ela anota quem fez e quem não fez, e a nota” (Entrevista com os alunos, Novembro de 2011).

Quando as professoras colocam que o critério de avaliação é ver o “que o aluno

aprendeu”, segundo Hoffmann (2008, p.28) não existe nesse sentido critérios, porque não há

definição mesmo que o professor tenha conhecimento pedagógico e dos alunos. A proposta da autora é que se acompanheem termos de aprendizagem a vida escolar do aluno ultrapassando as perguntas que em sua vasta experiência de pesquisa são rotineiras no contexto escolar: “o que o aluno aprendeu e como?” por outra pergunta: “o aluno aprendeu?” investindo todos os esforços educativos no sentido de garantir as melhores oportunidades a todos os alunos. Afinal, todos os alunos “aprendem e aprendem mais com melhores oportunidades para isso” (Idem, p.37).

O relatório da Unesco para a Educação do Século XXI (DELORS, 1996) apud (HOFFMANN, 2008) apresenta o compromisso que a educação deve ter nas seguintes

dimensões: do aprender; do aprender a aprender; do aprender a fazer; do aprender a viver junto e do aprender a ser.

Na concepção de Hoffmann o verbo aprender necessita ser conjugado no sentido multidimensional, procedimentos observacionais e acompanhamento provisórios e complementares em termos de avaliação. Não se pode observar o desenvolvimento escolar de um aluno em um único momento, ou sobre poucos e pobres formas de expressar o seu conhecimento.

Em síntese, para se entender a avaliação mediadora é preciso conceber o aprender: como critérios de avaliação - ponto de partida e nunca de chegada porque são subjetivos, questionáveis e, portanto, sempre passíveis de dúvidas e complementações; como leitura positiva - prospectiva e multidimensional; como aprender no processo e não o aprender/produto e como imperativo ensinar e mediar o prazer de aprender na escola (HOFFMANN, 2008, p.37).

Pelas falas das professoras é perceptível que a avaliação é percebida para a aprendizagem do aluno, não fica explícito em nenhum momento a avaliação como auxílio ao trabalho do professor.Hoffmann (2006, p.15) afirma que “os educadores percebem a ação de educar e a ação de avaliar como dois momentos distintos e não relacionados”. Quando a avaliação deveria representar uma ferramenta de auxílio constante ao professor ela é tida apenas como um instrumento legitimador do fracasso ou sucesso dos alunos.

E enquadram o comportamento do aluno como instrumento de avaliação, caso o aluno não se comporte em sala de aula ou na escola em relação às suas regras e normas perderá um (1,0) ponto e caso cumpra com bom comportamento ganhará um (1,0) ponto na somatória das notas para o bimestre. Confirmamos o tipo de avaliação em relação do que se anotou no caderno de registro da professora Maria e na declaração de um de seus alunos sobre a prática avaliativa: “quando a pessoa tá comportada, ela dá ponto, quando o aluno não tá, ela tira

ponto”. Na opinião de Demo (2010) essa avaliação é sempre injusta, incômoda, incompleta,

ideológica, facilmente autoritária, excludente, humilhante e insidiosa.

Nesse sentido, a avaliação é também usada para controlar o aluno, como coerção e punição, devido principalmente ao mau comportamento do aluno em sala de aula e na escola (LUCKESI, 2011). E também para dar notas às atividades realizadas pelos alunos, neste caso no componente disciplinar de Ciências Naturais. O caderno dos professores até apresentam

registros sobre: o aluno em relação aos diversos significados construído pelos alunos, a expressão própria de conceitos, as dúvidas surgidas, o que os alunos aprenderam ou não.

No entanto, a prática pedagógica dos professores no tocante ao ensino-aprendizagem interligado a prática avaliativa não apresenta novas soluções pedagógicas para as dificuldades ou o não aprendizado dos alunos. O que é realizado são revisões dos conteúdos de Ciências Naturais para o aprendizado do aluno por meio da repetição do ensino expositivo, apesar do trabalho com instrumentos avaliativos diversificados.