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CONCESSÃO DA MEDIDA DE POLÍTICA CRIMINAL – RÉU PRIMÁRIO, PORTADOR DE BONS ANTECEDENTES, COM RESIDÊNCIA FIXA E

AOS XX DIAS DO MÊS DE XXXX DE XXXX O INQUÉRITO POLICIAL Nº xxxxxx FOI DISTRIBUIDO PARA A Xª VARA CRIMINAL DA CIDADE

CONCESSÃO DA MEDIDA DE POLÍTICA CRIMINAL – RÉU PRIMÁRIO, PORTADOR DE BONS ANTECEDENTES, COM RESIDÊNCIA FIXA E

ATIVIDADE LÍCITA – INSTRUÇÃO CRIMINAL CONCLUÍDA – APLICAÇÃO OBRIGATÓRIA DO BENEFÍCIO CONSTANTE DO ART. 408, § 2º, DO C.P. – DIREITO PÚBLICO SUBJETIVO DO ACUSADO.

01.

Inicialmente, V. Exa, indeferiu o pedido de Liberdade Provisória do Acusado, ao fundamento da presença dos requisitos do art. 312, do C.P..

O Egrégio TJ-GO, por sua vez, através de sua douta Primeira Câmara Criminal, denegou ordem de HC ao Acusado, ao fundamento principal de que ele estava sendo processado por homicídio qualificado, e, portanto, por crime de natureza hedionda, o que, segundo o entendimento daquela Colenda Câmara Criminal, impede a concessão de liberdade provisória em casos que tais (crime hediondo);

02.

Agora, indiscutivelmente, a situação do Acusado é diametralmente oposta à situação inicial, visto que o próprio titular da ação penal já postulou de V. Exa. a pronúncia dele- acusado, por homicídio simples, e, sequer, requereu a mantença de sua custódia preventiva (cfr. “Alegações Finais” do M.P.. de fls. 331/335-2º vol. ). Vale ressaltar que o Acusado

encontra-se preso desde o dia 25 de setembro de 2.000;

03.

Dispõe o art. 408, em seu § 2º, do C.P.P., “in verbis”:

“Se o réu for primário e de bons antecedentes, poderá o juiz deixar de decretar-lhe a prisão ou revoga-la, caso já se encontre preso.”

Ora, se presente as condições de uma dessas providências, como ocorre na hipótese dos autos, a revogação, “in casu”, constitui direito do Acusado e não mera faculdade do juiz, conforme se vê das decisões de nossos Tribunais, inclusive do STF, e da doutrina, “in verbis”:

“O benefício em apreço constitui um direito do réu e não mera faculdade concedida ao juiz”. (TJMG – HC nº 20.355 – Comarca de Lambari).

Liberdade provisória como direito:

TJSP: “Preenchidas as condições legais, o benefício do art. 408, § 2º, do CPP,

transforma-se em direito que deve ser reconhecido” (In “RT” 537/301).

TJPR: “Presentes os pressupostos da primariedade e dos bons antecedentes, de que

cuida o § 2º do art. 408 do CPP, tem o réu, salvo circunstâncias excepcionais, direito de aguardar em liberdade o julgamento.” (In “RT” 540/336). No mesmo

sentido TJSP: RT 535/270.

Liberdade provisória e desaparecimento dos motivos da prisão preventiva:

TJSP: “Insustentável a decisão que recusa a réu pronunciado por homicídio a liberdade provisória. “ex vi” do art.408, § 2º, do CPP, por entender que esse benefício é incompatível com a prisão em flagrante, tal como dispõe a Lei nº 5.941/73”.

“Há decisão recente do Pretório Excelso entendo que a expressão “poderá” empregada no § 2º, referindo-se à decretação ou negativa de sua efetivação, não significa arbítrio, mas dever jurisdicional, se presentes as condições de uma dessas providências” (In “Código de Processo Penal Anotado”, DAMÁSIO E. DE

“...Entretanto, diante dos termos do art. 408, §2º, do CPP, terá ele (o réu) direito à liberdade provisória, ainda que preso em flagrante, se preenche os requisitos legais e não existem as razões que justificam a decretação da prisão preventiva.

(JÚLIO FABBRINI MIRABETE, in “Código de Processo Penal Interpretado”, 4º ed., Atlas, 1.996, p. 485).

04.

Destarte, o Acusado preenche todos os requisitos para concessão da liberdade provisória, não merecendo ele o mesmo tratamento dado a criminosos irreversíveis, delinqüentes contumazes, meliantes definitivos. À evidencia, a severidade dispensada ao Acusado não se amolda, nem se mostra sensata.

O Acusado tem residência e emprego fixos, atividade lícita, com família constituída, proprietário de imóveis – urbano e rural, radicado, portanto, no distrito da culpa. Não há nos autos nenhuma notícia de que, durante o I.P. e no decorrer da instrução criminal tentasse ele influenciar na prova ou na aplicação da lei, por si ou por outrem, nem que tivesse repetido ou manifestado práticas delituosas. Nada conspira, daí, contra o seu direito de LIBERDADE, o que, de par com a absoluta carência de motivos concretos pelos quais se lhe impôs, até este momento, o “carcer ad custodiam”, tudo isto leva à cassação do ato privativo de sua liberdade.

ADEMAIS, A INSTRUÇÃO CRIMINAL JÁ SE ENCERROU, normalmente, sem influência de quem quer que seja, na produção de provas, especialmente do réu.

O entendimento esposado na jurisprudência pátria também autoriza V. Exa. a REVOGAR a prisão do Acusado. Confira:

“PRISÃO PREVENTIVA – Decretação – Garantia de ordem pública – Instrução já encerrada – Desaparecimento da justificativa da prisão cautelar – Recurso não provido.

Recurso em Sentido Estrito nº 255.972-3 – São Paulo.

ACÓRDÃO

Ementa oficial:

Recurso em Sentido Estrito – Pedido de prisão preventiva negado – Desaparecimento do fundamento de ser a cautelar conveniente à instrução, eis que esta já se encerrou, não se realizando, por sinal, o justo prognóstico, Ínsito no pedido dos Promotores de Justiça quando de sua formulação, que os réus agiriam no sentido de intimidar vítimas e testemunhas empecendo a instrução – Outrossim, a gravidade em tese dos crimes não serve de supedâneo para a custódia preventiva sob a ótica da garantida da ordem pública, tampouco se justificando, ainda sob o prisma dessa garantia, a existência de um hipotético clamor público.” (TJSP – in “Jurisprudência do Tribunal de Justiça”, Lex Editora, vol. 221/303 – julho/98).

“Liberdade provisória – Direito de aguardar em liberdade o julgamento – Benefício

concedido ao final da Instrução criminal – Revogação pela superveniência de

sentença condenatória recorrível – Inadmissibilidade – Réu que preenche os requisitos para a concessão da mercê – Constrangimento ilegal caracterizado –

Hábeas Corpus concedido.” (TJSP – HC – Rel. Ângelo Gallucci – in “RT”

642/302).

“Constrangimento ilegal – Caracterização – Liberdade Provisória – Benefício

deferido ao réu por ocasião da pronúncia, nos termos do art. 408, § 2º, do C.P.P. – Revogação do beneficio após sua condenação pelo Tribunal do Júri –

Inteligência do art. 594 do mesmo estatuto e da lei 5.941/73 (TJSP – HC – Rel. Cunha Camargo – in “RT” 556/307).

05.

Há que se ter em mente, ainda, que, embora o Acusado tenha permanecido preso no decorrer da instrução criminal, na hipótese de ele vir a ser pronunciado por V. Exa., esta decisão não tem natureza condenatória, ao contrário, trata-se de uma decisão de mera admissibilidade de acusação.

Assim, V. Exa. deverá reexaminar a custódia provisória do Acusado, para REVOGÁ-LA, já que ele satisfaz os requisitos legais.

Neste sentido: RT 500/318; RT 531/295; RTJ 88/69 e 127/947.

Em epítome: Ausentes estão os motivos que autorizam a custódia preventiva, não

só em virtude do encerramento da instrução criminal como também, e, principalmente, pela súplica ministerial visando à pronúncia do Acusado nas sanções do art. 121, “Caput”, do CP., razão por que não mais se recomenda a preservação da prisão do Acusado;

06.

Ademais, o Acusado não se furtará aos efeitos de uma eventual condenação, visto que tem família constituída, profissão certa, endereço conhecido, trabalho lícito. E, mesmo na remota hipótese de ser condenado, o que se admite apenas para argumentar, pelo Tribunal do Júri, quer pela prática de homicídio simples (art. 121, “Caput”, do CP), quer pela prática de homicídio PRIVILEGIADO ( art. 121, § 1º, do C.P.), não estará sujeito o Acusado a cumprimento de pena em regime fechado.

É UM CONTRA-SENSO GRITANTE, manter o Acusado preso durante o Inquérito Policial, a Instrução Criminal, prolongando-se esta situação até seu julgamento perante o Juízo Natural, quando ao final, por ocasião de sentença penal condenatória, se houver, quer por homicídio simples, quer na forma privilegiada, será ele fatalmente colocado em

liberdade, pois, em quaisquer destas hipóteses, o regime de cumprimento de pena será o SEMI-ABERTO, para a hipótese de homicídio simples (art. 33, § 2º, alínea “b”, do C.P.) ou o ABERTO, na hipótese de homicídio privilegiado (art. 33, § 2º, alínea “c”).

VI – SUMA DO PEDIDO:

Em obséquio ao princípio constitucional da ampla defesa, o Acusado postula de V. Exa., alternativamente:

01- A sua ABSOLVIÇÃO SUMÁRIA, nos termos do art. 411, do CPP c/c arts. 23, II e 25, do CP, por haver ficado comprovado nos autos, à luz de toda a prova testemunhal, documental e de sua própria confissão (dele-Acusado), que possui valor probatório (art. 197, do CPP), que agiu ele em comprovado ESTADO DE LEGÍTIMA DEFESA PRÓPRIA. Tal excludente, “in casu”, não comporta a menor dúvida sobre sua ocorrência;

02- Ou, em última hipótese, o DECOTAMENTO da qualificadora do motivo fútil, igualmente nos termos do pedido já formulado pela Dra. Promotora, nas suas Alegações Finais de fls. 331/335-2º vol., a fim de que possa o Acusado se defender perante o Tribunal do Júri em relação ao fato descrito no art. 121, “Caput”, do C.P..;

03- A REVOGAÇÃO da custódia excepcional do Acusado, por ausência absoluta dos motivos então alegados para a sua mantença, conforme bem explicitado, de modo fático e jurídico, no item nº V, desta Alegações.

Veja, Senhor Magistrado, que a Dra. Promotora silenciou-se completamente sobre a Liberdade Provisória do Acusado, quando da apresentação de suas Alegações Finais, e, como se sabe, o silêncio, em Direito, é umas das formas puras de manifestação da vontade. Entende-se e deduz-se que se a titular da Ação Penal não postulou a mantença da Custódia do Acusado é porque, para ela, desaparecerem legalmente os motivos que a ensejaram, até então.

E, nesta oportunidade, o Acusado se compromete a comparecer a todos os atos e termos do processo, até decisão final, não criando qualquer óbice à sua marcha, em se deferindo sua súplica relativa à LIBERDADE PROVISÓRIA, ora postulada;

04 – E, como súplica primordial, roga pela IMPROCEDÊNCIA da Inicial, com a ABSOLVIÇÃO SUMÁRIA do Acusado, consubstanciada sempre, em qualquer das hipóteses, na imediata expedição do ALVARÁ DE SOLTURA, como medida de Direito e de IMARCESCÍVEL JUSTIÇA. Uberlândia-MG, data Advogado OAB/MG Registro nº

Processo nº... Vara Criminal...

Acusado: ...

Código penal: art. ... Alegações finais

MM. Juiz:

Benedito de Tal, nos autos da ação penal, em trâmite por esse Juízo, vem, através do seu advogado infra-assinado, apresentar as suas alegações finais, conforme a seguir expõe:

Preliminares

O processo deve ser declarado nulo porque prejudicial à defesa no que tange a ilegitimidade de parte – art. 564 – CPP.

A acusação é inteiramente improcedente, porque a instrução criminal não caracterizou a culpabilidade do réu, cuja acusação teve fulcro em declarações impertinentes, desvinculadas da realidade dos autos, às quais não se pode dar credibilidade probatória, porque nitidamente interessadas em desviar da incriminação o verdadeiro criminoso, restando meramente isolada, não comungando, portanto, do conjunto das circunstâncias do fato.

Atente-se que a vítima, tanto na fase policial quanto em juízo, jamais identificou o réu como sendo o autor do delito, limitando-se a indicá-lo como possível causador do crime, tendo inclusive se equivocado na descrição do tipo físico do acusado.

Corrobora essa afirmativa o depoimento da testemunha de acusação ouvida às folhas..., quando afirma ter ouvido do próprio réu a confissão do crime, o que não condiz com a realidade, uma vez que o acusado sequer a conhece ou teve com ela qualquer encontro, seja na etapa policial ou em juízo.

A outra testemunha não apresenta qualquer subsídio para a elucidação do fato. Ao contrário até beneficia o réu na sua cruzada pela liberdade, uma vez que aponta possível envolvimento de outra pessoa no crime, em circunstâncias e relato diversos do capitulado na denúncia.

Pedido

Destarte, diante da nulidade argüida e do mérito plenamente favorável ao réu, requer o julgamento da improcedência da denúncia, ato de verdadeira justiça.

Local e data.

Assinatura do advogado.