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A análise das interações de micro, pequenas e médias empresas moveleiras e madeireiras da Região Oeste com o ambiente, em contexto de arranjo produtivo, foi conduzida para se alcançar os objetivos específicos traçados de compreender as interações dessas empresas com o ambiente. Essa compreensão perpassou pelas condições de organização das mesmas; pelo relacionamento e articulação dessas empresas com outros atores do ambiente e pelas trajetórias e perspectivas do arranjo no sentido de construção de ambiente favorável.

O estudo descreveu, a partir do levantamento das percepções dos empresários e dos dados relativos à operação das empresas, juntamente

com a percepção dos gestores institucionais, algumas interações entre as empresas e o ambiente do APL.

Apresentou a importância das interações para o desenvolvimento dessas empresas, apontando para a perspectiva de interação com o ambiente, onde as empresas possam exercer a capacidade de interagir crescendo e modificando o ambiente.

O primeiro objetivo específico foi descrever em que condições micro, pequenas e médias empresas, em estudo, estavam organizadas no arranjo produtivo, usando como parâmetros os níveis de dificuldade enfrentados na operação dessas empresas, na formação e na situação atual, em 2013.

Na medida em que foram levantados os níveis de dificuldade dos fatores de competitividade relacionados à operação das empresas da pesquisa, o estudo teve a preocupação de contextualizar a atividade operacional e relacionar com as vantagens de se pertencer ao ambiente do APL, considerando as externalidades que o APL pode proporcionar.

Nesse processo, estávamos adentrando no segundo objetivo específico de relacionar as interações e articulações entre os agentes econômicos, ou seja, as empresas e os agentes institucionais para que fossem mantidas a competitividade e o desenvolvimento dessas empresas e do setor no ambiente de arranjo produtivo.

Através das percepções dos empresários sobre a relação da operação das suas empresas com as vantagens de pertencer ao arranjo produtivo, foram analisadas as interações existentes entre essas empresas e o ambiente.

Pode-se dizer que o arranjo moveleiro da região apresenta elevado grau de verticalização produtiva. As interações entre as empresas e o ambiente ocorrem sem vínculos duradouros. Os elos de cooperação na produção de móveis, por exemplo, são temporários, o que significa dizer que, há predominância de produção verticalizada, sem divisão do processo de produção com outras empresas do setor; cada empresa assume todo o processo produtivo.Apesar das dificuldades desses empresários se assemelharem, ainda não se esboçam propostas de solução conjunta para viabilizar a superação e conquista por mais competitividade.

Além da baixa articulação entre as empresas, há baixa articulação também entre essas e as instituições, ressaltando a interação com as instituições educacionais, no que se refere à capacitação de mão de obra. A mão de obra foi o fator apontado, por todos os empresários, como de alta dificuldade para a operação. Tanto a contratação de mão de obra

qualificada como a capacitação da mão de obra para o trabalho foi avaliado como altas desvantagens para as empresas moveleiras e madeireiras.

Identificou-se também que, a ausência de fornecedores de madeira, máquinas, equipamentos e insumos químicos, no arranjo, dificultam os processos interativos de troca de tecnologia e aprendizagem. A estrutura do arranjo moveleiro e as externalidades geradas por ele podem não estar sendo suficientes para o crescimento dos negócios de algumas empresas.

Não obstante existirem possibilidades favoráveis evidentes no ambiente do arranjo produtivo da região Oeste, proporcionadas pela ação institucional e pelo potencial empreendedor da região, ainda existe uma dispersão das ações das empresas que impedem a percepção mais endógena e coletiva do meio empresarial, comprometendo as condições de interações e a visão de construção de um ambiente favorável.

Percebe-se, pela interpretação dos resultados e entrevistas, que os aspectos divergentes na visão dos atores econômicos e institucionais no que se refere à interação, estão no descrédito por parte dos empresários com relação às ações coletivas do arranjo e nas insuficientes externalidades promovidas pelo arranjo moveleiro do Oeste.

E por último, buscou-se alcançar o terceiro objetivo específico de verificar as perspectivas do arranjo, sob a ótica de construção de um ambiente favorável ao desenvolvimento das MPME´s. Nessa perspectiva, considera-se que as aglomerações produtivas têm a capacidade de construir novos ambientes, a partir da interação entre os atores e em função das características de capital social construído pelos atores envolvidos. Esse envolvimento pode ocorrer pela necessidade de enfrentamento das variações do ambiente e por elos de cooperação produtiva.

O ambiente do arranjo moveleiro do Oeste é constituído por uma diversidade de localidades que, até 2013, compreendia trinta e sete municípios, formado por 315 empresas com necessidades diversas. Houve uma evolução no número de empresas e foram ampliados os interesses entre os empresários, em função da maturidade dos seus negócios. As empresas apresentam variados limites operacionais e perspectivas de crescimento que foram alcançados nos seus diversos estágios de desenvolvimento.

Nesse sentido, houve dispersão das ações empresariais que desalinharam a ação coletiva, o que exigiu um novo direcionamento das ações institucionais e melhor articulação de interesses. Portanto, o arranjo vem redirecionando as suas ações para um novo formato

organizacional: a divisão das empresas em núcleos e associações, de acordo com a localização de cada uma. Constata-se que, os trabalhos estão sendo dirigidos em função da demanda das empresas.

Finalizando, o estudo espera ter atingido os seus objetivos traçados, cumprindo com a intenção de ampliar o entendimento das interações das empresas com o ambiente, em aglomerações produtivas, tendo em vista uma compreensão mais autônoma da sustentabilidade e do desenvolvimento das empresas de pequeno porte.