• Nenhum resultado encontrado

Pode-se destacar a posição de campo da instituição estudada, visto que as decisões não ocorreram de forma isolada, mas sempre foram instigadas ou influenciadas por outras instituições que compõem o ambiente externo do Ifac. Mesmo que as instituições não estejam hierarquicamente em posição superior, exerceram um papel de dominação no campo, provocando a necessidade de resposta por parte do Ifac (DIMAGGIO, 1983; GREENWOOD et al., 2011). Isso demonstrou a influência de instituições que exercem dominação no campo sobre as demais que compõem o ambiente.

Outro ponto diz respeito à comunidade acadêmica, que aceitou as atividades remotas, a lógica incipiente no campo, e manifestou interesse pela implementação, apesar de suas preferências pessoais pelo desenvolvimento das atividades de forma presencial, manifestando a realidade dos conflitos entre as lógicas, em que os atores não excluíram do campo uma das lógicas, estando estes cientes da inevitabilidade das duas lógicas conflitantes no campo (VORONOV; DE CLERCQ; HININGS, 2013).

Neste estudo, o cenário de não exclusão da lógica incipiente é possível por conta da conjuntura do problema complexo e inesperado, trazendo insight de que durante as crises as lógicas emergentes podem ter um maior grau de aceitação no campo.

A pesquisa demonstrou que a combinação das lógicas no campo, apesar de conflitantes, ocorreu e deve continuar ocorrendo, visto que, diante o cenário da crise, os atores acataram e solicitaram a implantação da lógica emergente. Como demonstrado nos resultados, após vivenciarem a lógica emergente, os atores identificaram demandas ou serviços que funcionaram de forma mais satisfatória utilizando os princípios dessa lógica.

Assim, como recomendação gerencial, indica-se que os atores devem ser convidados a participarem de discussões que tenham o intuito de adotar segmentos dessa lógica na execução de atividades desenvolvidas pelo Ifac, a fim de permitir a evolução e a inovação na instituição. Outro ponto que deve receber mais atenção é sobre o Ifac aguardar respostas de outras organizações, que não estão hierarquicamente superiores, do campo para emitir uma resposta organizacional, dessa forma recomenda-se que a instituição adquira ou pratique sua expertise para se posicionar no campo sem a necessidade de influência de outras instituições. Com isso o Ifac pode reduzir os riscos do fenômeno complexidade institucional e

consequente a identificação da incerteza técnico-científica, falha na liderança e pluralismo social diante os cenários de crises.

Dentre as limitações deste estudo, é possível destacar que a pesquisa se desenvolve apenas em uma única instituição de ensino, com uma amostragem da comunidade acadêmica, não sendo possível captar todas opiniões. Outra limitação é relacionada ao fim da coleta de dados, que ocorreu ainda durante o curso da crise, não sendo possível a análise de todas as respostas organizacionais para a crise. Por esses motivos, sugere-se que a investigação seja expandida durante todo curso da crise e com mais participantes para captar mais situações conflitantes, bem como ampliar o estudo do modelo para outras áreas que experimentem crises.

REFERÊNCIAS

ABREU, M. C. S.; ANDRADE, R. J. C. Dealing with wicked problems in socio-ecological systems affected by industrial disasters: a framework for collaborative and adaptive governance. Science of the Total Environment. 2019.

AGUINIS, Herman; SOLARINO, Angelo M. Transparency and replicability in qualitative research: The case of interviews with elite informants. Strategic Management Journal, v. 40, n. 8, p. 1291-1315, 2019.

BARDIN, L. Análise de Conteúdo. Lisboa: Edições 70, 1977.

BATTILANA, Julie; DORADO, Silvia. Building sustainable hybrid organizations:

The case of commercial microfinance organizations. Academy of management Journal, v. 53, n. 6, p. 1419-1440, 2010.

BATTILANA, Julie et al. Harnessing productive tensions in hybrid organizations:

The case of work integration social enterprises. Academy of Management journal, v. 58, n. 6, p. 1658-1685, 2015.

BESHAROV, Marya L.; SMITH, Wendy K. Multiple institutional logics in organizations: Explaining their varied nature and implications. Academy of management review, v. 39, n. 3, p. 364-381, 2014.

BJERREGAARD, T.; JONASSON, C. Organizational Responses to Contending Institutional Logics: The Moderating Effect of Group Dynamics. British Journal of Management. Vol. 25, 651-666. 2014.

BORMANN, I.; BROGGER, K.; POL, M.; LAZAROVÁ, B.; COVID-19 e seus efeitos:

sobre o risco de desigualdade social através da digitalização e da perda de confiança em três sistemas educacionais europeus. European Educational Research Journal. 2021.

BRANTNELL, A.; BARALDI, E. Following unique logics despite institutional complexity: An inductive study of academic inventors and institutional logics.

European Management Journal. 2020.

BUNDUCHI, R.; TURSUNBAYEVA, A.; PAGLIARI, C. Coping with institutional complexity. Intersecting logics and dissonante visions in a nation-wide healthcare IT implementation project. Information Technology e People. 2019.

CAMARGO, B. V.; JUSTO, A. M. IRAMUTEQ: Um software gratuito para análise de dados textuais. Temas em Psicologia, 2013.

DIMAGGIO, Paul J.; POWELL, Walter W. The iron cage revisited: Institutional isomorphism and collective rationality in organizational fields. American sociological review, p. 147-160, 1983.

DULUDE, E.; MILLEY, P. Institutional complexity and multiple accountability tensions: A conceptual framework for analyzing school leaders’ interpretation of competing demands. Policy Futures in Education. 2020.

DUNN, Mary B.; JONES, Candace. Institutional logics and institutional pluralism:

The contestation of care and science logics in medical education, 1967–2005.

Administrative science quarterly, v. 55, n. 1, p. 114-149, 2010.

FOLKE, C. Resilience: The emergence of a perspective for social-ecological systems analyses. Global Environmental Change, v. 16, n. 3, p. 253-267, 2006. DOI:

10.1016/j.gloenvcha.2006.04.002.

FRIEDLAND, R.; ALFORD, R. R. Bringing Society Back In: Symbols, Practices and Institutional Contradictions. In: POWELL, W. W.; DIMAGGIO, P. J. (Eds.). . The New Institutionalism in Organizational Analysis. Chicago: University of Chicago Press, 1991. p. 232–263.

GIL, A. C. Métodos e técnicas de pesquisa social. São Paulo: Atlas, 1994.

GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2010.

GREENWOOD, R.; RAYNARD, M.; KODEIH, F.; MICELOTTA, E. R.; LOUNSBURY, M. Institutional Complexity and Organizational Responses. The Academy of Management Annals, v. 5, n. 1, p. 317–371, 2011. DOI:

10.1080/19416520.2011.590299.

HASSE, A.; et al. Dynamics of Institutional Logics in a Cross Sector Social Partnership: The Case of Refugee Integration in Germany. Journal of Business Ethics. 2018.

HEAD, B. W.; ALFORD, J. Wicked Problems: Implications for Public Policy and Management. Administration & Society, Vol. 47(6) 711–739. 2013.

HERNANTES, J.; BAÑULS, V. A. Moving forward to disaster resilience:

Perspectives on increasing resilience for future disasters. Technological Forecasting and Social Change, v. 121, p. 1–6, 2017. DOI:

10.1016/j.techfore.2017.05.011.

HOFFMAN, A. J.; DEVEREAUX JENNINGS, P. The BP Oil Spill as a Cultural Anomaly? Institutional Context, Conflict, and Change. Journal of Management Inquiry, v. 20, n. 2, p. 100–112, 1 maio 2011.

IFAC. Plano de Desenvolvimento Institucional do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Acre 2020-2024. [S. l.], 2020a. Disponível em:

https://www.ifac.edu.br/documentos/pdi-2020_2024.pdf/view. Acesso em: 12 ago.

2021.

IFAC. Regimento Interno do Conselho Superior do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Acre. [S. l.], 2016. Disponível em:

https://www.ifac.edu.br/noticias/2021/fevereiro/eleicao-de-novos-membros-do-conselho-superior-do-ifac-acontece-em-marco/regimentoconsu.pdf/view. Acesso em:

12 ago. 2021.

IFAC. Relatório de Gestão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Acre. [S. l.], 2020b. Disponível em: https://www.ifac.edu.br/acesso-a-informacao/auditorias/relatorios/relatorio-de-gestao-ifac-2020.pdf. Acesso em: 12 mar. 2022.

IFAC. Relatório de Gestão do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Acre. [S. l.], 2021. Disponível em: https://www.ifac.edu.br/acesso-a-informacao/auditorias/relatorios/RG2021.pdf. Acesso em: 12 mar. 2022.

JAY, Jason. Navigating paradox as a mechanism of change and innovation in hybrid organizations. Academy of management journal, 2013, 56.1: 137-159.

KRIPKA, Rosana; SCHELLER, Morgana; BONOTTO, Danusa Lara. Pesquisa Documental: considerações sobre conceitos e características na Pesquisa Qualitativa. CIAIQ2015, v. 2, 2015.

KUHN, T. S. The Structure of Scientific Revolutions. 10. ed. [S.l.]: Editora Perspectiva – Série Debates nr. 115, 2012.

Langley, A. (1999). Strategies for theorizing from process data. Academy of Management Review, 24(4), 691–710.

MATINHEIKKI, J.; AALTONEN, K.; WALKER, D. Politics, public servants, and profits: Institutional complexity and temporary hybridization in a public infrastructure alliance project. Science Direct. International Journal of Project Management. 2018.

MARCONI, M; LAKATOS, E. Metodologia científica. São Paulo: Atlas, 2007.

MARTIN, G.; CURRIE, G.; WEAVER, S.; FINN, R.; McDONALD, R. Complexidade institucional e respostas individuais: delineando os limites da autonomia parcial. Estudos de Organização. 2016.

MEYER, Renate E.; HÖLLERER, Markus A. Meaning structures in a contested issue field: A topographic map of shareholder value in Austria. Academy of Management Journal, v. 53, n. 6, p. 1241-1262, 2010.

MEYER, J. W.; ROWAN, B. Institutionalized Organizations: Formal Structure as Myth and Ceremony. American Journal of Sociology, v. 83, n. 2, p. 340–363, 1977

MIRELLES, Hely L. Direito Administrativo Brasileiro. 30. Ed. São Paulo: Malheiros, 2005.

OBORN, E.; PILOSOF, N. P.; HININGS, B. ZIMLICHMAN, E. Institutional logics and innovation in times of crisis: Telemedicine as digital ‘PPE’. Information and Organization. 2021.

OLIVER, C. Strategic responses to institutional processes. Academy of

Management Review, 1991. Disponível em:

https://www.furb.br/_upl/files/ppgdcc/leituras/art_Strategic%20responses%20to%20in stitutional%20processes.pdf. Acesso em 10 de junho de 2021.

PACHE, Anne-Claire; SANTOS, Filipe. When worlds collide: The internal dynamics of organizational responses to conflicting institutional demands. Academy of Management Review, v. 35, n. 3, p. 455–476, 2010. DOI: 10.5465/amr.35.3.zok455.

PACHE, Anne-Claire; SANTOS, Filipe. Inside the hybrid organization: Selective coupling as a response to competing institutional logics. Academy of management journal, v. 56, n. 4, p. 972-1001, 2013.

RAMUS, T.; VACCARO, A.; BRUSONI, S. Institutional Complexity in Turbulent Times: Formalization, Collaboration, and the Emergence of Blended Logics.

Academy of Management Journal. 2016.

RATINAUD, P. Introduction a Iramuteq. Toulouse : Université de Toulouse-Le Mirail, 2013. 7p.

REYES Jr, E; DIAS, F. O.; COSTA, C. C. B.; TORLING, E. G. S. Conflito entre economia e saúde? O caso da covid-19 no Brasil. Revista Gestão Organizacional.

2020.

SALVIATTI, M. E. Manual do aplicativo Iramuteq. Disponível em:

http://www.iramuteq.org/documentation/html. Acesso em: 01 março. 2022

SCHIFFINO, N.; et al. Post-crisis learning in public agencies: what do we learn from both actors and institutions? Policy Studies. 2016.

SCOTT, W. Richard. Approaching adulthood: the maturing of institutional theory.

Theory and society, v. 37, n. 5, p. 427-442, 2008.

SCHILDT, H.; PERKMANN, M. Organizational Settlements: Theorizing How Organizations Respond to Institutional Complexity. Journal of Management Inquiry. 2017.

TESTA, F.; BOIRAL, O.; IRALDO, F. Internalization of Environmental Practices and Institutional Complexity: Can Stakeholders Pressures Encourage Greenwashing?. J. Bus Ethics. 2015.

THORNTON, P. H.; et al. The Institutional Logics Perspective. Emerging Trends in the Social and Behavioral Sciences. Edited by Robert Scott and Kosslyn. 2015.

THORNTON, Patricia H.; OCASIO, William. Institutional logics. The Sage handbook of organizational institutionalism, v. 840, n. 2008, p. 99-128, 2008.

THORNTON, P. H.; OCASIO, W. Institutional Logics and the Historical Contingency of Power in Organizations: Executive Succession in the Higher Education Publishing Industry, 1958 – 1990. AJS. Volume 105, Number 3. 1999.

THORNTON, Patricia H.; OCASIO, William; LOUNSBURY, Michael. The institutional logics perspective: A new approach to culture, structure, and process. Oxford University Press on Demand, 2012.

TOUBIANA, Madeline; ZIETSMA, Charlene. The message is on the wall? Emotions, social media and the dynamics of institutional complexity. Academy of Management Journal, v. 60, n. 3, p. 922-953, 2017.

UNESCO. A Comissão Futuros da Educação da Unesco apela ao planejamento antecipado contra o aumento das desigualdades após a COVID-19. Paris:

Unesco, 16 abr. 2020. Disponível em: https://pt.unesco.org/news/comissao–futuros–

da–educacao–da–unesco–apela–ao–planejamento–antecipado–o–aumento–das Acesso em: 30 jun. 2021.

VERGARA, S. C. Métodos de Pesquisa em Administração. São Paulo: Atlas, 2005.

VERGARA, S. C. Tipos de pesquisa em administração. 1990.

VORONOV, Maxim; DE CLERCQ, Dirk; HININGS, C. R. Institutional complexity and logic engagement: An investigation of Ontario fine wine. Human relations, v. 66, n. 12, p. 1563-1596, 2013.

WEBER, Edward P.; KHADEMIAN, Anne M. Wicked problems, knowledge challenges, and collaborative capacity builders in network settings. Public administration review, v. 68, n. 2, p. 334-349, 2008.

ZUCKER, L. G. The Role of Institutionalization in Cultural Persistence. American Sociological Review, v. 42, n. 5, p. 726–743, 1977. DOI:

https://doi.org/10.2307/2094862.

APÊNDICE A

Roteiro – Entrevista Semiestruturada

Sobre o momento de suspensão das atividades presenciais

1. Na sua opinião, o que motivou a decisão de suspensão das atividades presenciais?

2. Existiam informações precisas/confiáveis para essa tomada de decisão? Qual foi a base para a decisão? Decretos e estudo científicos.

3. Alguma instituição (Governo Federal, OMS, Governo Estadual, Imprensa) influenciou para a decisão? Qual e como?

4. Na sua visão, a suspensão aconteceu no momento certo? Por qual motivo?

5. Na sua opinião os gestores estavam aptos para lidar com tal complexidade? Os gestores foram assertivos nas suas opiniões/ações?

6. Existiu alguma pressão interna para suspensão? Teve formação de grupos? Como os gestores trataram?

7. Houve resistência para a suspensão das atividades? Sabe de alguém ou grupo que não queria a suspensão? Como a instituição lidou com isso?

8. No momento de suspensão das atividades, existia algum plano, formal ou informal, para retomada das atividades? Ou seja, a decisão foi tomada projetando os próximos passos?

9. Como você enxergou a suspensão das atividades, visto que modificou o cenário padrão da instituição? Sobre as dificuldades das pessoas para remoto.

10. Quais as principais consequências para a instituição, docentes, TAEs e discentes?

Sobre a retomada de forma remota

11. Existiu alguma pressão interna para a retomada, de forma remota, do ensino e administrativa? Teve formação de grupos? Como os gestores trataram?

12. Alguma instituição (Governo Federal, OMS, Governo Estadual, Imprensa) pressionou para o retorno de forma remota? Qual e como?

13. Qual a sua percepção sobre o momento de retomada das atividades de forma remota? A comunidade acadêmica estava amparada (informações, capacitação e instrumentos) pela Instituição e Gestores?

Sobre a retomada parcial das atividades de forma presencial – atividades híbridas

14. Na sua opinião, o que motivou a decisão de retomada das atividades presenciais?

Documentos relacionados