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Considerando o estudante universitário como futuro profissional, com influência sobre a sociedade e possível mediador frente a comunidade, é importante que este profissional, como disseminador de informações e opiniões, esteja preparado para enfrentar questões relacionadas ao HIV/Aids, principalmente aqueles inseridos na área da saúde.

Entretanto, as situações de risco de contaminação ao HIV/Aids estão associadas ao comportamento sexual, sendo assim, é necessário envolver todos os estudantes, independentemente da área em que estudem nas questões relacionadas às medidas de prevenção ao HIV/Aids.

O nível do conhecimento entre a maioria dos estudantes em relação ao HIV é alto, um pouco mais entre as mulheres, com maior domínio entre os estudantes da área da saúde e em estudantes dos períodos finais. Entretanto, grande parte dos estudantes apresenta moderado conhecimento, com possibilidade de comportamento de risco.

Observa-se um baixo índice do uso do preservativo entre os estudantes. Os homens utilizam mais preservativos, e ser estudante da saúde não foi condição necessária ao uso, uma vez que tal classe utiliza menos preservativos. O uso deste parece não ter sido influenciado pelo conhecimento ou pelas experiências decorridas ao longo da trajetória acadêmica, uma vez que os estudantes dos períodos iniciais utilizam mais preservativos.

Entre os estudantes, houve uma divisão de opiniões em relação ao fato de o preservativo diminuir ou não o prazer. Para a maioria dos estudantes, o preservativo não atrapalha a relação sexual e não é considerado nojento. Entretanto, os homens relatam, um pouco mais que as mulheres, que o uso do preservativo diminui o prazer e atrapalha a relação sexual, porém, estes fatores parecem não ser impeditivos para o uso, uma vez que os homens utilizam mais preservativos. Não foram observados comparações relevantes das crenças quando ao curso e período que interfiram no seu uso.

Independentemente do sexo, da área do conhecimento ou do período confiar no parceiro e usar outros métodos para evitar filhos caracterizam-se como um forte motivo para a não utilização do preservativo.

139 Em geral, os estudantes se mostram com capacidade de negociar o uso do preservativo, contudo, apresentam-se em risco, pois pequena parte utiliza o preservativo. Apesar de considerar alto a capacidade de negociação entre ambos os sexos, as mulheres são um pouco mais capazes de negociar o uso do preservativo em relação aos homens, embora utilizem menos preservativos. Entre as áreas do conhecimento e entre os períodos, a maioria não faria sexo se o parceiro se recusasse a utilizar o preservativo. Observa-se que na prática não existe a negociação do uso do preservativo relatada pelos estudantes.

O uso do preservativo diminui quando se trata de parceria fixa, o que reforça o seu maior uso nas relações casuais, com a finalidade mais voltada à prevenção momentânea contra as DST’s, pondo em riscos os parceiros das relações estáveis. A maioria dos estudantes mantém parceria fixa, tendo, em média, um parceiro. Os homens mantêm mais parceria casual e maior número de parceiros sexuais. Entre os estudantes do curso da saúde prevalece a parceria fixa com apenas um parceiro, assim como entre os períodos iniciais e finais.

A percepção dos estudantes do risco de contrairem o HIV/Aids é pequeno, os homens consideram um pouco mais esta possibilidade. Mesmo utilizando menos preservativos, ainda assim, as mulheres se sentem mais seguras em relação a possibilidade da contaminação pelo HIV/Aids. Apesar de os homens apresentarem mais parceiros, eles utilizam mais preservativos, mas, mesmo assim, sentem-se mais em risco do que as mulheres. Pode-se concluir que o uso não se configure de uma forma tão regular quanto informado. Considerando as variáveis curso e período, a maioria dos estudantes também não acredita na possibilidade de se terem contaminados durante a relação sexual.

Quanto ao teste HIV, a maioria dos estudantes, independentemente do sexo, tem conhecimento sobre o teste e o CTA. A influência da graduação se faz presente, uma vez que os estudantes dos cursos da saúde e dos períodos finais detem um conhecimento maior sobre o teste e o CTA.

140 Pequeno número de estudantes já realizou o teste HIV, sendo que a maioria o realizou apenas uma vez, todos afirmam ter tido resultado negativo. Avalia-se que este modelo de estudo não foi o mais apropriado para avaliar os casos de soropositividade ou de Aids, pelo fato de os resultados do teste não terem sido confirmados através do diagnóstico laboratorial. Os estudantes podem ter omitido seu real status sorológico, principalmente pelo medo da discriminação. Foram mais testados os homens, os estudantes da área da saúde e dos períodos finais; tendo os homens repetido mais o teste. Os conteúdos curriculares na área da saúde e as experiências da graduação influenciam de forma positiva na testagem.

Verificamos que os motivos mais citados para a realização do teste HIV foram a doação de sangue e o exame pré-natal. Não se desconsiderando a sua importância, percebe-se uma centralização em torno destas razões. Contudo, é necessário trabalhar e incentivar para que o teste seja realizado a qualquer momento em que houver dúvidas em relação ao status sorológico. O principal motivo citado pelas mulheres e pelos estudantes dos períodos iniciais foi o exame pré-natal e, em relação aos homens, aos estudantes de ambas as áreas do conhecimento e aos estudantes dos períodos finais foi a doação de sangue. Não foi verificada a existência da relação entre o conhecimento sobre o HIV/Aids e o uso do preservativo com a idade.

Percebe-se um defasamento entre aquilo que os jovens conhecem sobre a doença e o que expressam nos comportamentos sexuais. Embora constitua um pré-requisito importante, o conhecimento, por si só, não concretiza as mudanças comportamentais necessárias. É extremamente relevante se considerar sobre a forma como a informação é transmitida e contextualizada.

Na formação de recursos humanos, a instituição de ensino deve considerar que os estudantes constituem um grupo de adolescentes e adultos jovens com risco do HIV/Aids, uma vez que possuem comportamento sexual e não adotam corretamente as medidas preventivas. O fato de o estudante ser universitário não afeta o comportamento sexual e, consequentemente, os riscos inerentes à prática sexual desprotegida.

141 Para esta população, sugere-se que sejam desenvolvidos programas dentro da própria instituição, desenvolvidos e destinados aos universitários, envolvendo também a comunidade a que se presta assistência, em forma de oficinas e atividades de extensão que busquem enfatizar tanto os apectos preventivos (conhecimentos, uso do preservativos, testagem sorológica) quanto os aspectos afetivos, sensibilizando-os para a percepção de risco e vulnerabilidade, descaracterizando a Aids como doença relacionada a grupos de risco.

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PERSPECTIVA DE INVESTIGAÇÃO

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