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Antecedentes históricos dão conta da determinação dos povos europeus em criar um mercado comum, mormente a partir dos anos 50. Depois de várias reuniões entre chefes e de Estado, finalmente decidiu-se pela sua criação durante o Tratado de Maastricht, em 1992, sendo a mesma instituída em 1993. Tinha como objetivos: a formação de uma unidade econômica entre os países membros; redução das desigualdades socioeconômicas de suas regiões, livre circulação de bens, serviços, trabalhadores e capitais entre os países membros do bloco; garantia de políticas de imigração, cooperação jurídica e policial; e melhorar as condições de vida e trabalho dos trabalhadores europeus.

Os países, para participarem dessa Unidade, deveriam aceitar e cumprir os critérios de convergência, relativos à taxa de inflação, dívida e déficit do governo, bem como a taxa de juros. Desde 2002, foi criada a moeda única, chamada de Euro, que circula em 17 países da chamada Zona do Euro. Os países membros desfrutaram de relativo desenvolvimento, tendo o Banco Central Europeu como controlador do sistema financeiro da referida zona, chegando até meados de 2007 com continua estabilidade, mesmo enfrentando algumas crises mundiais e de percurso até meados de 2008, quando a crise imobiliária norte- americana, denominados de subprime, ampliou-se em níveis mundiais.

Os países da União Europeia foram particularmente afetados, em especial a Espanha, Irlanda, Portugal e Grécia, com sérias crises fiscais e financeiras, cujos desdobramentos foram pesquisados por esta tese, objetivando verificar se aqueles países que mais se afastaram dos indicadores de convergência do Tratado de Maastricht, foram mais impactados nas taxas de desemprego e investimento.

Para o teste e verificação desses impactos, foram desenvolvidos dois modelos, um para o Desemprego e outro para o Investimento, consideradas variáveis dependentes, e as variáveis explicativas do modelo, Desvios da inflação, da Dívida e do Déficit do governo, juros, PNB, bem como uma variável Dummy para capturar os efeitos da crise sobre essas variáveis. Para corrigir prováveis problemas de endogeneidade e heterocedasticidade, foi também utilizado o método generalizado de momentos (GMM).

Os resultados, elucidados pela análise das estimativas, apontaram evidências de que desvios das metas estabelecidas pelos critérios de convergência do Tratado de Maastricht, pioram as condições das taxas de desemprego e investimento. No geral, isto pôde ser observado em alguns países que apresentaram maior turbulência durante a crise do

subprime, reverberando até hoje, com altas taxas de desemprego, pouca capacidade de investimento e altas taxas de dívidas, corroborando a hipótese de que as crises, o aumento da inflação, dívida e aumento do déficit pioram as taxas de desemprego e investimento da economia. Por outro lado, quanto mais os países se aproximam das mesmas, melhoram essas taxas.

O mérito e a principal contribuição desta pesquisa foi testar os desvios dos Critérios de Convergência do Tratado de Maastricht e a influência que esses desvios causam nas taxas de desemprego e investimento dos países membros da União Europeia, cujas evidências demonstraram que, quanto menor o desvio dos referidos critérios, tanto pior serão os índices de desemprego e investimento nas economias dos países membros investigados.

O levantamento de dados mostra que alguns países ainda não suplantaram a fase aguda da crise da Zona do Euro, justamente aqueles que mais se afastaram dos critérios de convergência, tais como: Grécia, Espanha, Portugal e Irlanda.

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