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Num panorama acelerado de mudança do paradigma da saúde, urge a necessidade dos profissionais de enfermagem se suprirem de conhecimentos, aptidões e competências específicas, que promovam a qualidade dos cuidados, com vista à obtenção de ganhos em saúde. Nos últimos anos, a crescente dignificação da profissão de Enfermagem sustenta-se numa prática clínica cada vez mais complexa e com maior responsabilidade, que para além de uma sólida formação base, exige uma aprendizagem contínua, no sentido do desenvolvimento de competências especializadas.

A Ordem dos Enfermeiros coloca o desafio de construir percursos de desenvolvimento profissional que permitam a atribuição do título de Enfermeiro Especialista, alicerçado numa lógica de reconhecimento de competências, onde os momentos formais de aquisição de conhecimento se unem à experiência profissional sustentada numa prática clínica reflexiva, por forma a garantir a qualidade e o desenvolvimento dos cuidados de Enfermagem. Neste sentido, senti necessidade de aprofundar conhecimentos e competências na área de Especialização em Enfermagem Médico-Cirúrgica, na procura da excelência do exercício profissional, tanto no domínio da prestação de cuidados como na gestão e formação de equipas.

A concretização da Unidade Curricular - Estágio em EMC permitiu-me mobilizar conhecimento e capacidades em todas as áreas e ainda, desenvolver competências científicas, técnicas, humanas e relacionais, particularmente no cuidado de enfermagem especializado à pessoa em situação crítica e em fim de vida, na área de especialização em Enfermagem Médico-Cirúrgica.

O Estágio em EMC constituiu momentos ideais de formação e reflexão na prática, o que me permitiu desenvolver um conjunto de competências que integram o saber, saber-

fazer, saber-ser e saber-aprender, apoiados na evidência científica. A escolha dos locais

de Estágio em EMC foi facilitadora do desenvolvimento dessas competências de enfermeiro EEMC, uma vez que foram múltiplas e diversas as situações de aprendizagem e reflexão, tal como era previsto pela caracterização do doente crítico e do doente em fim de vida.

Como contributo para o Módulo III – SCP, desenvolvi um trabalho, titulado de O Enfermeiro Perante a Morte, que se tornou uma ferramenta significativa para a sensibilização da equipa de enfermagem, que diariamente enfrenta a morte e processos de morte. O desenvolvimento deste trabalho urgiu pela minha necessidade de compreensão destes fenómenos. Foi realizada uma vasta pesquisa bibliográfica sobre a temática, e de seguida construído um questionário, titulado de O Enfermeiro perante a Morte, cujo objetivo foi compreender como vivenciam os enfermeiros a morte e o processo de morrer, que estratégias de coping utilizam e que recursos e apoios dispõem na instituição onde desempenham a sua atividade profissional. O questionário foi aplicado à equipa de enfermagem de forma confidencial e voluntária, e os resultados foram analisados à luz da evidência científica encontrada. Assim perante o resultado de anos de serviço em cuidados paliativos, verifiquei que da amostra aleatória a que foi aplicado o questionário, 44% das enfermeiras apresentam 7-15 anos de exercício profissional no SCP e de acordo com a evidência poderão estar a vivenciar mecanismos de coping não eficazes. Assume-se assim uma importância significativa sobre esta problemática e conhece-se a necessidade das instituições olharem para estes profissionais, oferecendo apoio, momentos de partilha de sentimentos e de formação, entre outros.

Acredito ter conseguido um contributo válido, para a consciencialização dos enfermeiros do SCP, no estabelecimento de momentos de reflexão pessoal e/ou grupal, que de certa forma possam facilitar a vivência no período terminal da vida, e consequente, a prestação de melhores cuidados.

No módulo I – SU, o meu contributo esteve relacionado com propostas de melhoria no planeamento e efetivação do Transporte Inter-Hospitalar do Doente Crítico. De forma a atender as boas práticas, qualidade e segurança no TIH do doente crítico, em parceria com a colega de Estágio em EMC, realizei uma vasta pesquisa bibliográfica e uma sessão de formação à equipa de enfermagem sobre a temática. Assim, pela formação em serviço, após reflexão com os enfermeiros tutores EEMC e com o enfermeiro chefe, foi realizada sensibilização à equipa sobre a oportunidade de melhoria e apresentados os documentos desenvolvidos, nomeadamente, a Norma de Procedimento, a Avaliação para o Transporte Inter-Hospitalar e o Formulário para o Transporte Inter-Hospitalar. Estes documentos foram disponibilizados à equipa para análise e futura implementação no serviço. Acredito ter conseguido um contributo válido, para a consciencialização dos enfermeiros no estabelecimento de momentos de reflexão pessoal e/ou grupal, bem como para o

estabelecimento de uma conduta de atividade profissional, assente na prestação de cuidados seguros, de qualidade, com base na evidência científica.

No módulo II – SMI, perante a prestação de cuidados especializados à pessoa com DPOC submetida a VNI, surgiram oportunidades de melhoria, nomeadamente na seleção criteriosa do doente submetido a VNI através da consulta rápida do Póster – A Ventilação Não Invasiva proposto no SMI. Como forma de melhorar o registo de enfermagem sobre o doente submetido a VNI formulei um documento de registo, a Folha de Monitorização na VNI. Os documentos foram facultados à equipa de enfermagem para a sua análise, como suporte de uma oportunidade de melhoria na prática clínica futura.

As dificuldades sentidas no decurso do Estágio em EMC estiveram relacionadas com a dificuldade inicial de integrar a dinâmica funcional dos serviços, pelas suas especificidades. O langor que se fez sentir na fase final deste percurso, pela conciliação da atividade profissional, da atividade pedagógica e familiar, conduziram a um esforço físico e psicológico acrescido, mas ao mesmo tempo gratificante na medida em que constituiu uma experiência enriquecedora, contributiva na aprendizagem, na pesquisa, na investigação e na aquisição de competências de específicas da área de EEMC.

O desenvolvimento das competências de enfermeiro especialista na área de EEMC foi fruto da minha pesquisa, análise, reflexão e confrontação da prática clínica observada e realizada, no intuito da melhoria contínua da qualidade dos cuidados, na resposta a fenómenos complexos, o que se demonstrou como uma metodologia eficaz.

A elaboração deste relatório permitiu-me evidenciar as atividades realizadas na consecução dos objetivos, previamente traçados no projeto de estágio, e dar realce à minha atitude crítica e reflexiva na aquisição de competências de enfermeiro especialista em EEMC, no respeito da dignidade humana do doente em situação crítica e em fim de vida em todo o percurso de desenvolvimento. As atividades desenvolvidas foram pertinentes para o meu desenvolvimento, pelo que tive a possibilidade de destacar as oportunidades de melhoria encontradas e as estratégias implementadas e/ou sugeridas pelas equipas, pelos enfermeiros tutores EEMC, pelos colegas do MEEEMC durante as sessões de orientação tutorial e pela orientadora, Mestre Patrícia Coelho. Foi este espírito de análise e sentido crítico em relação à prática dos cuidados, que potenciou o desenvolvimento do conhecimento e de competências diferenciadas, convergindo na conquista de uma prática de enfermagem avançada.

O Relatório de Estágio foi desenvolvido no respeito pela Deontologia Profissional. Como dificuldade na sua elaboração, destaco a dificuldade de síntese, a dificuldade na

seleção dos aspetos a abordar e a dificuldade na escolha das atividades desenvolvidas e competências adquiridas a destacar. Sinto que muitas atividades ficaram por descrever e refletir neste documento, embora tenham sido relatadas as mais importantes como futura enfermeira EEMC.

Na minha atividade profissional de enfermagem no IPOPFG, E.PE. sinto e transmito maior segurança, qualidade e evidência científica na tomada de decisão, fruto das competências específicas desenvolvidas ao longo deste Mestrado em Enfermagem, com Especialização em Enfermagem Médico-Cirúrgica.

Pela investigação, futuramente pretendo continuar a dar visibilidade à Enfermagem como profissão e disciplina, por meio da disseminação de conhecimento com a publicação de artigos e participação em eventos com trabalhos fruto da investigação. E ainda, por meio de uma prestação de cuidados especializados em Enfermagem Médico-Cirúrgica, através de processos de tomada de decisão, com base na evidência científica, na ação refletida, na mobilização de um conjunto de saberes científicos, tecnológicos e relacionais, de forma a assumir uma função diferenciada no cuidar, autónoma e interdependente, na resposta a situações complexas da área de especialização em Enfermagem Médico- Cirúrgica.

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