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Ao apresentar a conclusão desta pesquisa retomo o seu objetivo: criar contextos e modos motivadores para o ensino das estratégias de compreensão leitora e, assim, contribuir para a formação da criança leitora. Para consolidar esse objetivo, realizei opções teóricas e práticas dentro do um percurso investigativo que dialogassem e pudessem orientar a aplicação das estratégias e a análise dos resultados gerados continuamente. Fiz a opção por procedimentos metodológicos referendados na proposta

de construção do homem por meio de sua Atividade numa sociedade em permanente mudança. Um homem formado pela história humana porque, no uso das ferramentas culturais, apropria-se do legado histórico do conhecimento produzido pela espécie.

Essa escolha foi fundamental para a organização do contexto da aplicação da proposta e para a participação dos alunos, pois quando se pretende formar indivíduos autônomos, capazes de ampliar seus conhecimentos das ações de leitura é preciso oferecer-lhes condições. À medida que a pesquisa se desenvolvia, eu percebia as exigências da proposta de trabalho onde todos são sujeitos e produtores do conhecimento. Surgiam então, as necessidades motivadoras para o grupo e para a professora/pesquisadora.

As inquietações que trazia comigo ainda da experiência no mestrado, durante este novo percurso me incomodavam e me faziam recordar de frases provocadoras que surgiram nas discussões durante as aulas do referido curso: ―Não conseguimos enxergar a leitura, ela não é explicita como a escrita, não podemos ver seu processo.‖ ―Sempre avaliaremos a leitura pela via da escrita‖. Então, como organizar ações de ensino para que a criança pudesse apropriar-se das ações de leitura e ser conduzido à Atividade de leitura formando a criança leitora?

No final do mestrado ao participar do grupo de estudo ―Processos de leitura e de escrita: apropriação e objetivação‖ conheci a proposta de trabalho com as estratégias metacognitivas de leitura.

Após esse contato adentrei na pesquisa voltada a responder à questão norteadora desta tese: a organização do ensino das ações de leitura, por meio da aprendizagem das estratégias de leitura, contribui para formação da criança leitora? A investigação, passou então a procurar compreender e aplicar esse instrumento pelo qual a criança pode apropriar-se dos processos de domínio dos meios externos do desenvolvimento cultural e do pensamento e busquei encontrar um percurso que pudesse apontar caminhos que contribuíssem para a formação do leitor. Pretendi registrar essa trajetória neste texto, procurei explicitar e fundamentar as escolhas e ações desenvolvidas e aplicadas na sala de aula a fim de obter a confirmação da tese de que a abordagem das estratégias de

leitura organizada intencionalmente cria o contexto necessário para o ensino das ações de leitura.

Assim, iniciei apresentação do percurso da pesquisa a partir da discussão acerca da metodologia de pesquisa e de trabalho porque compreendi ser necessário que o leitor, dessa tese, se situasse dentro do suporte teórico que fundamenta a prática do Experimento Formativo, assim como também pudesse compreender qual o propósito desta metodologia de pesquisa. Nesta parte do texto também julguei necessário oferecer informações de como a sala e o grupo foi organizado de forma que as crianças se tornassem sujeitos atuantes na pesquisa e nos seus processos de aprendizagem.

As estratégias como instrumentos mediadores foram abordadas em todo o corpo do texto, assim fez-se necessário o esclarecimento de que se trata esta proposta metodológica do ensino das ações de leitura, sua fundamentação teórica e as propostas de operações e ações de leitura.

Por não ser um ato motor, mas ato invisível aos olhos e forma superior de conduta humana, vi a importância de explicitar a compreensão que faço da leitura, dos modos de ler e das ações de leitura como caminho para a Atividade de leitura. Atividade composta de operações e ações mentais motivadas para desenvolver o pensamento.

Por fim, apresentei as estratégias que explicitei em sala de aula com a exemplificação de algumas operações com o objetivo de apresentar a ferramenta de ensino das ações de leitura, em seu uso e possibilitar a aplicação das estratégias por outros professores.

A caminho da conclusão, após realizar a trajetória apresentada, confirmo que a consolidação da verdadeira aprendizagem se dá quando o sujeito está capacitado a participar ativamente do processo de construção do conhecimento e puder utilizá-lo a partir do diálogo com o outro e da internalização do discurso. Reconheço que a aquisição da leitura se dá por meio da prática significativa, assim, é necessário que o aluno faça a leitura de textos que possibilitem criar uma teia de significados e sentidos e, seja orientado para que mobilize conhecimentos, se aproprie de instrumentos que o auxiliarão das ações de leitura.

As crianças que não aprendem a ler porque não encontram sentido na leitura ou possuem uma ideia errada do que ela seja, não veem nela utilidade. Quando desenvolvem a capacidade de ler, os alunos conseguem manifestar como fizeram o caminho percorrido para a compreensão do texto. Fato constatado pelas investigações ao perceber a mudança na conduta dos alunos e o aumento dos diferentes textos de suporte.

É preciso que as crianças, motivadas pelo objetivo de se apropriar das ações de leitura, tornem-se leitoras na Atividade de leitura, entrem em contato com materiais portadores de textos de qualidade, façam mais leituras significativas para que, no processo, realizem as escolhas dos significados adequados dentro das alternativas que possuem. Quando a criança realiza a escolha correspondente e possível, ela então atribui o sentido à palavra, ou seja, emprega a palavra em uma situação concreta, com sentido no contexto, mobiliza conhecimentos e ações psíquicas que contribuem para a leitura. A palavra possibilita planejamento, orientação do pensamento e das operações mentais. Ao apropriar-se das estratégias, percebi que os alunos conseguiam promover orientações mentais que os auxiliavam na leitura.

Por meio da organização do contexto pedagógico e das estratégias, os sujeitos contribuíram com suas diferentes experiências sócio-históricas. Nas relações com os sujeitos as experiências sociais foram apreciadas com o objetivo de promover a participação de todos na produção de conhecimento. Isto ocorreu por meio de elaboração de ações que se tornaram estratégicas para a apropriação da linguagem escrita com enfoque na leitura dos signos verbais. Valorizando o diálogo entre as pessoas, interesses sociais e científicos foram articulados e os conhecimentos produzidos atenderam às necessidades dos participantes, tornando-os sujeitos do processo.

Outras observações referendaram conceitos como de que uma pessoa não pode aprender leitura e escrita através da mecanização de suas ações, por isso se requer uma bagagem de conhecimentos adquiridos não com treinamento, tentativa e erro, ou mesmo pelo simples contato com a escrita, mas por ações conscientes do indivíduo. Um professor pode lançar às crianças atividades significativas em torno dos seus conhecimentos prévios e assim facilitar a aquisição de novos, depois os utilizar

conforme as exigências e oportunidades. A sugestão desta tese é de que ele aplique as estratégias metacognitivas de compreensão leitora.

Espera-se que o espaço escolar, contexto social que possui a apresentação da forma ideal como parte de sua tarefa se constitua como o ―outro‖ e possibilite ao aluno a aquisição de novas significações pelo processo de generalização possível dentro desta proposta.

Cosson (2011) nos diz que o leitor não nasce pronto ou que o simples fato de saber ler não transforma o indivíduo em leitor maduro. Assim, diante dos estudos e dos resultados obtidos, reconheço nas estratégias de leitura um caminho para ensinar a criança a ler. Após as análises e aplicação das estratégias confirmo a tese de que a abordagem das estratégias de leitura organizada intencionalmente cria o contexto necessário para o ensino das ações de leitura. Pois, por meio delas há a organização das ações e operações metacognitivas necessárias para a criança apropriar-se das ações de leitura e promover a compreensão do texto lido e a apropriação de seu conteúdo.

Com a intenção de melhorar o ensino na educação básica e pensar o cotidiano na escola, proponho repensar a metodologia utilizada para aproximar o aluno do conhecimento produzido historicamente por meio da leitura e planejar ações para esta aproximação. Percebemos pelos estudos que as crianças se tornam leitores quando a linguagem escrita é utilizada de forma significativa, por meio de materiais de leitura significativos, que colaborarão na relação de sua experiência e conhecimento prévio com a apropriação do novo. Vimos que a leitura vem carregada de significados e o leitor constrói a significação da palavra, na decodificação dos signos e sua estabilidade não é alterada pelas mudanças de sentidos obtidos no contexto do discurso.

Discutimos sobre a necessidade de criação de situações de leitura para que o sentido dado pelo seu contexto e pelo seu uso possibilite uma aprendizagem significativa, a ampliação dos conhecimentos. Nesse contexto, as vivências fazem toda a diferença na apropriação da leitura. Os conhecimentos prévios, que poderão vir ao aluno por meio de referências literárias ou não literárias, são necessários para a compreensão. Por meio das vivências as referências de vida podem ser trazidas no momento da leitura, a pessoa se utiliza de outras estratégias.

Assim esta pesquisa propôs a reflexão sobre estratégias de leitura a fim de capacitar os alunos para o desempenho nessa atividade com competência, prazer e valorização do texto escrito, dos escritos históricos e da produção literária. Para que isto ocorra, a mediação docente desempenha um importante papel, sua função é orientar o aluno, dar-lhe a conhecer os textos e estabelecer conexões intertextuais.

Concluímos que a leitura, entendida como uma Atividade social e forma superior de conduta pode propiciar uma relação criativa, crítica e libertadora com a escrita e com a realidade. Esse é um desafio para qualquer processo de democratização e mudança social coletiva.

As estratégias de leitura como ferramenta cognitiva permitem a compreensão leitora e o envolvimento do aluno com os diferentes gêneros de comunicação escrita. Porém, a leitura literária foi a motivadora e ofereceu uma gama de possibilidades, como: ludicidade, desenvolvimento da imaginação, prazer na leitura e valor literário. Nas palavras do aluno ADAn: “ A gente pode entrar dentro do livro?!”. Disse isso virando os olhinhos numa expressão de descoberta. Ou ainda na fala do aluno AJOn ao final da leitura do livro A verdadeira história dos três porquinhos – John Scieska: “Lobo

se você não ficar bonzinho, eu entro na história e chulap, chulap no rabicó!”.

Ao concluir este trabalho é possível afirmar que ter o homem como parâmetro, a fim de que a tarefa educacional proporcione uma educação plena, com todos os meios disponíveis, tendo alunos e educadores como agentes ativos de transformação e produtores de sua própria história, é uma prática possível, proponho que as ideias aqui apresentadas possam ser utilizadas para discutir e ensinar as ações leitoras.

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