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IV. IMPLEMENTAÇÃO DAS ESTRATÉGIAS DE COMPREENSÃO

4.2. Estratégias aplicadas na pesquisa

4.2.3. Visualização

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Jolibert denomina de silhueta a organização espacial do texto. A dinâmica interna do texto implica a organização lógica do texto;o esquema tipológico; a dinâmica interna e parágrafos.

A estratégia de visualização também foi escolhida para esta apresentação devido a sua relação com a inferência, pois Harvey e Goudvis dizem que bons leitores fazem representações mentais para ajudá-lo a inferir, recordar eventos.

Esta pesquisa incidiu também sobre o uso das ilustrações dos livros para compreensão do texto e com a adaptação de obras literárias para filmes. As condições oferecidas para o desenvolvimento mental das crianças visavam contribuir para a criação de imagens mentais e a realização de ações do pensamento.

Ao criamos imagens enquanto lemos, podemos trazer o texto da nossa vida, imagens originárias de nossas vivências e que combinam com as nossas emoções e apresentam a possibilidade da significação ao associá-las às palavras do texto. Podemos oferecer aos alunos instruções para desenvolver suas habilidades para a formação de imagem mental e levá-los a entender que as imagens podem ajudá-los a compreender melhor o que leem.

Na estratégia de visualização os leitores criam imagens em suas mentes que revelam ou representam as ideias no texto. Como já comentado anteriormente as estratégias de inferência e visualização possuem formato similar. Nelas podemos incluir qualquer cheiro, sabor, sensações, sons e formas, ou seja, os sentidos que servirão para auxiliar na compreensão do texto.

Como nas demais estratégias as experiências prévias do leitor permitem a montagem do filme quando está lendo. Esta possibilidade existe para os textos literários e dos demais gêneros.

A primeira ação intencional de visualização foi exposta aos alunos durante a

proferição do texto ―Cidadezinha cheia de graça‖, de Mário Quintana. O evento ocorreu

no dia 27/07/2012 em uma mini aula que apresentei aos alunos.

Cidadezinha cheia de graça - Mário Quintana

Cidadezinha cheia de graça… Tão pequenina que até causa dó! Com seus burricos a pastar na praça… Sua igrejinha de uma torre só.

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Nuvens que venham, nuvens e asas, Não param nunca, nem um segundo… E fica a torre sobre as velhas casas, Fica cismando como é vasto o mundo!…

Eu que de longe venho perdido, Sem pouso fixo ( que triste sina!) Ah, quem me dera ter lá nascido!

Lá toda a vida poder morar! Cidadezinha… Tão pequenina Que toda cabe num só olhar…

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Durante minha proferição, interrompia a apresentação do texto a cada dois versos e descrevia aos alunos as imagens que se formavam em minha mente. Ao final da demonstração expliquei que buscava as imagens para descrever nas diferentes experiências que havia vivido: o lugar onde nasci, as paisagens que vejo nas estradas quando viajo, os quadros de paisagens que tem nos livros.

Não percebi expressões de surpresa ou manifestação, somente a confirmação do que a professora dizia. Penso que a falta de expressão se deve ao fato de que, não sistematicamente, já utilizavam-se desta estratégia.

A segunda sequência de operações que sugeri aos alunos baseou-se no livro ―A

Coisa‖, de livro de Ruth Rocha. Segue a descrição do Evento ocorrido no dia

25/08/2012.

Sinopse: A Coisa - Ruth Rocha

Alvinho é um menino parecido com muitos que você conhece: é curioso, adora bichos e gosta de colecionar coisas. Até aí tudo normal. Mas você não conhece o Alvinho, então não imagina o que ele é capaz de fazer para conseguir o que quer! Dizem que a curiosidade matou o gato. Por isso é que aquela "coisa" que Alvinho encontrou no porão da casa de seu avô meteu um medão na família toda. O que estaria ali, escondido no meio da escuridão?

Para realizar esta ação, cada aluno recebeu o texto “A Coisa”, extraído do livro de Ruth Rocha. Digitei o texto sem as imagens, entreguei para cada aluno uma folha de sulfit e a recortamos na forma de um quadrado dobramos como mostra a figura abaixo e depois escrevemos as palavras que indicam os sentidos.

Os alunos leram o texto e registraram a nas pontas o que o livro despertava neles e estava relacionado a determinado sentido. As crianças perceberam e vivenciaram a possibilidade de recorrer à memória para recordar das sensações relativas aos sentidos.

Esses dados foram novos para os alunos porque no momento da aplicação da estratégia, percebi que houve movimentação diferenciada durante a escuta da proposta. ABIa comentou que não lembrava de cheiros e ALFn disse que seria difícil. Para a mobilização destes conhecimentos e desta memória relacionei uma série de palavras que provocaram a mobilização mental dos alunos. Citei limão, chocolate, bife frito, pelo de gato e de cachorro, quando prendemos o dedo na porta, a voz da mãe chamando.

Compreendo ser esta uma forma de atuação na zona de desenvolvimento potencial porque os alunos conseguiram se envolver na tarefa após a mediação. A partir de então farão sozinhos, inclusive a mobilização para a compreensão do texto

As ações apresentadas a seguir foram elaboradas propositalmente para coletar dados para esta pesquisa. Durante a semana de 17 a 21 de junho de 2013, realizamos diferentes ações para finalizar a coleta de dados. Algumas estratégias relacionadas a conexão, inferência e visualização foram aplicadas com algumas crianças para analisar o seu envolvimento e a construção do filme mental. A criança produzindo seus filmes, seus quadros e neles incluindo elementos a partir da leitura.

No caso específico da visualização, extrai as imagens dos textos indicados abaixo com a finalidade de observar o comportamento das crianças frente a esta possibilidade de leitura e como mobilizariam a estratégia de visualização especificamente. A extração do texto de seu suporte original não deve ser uma prática comum na sala de aula, porém havia necessidade de comparar as informações orais das crianças com as representações realizadas por elas.

Sinopse: TRÊS URSOS - Cliff Wright

Sem poder sair de casa por causa da pata quebrada, Urso Marrom esta muito preocupado. Seus amigos, Urso Negro e Urso Branco estão se divertindo sem ele - mas na verdade eles estão preparando uma linda surpresa para o Urso Marron. Este livro conta uma encantadora historia sobre amizade e ciúmes!

Figura 43 - Ficha para conclusão da coleta de dados referentes à estratégia de visualização na semana de 17 a 20 /06/2013

Quadro síntese de visualização Nome: AMAy

4º ano - C data: 17 a 21/06/2013 Título do livro: Três ursos

Autor: Cliff Wright

1. Leia o texto, não se esqueça de utilizar todos os seus sentidos em sua imaginação.

2. Agora, escreva, a partir de sua leitura a complementação da frase abaixo e crie outras se julgar necessárias.

3. Comente e compare com os colegas suas respostas.

EU VEJO: três ursos um é marrom, outro é branco e o outro é negro. EU ESCUTO: todos os animais da floresta ajudando com madeira EU POSSO SENTIR: o pelo do urso

EU CHEIRO: o cheiro da tempestade e o cheiro da madeira. EU POSSO SABOREAR: o banquete que o urso marrom fez.

COMENTÁRIO FINAL DO LEITOR: eu gostei do livro porque fala sobre como a amizade é boa e fiel.

Observe que durantes as anotações, AMAy adiciona elementos do texto e ao final os uni para formular uma conclusão.

Para desenvolver a ação de visualização, a partir dos livros ―O limpador de placas‖ e o ―O Menino que Achou uma Estrela‖ e fomos até a biblioteca da escola. Neste ambiente nunca fizemos anotações, porém nesta semana vi a possibilidade de observar as diferentes mobilizações que os alunos poderiam fazer e atentei-me aos alunos para quem apresentei os referidos textos sem imagem. Apresentei duas propostas ao grupo: a leitura dos livros da estante e leitura dos textos sem imagem. Quem optasse pelos textos sem imagem poderia fazer desenhos relacionados ao texto.

A primeira imagem refere-se ao trabalho do aluno ADOu, mas não conversamos sobre o texto e suas impressões.

Sinopse: O Menino que Achou uma Estrela – Marina Colasanti

Numa bela manhã refrescante, depois de uma tempestuosa noite, o menino saiu para brincar e acabou encontrando uma inesperada visitante: uma estrela menina. A estrela, cinzenta e apagada, estava muito doente, justamente por isso o menino a levou para casa. E agora, como cuidar de uma estrela? O que será que ela come? Como fazê-la sarar? O problema era grande, mas não faltava vontade de ajudar. Sensibilidade e espírito solidário são o foco principal desta obra. O tema original faz o leitor participar do texto, podendo até criar outras desafiantes situações.

Figura 44 - Visualização desenhada pelo aluno ADOu do livro ―O Menino que Achou uma Estrela‖.

Sinopse: O Limpador de Placas - Autor: Monika Feth e Ilustrador: Antoni Boratynski

O limpador de placas de rua era um homem feliz. Gostava do que fazia, gostava de suas ruas e gostava de suas placas. E quando alguém perguntava o que gostaria de mudar em sua vida, respondia sem vacilar: Nada, absolutamente nada! Decerto tudo teria continuado assim se um belo dia uma mãe e seu filho não tivessem parado ao pé da escada azul... Com poucas palavras bem colocadas, a autora nos ensina como a leitura e a boa música podem preencher e transformar a vida de qualquer pessoa.

Inicialmente conversei com ATAi sobre o que já tinha descoberto no Texto. Ela me disse que a narradora era uma mulher por causa do nome da autora. Fez a conexão com o texto ―Quando as cores foram proibidas‖ porque mostrei a capa do livro que continha o texto reproduzido. Pedi que descrevesse como era o limpador após dizer que fez uma conexão com o gari. A aluna me disse que tudo o que ele tinha era tudo azul e saiu dando ―rabeada‖ 25

com a bicicleta de dentro do galpão.

Passei a observar o aluno AGAb produtor da representação abaixo. Perguntei por que ele fez o desenho com estas formas e perguntei se ele já tinha visto algo parecido. Ele disse que se lembrou de quando foi a um encontro da igreja que participa e viu um homem falando.

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Figura 45 - Imagem produzida pelo aluno AGAb a partir do livro "O limpador de placas".

Podemos observar pelas falas e imagens produzidas pelos alunos que durante a leitura recorremos a nossa memória, pensamos e atribuímos sentido ao lido e isto é possível de ser ensinado.

Outro recurso que utilizamos foi a encenação. Novamente, extraí as imagens do texto e distribuí a turma. A Aluna AMEd fez a proferição e passamos a elencar os elementos teatrais necessários para montar a peça. O destaque desta tarefa foi o fato de que após a distribuição das funções os alunos retomavam o texto para saber se construíram seu personagem adequadamente, conferir a confecção do figurinos e ver se era compatível com a descrição, a caracterização dos personagens, a confecção e organização das peças do cenário. Essa dinâmica corresponde a mais de uma leitura do texto. A retomada é sempre em busca de uma informação nova para atingir o objetivo desse modo de ler.

Os alunos trabalharam a visualização do texto O coelho que não era de páscoa, de Ruth Rocha transformando-o em peça de teatro e apresentando aos alunos de uma turma do primeiro ano. A professora do primeiro ano enviou um bilhete para a turma pesquisada nos convidando para visitá-los; combinamos a visita e decidimos apresentar a peça de teatro.

O Coelhinho que Não Era de Páscoa Autor: Rocha, Ruth

Vivinho é um coelho normal: Tem muitos irmãos e uma família legal. E o que ele vai ser quando crescer? Coelho de páscoa, só pode ser! Mas vivinho quer outra profissão. Será que os pais vão aceitar sua decisão?

Figura 46 - Ensaio da peça teatral para apresentação no primeiro ano.

Para a retribuição da visita, combinamos com a professora do primeiro ano que eles viriam a nossa sala para realizarmos um dia de leitura no tapete. Esta dinâmica consistiu em que durante a visita da turminha, estendemos o nosso tapete no chão, colocamos almofadas e os alunos do quarto ano mediariam a leitura.

Os alunos praticaram a capacidade de visualização durante a preparação da peça teatral. Pesaram no cenário, figurino, característica de cada personagem, movimentação, elementos que a ilustração do texto não apresentava, porém mesmo com a imagem de alguns elementos do livro o teatro não respeitou as formas dadas por ele.

Questionar o aluno sobre como é a imagem formada em sua mente também é uma forma de motivar esse tipo de ação mental.

Compreendo que estas formas de orientar as operações mentais dos alunos para a compreensão do texto auxiliarão na atribuição de sentido ao texto. A criança começa a pensar como ocorrem os processos do pensar e se tornam leitores ativos e proficientes.

Além destas propostas demonstradas neste trabalho, há outras propostas de mediação da apropriação das ações de leitura que conduzem os alunos a realizar

questionamentos, sintetiza um conteúdo e sumariza. Buscamos possibilitar ao aluno a apropriação das formas de ler por meio de ações metacognitivas e por meio de tarefa orientada pela qual ―transfira‖ este conhecimento para uma nova situação de leitura.

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