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Este trabalho, ao longo dos seus capítulos, objetivou o entendimento da evolução do comércio exterior, seu papel de destaque nas discussões das economias nacionais e internacionais. Recapitulando, brevemente, aqui refletiu-se sobre o desenrolar do comércio entre as nações, evidenciando como a reflexão sobre o tema é recorrente desde o mercantilismo, e como o debate foi incorporado por inúmeras variáveis, ganhando um elevado grau de complexidade. Entender o surgimento de instituições e acordos capazes de estruturar e reestruturar as trocas entre as nações foi primordial para que, através dessa compreensão, fosse traçado um paralelo com a aplicação de instrumentos mantenedores e definidores das políticas comerciais.

Paralelo ao entendimento do cenário macro, foi incorporado ao trabalho o debate que circunda o processo de liberalização do comércio. Foi exposto aqui o entendimento do que significa liberalizar, de que forma isto é posto em prática, quais os aspectos positivos, negativos e seus impactos. Entender a liberalização, levou a compreender os instrumentos utilizados nas políticas comerciais e como através de barreiras tarifárias e não tarifárias, é possível se aproximar ou distanciar de uma postura mais liberal em termos de comércio internacional. Para fechar o debate proposto por esse trabalho, o estudo de caso brasileiro permitiu verificar esses instrumentos e associando a um caso prático, entender o processo e as muitas relações existentes entre os fatores em si, suas aplicações e efeitos.

Entendido o histórico e a evolução do comércio internacional, foi possível concluir que a realização das trocas entre nações possui um inquestionável valor para as economias domésticas, com um representativo percentual dos produtos nacionais. Além disso, interfere no processo de globalização e possibilita cadeias globais de valor cada vez mais complexas, na medida em que o processo produtivo se torna mais fragmentado. A liberalização, em sua busca por movimentos de política comercial que gerem mais neutralidade, liberdade e abertura, tem, de fato, sido agente impulsionador de uma facilitação via redução das alíquotas de importação e, apesar de esse ser um processo que já estava presente no GATT, tem na figura da OMC um forte marco da defesa da liberalização comercial. Isso pôde ser percebido de forma expressiva por meio dos inúmeros textos publicados em sua página oficial.

A discussão levou àconclusão de que não é suficiente observar as alíquotas de importação para entender as políticas comerciais e uma possível liberalização das trocas comerciais. Fez-se essencial entender todo o conjunto de instrumentos envolvidos e disponíveis para a condução da política comercial. A conclusão é que cada um dos instrumentos capazes de gerar barreiras tarifárias ou não tarifárias à importação, são variáveis que incidem sobre a condução e o efeito do comércio exterior. Uma redução das alíquotas de importação não é capaz, por si só, de comprovar um posicionamento mais liberal por parte de um país.

Avaliando o caso brasileiro conclui-se que este não possui uma clara mudança condicionada a um fator específico da economia doméstica ou internacional em termos de suas políticas comerciais no período que vai de 1995 a 2016. No caso brasileiro, foram identificadas mudanças que podem estar mais atreladas a eventos e momentos dessas mesmas economias domésticas e internacionais. Concluiu-se que houve uma mudança das alíquotas nominais de importação com o estabelecimento da TEC, mas a alíquota média do período citado a cima pouco se altera. Mesmo assim, o Brasil, como visto, possui tarifa média elevada em comparação com o mundo. O país possui também, comparativamente, um baixo nível de abertura e uma pequena parcela da incorporação de valor nas cadeias globais de valor. Uma postura mais fechada com tarifas mais elevadas soma-se às implicações sobre a inserção do país na cadeia global de valor.

A ideia que deve ficar registrada é que, tomando por base a análise dos diversos instrumentos de política comercial, não se percebe no Brasil um posicionamento claro em direção ao aprofundamento do processo de liberalização ou contra ele, mas sim a implementação de políticas que, se infere, defendam interesses de momento ou em prol de um plano macroeconômico nacional. Outro entendimento é que por mais que fosse percebida uma forte tendência de redução das alíquotas de importação, isso não representa uma simples relação com um movimento de liberalização. Ao mesmo tempo em que um instrumento de barreira tarifária pode ser reduzido, um instrumento de barreira não tarifária pode ser criado, compensando qualquer ganho em termos de facilitação das trocas comerciais internacionais. Reduzir alíquota de importação não pode ser entendido como determinante única da liberalização.

Mesmo com os entendimentos possibilitados pelas reflexões registradas ao longo das páginas deste trabalho, fica ainda o desejo de compreender de forma

mais detalhada o processo de liberalização e se, de fato, este pode ser sintetizado em alguns fatores específicos. Em um trabalho futuro, seria interessante buscar referências que permitissem dimensionar os efeitos da aplicação dos instrumentos de barreiras tarifárias e não tarifárias aqui discutidos e que definem a política comercial de um país.

Impossível finalizar este trabalho sem registrar também a importância acadêmica e pessoal que este possui. Buscar sempre um pouco mais de conhecimento sobre o comércio internacional se tornou uma paixão e este trabalho só reforçou o interesse e a percepção que há um mundo a ser explorado e estudado e que as contribuições acadêmicas, por menores que possam ser, sempre serão bem-vindas. O comércio exterior pode ser a solução ou a causa de uma série de problemas nas relações internacionais e por tanto, merece qualquer esforço em avançar no campo em termos de conhecimento. Escrever esta monografia se mostrou uma chance de refletir de forma crítica sobre um assunto de tamanha relevância. Registro aqui o desejo de continuar refletindo.

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